Conjuntivite em gatos: identifique os sintomas, causas e saiba como tratar com segurança

Por Joe Oliveira   Tempo de leitura: 9 minutos

Compartilhar:
Compartilhar:
conjuntivite em gatos

Olhos vermelhos, lacrimejantes e com secreção são sinais clássicos de conjuntivite em gatos — uma inflamação na conjuntiva, a membrana que reveste a parte branca dos olhos e o interior das pálpebras.

Apesar de ser comum, a condição pode estar relacionada a infecções virais, bacterianas, alergias, traumas ou até doenças mais graves.

A conjuntivite pode afetar um ou os dois olhos, causando dor, fotofobia (sensibilidade à luz) e interferindo diretamente na qualidade de vida do gato.

E vale o alerta: certas bactérias, como a Chlamydia felis, são altamente contagiosas entre gatos e, em situações específicas, podem até representar um risco para humanos imunossuprimidos.

Por isso, o diagnóstico veterinário é essencial para aliviar o desconforto do pet, evitar complicações e interromper a cadeia de contágio.

Neste artigo, você vai entender o que causa a conjuntivite em gatos, quais são os sintomas, como tratar com segurança e o que fazer para prevenir.

Principais causas da conjuntivite em gatos, seus sintomas e como tratar cada uma

A conjuntivite em gatos pode ter diversas origens, sendo muitas vezes resultado da ação simultânea de dois ou mais agentes.

Por isso, o diagnóstico deve considerar tanto a causa primária — como infecções virais, bacterianas ou alérgicas — quanto fatores secundários, como traumas, tumores ou doenças sistêmicas.

A seguir, segundo informações do estudo Ocular Surface Disease in Cats da Dechra® (2024), explicamos as principais causas da conjuntivite felina, seus sintomas típicos, formas de diagnóstico e tratamentos recomendados:

Herpesvírus felino tipo 1 (FHV-1)

Essa é a principal causa viral de conjuntivite primária em gatos, especialmente em filhotes e jovens adultos. Está associada à rinotraqueíte infecciosa felina e pode se tornar crônica, já que o vírus permanece latente no organismo.

Os sintomas mais comuns incluem:

  • conjuntivite bilateral (nos dois olhos), com quemose intensa (inchaço);
  • secreção ocular mucosa ou serosa;
  • sensibilidade à luz;
  • espirros, febre e apatia;
  • em casos graves: queratite (inflamação da córnea) e úlceras.

Confirmado o FHV-1, o tratamento envolve cuidados tópicos com lubrificantes oculares e, se houver infecção bacteriana secundária, o uso de antibióticos locais.

Casos mais graves podem exigir antivirais sistêmicos, além de suporte imunológico, controle do estresse e alimentação adequada para reforçar a recuperação.

Chlamydophila felis

É a bactéria mais comum associada à conjuntivite felina. Afeta especialmente ambientes com múltiplos gatos e é altamente contagiosa. Em casos raros, pode ser transmitida a humanos imunocomprometidos.

Gatos com conjuntivite causado por Chlamydophila felis podem apresentar:

  • início com conjuntivite unilateral (em um olho);
  • evolução para quadro bilateral com secreção mucopurulenta;
  • hiperemia (vermelhidão) e quemose (inchaço);
  • a córnea, geralmente, não é afetada.

O tratamento inclui antibiótico sistêmico e, em casos mais severos, colírios antibióticos conforme o resultado do antibiograma. 

É importante tratar todos os gatos da casa, já que a bactéria pode permanecer no trato urogenital como reservatório. Soluções oftálmicas lubrificantes também são recomendados para melhorar o conforto e a proteção da superfície ocular.

Mycoplasma spp.

Embora sua atuação como agente primário ainda seja discutida, o Mycoplasma spp. é frequentemente identificado em infecções oculares associadas a outros patógenos.

De acordo com estudos, quase 90% dos gatos podem ser portadores assintomáticos. Nesse caso, os sintomas costumam ser mais discretos, como:

  • hiperemia conjuntival leve (vermelhidão);
  • secreção ocular serosa;
  • em alguns casos, palidez da conjuntiva e evolução lenta.

O tratamento geralmente inclui antimicrobianos de amplo espectro que agem contra diferentes tipos de bactérias. Especialmente úteis em casos mistos, onde há mais de um agente infeccioso. 

