
Quando se fala em cachorro bravo, muitas pessoas associam imediatamente algumas raças a comportamentos agressivos. Mas será que existem cães naturalmente mais bravos do que outros? Segundo o veterinário comportamentalista Daniel Svevo:
“O comportamento agressivo varia de acordo com a criação, o treinamento e o ambiente em que o animal vive. O cão pode reagir de forma perigosa por se sentir ameaçado ou desconfortável em determinadas situações.”
Isso significa que um cachorro bravo latindo pode estar reagindo a um estímulo específico e não necessariamente ser um animal agressivo por natureza.
Neste artigo, com a ajuda do veterinário comportamentalista Daniel Svevo, vamos desmistificar essa fama e apresentar as raças frequentemente rotuladas como bravas, explicando o que realmente influencia o comportamento de um cão.
Muitas raças são rotuladas como bravas por conta do seu histórico de uso em guarda, caça ou proteção. No entanto, a agressividade de um cão depende de diversos fatores, como socialização e manejo.
A seguir, veja algumas das raças mais associadas a esse comportamento e entenda os motivos dessa reputação.
Os Pitbulls ganharam a reputação de cães bravos devido ao seu histórico de uso em brigas e como cachorro de guarda.
No entanto, são extremamente leais e afetuosos com os tutores. Seu alto nível de energia e necessidade de estímulo mental podem levá-los a comportamentos destrutivos ou reativos se não forem bem treinados.
Sem socialização adequada, podem demonstrar agressividade, especialmente com outros cães.
Essa raça é naturalmente protetora e territorialista, o que pode ser confundido com agressividade. Criados para pastoreio e guarda, os Rottweilers tendem a desconfiar de estranhos e agir de forma defensiva quando percebem uma ameaça.
Sem liderança firme e treinamento adequado, podem desenvolver comportamentos dominantes.
O Doberman é um cão extremamente inteligente, enérgico e leal. Criado para proteção, tem um instinto de vigilância muito apurado e reage rapidamente a estímulos desconhecidos.
Sua postura intimidadora reforça sua reputação de bravo, mas quando bem treinado, é um companheiro obediente e equilibrado.
Por serem usados na polícia e no exército, os Pastores Alemães são muitas vezes vistos como cães agressivos. Porém, na realidade, são muito inteligentes, fáceis de treinar e extremamente fiéis ao tutor.
O problema surge quando são criados sem atividades físicas e mentais adequadas, o que pode gerar ansiedade e reatividade.
O Fila Brasileiro tem um forte instinto de proteção e um temperamento reservado com estranhos. Essa característica, conhecida como “ojeriza a estranhos”, foi desenvolvida ao longo de séculos para garantir a eficiência na guarda de propriedades.
A criação e o manejo são essenciais para evitar que o instinto de proteção se transforme em agressividade descontrolada.
Apesar da aparência fofa, o Chow Chow possui um temperamento independente e pode ser bastante territorialista.
De acordo com a Confederação Brasileira de Cinofilia, a raça foi originalmente utilizada para caça e guarda na China, o que explica seu instinto protetor e sua postura reservada com estranhos.
Embora não seja naturalmente agressivo, o Chow Chow pode demonstrar desconfiança e teimosia se não for socializado desde filhote.
“O verdadeiro fator de risco não está na raça, mas na forma como o cão é criado, socializado e tratado. A percepção de perigo geralmente está ligada ao porte físico, força e potência da mordida — características que podem causar danos maiores.
Por isso, raças grandes, como Pastor Alemão e Fila Brasileiro, costumam ser rotuladas como perigosas. Mas o comportamento agressivo, na maioria dos casos, é resultado de falhas na socialização, falta de estímulos e ambientes estressantes, não de uma predisposição natural,” explica o veterinário.
De modo geral, os principais fatores que impactam diretamente no temperamento de um cão são:
A exposição do filhote a diferentes situações, pessoas e outros animais reduz a chance de ele desenvolver comportamento agressivo no futuro.
Ensinar comandos básicos e associar boas ações a recompensas ajuda a moldar um comportamento equilibrado.
Cães criados em ambientes estressantes ou com punições severas podem desenvolver agressividade por medo ou defesa.
“A genética também influencia, mas muitos comportamentos agressivos estão relacionados ao medo e à insegurança. Porém, o histórico de socialização e criação tem um peso maior na forma como o cão reage ao ambiente”.
“É possível adotar e conviver com um cão considerado potencialmente perigoso, desde que o tutor tenha condições adequadas para isso.
O mais importante é avaliar se o ambiente é apropriado, se há espaço suficiente e se a rotina inclui exercícios físicos e mentais para manter o equilíbrio do animal”.
Além disso, alguns cuidados essenciais devem ser considerados no manejo de cães com tendência à agressividade:
O tutor deve entender os princípios básicos de socialização e adestramento para ensinar comandos e evitar comportamentos indesejados.
Criar um ambiente estimulante, com brinquedos interativos, atividades sensoriais e interação social, ajuda a reduzir o estresse e manter o cão equilibrado.
É fundamental que o tutor tenha controle sobre o cão, especialmente em situações de excitação ou reatividade, garantindo passeios seguros e evitando acidentes.
Consultar um adestrador ou veterinário comportamentalista pode ser necessário para corrigir comportamentos agressivos e garantir que o animal viva de forma equilibrada e segura.
Com esses cuidados, um cão considerado bravo pode se tornar um ótimo companheiro, desde que receba o manejo correto e um ambiente adequado para o seu desenvolvimento.
O hipotireoidismo é uma doença hormonal que reduz os níveis de energia do cão, deixando-o apático e desanimado.
De acordo com a veterinária Lysandra, “a doença em si não deixa o cão bravo, mas causa uma cascata de alterações no organismo que podem gerar diferentes sinais clínicos, influenciando no comportamento”.
Lysandra orienta: “O ideal é manter a calma e evitar movimentos bruscos, pois o animal pode interpretar qualquer ação como ameaça. Não faça contato visual direto e, se possível, redirecione o foco do cão. Proteja áreas vitais como rosto e pescoço.”
Segundo a especialista: “Os cães herdaram certos instintos de seus ancestrais lobos, como proteção territorial e caça. Algumas raças mantêm essas características mais evidentes, mas o comportamento agressivo depende muito mais do ambiente, socialização e manejo adequado”.
Viu como a criação e os estímulos recebidos são decisivos no comportamento do seu pet? Seja um tutor responsável e ofereça ao seu cão tudo o que ele precisa para ser equilibrado e saudável.
Agora que você já sabe que a agressividade não está ligada apenas à raça, que tal aprender mais sobre comportamento canino? No Blog da Cobasi, temos conteúdos exclusivos com dicas de especialistas como Daniel Svevo. Até a próxima!
Formada em Medicina Veterinária pela UNESC - Campus Colatina, Lysandra é apaixonada pelos seus pets adotados: Pretinha, Cabrita e Tuí. Cada um deles reforça sua dedicação à Medicina Veterinária e reflete seu amor pelos animais.
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