
Malassezia pachydermatis é um fungo que vive naturalmente na pele e nos ouvidos dos cães. Em equilíbrio, compõe a microbiota normal e não representam risco à saúde.
No entanto, fatores como umidade excessiva, alergias, distúrbios hormonais ou baixa imunidade podem favorecer sua proliferação, levando ao desenvolvimento de inflamações cutâneas (dermatite) ou otite externa.
Estudos indicam que entre 50% e 80% dos cães são acometidos pela Malassezia em algum momento da vida. (DUTRA; PEREIRA, 2015).
Os sinais clínicos mais comuns incluem coceira, vermelhidão, odor forte, oleosidade excessiva, descamação e inflamação no conduto auditivo.
A boa notícia é que a malasseziose canina — nome técnico dado à condição inflamatória causada por essa proliferação — tem cura e, com diagnóstico precoce, o tratamento costuma ser eficaz e relativamente simples.
O acompanhamento veterinário é essencial para interromper o ciclo da infecção e restaurar o bem-estar do animal.
Neste artigo, com a colaboração da médica-veterinária Thauana Silva (CRMV-SP 41399) e respaldo técnico de estudos científicos, você vai entender como a condição se desenvolve em cães, os principais sinais clínicos, tratamento e os cuidados para evitar a recorrência.
Na maioria dos casos, a malasseziose surge como consequência de uma condição pré-existente que compromete as defesas naturais da pele e altera o microambiente cutâneo.
Quando isso ocorre, o fungo se multiplica de forma descontrolada, levando a quadros de dermatite ou otite fúngica.
Entre os principais fatores associados a essa condição estão:
São alterações que afetam diretamente a barreira cutânea, a camada protetora responsável por impedir a entrada de microrganismos.
Quando essa proteção é comprometida, microrganismos oportunistas como a Malassezia se aproveitam e desencadeiam inflamações tanto na pele quanto nos ouvidos.
Esse tipo de fungo lipofílico, que se alimenta de gordura, vive preferencialmente em áreas oleosas, como orelhas, axilas, região perianal e dobras cutâneas.
Além disso, estudos sugerem que a Malassezia pode atuar em conjunto com bactérias naturais da pele, como o Staphylococcus pseudintermedius.
Essa interação, conhecida como relação simbiótica, favorece ainda mais o processo inflamatório e facilita o surgimento de infecções mistas, como a piodermite associada à dermatite por Malassezia.
Por isso, a malasseziose canina é sempre um sinal de alerta: tratar apenas a infecção pode aliviar os sintomas temporariamente, mas não resolve o problema de base.
Qualquer cão pode desenvolver dermatite ou otite associada à proliferação de Malassezia pachydermatis. Porém, existem algumas raças que apresentam maior predisposição devido a características anatômicas, genéticas e imunológicas.
Entre as raças como maior predisposição estão:
Entre os principais fatores predisponentes estão características físicas como orelhas longas e pendulares, excesso de dobras cutâneas e produção sebácea elevada.
A predisposição genética também merece atenção, já que algumas raças apresentam maior tendência a desenvolver doenças de pele crônicas e episódios recorrentes de infecção por Malassezia pachydermatis.
Se o seu cão faz parte desse grupo de raças, é importante redobrar a atenção com os sinais de dermatites e otites. E claro, buscar orientação veterinária ao menor sinal de incômodo na pele ou nos ouvidos do seu pet.
Os principais sinais clínicos da infecção por Malassezia pachydermatis incluem coceira intensa, odor forte, oleosidade excessiva, descamações e inflamações na pele ou nos ouvidos.
Esses sintomas variam conforme a região afetada, o estágio da infecção e a presença de condições subjacentes, como alergias, distúrbios hormonais ou outras dermatopatias.
De modo geral, a malasseziose evolui de forma progressiva, com manifestações locais que podem se tornar crônicas se não forem tratadas adequadamente.
A seguir, detalhamos quais são os sinais clínicos mais comuns de acordo com a área acometida:
As lesões cutâneas costumam surgir em áreas quentes, úmidas e ricas em glândulas sebáceas, como axilas, virilhas, pescoço, entre os dedos, barriga e dobras da pele. Os sinais mais comuns incluem:
A otite por Malassezia é uma manifestação comum, especialmente em cães com orelhas dobradas ou penduradas, canal auditivo estreito ou predisposição à umidade e cerume excessivo.
Nesses casos, os sinais incluem:
Além das manifestações locais, o desconforto causado pela infecção pode levar a:
Se notar um ou mais desses sinais no seu cão, busque orientação veterinária o quanto antes. O diagnóstico precoce é essencial para interromper a progressão da infecção, tratar as causas subjacentes e devolver bem-estar ao pet.
A Malassezia pachydermatis pode desencadear diferentes formas de inflamações nos cães. Entre as principais condições clínicas associadas estão:
Essas manifestações reforçam a importância de um diagnóstico preciso e do tratamento completo, incluindo a causa base da infecção.
Não. A malasseziose canina não é considerada uma zoonose. Apesar de ser causada por um fungo, a transmissão para humanos é extremamente rara e limitada a casos de imunossupressão severa.
E mesmo que aconteça, a infecção costuma ser localizada e controlável.
O diagnóstico deve sempre ser feito por um médico-veterinário, com base na avaliação do histórico do animal e nas manifestações clínicas.
De acordo com o estudo Malasseziose em cães e gatos: aspectos clínicos e terapêuticos (UNIBRA, 2022), os principais métodos diagnósticos incluem:
Em casos persistentes ou com recorrência frequente, exames complementares, como perfil hormonal, hemograma e testes alérgicos, podem ser necessários para identificar condições predisponentes.
