O que não dizer para um tutor de pet especial | Adoções Especiais

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Por Cobasi   Tempo de leitura: 7 minutos

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Princesa é uma pet especial muito amada por sua tutora Gabriela
Princesa é uma pet especial muito amada por sua tutora Gabriela.

Na série Adoções Especiais já tratamos temas sobre cadeira de rodas, cuidados com a saúde e até os gastos que um pet especial gera. Em meio a tantas conversas, também ouvimos muitos relatos sobre o preconceito que os tutores e seus animais sofrem. Por isso, hoje o tema do nosso post é: o que não dizer para um tutor de pet especial!

É só sair na rua com o pet na cadeirinha ou publicar uma foto nas redes sociais, que os comentários já começam: “coitadinho” e “o que aconteceu com ele?” são dois clássicos! É claro que animais especiais geram curiosidade e, no geral, as pessoas não agem com intenções ruins. No entanto, esse comportamento pode ofender os tutores.

“Chega a ser cansativo ouvir este tipo de comentário todos os dias. Imagine se sentir obrigado a responder uma mesma pergunta todos os dias a estranhos que te param na rua para perguntar porque seu cão é assim”, explica Suiane Torres, voluntária do Cãodeirante e tutora da Dafne, cadelinha cadeirante.

Cães e gatos deficientes geram curiosidade. Para tornar a vida dos tutores desses pets mais tranquila e tirar algumas dúvidas, separamos as principais frases para não dizer para um tutor de pet especial. Vamos lá?!

“Está doente!”

“O pet especial não é refém de sua condição. Muito pelo contrário!, explica Suiane, tutora da Dafne.

É bastante comum que na visão de quem está do lado de fora, a deficiência seja associada à doença. No entanto, isso nem sempre é verdade. Muitos pets especiais não carregam nenhuma doença. Eles apenas têm limitações de mobilidade ou alguma deficiência, mas são completamente saudáveis.

“O pet especial não é refém de sua condição. Muito pelo contrário! Ele rapidamente encontra um jeito de se adaptar e ser feliz a sua maneira. A resiliência deles está presente fortemente em suas vidas. Infelizmente, é este olhar de ‘coitado’ que faz com que as pessoas não acreditem que seja possível que um pet especial tenha uma vida feliz e com qualidade”, acrescenta Suiane.

Partir do pressuposto que o pet especial está doente é ofensivo para o tutor e acaba estigmatizando esses animais, reduzindo sua chance de adoção e até colaborando para mais casos de eutanásia. “Esse olhar de incapacitação e julgamento de infelicidade faz com que pets especiais passem sua vida inteira em abrigos, sem a menor chance de adoção. Isto, quando não são sacrificados”, completa a tutora da Dafne, que viveu em um abrigo antes de ser adotada.

Agora você já sabe: se ver um animal deficiente na rua, nunca diga que ele está doente!

“Coitadinho”

Marrom é um cãozinho paraplégico muito ativo, que adora passear.

Um dos principais objetivos desta série de posts sobre animais especiais é mostrar que eles são muito felizes, adaptados e adoram viver. Depois de conhecer histórias lindas como a da Alê, do Nick e do Uddy, é difícil ainda achar que eles são coitadinhos, não é mesmo?!

“O ‘tadinho’ é o que o tutor de pet especial mais escuta, mas esse não é o pior que nós enfrentamos”, acrescenta Sophia Porto, idealizadora do projeto Cãodeirante e tutora do Marrom. Ela confessa que às vezes os comentários são hostis. “Já chegaram a se referir ao Marrom como um bicho todo arrebentado”, relembra com sofrimento.

Pets deficientes não são “coitadinhos”, não vivem com dor e limitações. Cães e gatos são animais muito adaptáveis e a perda o movimento das patas, da visão ou da audição são condições normalmente superadas por eles. Nunca use palavras negativas com um tutor de pet deficiente e, se achar um animal em necessidade, ajude-o para ele nunca mais ser chamado dessa forma.

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“Não é melhor sacrificar?”

Princesa é uma pet especial no seu carrinho de passeio
A Princesa é tetraplégica e nem por isso não é uma cadelinha feliz.

