
Observar um passarinho gordo pode até parecer fofo, mas a obesidade em aves é considerada uma condição clínica séria, capaz de comprometer o bem-estar, a capacidade respiratória, o metabolismo e até reduzir a expectativa de vida do animal.
Alimentação inadequada, falta de estímulo físico e predisposição genética são fatores que favorecem o ganho excessivo de peso — principalmente em aves de cativeiro, que costumam ter rotinas com menos desafios e variedade do que teriam na natureza.
Se você suspeita que tem um pássaro gordo em casa, ou quer entender como prevenir que isso aconteça, este guia foi preparado para você. Ao longo do texto, você vai descobrir:
Detectar que uma ave está acima do peso nem sempre é simples. Muitas vezes, a plumagem densa camufla o acúmulo de gordura, dificultando que o tutor perceba o problema apenas pela aparência.
Por isso, é importante ficar atento a alguns sinais que podem indicar que seu passarinho está gordo:
Pode-se notar a presença de depósitos de gordura nessas regiões, às vezes visíveis como “caroços” suaves ao toque.
Em casos mais avançados, a pele sob as penas, especialmente no abdômen, pode apresentar uma coloração mais intensa devido ao acúmulo de gordura.
A quilha (estrutura óssea no peito) de uma ave saudável é levemente saliente. Quando coberta por gordura, torna-se difícil de sentir ou completamente invisível.
Passarinhos gordos podem apresentar respiração mais ruidosa ou acelerada, mesmo em repouso, devido à compressão dos sacos aéreos.
Um pássaro gordo tende a ficar mais parado, dormindo mais do que o normal e interagindo menos com o ambiente ou com o tutor.
O desenvolvimento de obesidade em aves domésticas não é resultado de um único fator isolado. Trata-se, na maioria das vezes, de um conjunto de condições que favorecem o acúmulo de gordura no organismo.
Veja os principais fatores que contribuem para que um passarinho fique gordo:
Uma das principais causas de obesidade em aves é a oferta excessiva de alimentos calóricos, como sementes oleaginosas (girassol, painço, aveia) e petiscos humanos.
Além disso, muitas aves são seletivas e tendem a preferir justamente os alimentos mais gordurosos, o que agrava ainda mais o desequilíbrio nutricional.
Essa realidade foi observada em um estudo realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que identificou que grande parte dos psitacídeos atendidos apresentava manejo alimentar inadequado.
A dieta dessas aves era composta principalmente por misturas de sementes e também por alimentos de consumo humano, favorecendo o desenvolvimento de quadros de sobrepeso, obesidade, lipomas e outras doenças relacionadas ao acúmulo de gordura corporal.
Além disso, foram constatadas deficiências importantes de nutrientes essenciais, como vitamina A, vitamina D3 e vitaminas do complexo B.
Aves precisam voar, escalar, explorar e interagir com o ambiente para manter o equilíbrio físico e mental. Em cativeiro, a limitação de espaço e a ausência de estímulos adequados reduzem consideravelmente o gasto calórico diário.
Gaiolas pequenas, falta de brinquedos, ambientes sem desafios e períodos prolongados de confinamento favorecem o sedentarismo e, consequentemente, o acúmulo de gordura.
Com isso, o estresse crônico gerado por ambientes sem enriquecimento ambiental também influencia no metabolismo das aves.
Um estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) apontou que aves mantidas em condições de cativeiro, sob estresse constante, apresentam maior tendência à formação de gorduras excessivas.
Algumas espécies têm uma tendência natural a acumular gordura, mesmo recebendo uma dieta adequada. Entre as aves mais suscetíveis estão:
O artigo da Dialnet (Dialnet) discute como alterações genéticas podem influenciar o metabolismo de algumas aves, facilitando o acúmulo de gordura.
Embora menos comuns, alterações metabólicas — como disfunções da tireoide, hepatopatias ou síndromes hormonais — podem contribuir para o ganho de peso descontrolado em aves.
Esses casos exigem diagnóstico preciso e acompanhamento com veterinário especializado em animais silvestres, já que o tratamento pode envolver ajustes dietéticos específicos, controle de atividades físicas e, em algumas situações, terapias medicamentosas.
Com ajustes cuidadosos na alimentação, no ambiente e no comportamento da ave, é possível reverter o quadro de obesidade de forma segura e gradual.
Entre as principais dicas do que os tutores podem fazer estão:
A reeducação alimentar é essencial, mas deve ser feita aos poucos, para evitar estresse ou rejeição por parte da ave:
A transição alimentar deve ser gradual — misture a nova ração com a alimentação antiga em proporções crescentes ao longo de alguns dias, respeitando a aceitação da ave.
O enriquecimento ambiental ajuda a tornar o dia a dia da ave mais ativo e interessante, promovendo gasto calórico de forma natural:
Antes de iniciar qualquer mudança mais intensa na dieta ou na rotina da ave, é fundamental consultar um médico-veterinário especializado em animais silvestres ou aves ornamentais. O profissional irá:
Segundo a revista Natureza Online, quando a intervenção acontece precocemente, as chances de reversão da obesidade em aves aumentam consideravelmente, evitando o avanço de doenças associadas.
O excesso de gordura corporal pode desencadear uma série de complicações graves, afetando diretamente a qualidade e a expectativa de vida do animal.
Entre as principais doenças e problemas que o sobrepeso pode causar estão:
É uma das consequências mais comuns da obesidade em aves. O excesso de gordura se acumula no fígado, comprometendo suas funções e podendo levar a insuficiência hepática grave.
O acúmulo de gordura sobrecarrega o sistema cardiovascular e dificulta a expansão dos sacos aéreos, fundamentais para a respiração das aves.
Isso resulta em respiração ofegante, cansaço fácil e maior risco de insuficiência cardíaca.
A obesidade pode afetar diretamente o sistema reprodutivo, provocando infertilidade, retenção de ovos e outros distúrbios hormonais.
O excesso de peso sobrecarrega ossos e articulações, aumentando o risco de fraturas, rupturas de ligamentos e doenças ortopédicas como a pododermatite plantar.
Além dos riscos já citados, estudos (Carciofi & Oliveira, 2001; Saad et al., 2008; Santos et al., 2012) identificaram uma série de outras complicações associadas ao excesso de gordura corporal em aves cativas, incluindo:
Essas doenças, muitas vezes, se desenvolvem de forma silenciosa e são difíceis de detectar nos estágios iniciais. Por isso, a melhor abordagem sempre será a prevenção, com foco em uma alimentação equilibrada, estímulo físico diário e acompanhamento veterinário regular.
A melhor maneira de evitar que um passarinho desenvolva sobrepeso é adotar hábitos saudáveis desde cedo. A prevenção é sempre mais fácil e eficaz, do que lidar com as consequências da obesidade. Algumas medidas fundamentais são:
Seguindo essas orientações, seu passarinho terá muito mais chances de viver de forma saudável, ativa e longe das complicações graves associadas ao excesso de peso.
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| Atualizada em
Biólogo, com especialização em Educação e Marketing de Conteúdo. Cresceu cercado de cães, criou hamsters, colecionava insetos e ajudava seu avô com os bichos da fazenda sempre que podia. Atua no mercado pet desde 2010, nas áreas de Treinamento, Marketing, Conteúdo e SEO. Desde 2018 está à frente do canal da Cobasi no Youtube.
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