Stevie, o cachorro cego: amor que está além da visão | Adoções Especiais
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Por Cobasi Tempo de leitura: 6 minutos
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A série “Adoções Especiais: Animais Deficientes” já trouxe a história do Nick, gatinho paraplégico, que é muito amado por sua tutora Bianca. Hoje é a vez de se emocionar com o Stevie Wonder, um cachorro cego e muito fofo!
O Stevie vivia na rua e, por falta de prevenção, contraiu a doença do carrapato. Ele também não recebeu o tratamento adequado e perdeu completamente a visão. O Stevie foi resgatado pelo projeto Pet Friends que, apesar dos cuidados, não conseguiu reverter a cegueira. A história é triste e repleta de descaso, mas o Stevie teve muita sorte e conheceu a Paola Casale, sua tutora.
“A ideia de adotar um cachorrinho especial veio um pouco antes da adoção do Stevie, quando adotei o Sr. Vicente, um cãozinho idoso, muito meigo e carinhoso, mas que logo veio a falecer. Meu objetivo sempre foi adotar um cachorro que não tivesse muitas chances de ser escolhido, pois eu acredito que todos merecem ter um lar e uma vida cheia de amor”, explica a Paola, que além do Stevie é tutora da gatinha Jade.
Poucas chances de adoção
Apesar da deficiência do Stevie ser menos complexa do que a animais paraplégicos ou tetraplégicos, nenhuma pessoa se interessou em conhecer o cãozinho. Ele tem cerca de 4 anos e seu porte é médio. Tranquilo e dócil, viveu por alguns meses na casa de um voluntário, onde conheceu a Paola: “A princípio eu iria visitá-lo e então conversar com o Pet Friends sobre a adoção, mas no momento em que cheguei, o Stevie já veio fazer a maior festa pra mim. Sentou no meu colo, me deu muitos beijinhos… e eu, claro, me apaixonei. Meia hora depois já estávamos, eu e Stevie, indo para casa felizes e cantando no meu carro”, a tutora relembra o dia da adoção.
Como cuidar de um cachorro cego?
“Quando mudamos qualquer coisa em nossas vidas, passamos por uma adaptação. A mesma coisa acontece com os animais! Independente da idade ou das condições, quando são adotados, eles mudam 100% de rotina, ambiente e companhia e precisam se acostumar. Com o Stevie não foi diferente, claro que alguns cuidados a mais precisavam ser tomados pela falta da visão dele, mas nada que exigisse muito mais de mim do que uma adaptação de um cachorro sem deficiência”, explica a Paola. A adaptação de um animal comprado ou adotado leva alguns meses. Durante esse período tanto o animal, quanto o tutor passam por variações na rotina. Com tempo, paciência, adestramento e amor, a adaptação de cães – deficientes ou não – acontecerá.
Apesar da cegueira não ser uma deficiência complexa, ela atrapalha a mobilidade do animal. Isso é agravado quando o ambiente é novo e, por isso, ele precisa identificar a disposição dos móveis e cômodos para transitar sem dificuldades. Por isso, a Paola limitou o acesso para facilitar a adaptação do Stevie: “primeiro, eu o deixei circulando apenas pela sala, para poder se ambientar melhor e entender onde ficava sua comida, água e caminha, tentando ao máximo não alterar muito os móveis e objetos da casa. Aos poucos fui apresentado os outros cômodos para ele”.
É importante entendermos que apesar da falta de visão, o cachorro cego tem noção de espaço e com um pouquinho de ajuda e compreensão, conseguirá se adaptar a qualquer ambiente.
“Outra coisa que fiz desde o primeiro dia foi criar uma rotina de passeios e ensinar para o Stevie onde ficava o tapete higiênico. Com pouco menos de uma semana, o Stevie já se acostumou a fazer suas necessidades no passeio, apenas fazendo em casa quando estava apertado e não conseguia esperar para ir à rua”, a tutora comemora a inteligência e a capacidade de adaptação do cãozinho.
