
A ceratoconjuntivite seca canina (CCS), popularmente conhecida como olho seco em cães, é uma das doenças oculares mais comuns na medicina veterinária.
Segundo uma revisão de literatura do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário CESMAC (Maceió, AL, Brasil), a CCS pode ocorrer de duas formas principais:
O segundo tipo é bastante comum em cães de focinho achatado, como Pugs e Bulldogs, que muitas vezes não conseguem fechar completamente as pálpebras, deixando os olhos mais expostos e vulneráveis.
Além disso, alguns procedimentos, como a remoção da glândula da terceira pálpebra, podem favorecer o surgimento da CCS em poucos meses.
Agora que você já conhece o que é a ceratoconjuntivite seca canina (CCS), a seguir, vamos aprofundar o entendimento sobre como essa doença se desenvolve, o que a causa, quais são os sinais que indicam sua presença e como tratá-la.
Na ceratoconjuntivite seca canina (CCS), o que acontece é uma falha progressiva nos mecanismos que mantêm a superfície ocular saudável.
Quando há alteração na quantidade ou na qualidade das lágrimas, o filme lacrimal deixa de cumprir adequadamente sua função de proteger e hidratar a superfície ocular.
Essa deficiência desencadeia uma série de eventos patológicos:
Por isso, é fundamental compreender como essa proteção natural funciona. O olho seco em cães não representa apenas um desconforto, mas pode ser o início de um processo progressivo que compromete seriamente a saúde ocular do animal.
De acordo com estudos, a causa mais comum da ceratoconjuntivite seca canina (CCS) é a imunomediada, ou seja, quando a própria defesa imunológica do organismo ataca tecidos saudáveis — neste caso, as glândulas lacrimais.
Esse tipo de causa representa cerca de 80% dos casos (CUNHA, 2008). Nesses casos, o sistema imunológico do cão ataca e destrói progressivamente as glândulas lacrimais, reduzindo ou até eliminando a produção de lágrimas.
Além da causa imunomediada, outras condições podem contribuir para o surgimento ou agravamento da CCS, como:
As causas iatrogênicas são aquelas provocadas involuntariamente por procedimentos médicos ou intervenções humanas. No caso da CCS, incluem:
As alterações estruturais são anormalidades congênitas ou adquiridas que afetam a anatomia das glândulas lacrimais e prejudicam a sua função. Entre elas:
As condições sistêmicas são aquelas que afetam todo o organismo e não apenas o olho, podendo impactar direta ou indiretamente a produção lacrimal, causando:
Outros fatores que podem desencadear ou agravar a CCS incluem:
Embora a idade avançada possa favorecer a disfunção lacrimal, é importante reforçar que a CCS não ocorre apenas em cães idosos.
A doença também pode afetar cães jovens, especialmente quando há uma predisposição genética ou determinadas condições de saúde envolvidas.
Os sinais clínicos da ceratoconjuntivite seca canina podem variar conforme o grau de evolução da doença. Se é aguda ou crônica, ou ainda se acomete um ou ambos os olhos (unilateral ou bilateral).
Em casos de dor ocular aguda, o cão pode desenvolver úlceras de córnea, que, se não tratadas, podem evoluir para complicações mais graves, como:
Contudo, a forma mais frequente é a crônica, com sinais iniciais como:
Esses sinais indicam que o filme lacrimal está comprometido, causando desconforto e predispondo a lesões mais graves.
Algumas doenças oculares podem apresentar sinais clínicos semelhantes aos da ceratoconjuntivite seca canina (CCS), o que pode gerar confusão no diagnóstico. Entre as principais estão:
Também causa vermelhidão e secreção, mas está geralmente associada a infecções bacterianas ou virais, e não à insuficiência de produção lacrimal.
Provoca dor intensa e opacidade ocular, mas afeta principalmente as estruturas internas do olho, como íris e corpo ciliar.
A doença pode causar dor e vermelhidão, mas está relacionada ao aumento da pressão intraocular, e não à alteração da produção lacrimal.
Pode ser tanto uma complicação da CCS como uma condição independente, apresentando sinais como dor, secreção e opacidade da córnea.
Por serem doenças que podem provocar sintomas muito parecidos, é indispensável a avaliação veterinária para estabelecer o diagnóstico correto.
Especialmente com a realização do teste de Schirmer, exame específico que mede a produção lacrimal e ajuda a diferenciar a CCS de outras enfermidades oculares.
A ceratoconjuntivite seca canina é uma oftalmopatia frequente, especialmente em pequenos animais.Estudos indicam uma incidência de aproximadamente 1% na rotina clínica veterinária (ASTRAUSKAS; CAMARGOS, 2013).
Embora qualquer cão possa desenvolver CCS, algumas raças possuem predisposição genética maior, principalmente aquelas com:
Entre as raças mais predispostas, estão:
Além das raças, outros fatores de risco importantes incluem:
Se não for tratada adequadamente, podem surgir complicações graves, como:
Com o agravamento, a córnea pode se tornar opaca e ressecada, aumentando significativamente o risco de úlcera de córnea e perda parcial ou total da visão.
De modo geral, o tratamento da ceratoconjuntivite seca em cães (CCS) é contínuo e visa principalmente estimular a produção de lágrimas, proteger a superfície ocular e evitar complicações.
O tratamento pode ser dividido em duas abordagens principais:
Inicialmente, o tratamento mais indicado é o tópico, com foco na reposição e estimulação da produção lacrimal (MARCONATO, 2017). As principais abordagens incluem:
Esses tratamentos são fundamentais para evitar a progressão da doença e preservar a visão do cão.
Em casos refratários — quando não há resposta satisfatória ao tratamento medicamentoso — ou em quadros muito graves, pode ser indicada a realização de um procedimento cirúrgico, chamado transposição do ducto parotídeo.
Esse procedimento desvia o ducto da glândula salivar para o olho, fazendo com que a saliva atue como lubrificante natural. (ORIÁ et al., 2010).
Essa cirurgia pode reduzir a necessidade de uso contínuo de colírios e proporcionar uma melhor qualidade de vida ao cão.
Embora não seja possível evitar causas genéticas ou autoimunes, algumas medidas podem minimizar riscos e retardar a progressão da CCS:
O conteúdo te ajudou? Continue acompanhando o Blog da Cobasi para mais conteúdos sobre saúde e bem-estar animal. Até a próxima!
Referências técnicas
| Atualizada em
Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.
Ver publicações A Cobasi e os cookies: a gente usa cookies para personalizar anúncios e melhorar a sua experiência no nosso site.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Política de Cookies.