Eutanásia em cachorro: o que é, quando é indicada e como funciona

Por Joe Oliveira   Tempo de leitura: 8 minutos

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eutanásia em cachorro

A eutanásia canina é um procedimento ético, regulamentado e humanizado, indicado para abreviar o sofrimento de cães que enfrentam doenças terminais, dores crônicas intensas ou quadros irreversíveis.

Na prática, representa uma decisão difícil — mas, em muitos casos, é a forma mais compassiva de garantir ao pet um fim digno e sem dor.

Essa escolha, porém, costuma vir acompanhada de muitas dúvidas: a eutanásia é legal no Brasil? Quem pode aplicá-la? Como saber se chegou a hora?

Neste guia, você vai entender quando o procedimento é recomendado, como ele funciona, o que diz a legislação brasileira e como lidar com o luto após a despedida. Continue a leitura!

O que diz a legislação brasileira sobre a eutanásia em cachorro?

A prática da eutanásia é autorizada no Brasil e regulamentada pela Resolução nº 1000/2012 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). 

“A eutanásia é um procedimento clínico cuja responsabilidade compete privativamente ao médico-veterinário, cabendo ao CFMV regulamentar, disciplinar e fiscalizar seu exercício.”

Quando a eutanásia é recomendada?

De acordo com o artigo 3º da resolução, a eutanásia em cachorro pode ser indicada nos seguintes casos:

  • Sofrimento irreversível
    Quando o animal apresenta dor intensa ou doença terminal sem possibilidade de controle por meio de medicamentos ou terapias paliativas.

  • Ameaça à saúde pública
    Em casos em que o cão representa risco à saúde de outros animais ou de pessoas, como em algumas zoonoses.

  • Risco ao meio ambiente ou à fauna nativa
    Situações em que o cão, por condição ou comportamento, comprometa o equilíbrio ecológico.

  • Fins científicos ou educacionais
    Desde que devidamente aprovados por uma Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA).

  • Impossibilidade financeira para o tratamento
    Quando os custos do tratamento são incompatíveis com os recursos do tutor, desde que o sofrimento do animal esteja evidente e sem chance de reversão.

O tutor pode solicitar o procedimento, mas a decisão final cabe à avaliação clínica do veterinário, que deve atestar se realmente não há possibilidade de tratamento ou alívio para o sofrimento.

Como funciona a eutanásia?

medico aplicando eutanasia canina

A eutanásia canina é um procedimento clínico seguro, controlado e sem dor. O objetivo é permitir uma despedida tranquila e livre de sofrimento, tanto para o animal quanto para o tutor. 

Geralmente, o procedimento é realizado nas seguintes etapas:

Onde a eutanásia pode ser realizada?

Normalmente, o procedimento é em uma clínica veterinária. Em alguns casos pode ser realizada em casa, desde que com o suporte de um profissional qualificado. 

O importante é que o ambiente seja calmo, silencioso e familiar para o pet, garantindo conforto emocional nos momentos finais.

Avaliação clínica

Antes da eutanásia, o veterinário realiza um exame detalhado para confirmar que o quadro clínico é irreversível e incompatível com qualidade de vida, validando a indicação do procedimento.

Sedação prévia

O primeiro passo é a sedação ou anestesia geral, para garantir que o cão esteja inconsciente e não sinta nenhum desconforto.  

O pet entra em um estado de inconsciência profunda antes da próxima etapa.

Aplicação do fármaco

Após a sedação, é aplicada uma substância eutanásica, geralmente um barbitúrico em alta dosagem. A ação é rápida e promove uma parada cardíaca e respiratória indolor.

Confirmação e acolhimento

Por fim, o veterinário verifica os sinais vitais para confirmar o óbito e comunica o tutor com respeito, empatia e acolhimento emocional. O tutor pode optar por acompanhar todo o procedimento, se desejar.

Para mais informações técnicas, o Guia Brasileiro de Boas Práticas para a Eutanásia em Animais é uma fonte confiável e amplamente adotada por profissionais da área.

Quanto tempo leva a eutanásia em cachorro?

O tempo total do procedimento costuma variar entre 5 a 15 minutos, dependendo da resposta do organismo do animal e da técnica utilizada.

Geralmente, a sedação ocorre nos primeiros minutos e leva o pet a um estado de inconsciência profunda. A partir disso, a aplicação do fármaco e a parada cardíaca ocorrem em poucos minutos, de forma indolor e tranquila.

Todo o processo é acompanhado pelo veterinário e pode ser ajustado conforme o porte e o estado clínico do pet.

Quais medicamentos são usados na eutanásia de cães?

Segundo o Guia Brasileiro de Boas Práticas para a Eutanásia em Animais, os medicamentos utilizados na eutanásia canina variam conforme o protocolo adotado e o porte do animal. 

O mais comum é o pentobarbital sódico, um barbitúrico que promove a parada cardíaca e respiratória de forma rápida e indolor.

Em alguns casos, pode haver a combinação com bloqueadores neuromusculares ou outros anestésicos, sempre após a sedação prévia.