“É incrível você ver o progresso do cachorro cego no dia a dia. Após alguns meses da adoção ainda consigo perceber algumas mudanças em seu comportamento devido a sua adaptação”, completa a tutora orgulhosa.
Capacidade de aprendizado e adaptação
É comum que o cachorro cego se assuste com frequência e até lata ou rosne para mostrar que sabe se defender. Porém, a falta de visão é compensada com os outros sentidos e as limitações que ela causa, são reduzidas com o tempo e a confiança. O próprio Stevie não se interessava por brinquedos e rosnou bastante assustado com movimentos no entorno dele. Hoje, ele é confiante e ainda surpreende.
“Com o passar do tempo, o Stevie começou a aceitar brincadeiras com a mão e até começou a pular nas pessoas, coisa que não fazia antes. Até que um dia, quando minha mãe veio nos visitar com seus cachorros, o Stevie pegou um dos brinquedos deles e começou a morder. Esta foi a minha maior surpresa, pois ele não brincava! Então, eu comecei a incentivá-lo a brincar, mostrando para ele brinquedos com som e texturas diferentes”, conta a Paola. Apesar de precisar de tratamento um pouco diferenciado, ter um cachorro cego em casa é algo bastante simples e que exige apenas maior sensibilidade para entender suas limitações e criatividade para criar estímulos como os feitos pela Paola.
A tutora conta que hoje o Stevie é fã de brincadeiras com bolinha: “precisei adaptar as brincadeiras de modo que ele conseguisse aproveitar. O que costumo fazer é pegar uma bolinha que emite som, apertá-la para chamar sua atenção, colocar ela no chão e rolar de leve para frente. Assim, ele vai atrás dela pelo barulho que sua textura faz com o atrito no chão”, explica animada pela inteligência e desenvoltura do seu pet.
Cada cachorro possui características individuais. Alguns gostam de ossinhos, outros adoram passear, tem ainda aqueles que preferem ficar deitados no sofá. Os tutores devem entender e adaptar a rotina para eles. Com os animais cegos é igual!
Cachorro cego pode passear na rua?
Assim como tudo na vida de um cachorro cego, o passeio também deve ser adaptado. O Stevie aprendeu a subir e descer escadas sempre ao lado da Paola e com a guia curta para ele sentir e acompanhar o movimento da tutora. Na rua, ela usa a guia média e, dessa forma, ele consegue cheirar e explorar com facilidade.
“Ele não tem medo de se enfiar em nenhum buraco e adora um matinho para fazer xixi. A única coisa que até agora sinto que ele ainda não tem confiança é de correr. Às vezes, tento incentivar com a guia curta para ele correr do meu lado, tentando mostrar que não vou deixar ele cair, mas é um processo e eu acredito que com calma e jeitinho, um dia o Stevie vai estar correndo por aí ao meu lado”, explica a tutora.
Dentro ou fora de casa, o Stevie precisa mais de atenção do que cães sem deficiência. Porém, foi possível perceber que adotar um cachorro cego não tem muita diferença do que levar para casa um animal sem deficiência, não é mesmo?!
Para concluir, a Paola completa: “Independente de qualquer deficiência, o Stevie é um cachorro como qualquer outro, que precisa dos cuidados e atenção! Ele sequer requer uma rotina diferenciada por conta da sua cegueira. Espero ter elucidado várias dúvidas de como pode ser tranquila a adoção e adaptação de animaizinhos especiais. Que tal dar uma chance a quem é deixado de lado e levar um serzinho que tanto precisa de afeto para casa?”.
Esperamos que a cada semana fique mais claro que os animais deficientes podem ter vidas felizes e muito parecidas com a de qualquer outro animal.
Gostou do conteúdo? Fique ligado nos próximos posts da série “Adoções Especiais: Animais Deficientes”:
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