
A esporotricose felina é uma doença fúngica grave causada por fungos do grupo Sporothrix schenckii.
Na maioria dos casos, os primeiros sinais que surgem nos gatos são pequenas feridas na ponta da orelha, no nariz ou nas patas, que não cicatrizam e podem evoluir para úlceras profundas.
Embora comece como uma lesão cutânea localizada, a doença pode se espalhar rapidamente pelo sistema linfático e atingir órgãos internos, tornando o quadro grave e difícil de tratar.
Além de comprometer a saúde dos felinos, a esporotricose é uma zoonose — ou seja, pode ser transmitida para seres humanos, representando riscos para toda a família.
Neste artigo, contamos com a colaboração da médica-veterinária Dra. Lysandra Barbieri (CRMV/SP – 44484), para explicar tudo sobre a esporotricose em gatos:
A esporotricose felina é uma infecção fúngica de caráter zoonótico causada por fungos do do gênero Sporothrix, que vivem em ambientes ricos em matéria orgânica, como solo, folhas secas, madeira e espinhos de plantas.
Em gatos, a infecção acontece quando o fungo entra no organismo por meio de feridas abertas na pele, geralmente após arranhões, mordidas ou contato com superfícies contaminadas.
Por sua relação com materiais vegetais, a doença também é popularmente conhecida como “doença do jardineiro”, e se destaca como uma zoonose importante — capaz de ser transmitida para seres humanos.
De acordo com a CRMV-PR, no Brasil, a esporotricose é considerada uma das principais zoonoses da atualidade, especialmente em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Embora seja uma doença tratável, exige diagnóstico precoce e tratamento contínuo para evitar complicações sérias e proteger tanto os animais quanto as pessoas.
O aumento dos casos reforça a necessidade de conscientização dos tutores e o papel essencial dos médicos-veterinários na prevenção e controle da disseminação da doença.
Os primeiros sintomas da esporotricose felina geralmente são discretos, mas evoluem rapidamente se não forem tratados. Mas, de modo geral, a doença se manifesta de maneira progressiva, passando por diferentes estágios:
No estágio inicial, chamado de esporotricose cutânea, os principais sintomas são:
Muitos tutores, ao verem uma única ferida, podem acreditar que o gato se feriu em uma briga ou esbarrou em algo. No entanto, ao contrário de ferimentos comuns, as lesões da esporotricose não cicatrizam espontaneamente e tendem a piorar.
No estágio inicial, chamado de esporotricose cutânea, os principais sintomas são:
Muitos tutores, ao verem uma única ferida, podem acreditar que o gato se feriu em uma briga ou esbarrou em algo.
No entanto, ao contrário de ferimentos comuns, as lesões da esporotricose não cicatrizam espontaneamente e tendem a piorar.
Sem tratamento adequado, a doença avança para o sistema linfático, caracterizando a esporotricose linfocutânea. Nessa fase, os seguintes sintomas surgem:
A progressão torna a recuperação mais difícil e aumenta o risco de complicações internas.
Na fase de esporotricose disseminada, o fungo se espalha para vários tecidos e órgãos. Os sinais clínicos nesta fase incluem:
Nessa etapa, o gato corre risco de infecções sistêmicas graves, exigindo tratamento intensivo e acompanhamento veterinário contínuo.
Essas áreas são mais expostas a traumas e são portas de entrada para ação do fungo no organismo dos gatos.
De acordo com a cartilha oficial de esporotricose para a população, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, além das feridas, a combinação de emagrecimento, secreção nasal e espirros frequentes são sinais que indicam a necessidade urgente de avaliação veterinária.
Detectar a doença nos primeiros estágios aumenta as chances de cura e reduz os riscos de transmissão para outros animais e para humanos.
Algumas condições podem ser confundidas com a esporotricose:
Por isso, é essencial que apenas um médico-veterinário, após exames específicos, determine o diagnóstico correto.
O contato com o fungo Sporothrix, presente em materiais orgânicos em decomposição como solo, musgo, madeira velha, folhas secas e espinhos de plantas, é o principal caminho para a infecção dos gatos.
Segundo o Ministério da Saúde, as principais formas de transmissão da esporotricose em gatos são:
Embora qualquer gato possa contrair a esporotricose, alguns fatores aumentam consideravelmente o risco de infecção, como:
Segundo o Guia do CRMV-PR (2023), gatos que vivem soltos têm três vezes mais chances de contrair esporotricose em comparação com aqueles que vivem exclusivamente dentro de casa.
Isso acontece porque os felinos que circulam livremente estão mais expostos:
Felinos que residem em regiões com histórico de surtos de esporotricose — como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Pernambuco — apresentam risco aumentado de exposição.
Nessas áreas, o número de animais infectados e a circulação do fungo no ambiente são maiores, o que favorece a disseminação da doença.
Gatos que já possuem o sistema imunológico comprometido, como os portadores de FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) ou FeLV (Vírus da Leucemia Felina), têm menos capacidade de reagir contra infecções oportunistas, como a esporotricose.
Em animais imunossuprimidos, a doença tende a evoluir mais rapidamente e de forma mais agressiva, exigindo acompanhamento veterinário constante.
Gatos resgatados das ruas ou adotados sem histórico médico conhecido também estão em maior risco. É fundamental que esses animais passem por uma avaliação veterinária completa, incluindo:
Essa atenção inicial ajuda a identificar precocemente possíveis infecções e evita a transmissão para outros animais da casa.
