
Quando falamos sobre o “cachorro mais perigoso do mundo“, é importante entender que o perigo não está na raça, mas sim na forma como o animal é criado, treinado e socializado.
Nenhum cachorro nasce agressivo. O comportamento de um cão é resultado direto da educação, ambiente e experiências que ele vivencia.
Embora não existam raças perigosas, algumas podem ser mais reativas devido a características específicas, especialmente sem adestramento adequado. Isso se deve ao porte físico, força e instintos naturais de proteção ou caça.
A seguir, listamos algumas dessas raças, destacando suas características físicas e comportamentais. Além disso, entrevistamos o veterinário Daniel Svevo, especialista em comportamento animal, que vai responder as principais dúvidas sobre o tema. Confira!
O Cão-lobo é considerado o cão mais perigoso do mundo por ser um animal híbrido, resultado do cruzamento entre um cachorro doméstico e um lobo selvagem.
Características físicas | Comportamento |
Porte grande, podendo atingir até 65 cm de altura | Instintos selvagens mais acentuados, o que pode gerar comportamentos imprevisíveis |
Peso médio de 26 kg, podendo variar conforme a linhagem | Necessidade de socialização intensa desde filhote |
Mandíbula extremamente forte, com mordida até três vezes mais potente que a de um cão comum. | Pouco indicado para tutores inexperientes |
O Pit Bull Terrier é conhecido por sua força muscular e energia intensa. Quando bem socializado, é um cão afetuoso e leal, mas sua potência física requer atenção no treinamento.
Características físicas | Comportamento |
Porte médio, com até 53 cm de altura | Extremamente leal e protetor da família |
Peso entre 16 e 30 kg | Energia alta, requer exercícios diários |
Mandíbula forte e musculatura robusta | Pode ser territorialista se não for socializado adequadamente |
O adestramento é essencial para o Rottweiler, pois canaliza sua energia e instinto protetor, promovendo obediência, controle e uma convivência harmoniosa com pessoas e outros animais.
Características físicas | Comportamento |
Porte grande, com até 69 cm de altura | Leal e protetor, com um forte instinto de guarda |
Peso entre 35 e 60 kg | Necessita de liderança confiante e treinamento consistente |
Mandíbula poderosa, com uma das mordidas mais fortes do mundo canino. | É preciso acostumá-lo a conviver com a presença de outros animais e pessoas |
Uma raça nacional, o Fila Brasileiro é conhecido por seu temperamento protetor e desconfiança com estranhos. Um traço comportamental que precisa ser equilibrado com socialização precoce.
Características físicas | Comportamento |
Porte gigante, podendo passar de 75 cm de altura | Extremamente fiel à família. |
Peso entre 50 e 82 kg | Naturalmente desconfiado com pessoas desconhecidas |
Mandíbula forte e corpo musculoso | Requer socialização intensiva e um tutor experiente |
O Doberman é ágil, inteligente e com um instinto natural de proteção. Além disso, os cães da raça respondem bem a comandos, mas claro, é fundamental manter seu comportamento confiante e controlado, com treinamentos e adestramento.
Características físicas | Comportamento |
Porte médio a grande, com até 72 cm de altura | Leal e protetor |
Peso entre 30 e 40 kg | Inteligente e responsivo ao treinamento |
Corpo atlético e elegante | Pode ser dominante se não for treinado adequadamente |
Originalmente criado para caça, o Dogo Argentino é forte e resistente. De grande porte e musculatura definida, os cães da raça tem um temperamento corajoso e protetor, necessitando de liderança firme.
Características físicas | Comportamento |
Porte grande, com até 68 cm de altura | Corajoso e protetor da família |
Peso entre 40 e 45 kg | Necessita de socialização precoce |
Mandíbula poderosa e musculatura densa | Forte instinto de caça |
O Mastim Napolitano é conhecido por sua aparência imponente e temperamento calmo. Mas, sem o manejo adequado pode apresentar um comportamento territorial.
Características físicas | Comportamento |
Porte gigante, com até 77 cm de altura | Calmo e protetor da família |
Peso entre 50 e 70 kg | Forte instinto de guarda |
Corpo maciço e musculoso, com pele solta e rugas marcantes | Requer socialização precoce para evitar comportamento territorial excessivo |
O Pastor Alemão é uma das raças mais inteligentes e versáteis do mundo, usado em trabalhos de polícia e resgate. Porém, por ser muito vigilante, pode levá-lo a comportamentos reativos sem um manejo adequado.
