Por que os cachorros lambem os donos? Entenda o que isso realmente significa

Por Joe Oliveira   Tempo de leitura: 6 minutos

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porque os cachorros lambem os donos

A explicação mais comum sobre por que os cachorros lambem os donos é simples: demonstração de afeto.

Desde os primeiros dias de vida, os cães aprendem a se comunicar por meio da lambida — primeiro com a mãe, depois com irmãos de ninhada, e, mais tarde, com seus tutores.

Mas será que é sempre carinho? Nem sempre.

O ato de lamber pode revelar muito sobre o comportamento canino. Em alguns casos, está relacionado à busca de atenção, ao cheiro ou gosto na pele, à ansiedade em cães ou até ao reforço de um hábito aprendido ao longo do tempo.

Neste artigo, vamos detalhar as principais razões do por que os cães nos lambem, o que o local da lambida pode indicar (como rosto, pernas e pés) e quais outros sinais costumam acompanhar esse gesto. Entenda!

Demonstração de carinho e vínculo afetivo

A explicação mais comum sobre por que os cães nos lambem está ligada à demonstração de afeto.  

Desde filhotes, os cães aprendem que lamber é uma forma de se conectar. É assim que a mãe estimula a respiração, aquece o corpo do filhote e estimula suas funções vitais.

Esse aprendizado se estende à fase adulta como parte da linguagem dos cães. Ao lamber o tutor, o pet pode estar expressando:

  • confiança e vínculo afetivo;
  • alegria em ver você;
  • busca por contato físico positivo.

Esse comportamento costuma ser acompanhado de abanar o rabo, olhar relaxado e corpo solto. Por isso, muitos tutores associam a lambida ao famoso “lambeijo”.

Busca de atenção ou interação

Muitos cães aprendem que lamber é uma forma eficaz de chamar a atenção do tutor — especialmente se recebem carinho, risadas ou qualquer tipo de reação.

Nesse contexto, a lambida está ligada à necessidade de atenção e pode vir acompanhada de outros comportamentos, como:

  • buscar o toque com a pata;
  • seguir o tutor pela casa;
  • choramingar ou latir baixinho.

Mesmo quando você diz “não”, o cão entende que a lambida funcionou, porque obteve uma resposta. Esse é um exemplo claro de reforço positivo, ainda que involuntário.

Dica para tutores: Para evitar que esse comportamento se torne insistente, é importante redirecionar a energia do seu cão para brinquedos interativos ou interações com comandos simples. Isso ajuda a ensinar que há outras formas de conseguir atenção e afeto.

Instinto natural e comportamento ancestral

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A lambida também pode ser um comportamento instintivo herdado dos ancestrais dos cães, os lobos. Na natureza, filhotes selvagens lambem o rosto da mãe para estimular a regurgitação de alimento e como forma de demonstrar subordinação.

Esse hábito ancestral é parte do comportamento de filhote e pode se manter mesmo quando o cão se torna adulto.

De acordo com o veterinário Nicholas Dodman, no artigo publicado pela American Kennel Club (AKC), faz sentido, então, que cães domesticados usem esse comportamento instintivo ao interagir com outros cães (ou humanos) que consideram superiores a eles.

Se o seu cachorro lambe seu rosto ou queixo com frequência, ele pode estar repetindo um comportamento de submissão e vínculo do grupo.

Cheiro, sabor ou resíduos na pele

Outra razão comum por que os cachorros lambem o rosto dos donos (ou pernas e pés) é o gosto da pele.

O suor humano tem sais minerais, o que pode tornar seu corpo atrativo para o cão. Além disso, restos de comida também despertam curiosidade dos cachorros e podem gerar muitas lambidas.

Esse tipo de lambida também é comum em:

  • Pés: por conterem mais suor e cheiros distintos;
  • Pernas: especialmente após atividade física ou banho.

Esse comportamento costuma ser acompanhado por farejar insistente, lamber sempre no mesmo ponto e foco em áreas específicas.

Estresse, ansiedade ou tédio

Lamber em excesso pode ser um alerta de que algo está errado. Segundo a American Kennel Club (AKC), a lambida pode ser uma forma de auto alívio em momentos de ansiedade, tédio e estresse.