Alguns comentários acabam magoando os tutores e não ajudam em nada, se tornando desnecessários. Normalmente, são aqueles que se referem à deficiência de forma negativa ou fazem sugestões maldosas.

A Gabriela Alves é tutora da Princesa, uma cadelinha que se tornou tetraplégica por causa de um erro médico durante uma cirurgia de hérnia de disco. A médica veterinária indicou a eutanásia, mas a Gabriela optou pela vida. Ela criou uma conta no Instagram para divulgar a história da Princesa e mostrar que um cachorro grande tetraplégico tem direito a vida como qualquer outro.

“Já li muitos comentários maldosos disfarçados de compaixão. Infelizmente, a Princesa tem uma sequela nos olhinhos e já recebi muitos comentários falando que o olhar dela é triste. Já ouvi até que era melhor ter sacrificado do que deixá-la nessa situação”, relata a tutora, que ainda acrescenta que a Princesa é uma cadelinha muito feliz e amada.

“Sou muito julgada por ter escolhido a vida ao invés da morte, mas eu faria essa escolha mil vezes se fosse possível. A Princesa já me salvou de uma depressão, então eu nunca a abandonaria nem nos piores momentos”, completa Gabriela.

A eutanásia ainda é uma recomendação ainda recorrente para animais com deficiências ou doentes. Felizmente, a medicina veterinária evoluiu muito nas últimas décadas e existem diversos tratamentos e alternativas para dar qualidade de vida e saúde para animais em diversas condições. Os veterinários estão cada vez mais capacitados e a eutanásia está deixando de ser usada.

Cultura do preconceito e o pet especial

Essa é a Dafne. Uma cadelinha paraplégica e cheia de vida.

“Desde a adoção da Dafne, a palavra ‘coitadinha’ virou rotina. No começo, eu me irritava muito, mas hoje levo tranquilamente, até porque sei que a maioria das pessoas não fala com maldade, é muito mais algo cultural, sabe?!” conta Suiane, tutora da Dafne. Ela ainda relata que o “coitadinha” é um comentários muito leve perto do que a Dafne já recebeu.

“Em outra vez, estávamos no shopping jantando com a Dafne, minha pet especial, e a Avelã, que não possui deficiência. Um casal passou, a menina apontou para elas e disse ‘olha que lindas’ e seu amigo respondeu ‘credo, parece cachorro morto’. Eu queria voar no pescoço dele, mas me controlei”, relembra Suiane.

Essa não é a única situação. São muitas, na verdade! Suiane ainda relata um passeio no parque que acabou em irritação quando um homem gritou em alto e bom som: “olha que cachorro estranho”.

“Aleijado”

Aleijada também é outra palavra que incomoda os tutores de pets cadeirantes. Sim, eu sei, se você olhar no dicionário é a simples realidade. Mas se você olhar com cuidado está escrito que é uma palavra ofensiva. Simplesmente escolha outra palavra para falar: cadeirante, especial, deficiente e tantas outras possíveis e inofensivas“, completa a tutora da Dafne, já dando ótimas opções para nos referirmos aos pets especiais.

Pet especial é esperança

Turma de cães deficientes em seus carrinhos

O intuito deste post é explicar o que não dizer para um tutor de pet especial e o motivo pelo qual esses nomes e comentários são tão ofensivos. No entanto, não podemos deixar lembrar dos animais deficientes com muita esperança. Eles ultrapassam limites e vivem felizes, mesmo com a imperfeição.

Apesar do preconceito, que ainda é grande, as pessoas estão cada dia mais conscientes sobre esses pets tão especiais. Assim como as lindas histórias que já lemos aqui, temos mais uma para vocês:

“Eu já quis abraçar uma mamãe! Durante um passeio no shopping, uma criancinha de uns 5 anos falou para a mãe ‘olha mamãe, tadinha dela’ e eu sorri, a mãe dessa criança fez um carinho na Dafne, abaixou ao lado da sua filha e falou ‘tadinha nada, olha como ela está feliz passeando com a sua família‘. Me emocionei na hora e agradeci a essa mãe tão sensata por educar sua filha com empatia e amor. Ahhh se todos fossem assim”, Suiane lembra desse momento com muito carinho.

Gostou deste post da série “Adoções Especiais”? Confira as outras histórias!

Por Cobasi

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