Alergia a gato: causas, sintomas e como conviver bem com o seu pet

Por Joe Oliveira   Tempo de leitura: 8 minutos

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Alergia a gato? A comida do seu gato pode ajudar você!

A alergia a gatos afeta entre 10% e 20% da população mundial — um número que vem crescendo. É a segunda maior causa de alergias respiratórias internas, ficando atrás apenas dos ácaros, e pode provocar desde sintomas leves até quadros graves, como asma.

Mas por que algumas pessoas desenvolvem alergia a gatos enquanto outras não? Quais são os sinais de alerta em bebês, crianças e adultos? E, principalmente, como conviver com seu felino mesmo se você for alérgico?

Neste texto, você vai encontrar respostas para essas perguntas, além de entender os tratamentos disponíveis e receber dicas práticas para manter uma boa convivência com seu gato, sem abrir mão da sua saúde.

O que provoca alergia a gato?

A reação alérgica a gatos ocorre por causa de uma resposta do sistema imunológico a proteínas específicas produzidas pelo animal, conhecidas como alérgenos. 

Esses alérgenos estão presentes principalmente na saliva, nas glândulas sebáceas da pele e nos pelos do gato.

O principal responsável pelas reações alérgicas é o alérgeno chamado Fel d 1, uma proteína da família das secretoglobinas. 

O Fel d 1 é produzido principalmente nas glândulas sebáceas, e não na saliva, como se pensava antigamente. Essa proteína se espalha pelo ambiente quando o gato se lambe, liberando partículas no pelo e no ar.

Estudos científicos, como o artigo “Alergia humana a gatos: uma revisão do impacto na posse e abandono de gatos” de Andrew H. Sparkes, mostram que:

  • Mais de 80% das pessoas alérgicas a gatos reagem especificamente ao Fel d 1;
  • O Fel d 1 é responsável por 60% a 90% da atividade alergênica causada pelos gatos;
  • A produção do Fel d 1 varia conforme o sexo e a castração do gato — machos não castrados produzem mais alérgeno do que fêmeas e machos castrados;
  • A concentração do Fel d 1 é maior na cabeça do gato, especialmente no rosto, em comparação a outras partes do corpo.

Além do Fel d 1, existem outros alérgenos de gatos, classificados de Fel d 2 a Fel d 8, que também podem causar reações, mas em menor proporção.

Por que algumas pessoas desenvolvem alergia a gato e outras não?

A alergia a gato é uma condição dinâmica que pode mudar ao longo da vida. 

Assim como nosso corpo se transforma desde o nascimento até a idade adulta, o sistema imunológico também pode variar na forma como reage a diferentes substâncias.

Portanto, nem todas as pessoas expostas aos alérgenos dos gatos desenvolvem alergia. De acordo com o artigo publicado pela Agência Senado, entre as hipóteses que explicam por que certas pessoas são alérgicas e outras não, destacam-se:

Genética e predisposição

A predisposição para alergias pode ser herdada. Estudos indicam que, se um dos pais é alérgico, o filho tem entre 20% e 30% de chance de desenvolver alergia. Se ambos os pais forem alérgicos, essa probabilidade pode chegar a até 70%.

Essa tendência hereditária, chamada atopia, está relacionada à capacidade do organismo de produzir uma quantidade elevada de anticorpos do tipo IgE (imunoglobulina E), proteínas que desencadeiam reações alérgicas.

Fatores ambientais e estilo de vida

A alergia ocorre porque o sistema imunológico reage às proteínas presentes no pelo, saliva e pele do gato, liberando substâncias que causam os sintomas alérgicos.

Em vez de ignorá-las, o corpo reage atacando essas proteínas, liberando substâncias que causam os sintomas alérgicos, como coceira, espirros e dificuldade para respirar. Essa reação exagerada é o que provoca o desconforto nas pessoas alérgicas.

Hipótese da higiene

Uma das teorias mais aceitas para o aumento das alergias é a “hipótese da higiene”, que sugere que a melhora nas condições sanitárias, o uso excessivo de antibióticos e vacinas diminuem o contato do organismo com microrganismos naturais.

Ou seja, deixam o sistema imunológico “ocioso”. Com isso, ele pode reagir exageradamente a substâncias inofensivas, como os alérgenos dos gatos.

O papel do estresse

O estresse pode desencadear ou agravar crises alérgicas, intensificando os sintomas em pessoas sensíveis, especialmente em casos de asma.

Quais os sintomas de quem tem alergia a gatos?

A alergia a gatos causam reações que variam de leves a graves, conforme a sensibilidade individual. 

Os sinais mais comuns aparecem no nariz, olhos, pele e sistema respiratório, e costumam surgir pouco tempo após o contato com o gato ou com o ambiente onde ele está.

Sintomas comuns em adultos

Os sinais comuns de alergia a gatos incluem:

  • espirros frequentes;
  • nariz entupido ou escorrendo;
  • coceira, vermelhidão e lacrimejamento nos olhos;
  • tosse seca e irritação na garganta;
  • sensação de aperto no peito ou dificuldade para respirar, especialmente em pessoas com asma;
  • coceira ou irritação na pele, especialmente em contato direto com o gato;
  • manchas vermelhas e pequenas erupções na pele.

Sintomas da alergia a gatos em bebês e crianças

Nos bebês e crianças, identificar a alergia pode ser mais difícil, pois eles nem sempre conseguem comunicar o desconforto. 

