Candiru: mitos e verdades sobre o ‘peixe-vampiro’ que penetra orifícios humanos

Por Joe Oliveira   Tempo de leitura: 5 minutos

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candiru
Montagem candiru — Foto: João Cordeiro / Instagram

O candiru – também conhecido como peixe-vampiro – é uma espécie nativa da Bacia Amazônica, que tem a capacidade de ‘invadir’ orifícios do corpo humano, como uretra, ânus e vagina.

Saiba mais sobre esse minúsculo peixe que faz parte da rica diversidade ecológica da Amazônia. Conversamos com o biólogo Thiago Sá, que desvendou os principais mitos e verdades sobre os candirus. Confira! 

Mitos e verdade sobre o candiru

A fauna brasileira é maravilhosa e ocupa um lugar privilegiado na natureza por ter espécies únicas e recheadas de fatos interessantes. A seguir, conheça 8 mitos e verdades do candiru

O candiru é atraído pela urina

Será que o comportamento de entrar  pela uretra de humanos está relacionado a uma atração pela urina? O biólogo Thiago Sá responde: 

“Mito! Na verdade, não há um consenso pelos pesquisadores sobre o candiru ser atraído pela urina. Sabe-se que ele se alimenta de sangue nas brânquias dos peixes, e como os peixes eliminam amônia por este órgão, acredita-se que é o que os atraem”.

Thiago Sá complementa: “Assim, estima-se que o candiru é atraído por esta amônia (um composto que tem nitrogênio) para achar o local ideal para se alimentar. Então, como a urina é composta por ureia (que também tem nitrogênio), surgiu a crença da atração da espécie pela urina.

O candiru só pode adentrar os orifícios do pênis e da vagina

Mito! O peixe candiru (Vandellia cirrhosa) além também tem a capacidade de penetrar outros orifícios humanos como o ânus, nariz, ouvidos e boca. 

De modo geral, o peixe se aloja no interior do corpo das vítimas e usa seus espinhos para se fixar. Uma vez dentro dos seus hospedeiros, o candiru se alimenta do sangue. 

A única forma de retirar o candiru em humano é por meio de cirurgia

Verdade! Em casos de entrada acidental em orifícios de mamíferos, como no canal urinário, por causa dos ganchos ou espinhos que se abrem dentro do tecido, o peixe-vampiro só pode ser retirado através de procedimentos cirúrgicos.  

O sangue humano é a principal fonte de alimento do candiru

Mito! Embora a espécie possa se infiltrar no organismo humano, os casos são extremamente raros e acidentais. A base alimentar dos candirus é o sangue de peixes de médio e grande porte, como: bagres, pintado, cachara, pirarara, entre outros. 

A espécie aloja-se nas guelras dos peixes maiores e suga o sangue de seu hospedeiro. Até por isso, ganhou o apelido de peixe-vampiro.

Porém, também existem outros tipos de candirus, que são carnívoros, alimentando-se de microcrustáceos e invertebrados aquáticos. 

Só existem dois vertebrados hematófagos no mundo, e um é o candiru

peixe vampiro
O candiru, também conhecido como “peixe-vampiro”, é temido pela sua capacidade de entrar em orifícios do corpo humano, como o pênis.

Verdade! Os morcegos e o candiru são os únicos vertebrados hematófagos que se alimentam exclusivamente de sangue.

Você encontra o candiru em qualquer rio

Mito! O peixe candiru é uma espécie endêmica que só pode ser encontrada nas Bacias Amazônica, incluindo os rios Madeira, Solimões, Japurá, Negro, Trombetas, Madeira e Tocantins-Araguaia, por exemplo. 

Distribuídas entre a Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, e claro, Brasil, a espécie Vandellia cirrhosa faz parte da fauna de peixes neotropicais, que abriga uma das maiores riquezas de peixes de água doce do mundo. 

O candiru é um parasita

Verdade! Pelo comportamento, ao se alimentar de outros animais, o candiru é considerado um parasita natural. Inclusive, é comum ao pescar um peixe, o candiru vir junto grudados nas brânquias do hospedeiro.

O candiru consegue enxergar

Verdade! E não só conseguem enxergar, como têm uma ótima visão. De acordo com um estudo realizado pela Universidade Pública em Groton, pesquisadores descobriram que a espécie responde a estímulos visuais. 

O teste foi realizado colocando um peixinho dentro do aquário junto com os candirus. Assim, notou-se que o Vandellia cirrhosa conseguia olhar e ir em direção ao possível hospedeiro. 

Então, cientificamente, os candirus são atraídos visualmente, portanto enxergam bem. O que pode ser uma explicação em como a espécie enxerga humanos como “vítimas”.

Curiosidades sobre o candiru 

Quer saber mais? A seguir, separamos mais algumas informações sobre o peixe-vampiro que você precisa conhecer!

  • O candiru (Vandellia cirrhosa) é um peixe da família Trichomycteridae, que conta com mais de 280 espécies e cerca de 40 gêneros. 
  • As principais características do candiru são: corpo liso e muito delgado, com medida de 2,5 a 18 cm e 6 mm de largura. Além de possuir coloração azulada, com aspecto luminoso e uma série de espinhos em torno da cabeça.
  • O corpo do candiru fica translúcido em forma de enguia, o que o torna praticamente invisível na água e difícil de enxergar a olho nu. 
  • Geralmente, a espécie vive em ambientes como: fundos arenosos, lamacentos e com água turva.
  • O que se sabe sobre o modo de ação do candiru é que ao se fixar no tecido do hospedeiro, ele abre a sua coroa de espinhos e nadadeiras, para se prender no interior do animal.
  • Em humanos, os ataques de candirus são raros. Mas, caso aconteça, pode causar lesões e complicações como bloqueio e dor no canal da uretra, bloqueio urinário, hemorragias e infecções.

Como se proteger do candiru?

peixe candiru
Imagem/Reprodução

Como é difícil observar a espécie, os moradores da região onde ocorre maior distribuição da espécie precisam seguir alguns cuidados:

Confira algumas formas de como prevenir os ataques do candiru:

  • use trajes de banho que cubram os órgãos genitais;
  • informe-se sobre os rios da região, para não nadar em rios, igarapés ou lagos em que o peixe-vampiro ocorre;
  • evite urinar e entrar na água com machucados que possam sangrar.

Gosto do conteúdo? Lembre-se: os rios da região amazônica também podem apresentar outros perigos como os poraquês (peixes elétricos), arraias e jacarés. Então, cuidado ao nadar nesses ambientes, principalmente se você não os conhece. Se ficou com alguma dúvida, deixe nos comentários. Até a próxima!

Por Joe Oliveira

Redator

Jornalista, é apaixonado por futebol, basquete e, claro, pets! Além de bater uma bolinha e escrever para o Blog da Cobasi, o Joe curte a vida ao lado dos seus melhores amigos: os cachorros vira-latas Zé e Tobby, a gata Marry e o papagaio Louro.

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