Falcoaria: conheça prática milenar que une aves de rapina e humanos
Por Rodrigo Svrcek Tempo de leitura: 4 minutos
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A falcoaria é uma atividade nascida a partir da necessidade humana de caça e que, com o tempo, acabou criando laços estreitos entre as aves de rapina e os seres humanos.
Venha com a gente e conheça tudo sobre essa prática que surgiu há mais de 2 mil anos antes de Cristo e considerada Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade. Confira!
O que é falcoaria?
A falcoaria, também chamada de cetraria, é o conjunto de técnicas de adestramento usadas pelos humanos para treinar gaviões, corujas e falcões. O especialista nessa prática é chamado de falcoeiro.
A Unesco, agência da ONU para temas ligados à ciência, cultura e educação, considera a falcoaria como uma arte milenar.
A instituição define a cetraria como um patrimônio histórico porque representa valores, práticas e tradições compartilhadas por um grupo de pessoas ao longo dos séculos.
Como surgiu a cetraria?
A cetraria, nome da falcoaria em Portugal e na Espanha, nasceu da necessidade dos humanos em conseguir alimentos específicos. A partir de então, criou-se uma relação colaborativa entre as aves de rapinas e os falcoeiros.
Em troca da captura de mamíferos e aves como perdizes e faisões, o homem ofereceu abrigo, cuidados e alimentação adequada para o animal.
O registro mais antigo de uma relação mútua entre humanos e falcões data de 2.200 a.C. Nesse período, os nobres da dinastia Heian, na China, costumavam ser presenteados com a ave de rapina.
Quase mil anos depois, por volta de 1271 a.C., apareceram os primeiros registros da cetraria em campanhas militares.
De acordo com Marco Pólo, famoso explorador, durante suas expedições pelo Oriente Médio e Ásia, ele relata, em suas anotações, ter encontrado mais de 10 mil falcoeiros nos exércitos locais manejando gaviões, águias e falcões.
A falcoaria pelo mundo
Com o intercâmbio cultural, a prática da falcoaria chegou à Europa durante o século III antes de Cristo. Entretanto, os primeiros clubes organizados em torno dessa atividade só surgiram no final do século XVIII, na Inglaterra.
Os primeiros relatos da falcoaria no continente americano são do conquistador espanhol Hernán Cortés. Ao chegar ao México, em meados do século XVI, ele percebeu que o então rei asteca Montezuma dominava a técnica de treinamentos de falcões.
A prática da falcoaria no Brasil
No Brasil, essa arte milenar começou a ser praticada recentemente, pois não há registros de que índios ou europeus residentes no País se dedicavam à prática.
A atividade hoje está restrita a grupos privados, devido ao alto custo com alimentação e cuidados com as aves. Entre as espécies mais usadas na prática cetraria em nosso país, estão:
Como praticar falcoaria no Brasil?
A maneira mais segura e recomendada de praticar a falcoaria no Brasil é encontrar clubes e associações dedicadas a esse ofício milenar.
Neles, você encontrará aves saudáveis e falcoeiros treinados para uma prática supervisionada para preservar o bem-estar da ave de rapina.
Para nos ajudar a explicar como funciona essa atividade, separamos o relato de Rayane Henriques, bióloga da Educação Corporativa da Cobasi e entusiasta da falcoaria.
De acordo com ela, tudo começou após a indicação de uma pessoa conhecida: “Foi indicação de um professor da minha pós-graduação. Ele comentou em aula sobre falcoaria e citou a Escola de Falcoaria de Camanducaia, que fica próxima à cidade de Monte Verde. Como eu ia viajar para Monte Verde, vi uma oportunidade de ir conhecer”, disse.
E completa: “Lá na escola de Falcoaria é necessário agendar o horário com antecedência e no dia a prática é realizada com um grupo de pessoas”, contou.
A rotina em um clube de falcoaria no Brasil
Rayane aproveita também para nos contar como é a rotina em um clube dedicado à prática do esporte:
“Após a chegada de todos, o profissional explica sobre como surgiu a falcoaria e qual a sua finalidade. Em seguida, aprendemos um pouco sobre o comportamento das aves de rapina. Por fim, somos apresentados aos animais e direcionados a campo dedicado à interação com as aves”, afirmou.
Por fim, a bióloga ressalta a importância do respeito aos animais: “Mas tem um detalhe: nem sempre a ave está disposta a realizar a prática, muitas vezes se ela não está “afim” de pousar no seu braço, ela desvia e pousa em outro local”, explicou.
E conclui: “E isso é algo muito legal e interessante, pois existe o respeito pela vontade que a ave tem naquele momento, não a obrigando a realizar um movimento que ela não queira”, ressaltou.
Gostou de conhecer mais sobre a falcoaria? Para aprender mais sobre o universo das aves, continue navegando no Blog da Cobasi.
Por Rodrigo Svrcek
Redator
Jornalista apaixonado por livros, filmes e literatura. Especialista de planta, sabe tudo sobre cultivo e cuidados. Atualmente não tem pets, mas até hoje não se esqueceu da Joana, gatinha para quem deu lar temporário solidário para ajudar uma ONG.
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