Quando esse hábito se torna compulsivo, o cão ativa mecanismos de prazer no cérebro — como a liberação de endorfinas e dopamina — para se acalmar.

Esse comportamento pode surgir junto com:

  • lamber as próprias patas ou o ar;
  • andar em círculos ou roer objetos;
  • se esconder ou ficar mais agitado.

Em casos assim, o ideal é buscar avaliação veterinária ou orientação com especialista em comportamento canino.

Comportamento aprendido por reforço

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Em muitos casos, o cachorro aprende que lamber gera resultado. Se, ao lamber, ele recebe carinho, atenção e petiscos, isso já é interpretado como recompensa.

Segundo a American Kennel Club (AKC), até mesmo dizer “pare de me lamber, por favor” pode ser suficiente para o cão entender que funcionou. Isso porque qualquer reação demonstra que ele foi notado.

Todas essas respostas, mesmo involuntárias, atuam como reforço positivo — e fazem com que a lambida seja repetida no futuro. 

Além disso, lamber libera endorfinas, substâncias ligadas à sensação de prazer e bem-estar. Isso contribui ainda mais para que o comportamento se repita.

Com o tempo, a lambida passa a fazer parte da rotina como forma de:

  • iniciar o contato com o tutor;
  • pedir algo (comida, passeio ou interação);
  • expressar excitação ao reencontrar alguém.

Esse padrão se instala facilmente porque gera recompensa imediata — mesmo que o tutor não perceba.

Acolhimento e empatia emocional

Um estudo publicado no periódico Learning & Behavior mostrou que os cães são sensíveis ao sofrimento emocional dos tutores e podem usar o contato físico, inclusive lambidas, como forma de consolo.

Em testes com 34 cães, os pets demonstraram mais iniciativa de aproximação quando os tutores fingiam chorar — comportamento que incluía lamber o rosto e se deitar por perto.

Esse tipo de atitude costuma ser mais comum em cães que:

  • são muito ligados ao tutor;
  • têm histórico de convívio próximo e emocional;
  • percebem variações de humor com facilidade.

Essas observações reforçam a ideia de que os cães possuem uma capacidade empática significativa, respondendo ao estado emocional de seus tutores com comportamentos de conforto e apoio.

O que significa quando o cachorro lambe partes específicas do corpo?

Lambidas também variam de significado conforme a região do corpo:

  • Rosto: afeto, empatia e submissão. Costuma ocorrer em momentos de relaxamento, reencontro ou como resposta emocional ao estado do tutor.
  • Pernas: hábito sensorial, geralmente após o banho ou exposição ao suor. Pode estar ligado ao cheiro ou à curiosidade com novas texturas.
  • Pés: busca por atenção ou sabor salgado. Também é comum quando o tutor fica parado por muito tempo.
  • Mãos: solicitação de carinho ou repetição de um padrão aprendido. O cão pode estar iniciando o contato ou reforçando um comportamento que já deu certo antes.

Esses sinais fazem parte da comunicação dos cachorros e devem ser analisados junto de outros comportamentos para entender o que realmente está sendo “dito”.

É seguro deixar o cachorro lamber?

Apesar de parecer um gesto inofensivo e carinhoso, as lambidas podem oferecer riscos à saúde, especialmente quando envolvem olhos, boca, feridas abertas ou mucosas. Principalmente em pessoas com imunidade comprometida.

De acordo com o geneticista Floyd Dewhirst (Instituto The Forsyth / Harvard), uma única lambida pode transferir centenas de bactérias orais, que permanecem na pele humana por várias horas.

Algumas das principais bactérias associadas a infecções incluem:

  • Capnocytophaga canimorsus – pode causar septicemia;
  • Pasteurella multocida – associada à meningite;
  • Salmonella typhi – relacionada à salmonelose.

Portanto, é recomendado evitar lambidas em feridas, olhos e regiões de mucosa. Após contato, lave a pele com água e sabão para reduzir qualquer risco.

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O conteúdo te ajudou? Agora você já sabe que a lambida é um dos comportamentos mais marcantes do cão, como também o que significa quando o cachorro te lambe muito.

Se quiser aprender mais, continue acompanhando o Blog da Cobasi e descubra tudo sobre comportamento canino, saúde, cuidados e bem-estar dos pets. Até a próxima! 

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Por Joe Oliveira

Redator

Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.

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