Para o controle local, colírios antibióticos devem ser escolhidos com base nos resultados de cultura e antibiograma. A lubrificação ocular também é recomendada para proteger a superfície dos olhos e aliviar o desconforto.

Calicivírus felino (FCV)

olho de gato com conjuntivite

Mais associado a doenças respiratórias, o calicivírus também pode causar conjuntivite — principalmente em filhotes. Casos leves podem passar despercebidos, mas em jovens ou imunossuprimidos os sinais podem ser severos.

Os sintomas oculares e sistêmicos podem incluir:

  • conjuntivite moderada e bilateral;
  • úlceras orais, salivação e dificuldade para comer;
  • febre, espirros e secreção nasal;
  • em alguns casos, úlceras conjuntivais visíveis.

O tratamento da conjuntivite em gatos varia conforme a gravidade do caso. De forma geral, são indicados colírios lubrificantes para aliviar o desconforto e, em casos com infecção secundária, antibióticos específicos.

Quando há comprometimento respiratório ou sinais sistêmicos, o veterinário pode prescrever antibióticos de amplo espectro por via oral. Além disso, cuidados como boa alimentação, hidratação adequada e suporte imunológico fazem toda a diferença na recuperação do pet.

Outras causas possíveis (secundárias)

Além das infecções, a conjuntivite pode surgir por motivos não infecciosos, como:

  • alergias ambientais ou alimentares;
  • poeira, fumaça, produtos de limpeza, perfumes;
  • traumas oculares (arranhões, corpos estranhos);
  • neoplasias (tumores);
  • doenças imunomediadas ou sistêmicas.

Nesses casos, os sintomas tendem a ser mais localizados, geralmente sem secreção purulenta. 

O tratamento consiste em identificar e eliminar o agente causador, controlar a inflamação com medicamentos prescritos e proteger a superfície ocular com lubrificantes oftálmicos.

Diagnóstico da conjuntivite felina: exames e avaliação clínica

A conjuntivite em gatos pode ser confundida com outras doenças oculares ou sistêmicas, já que muitos quadros compartilham sintomas semelhantes, como vermelhidão, secreção e desconforto ocular.

Por isso, um diagnóstico preciso é essencial para identificar a causa real do problema e orientar o tratamento correto.

Entre os principais procedimentos de investigação estão:

Histórico do animal

Contato com outros gatos, recorrência de sintomas, idade, vacinação e condição imunológica.

Exame oftálmico completo

Inspeção da conjuntiva, córnea e presença de secreção.

Testes laboratoriais específicos

  • PCR (Reação em Cadeia da Polimerase): identifica agentes virais e bacterianos como FHV-1, Chlamydophila felis ou calicivírus.
  • Citologia conjuntival ou cultura microbiológica: ajuda a definir o agente causador e indicar o antibiótico mais eficaz (via antibiograma).
  • Testes complementares: para causas alérgicas, autoimunes ou sistêmicas, caso o quadro não tenha origem infecciosa.

A conjuntivite em gatos é contagiosa?

Sim, alguns tipos de conjuntivite felina são contagiosos, principalmente quando causados por agentes infecciosos como vírus ou bactérias. 

A transmissão ocorre por meio do contato direto com secreções oculares, ou indiretamente, através de tigelas compartilhadas, brinquedos, cobertores ou superfícies contaminadas (fômites).

As formas mais contagiosas incluem:

  • Herpesvírus felino tipo 1 (FHV-1) – altamente transmissível entre gatos, especialmente em ambientes com aglomeração (lares com múltiplos felinos e abrigos), por exemplo.
  • Chlamydophila felis – bactéria que exige atenção redobrada por sua alta taxa de contágio entre gatos e o risco, ainda que raro, de transmissão para humanos imunocomprometidos.
  • Calicivírus felino (FCV) – além de afetar os olhos, compromete o sistema respiratório e oral, sendo facilmente transmitido por secreções.

Vale ressaltar que a transmissão para humanos é rara e está ligada apenas a causas bacterianas específicas. Ainda assim, recomenda-se lavar bem as mãos após o manuseio e higienizar os itens compartilhados entre os animais.

Como cuidar do seu gato com conjuntivite no dia a dia 

conjuntivite nos gatos

Mesmo com o tratamento prescrito, a recuperação depende de cuidados domésticos que ajudam a aliviar os sintomas, evitar o contágio e promover o bem-estar do pet.