Quem pode aplicar a eutanásia em cães?

eutanásia canina

A eutanásia canina só pode ser realizada por um médico-veterinário. Este é o único profissional legalmente autorizado a avaliar o quadro clínico do animal, indicar a eutanásia e conduzir todo o processo com segurança.

O veterinário deve seguir protocolos técnicos específicos, garantindo que o pet receba sedação ou anestesia geral antes da aplicação de qualquer substância eutanásica.

A eutanásia pode ser feita em casa?

Em alguns casos, a eutanásia pode ser realizada em domicílio, desde que seja aprovada e realizada exclusivamente por um médico-veterinário. Além disso, o ambiente precisa atender às condições adequadas de higiene e segurança.

No entanto, é importante reforçar que não é permitido que tutores realizem o procedimento por conta própria, nem que adquiram medicações para uso doméstico. 

Isso representa um risco sério à saúde do animal, é crime e configura violação ética e legal.

A eutanásia feita por leigos, sem acompanhamento profissional, é ilegal e considerada maus-tratos, conforme o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98).

Quanto custa a eutanásia para cachorro?

O valor da eutanásia para cães varia de acordo com região, porte do animal, complexidade do quadro clínico e tipo de atendimento (presencial em clínica ou domiciliar).

Geralmente, os preços oscilam entre R$ 200 e R$ 800, mas esse valor pode ser maior em cidades com custo de vida elevado ou para cães de grande porte.

Além disso, o preço tende a ser mais alto quando o tutor solicita a realização do procedimento em casa, devido ao deslocamento do profissional e estrutura necessária.

Dica importante

Existem hospitais veterinários públicos, universitários e ONGs que podem oferecer o serviço a valores reduzidos ou simbólicos, mediante triagem e análise da condição clínica do pet.

O que acontece com o corpo do cachorro após a eutanásia?

Após a confirmação do óbito, o tutor precisa decidir qual será o destino do corpo do pet. Uma etapa emocionalmente difícil, mas necessária.

As opções mais seguras e legalmente aceitas incluem:

  • Crematórios especializados: opção mais buscada. Pode ser individual (com devolução das cinzas) ou coletiva (sem devolução).

  • Clínicas veterinárias com convênios: muitas clínicas oferecem esse serviço em parceria com empresas de descarte legal.

  • Centros de Controle de Zoonoses (CCZs): presentes em algumas cidades e indicados especialmente para tutores em situação de vulnerabilidade social.

  • Cemitérios de animais: alternativa respeitosa para quem deseja um local fixo para homenagens e visitas.

Vale destacar que enterrar o cachorro no quintal é crime ambiental (Lei nº 9605/1998, artigo 54), por risco de contaminação do solo e do lençol freático. A prática pode acarretar multas e penalidades legais.

Como lidar com o luto após a eutanásia do cachorro?

eutanásia em cães

A decisão pela eutanásia pode trazer alívio ao sofrimento do animal — mas também gera um vazio profundo no coração do tutor. O luto pet é real, legítimo e precisa ser vivido com respeito.

Entre os sentimentos mais comuns estão:

  • Culpa: por ter autorizado a despedida;
  • Tristeza intensa: pelo vínculo afetivo e rotina compartilhada;
  • Solidão: pela ausência física e emocional do pet;
  • Dúvidas: sobre ter feito a escolha certa.

É importante saber que esses sentimentos fazem parte do processo de luto e variam de pessoa para pessoa.

Quando o luto se torna preocupante?

Não hesite em procurar apoio profissional se notar sintomas como:

  • insônia persistente;
  • apatia prolongada;
  • queda de produtividade;
  • transtornos alimentares;
  • pensamentos recorrentes de culpa ou tristeza sem melhora.

Dicas para viver esse momento com mais acolhimento

Neste momento tão delicado, permita-se sentir. Chorar, lembrar, se emocionar — tudo isso faz parte do luto. 

Não reprima a saudade, nem tente apressar o processo. Fale sobre o que está sentindo com pessoas que compreendem a profundidade do seu vínculo com o pet. 

Às vezes, escrever uma carta de despedida pode ser uma forma de aliviar a dor e transformar memórias em afeto. Ou até mesmo criar um cantinho especial com fotos, objetos ou homenagens também pode ajudar a manter viva a conexão. 

Se achar necessário, busque apoio em grupos com tutores que passaram por experiências semelhantes ou considere conversar com um profissional de saúde mental. 

O luto é único para cada pessoa — e tudo bem vivê-lo do seu jeito, no seu tempo.

Quer saber como lidar melhor com esse momento? Confira nosso conteúdo sobre Luto pet: como enfrentar a perda do seu animal de estimação.

como funciona a eutanasia em cachorros

Se este conteúdo te ajudou a entender melhor como funciona a eutanásia em cães, lembre-se: o Blog da Cobasi está sempre ao seu lado, oferecendo informações confiáveis e pensadas sobre saúde, bem-estar, comportamento e cuidados com os animais.

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Por Joe Oliveira

Redator

Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.

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