De modo geral, os pais devem ficar atentos a sinais como:

  • irritabilidade frequente sem motivo aparente;
  • choro constante ou dificuldade para dormir;
  • espirros e coriza constantes;
  • olhos vermelhos, lacrimejantes ou coçando;
  • tosse persistente ou chiado no peito;
  • erupções ou manchas na pele, especialmente em áreas que tiveram contato com o gato.

É fundamental que os pais que suspeitam de alergia a gatos em seus filhos procurem orientação médica para diagnóstico correto e tratamento adequado.

Sintomas mais graves

Embora a maioria das alergias a gatos cause sintomas leves a moderados, em casos mais graves podem surgir:

  • dificuldade respiratória intensa;
  • crises de asma frequentes e severas;
  • reações anafiláticas (raras, mas graves), que exigem atendimento médico urgente.

Pessoas que apresentam sintomas graves ou crises frequentes devem buscar acompanhamento com um alergista para controle e prevenção.

Alergia a gato tem cura?

A reação alérgica ao gato não tem uma cura definitiva. No entanto, existem métodos que ajudam a controlar os sintomas a níveis que permitem uma convivência mais confortável com o animal.

Tratamento e controle da alergia a gatos

Medicação

Antialérgicos, descongestionantes e corticosteroides ajudam a aliviar sintomas como espirros, coceira e congestão nasal. Para quem tem asma, inaladores podem ser prescritos para facilitar a respiração.

Imunoterapia

Conhecida como “vacina para alergia”, a imunoterapia expõe o sistema imunológico gradualmente ao alérgeno do gato, ajudando o corpo a desenvolver tolerância. É um tratamento de longo prazo indicado para casos moderados a graves.

Inclusive, existem estudos em andamento que avaliam a possibilidade da imunoterapia no próprio animal, através de rações suplementadas com anticorpos neutralizantes. O objetivo é que o pet se torne hipoalergênico.

Controle ambiental

Reduzir a exposição aos alérgenos é essencial. Limpar a casa com frequência, usar purificadores de ar, restringir o acesso do gato a quartos e áreas de descanso e manter a higiene do animal são medidas importantes.

Além disso, manter os pelos do gato sempre curtos também ajuda a diminuir o acúmulo de alérgenos e poeira, reduzindo a dispersão das proteínas que causam alergia.

Higiene pessoal

Lavar as mãos após contato com o gato e evitar tocar o rosto também ajudam a minimizar os sintomas.

Consulte um médico

O mais indicado é procurar um médico alergista antes de iniciar qualquer tratamento ou fazer mudanças na rotina. 

Se você é alérgico e pretende adotar um gato, é fundamental buscar orientação profissional para entender as possibilidades de convívio saudável.

Dúvidas frequentes sobre alergia a gato

Quem tem asma pode ter gato?

Conviver com gatos pode ser desafiador para pessoas com asma, pois a alergia ao animal pode agravar sintomas como dificuldade para respirar, tosse e chiado no peito. 

Por isso, é essencial consultar um alergista antes de ter um gato, para avaliar os riscos e receber orientações específicas.

Com os cuidados adequados, muitas pessoas com asma conseguem conviver com gatos sem piora dos sintomas. No entanto, em casos de asma grave, a convivência pode não ser recomendada.

De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, a alergia às proteínas presentes em animais domésticos pode desencadear crises de asma e piorar seu controle. 

Porém, vale ressaltar: nem todo asmático é necessariamente alérgico a gatos, e não é preciso abrir mão do pet sem confirmação médica.

Além dos alérgenos do gato, a descamação da pele do animal pode alimentar ácaros domiciliares, que são importantes desencadeadores de alergias respiratórias. 

Por isso, em casas com pets, mesmo pessoas que não têm contato direto com o gato podem apresentar sintomas causados pelos ácaros.

Recomenda-se limitar o acesso do gato a áreas sociais, especialmente quartos, e evitar que suba em sofás e camas. Manter o animal limpo, escovado e com banho em dia ajuda a reduzir a quantidade de alérgenos no ambiente.

Quem tem rinite pode ter gato?

Quem tem rinite pode sim ter gatos, mas deve tomar cuidado com a exposição aos alérgenos.

Isso porque a rinite alérgica é um dos sintomas mais comuns da sensibilidade aos gatos, causando espirros, coriza, congestão nasal e coceira no nariz e olhos. 

Assim como na asma, o acompanhamento médico é essencial. Medicações específicas para controlar a rinite e medidas de prevenção no ambiente ajudam a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

O conteúdo te ajudou?

Esperamos que este guia tenha esclarecido suas dúvidas sobre alergia a gatos e ajudado você a entender melhor como conviver com seu pet mesmo com a alergia.

Compartilhe este conteúdo com quem pode se beneficiar dessas informações e continue acompanhando o Blog da Cobasi para mais dicas e cuidados para você e seu gato. Até a próxima!

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Por Joe Oliveira

Redator

Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.

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2 Comentários

  1. Thiago disse:

    Pelo preço alto da ração posso fazer o uso dela misturando com outra com um valor menor? Se for sim, poderia indicar uma mais barata para está fazendo a mistura.

    • Cobasi disse:

      Olá, como vai?

      O recomendado é o uso exclusivo da ração. Para mais informações, sugerimos o acompanhamento com seu médico-veterinário de confiança.

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