Características físicas | Comportamento |
Porte grande, com até 65 cm de altura | Leal e protetor da família |
Peso entre 30 e 40 kg | Inteligente e fácil de treinar |
Estrutura forte e ágil | Pode ser reservado com estranhos se não for bem socializado |
Agora que você conhece algumas das raças frequentemente associadas ao comportamento reativo, vamos esclarecer dúvidas comuns com o especialista Daniel Svevo.
Não existe um consenso sobre qual é o cão mais perigoso do mundo, pois o comportamento agressivo varia de acordo com a criação, o treinamento e o ambiente em que o animal vive.
A genética também influencia, mas muitos comportamentos agressivos estão relacionados ao medo e à insegurança. O cão pode reagir de forma perigosa por se sentir ameaçado ou desconfortável em determinadas situações.
O pitbull, por exemplo, é frequentemente citado como o ‘mais perigoso’ devido à sua potência física e à gravidade dos acidentes em casos de agressividade.
Porém, isso se deve, em parte, à falta de socialização e ao histórico de uso da raça em rinhas, o que reforça um estigma injusto.
No entanto, pesquisas mostram que cães pequenos, como o Chihuahua, também podem apresentar comportamentos agressivos, embora causem menos danos físicos e, por isso, recebem menos atenção da mídia.
O verdadeiro fator de risco não está na raça, mas na forma como o cão é criado, socializado e tratado.
Não é correto classificar uma raça específica como potencialmente perigosa, pois há muita variação de temperamento mesmo entre cães da mesma raça.
A percepção de perigo geralmente está relacionada ao tamanho do cão, à força física e à potência da mordida, já que esses fatores podem causar danos mais significativos.
Por isso, raças de grande porte, como o Pastor Alemão, Mastim Napolitano e Fila Brasileiro, costumam ser associadas a esse estereótipo. Mas, o comportamento do animal depende, principalmente, da forma como ele é criado e treinado.
Sim, é possível adotar um cão considerado potencialmente perigoso, desde que o tutor tenha condições adequadas para isso. O mais importante é avaliar se o ambiente é apropriado, se há espaço suficiente e uma rotina que inclua exercícios físicos e mentais.
Além disso, é importante ressaltar alguns pontos importantes para o manejo de cães considerados potencialmente perigosos, como:
Raças como Doberman, Fila Brasileiro, Rottweiller e Mastim Napolitano costumam ser associadas à agressividade, principalmente por suas funções históricas de proteção e guarda.
Esses cães têm grande porte e potência física, o que contribui para essa percepção. No entanto, o comportamento agressivo é complexo e multifatorial, influenciado por fatores genéticos, experiências de vida e o ambiente em que o cão é criado.
Em muitos casos, comportamentos agressivos estão ligados a sentimentos de medo, insegurança ou mesmo ao instinto de proteção, especialmente em cães treinados para guarda ou trabalho policial.
Os sinais de agressividade podem ser óbvios, como rosnar, latir de forma intensa, mostrar os dentes e pelo arrepiado. No entanto, alguns sinais são mais sutis, como postura corporal tensa, olhar fixo, rabo erguido e imóvel, ou o cão completamente paralisado.
Para lidar com essas situações, é importante manter a calma, evitar contato visual direto e não fazer movimentos bruscos. Se possível, crie uma barreira entre você e o cão, como uma mochila ou cadeira, e proteja áreas vulneráveis do corpo, como pescoço e cabeça.
O ideal é buscar orientação profissional para entender o comportamento do animal e adotar medidas seguras.
Conviver com cães considerados potencialmente perigosos requer cuidados específicos. O treinamento contínuo é fundamental, assim como o manejo comportamental adequado.
O uso de barreiras físicas, como portões, e o uso de focinheiras em situações de risco podem ser necessários.
O tutor deve estar atento aos gatilhos que provocam agressividade, como proteção de recursos (comida, brinquedos) ou defesa territorial.
A socialização desde cedo, o acompanhamento de um adestrador ou veterinário comportamentalista e a criação de uma rotina estável contribuem para o bem-estar do animal e a segurança de todos à sua volta.
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| Atualizada em
Especialista em comportamento animal e treinamento de cães, com mais de 20 anos de experiência. Atuou como consultor para a Pet Anjo e Cobasi, desenvolvendo cursos e oferecendo suporte técnico. Levou seus serviços para Londres, colaborando com organizações renomadas. Atualmente, é professor na Pós-Graduação da Anclivepa e membro da ABMeV.
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