A esporotricose felina pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da gravidade da infecção e da resposta imunológica do animal.
De maneira geral, a esporotricose em gatos é classificada em três formas clínicas principais:
É a forma mais comum e inicial da doença, caracteriza-se por apresentar:
Nessa fase, o fungo está restrito à pele, e o tratamento precoce pode levar à recuperação completa do animal.
Quando a infecção se espalha pelos vasos linfáticos, desenvolve-se a forma linfocutânea. As principais características são:
Essa forma indica que o fungo já superou a barreira cutânea e exige intervenção médica mais rigorosa.
A forma disseminada é a mais grave e ocorre quando o fungo atinge órgãos internos, além da pele. Os sintomas desse tipo de esporotricose incluem:
Essa evolução compromete seriamente a saúde do gato e pode, em casos avançados, levar ao óbito se não for tratada de maneira adequada.
Identificar a esporotricose cutânea ainda nos primeiros sinais é a melhor maneira de evitar que a doença progrida para formas mais graves.
O diagnóstico da esporotricose felina deve ser realizado por um médico-veterinário, que avalia tanto os sinais clínicos quanto os resultados de exames laboratoriais específicos.
Entre os principais exames realizados estão:
Análise microscópica de amostras de secreção ou tecido lesionado. Pode revelar estruturas compatíveis com fungos.
Considerada o método mais confiável. O material da lesão é cultivado em meio apropriado para identificar o Sporothrix.
Técnica moderna que detecta o DNA do fungo com alta precisão.
Retirada de amostra de tecido para análise histopatológica, útil em casos complexos ou duvidosos.
Embora a presença de feridas que não cicatrizam levante suspeitas da doença, é essencial confirmar a infecção para iniciar o tratamento correto e evitar a disseminação.
Por isso, qualquer ferida persistente ou secreção incomum deve ser motivo para procurar orientação veterinária imediata.
Segundo a médica-veterinária Lysandra Barbieri: “A esporotricose em gatos tem cura, se o animal for submetido ao tratamento de maneira correta.
Após diagnosticada, a doença é tratada com medicamentos e terapia de suporte às lesões. É importante ressaltar que o tratamento é longo, podendo durar até um ano.”
O sucesso do tratamento da esporotricose felina depende de fatores como o estágio da doença, o estado imunológico do animal e a adesão correta ao protocolo de cuidados.
De modo geral, o tratamento envolve basicamente as seguintes etapas:
O veterinário pode prescrever também outros medicamentos conforme a gravidade do caso, como antifúngicos injetáveis ou associação de remédios.
O uso de pomadas antifúngicas pode ser indicado como tratamento complementar para lesões localizadas, mas não substitui o tratamento sistêmico oral.
Porém, é importante nunca automedicar o pet. O uso de pomadas, sprays ou qualquer outro produto deve ser orientado exclusivamente pelo médico-veterinário.
As principais medidas preventivas contra esporotricose em felinos são:
Não existe vacina disponível para prevenir a esporotricose em gatos. O que torna as medidas de proteção ambiental e o controle do acesso ao ambiente externo fundamentais para proteger os felinos.
Sim, um gato pode ser infectado novamente se houver novo contato com o fungo Sporothrix, especialmente em ambientes contaminados ou em situações onde o tratamento anterior não eliminou completamente a infecção.
Por isso, é fundamental seguir todo o protocolo de tratamento até a alta veterinária e reforçar as medidas de prevenção após a recuperação.
Sim, de acordo com o Ministério da Saúde: “A forma mais comum de transmissão para os humanos é quando o gato infectado transmite o fungo por meio de arranhões, mordidas ou lambeduras, ou quando há contato direto com as feridas do animal.”
Sim, especialmente se surgirem feridas ou lesões na pele após o contato com um gato diagnosticado com esporotricose.
Segundo o Ministério da Saúde, em casos de suspeita, o tutor deve:
A avaliação precoce é essencial para iniciar o tratamento, caso necessário, e evitar complicações.
De acordo com o Guia sobre Esporotricose Felina do CRMV-PR, dentro do grupo de fungos Sporothrix, destaca-se a espécie Sporothrix brasiliensis, responsável pelos casos mais graves da doença em gatos no Brasil.
Essa espécie apresenta:
A presença dominante do Sporothrix brasiliensis explica porque os casos de esporotricose em gatos brasileiros são mais difíceis de controlar e por que a prevenção e o diagnóstico precoce são tão importantes.
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Formada em Medicina Veterinária pela UNESC - Campus Colatina, Lysandra é apaixonada pelos seus pets adotados: Pretinha, Cabrita e Tuí. Cada um deles reforça sua dedicação à Medicina Veterinária e reflete seu amor pelos animais.
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Parabéns pelas explanações sobre esporotricose Atuo como Ativista Animal em casos de esporo em gatos feral em condomínios horizontais e verticais de alto padrão no litoral norte, tambem.noncentro da cidade.Luta constante c veterinários tanto o capturar, tratar, condicionar até conseguir lar amoroso.Estamos a disposição p.ajudar SEMPRE nossos anjinhos tão indefesos.
GOSTEI DA ORIENTAÇÃO.
Oi Inez, como vai? Ficamos felizes:)
Estou tratando de um gato com esporotricose a 4 meses com itraconazol e iodeto de potássio,e só piora o que eu faço?
Olá, Joaquina! Tudo bem?
Aconselhamos que retorne com o animal ao médico-veterinário e explique em detalhes todos os sintomas.