A história é cheia de invenções que surgiram por acaso ou por acidente. Esse é o caso da calda bordalesa, uma solução inventada na França no século XIX que se tornou uma das ferramentas mais eficazes no combate às contaminações por fungos e ácaros.
Saiba mais sobre essa alternativa para melhorar o equilíbrio nutricional das plantas.
A França é famosa por suas regiões produtoras de vinhos, e cada região tem suas particularidades e modos característicos de produção. Entre os que mais se destacam estão os vinhos da cidade de Bordeaux, um dos mais apreciados no mundo.
E foi por volta de 1882 que os agricultores da região fizeram uma descoberta que mudou totalmente o conceito de controle de doenças em fruteiras, hortaliças e pomares orgânicos e é muito utilizada até hoje: é a calda bordalesa.
Inclusive, o seu nome é uma referência a cidade de Bordeaux. Mas, vale destacar que essa solução antifúngica não foi inventada com esse intuito. Na verdade, sua descoberta se deu por acaso, quando o objetivo inicial era impedir o roubo das uvas. Para isso, os viticultores da região começaram a aplicar o combinado de cal e cobre para deixar as uvas amargas e evitar furtos.
Acontece que para preparar tal solução os agricultores franceses utilizavam potes de cobre. E foram as reações químicas entre o cal hidratado e o cobre que deu origem à calda bordalesa.
Quando o botânico Pierre Marie Alexis Millardet notou que as plantas que recebiam essa solução não eram atacadas por fungos ele percebeu que os agricultores haviam inventado um poderoso medicamento preventivo.
A solução impede o desenvolvimento dos esporos, por isso a calda bordalesa é indicada como medida de prevenção às doenças fúngicas. E não só as uvas se beneficiaram dessa descoberta, afinal ela se mostrou útil no manejo de qualquer planta.
Trata-se de um insumo eficiente em controlar várias doenças causadas por fungos, que também, de forma secundária, pode ser utilizada para:
Os agricultores franceses notaram que quando preparadas em tacho de cobre, a composição da calda bordalesa, feita com sulfato de cobre e cal com água, é pouco tóxica para plantas, brotação e floração. Assim, é um importante aliado para evitar doenças, como:
Como também para afastar insetos, como:
Atualmente, existem formulações prontas do produto, porém, pela praticidade em produzir, eficácia e economia, é muito comum que agricultores preparem a solução de forma caseira.
Antes de começar a produção da calda bordalesa você precisa saber quais cuidados deve ter:
Agora, confira o que é necessário para produzir 10 litros de calda bordalesa:
Ingredientes para o preparo de calda bordalesa
1. Diluição do sulfato de cobre
Antes de iniciar o preparo, adicione o sulfato de cobre em um pano, na forma de um saquinho. Posteriormente, amarre o pano na ponta de uma vara, que vai funcionar como um tipo de vara de pescar. Após, mergulhe em aproximadamente 5L de água fria ou morna para realizar o processo de diluição.
2. Preparo do leite de cal
Adicione a cal em um recipiente com 2 litros de água e misture bem para formar o “leite de cal”
3. Mistura dos ingredientes
Na sequência e aos poucos, derrame o sulfato de cobre sobre o leite de cal. Essa etapa tem um ponto muito importante: a mistura deve ser sempre realizada colocando o sulfato de cobre (azul) na cal (branca) e nunca ao contrário.
4. Teste de verificação da acidez da calda
Para evitar que a calda bordalesa queime as plantas após a sua aplicação, a solução deve ficar neutra ou ligeiramente alcalina. Então, antes do uso, realize um teste: pingue uma gota da calda em uma lâmina, como por exemplo, uma faca de ferro.
Depois de três minutos, confira se a lâmina apresentou uma mancha avermelhada, se a resposta for sim, é sinal de que a calda está ácida. Nesse caso, é preciso adicionar mais leite de cal, para buscar uma mistura neutra. Realize novamente o processo até que a mancha não seja mais visualizada.
5. Aplicação
Depois do preparo, coe a calda e coloque em um pulverizador para realizar a aplicação.
Primeiramente, é preciso sempre estar atento à aplicação e não exagerar no uso da solução. Dito isso, as plantas respondem de maneira distinta à aplicação da calda bordalesa. Algumas são mais sensíveis, outras mais resistentes, nesse sentido é preciso fazer uma análise de compatibilidade, analisando tanto a espécie quanto a idade da planta.
Dessa forma é necessário ajustar a frequência e a dosagem para cada tipo de cultivo. Para jardins, hortas, pomares e gramados a aplicação deve ser feita de 15 em 15 dias.
Já para flores, folhagens e samambaias a frequência deve ser de uma semana, porém com uma diluição maior do produto. Para cultivos de hidroponia e fertirrigação, a calda deve ser diluída nos próprios sistemas.
Há um problema, porém, no uso em larga escala da calda sulfocálcica: o sulfato de cobre tende a se acumular no solo e tornar a terra tóxica para microorganismos essenciais para a saúde das plantas. O uso indiscriminado de calda bordalesa acaba matando minhocas e fungos benéficos ao solo, por exemplo.
Por isso, a aplicação deve ser feita pontualmente e por borrifação. Da mesma forma, outro cuidado necessário é a proteção individual. Sobretudo o uso de luvas, máscaras e óculos são indicados para evitar irritações na pele ou na mucosa.
Gostou de saber sobre a calda bordalesa? Muito interessante uma descoberta, mesmo que por acaso, feita por agricultores franceses no século XIX seja tão útil até os dias de hoje, não é mesmo?
Quando quiser saber mais sobre plantas, cuidados e tudo sobre o mundo da jardinagem, faça uma visita no Blog da Cobasi. Esperamos por você, até a próxima!
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Calda bordalesa muito bom protege nem as plantas frutíferas dos fungos traquinose entre outras doenças nas plantas..