A malasseziose em cães tem cura! O tratamento deve ser adaptado ao quadro clínico do animal, considerando a extensão da infecção, a região afetada e a presença de doenças associadas, como alergias ou distúrbios hormonais.
De forma geral, a abordagem eficaz envolve duas frentes:
Nos casos leves e localizados, o tratamento inclui o uso de antifúngicos tópicos, como shampoos à base de cetoconazol, miconazol, clorexidina ou sulfeto de selênio.
Sprays, lenços e loções com esses ativos também podem ser recomendados entre os banhos ou em áreas específicas da pele.
Em quadros extensos, resistentes ou com otite por Malassezia, pode ser necessária a administração de antifúngicos sistêmicos orais.
O tratamento deve ser mantido por 3 a 4 semanas e continuado por ao menos 7 a 10 dias após a remissão clínica, com monitoramento veterinário para confirmar a eliminação do fungo (Theelen et al., 2018; Grupo UNIBRA, 2022).
A malasseziose raramente surge de forma isolada. Na maioria dos casos, está associada a uma condição subjacente que favorece a proliferação fúngica. Por isso, a investigação e o controle da causa base são fundamentais para evitar recorrências.
Entre as medidas complementares que podem ser indicadas estão:
O uso combinado de terapias tópicas e sistêmicas, associado à investigação da causa primária, é o que garante uma remissão eficaz e reduz o risco de recorrência.
Todos os procedimentos e etapas de tratamento devem ser orientados por um veterinário. Portanto, nada de administrar médicos ou soluções caseiras por conta própria no seu cachorro.
A malasseziose canina pode ser evitada com medidas simples e consistentes no dia a dia.
Como o fungo Malassezia pachydermatis se aproveita de desequilíbrios imunológicos, inflamações crônicas ou umidade excessiva, a prevenção passa por manter a saúde da pele e controlar os fatores predisponentes.
Entre os cuidados que podem ajudar a prevenir a proliferação fúngica estão:
Dê banhos regulares com produtos específicos, especialmente se o cão já teve episódios anteriores de fungo ou tem tendência a dermatites. Shampoos antifúngicos podem ser indicados 1 a 2 vezes por semana como forma de manutenção preventiva (HLINICA, 2021).
Além disso, não esqueça de secar bem a pele do seu pet, principalmente em áreas com dobras, orelhas e entre os dedos. A umidade é um dos principais fatores para o crescimento da Malassezia.
Proteja o conduto auditivo durante o banho e faça limpezas periódicas com produtos adequados. Principalmente em raças mais predispostas a otite, como Cocker Spaniel, Basset Hound e Shih Tzu.
Invista em uma ração balanceada, rica em ácidos graxos (ômega 3 e 6), zinco, vitaminas A e E e biotina. Esses nutrientes ajudam a fortalecer a barreira cutânea e o sistema imunológico.
Também é recomendado evitar alimentos alergênicos, principalmente em cães com histórico de dermatite atópica ou hipersensibilidade alimentar.
Leve seu pet para check-ups regulares. Isso permite identificar doenças hormonais ou alergias que favorecem o desequilíbrio da microbiota cutânea.
Siga corretamente o calendário de vacinação e vermifugação, que também contribuem para manter a imunidade em dia.
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Referência técnicas
| Atualizada em
Graduada em Medicina Veterinária pela UFRRJ e pós-graduada em Clínica Médica de Pequenos Animais e em Gestão Industrial Farmacêutica, Thauana dedica-se ao cuidado dos animais e também às suas cachorras, Yuna e Pretinha, além de suas quatro gatas, Zefa, Kimchi, Suki e Bulma, todas adotadas e cheias de amor.
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Gostaria de saber mais sobre o tratamento da malassezia tenho um cachorro precisando
Olá, Maria! tudo bem?
Somente um profissional poderá diagnosticar o pet, além disso, o veterinário passará um protocolo de tratamento para malassezia em cães.
Pelo amor de Deus, me ajude qual o produto que uso no meu cão Lulu . Já gastamos bastante com shampos etc que a dermatologista tem passado e até agora nada. Só o pelo fica bonito mas ela exala um cheiro forte no terceiro dia que tomou banho já fica fedendo
Olá, Ozilda! tudo bem?
Somente um profissional pode indicar um tratamento adequado.
A matéria foi bastante esclarecedora, meu pet (pug) ao longo dos anos (está com 7 anos) já teve várias vezes a perda de pelo e o escurecimento da pele.
Desde filhote, com mais ou menos 8 meses o problema se instalou e tenho gasto muito com tratamento sem que o problema seja eliminado. Nossa casa é um ambiente saudável, sem umidade, a cama dele é sempre limpa e a maior parte do dia fica comigo no escritório ou no meu colo.
Acabaram de diagnosticar o meu pug com essa doença, mas acho que ele dever ter esse problema desde de bebê porém somente agora foi diagnosticado, A pele dele ficou bem escura, damos banho com um shampoo especial de clorexidina que clareou, mas ele coça muito o ouvido, chegou a fazer ressonância devido duas convusões e deu problema no ouvido, mesmo com o tratamento não melhorou, a médica solicitou o exame de Malassezia e veio positivo.
Boa tarde …
Gostaria de saber oque usar pra minha cachorro ela está com malasesia ela teve pólipos operou os ouvidos e depois da cirurgia ela obteve esta malasesia e não sei mas oque fazer
Silvana, entendemos que você deseja uma solução rápida para o seu pet, no entanto, é necessário ter um diagnóstico. Por esse motivo a ida ao veterinário é tão importante, além disso, somente o profissional pode receitar medicamentos ao seu cachorro.
Artigo compacto,bem explicativo e com ótimas omfonas informações yecnicas