Esses cuidados ajudam a aliviar os sintomas, evitar o contágio (quando aplicável) e promover o bem-estar do pet durante o tratamento.

Confira algumas dicas essenciais para o ambiente doméstico:

  • Higiene ocular diária: limpe as secreções com gaze ou algodão embebido em soro fisiológico estéril, sempre com movimentos do canto interno para externo dos olhos.
  • Ambiente limpo e tranquilo: evite correntes de ar, poeira, fumaça, perfumes e produtos de limpeza fortes no espaço onde o gato permanece.
  • Isolamento, quando necessário: se a conjuntivite for contagiosa, como nos casos causados por FHV-1, Chlamydophila felis ou FCV, separe o gato dos demais animais da casa até a recuperação total.
  • Reforço imunológico: ofereça uma dieta equilibrada, mantenha o ambiente livre de estresse e, se necessário, utilize suplementos indicados pelo veterinário.

Mesmo com melhora aparente, o tratamento prescrito deve ser seguido até o fim para evitar recaídas ou resistência aos medicamentos. Também é essencial monitorar o quadro e retornar ao veterinário caso os sinais persistam ou se agravem.

Como prevenir a conjuntivite em gatos

Embora nem todos os casos possam ser evitados — especialmente os causados por vírus latentes como o FHV-1 — há medidas que reduzem significativamente o risco de infecções, agravamentos e contágio, principalmente em ambientes com múltiplos gatos.

1. Manter a vacinação em dia

Vacinas como V3, V4 e V5 protegem contra os principais vírus envolvidos na conjuntivite felina, como o Herpesvírus felino tipo 1 (FHV-1) e o Calicivírus felino (FCV).

2. Reduzir o estresse do ambiente

O estresse é um gatilho comum para a reativação de infecções virais. Para evitar crises, ofereça ao gato:

  • Rotina previsível e enriquecimento ambiental;
  • Esconderijos seguros, prateleiras, arranhadores e locais elevados;
  • Adaptação gradual ao introduzir novos pets ou mudanças na casa.

3. Evitar agentes irritantes

Alergias e irritações também causam conjuntivite. Por isso, evite:

  • Fumaça, poeira, perfumes e produtos de limpeza fortes;
  • Areia sanitária com fragrância — prefira opções neutras;
  • Ambientes com ventilação forçada (corrente de ar direta).

4. Tenha atenção à higiene e ao isolamento

Se um dos gatos estiver com conjuntivite contagiosa, mantenha:

  • Separação temporária dos demais pets;
  • Itens como comedouros, brinquedos e cobertores exclusivos;
  • Higienização frequente das mãos e superfícies.

5. Realizar check-ups oftálmicos periódicos

conjuntivite em gatos como tratar

Mesmo que o gato aparente estar saudável, exames oftálmicos regulares são essenciais para detectar precocemente inflamações nos olhos dos gatos, alterações na córnea ou sinais discretos de doenças sistêmicas.

Gatos com histórico de conjuntivite felina, rinotraqueíte ou olhos vermelhos frequentes devem ser acompanhados com atenção, pois têm maior risco de desenvolver problemas oculares crônicos, como ceratite, olho seco e lesões na superfície ocular.

Essas consultas preventivas ajudam o veterinário a:

  • Identificar infecções antes do surgimento de sintomas intensos;
  • Avaliar sequelas deixadas por crises anteriores;
  • Prescrever colírios antibióticos com base em cultura e antibiograma, quando necessário;
  • Reforçar a hidratação ocular com lubrificantes específicos, que ajudam a prevenir úlceras e desconfortos persistentes.

Manter o acompanhamento periódico é uma medida de cuidado contínuo com a saúde ocular dos gatos, especialmente importante em pets idosos, imunossuprimidos ou que vivem em ambientes com múltiplos animais.

O conteúdo te ajudou? Se ainda ficou com alguma dúvida ou deseja entender mais sobre a saúde dos gatos, continue navegando pelo Blog da Cobasi. 

E se o seu gatinho precisa de cuidados especiais, no pet shop online da Cobasi você encontra uma linha completa de medicamentos para o tratamento dos olhos, como: colírios e lubrificantes oftálmicos, tudo com a praticidade do site, app ou das nossas lojas físicas.

Banner superior | webdoor | Canal do WhatsApp

Por Joe Oliveira

Redator

Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.

Ver publicações

Você pode gostar de ver também…

Deixe o seu comentário