Cachorro bravo: raças, mitos e como lidar com o comportamento

Por Redator Joe Oliveira

Com colaboração: Lysandra Barbieri   Tempo de leitura: 6 minutos

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Cachorro bravo: como lidar com a situação

Quando se fala em cachorro bravo, muitas pessoas associam imediatamente algumas raças a comportamentos agressivos. Mas será que existem cães naturalmente mais bravos do que outros? Segundo o veterinário comportamentalista Daniel Svevo:

“O comportamento agressivo varia de acordo com a criação, o treinamento e o ambiente em que o animal vive. O cão pode reagir de forma perigosa por se sentir ameaçado ou desconfortável em determinadas situações.”

Isso significa que um cachorro bravo latindo pode estar reagindo a um estímulo específico e não necessariamente ser um animal agressivo por natureza.

Neste artigo, com a ajuda do veterinário comportamentalista Daniel Svevo, vamos desmistificar essa fama e apresentar as raças frequentemente rotuladas como bravas, explicando o que realmente influencia o comportamento de um cão.

Raças de cachorro consideradas bravas

Muitas raças são rotuladas como bravas por conta do seu histórico de uso em guarda, caça ou proteção. No entanto, a agressividade de um cão depende de diversos fatores, como socialização e manejo. 

A seguir, veja algumas das raças mais associadas a esse comportamento e entenda os motivos dessa reputação.

Pitbull

Pitbull bravo

Os Pitbulls ganharam a reputação de cães bravos devido ao seu histórico de uso em brigas e como cachorro de guarda. 

No entanto, são extremamente leais e afetuosos com os tutores. Seu alto nível de energia e necessidade de estímulo mental podem levá-los a comportamentos destrutivos ou reativos se não forem bem treinados. 

Sem socialização adequada, podem demonstrar agressividade, especialmente com outros cães.

Rottweiler

Rottweiler Americano

Essa raça é naturalmente protetora e territorialista, o que pode ser confundido com agressividade. Criados para pastoreio e guarda, os Rottweilers tendem a desconfiar de estranhos e agir de forma defensiva quando percebem uma ameaça.

Sem liderança firme e treinamento adequado, podem desenvolver comportamentos dominantes.

Doberman

Doberman é perigoso

O Doberman é um cão extremamente inteligente, enérgico e leal. Criado para proteção, tem um instinto de vigilância muito apurado e reage rapidamente a estímulos desconhecidos.

Sua postura intimidadora reforça sua reputação de bravo, mas quando bem treinado, é um companheiro obediente e equilibrado.

Pastor Alemão

pastor alemão bravo

Por serem usados na polícia e no exército, os Pastores Alemães são muitas vezes vistos como cães agressivos. Porém, na realidade, são muito inteligentes, fáceis de treinar e extremamente fiéis ao tutor. 

O problema surge quando são criados sem atividades físicas e mentais adequadas, o que pode gerar ansiedade e reatividade.

Fila Brasileiro

Fila Brasileiro

O Fila Brasileiro tem um forte instinto de proteção e um temperamento reservado com estranhos. Essa característica, conhecida como “ojeriza a estranhos”, foi desenvolvida ao longo de séculos para garantir a eficiência na guarda de propriedades. 

A criação e o manejo são essenciais para evitar que o instinto de proteção se transforme em agressividade descontrolada.

Chow Chow

Chow chow bravo

Apesar da aparência fofa, o Chow Chow possui um temperamento independente e pode ser bastante territorialista. 

De acordo com a Confederação Brasileira de Cinofilia, a raça foi originalmente utilizada para caça e guarda na China, o que explica seu instinto protetor e sua postura reservada com estranhos. 

Embora não seja naturalmente agressivo, o Chow Chow pode demonstrar desconfiança e teimosia se não for socializado desde filhote.

O que influencia o comportamento de um cachorro bravo?

“O verdadeiro fator de risco não está na raça, mas na forma como o cão é criado, socializado e tratado. A percepção de perigo geralmente está ligada ao porte físico, força e potência da mordida — características que podem causar danos maiores.

Por isso, raças grandes, como Pastor Alemão e Fila Brasileiro, costumam ser rotuladas como perigosas. Mas o comportamento agressivo, na maioria dos casos, é resultado de falhas na socialização, falta de estímulos e ambientes estressantes, não de uma predisposição natural,” explica o veterinário.

De modo geral, os principais fatores que impactam diretamente no temperamento de um cão são:

Socialização

A exposição do filhote a diferentes situações, pessoas e outros animais reduz a chance de ele desenvolver comportamento agressivo no futuro.

Treinamento e reforço positivo

Ensinar comandos básicos e associar boas ações a recompensas ajuda a moldar um comportamento equilibrado.

Ambiente e criação

Cães criados em ambientes estressantes ou com punições severas podem desenvolver agressividade por medo ou defesa.

Genética

“A genética também influencia, mas muitos comportamentos agressivos estão relacionados ao medo e à insegurança. Porém, o histórico de socialização e criação tem um peso maior na forma como o cão reage ao ambiente”.

Como lidar com um cachorro bravo?

cão mordendo

“É possível adotar e conviver com um cão considerado potencialmente perigoso, desde que o tutor tenha condições adequadas para isso. 

O mais importante é avaliar se o ambiente é apropriado, se há espaço suficiente e se a rotina inclui exercícios físicos e mentais para manter o equilíbrio do animal”.

Além disso, alguns cuidados essenciais devem ser considerados no manejo de cães com tendência à agressividade:

Conhecimento sobre comportamento e treinamento canino

O tutor deve entender os princípios básicos de socialização e adestramento para ensinar comandos e evitar comportamentos indesejados.

Enriquecimento ambiental

Criar um ambiente estimulante, com brinquedos interativos, atividades sensoriais e interação social, ajuda a reduzir o estresse e manter o cão equilibrado.

Capacidade física do tutor

É fundamental que o tutor tenha controle sobre o cão, especialmente em situações de excitação ou reatividade, garantindo passeios seguros e evitando acidentes.

Acompanhamento profissional

Consultar um adestrador ou veterinário comportamentalista pode ser necessário para corrigir comportamentos agressivos e garantir que o animal viva de forma equilibrada e segura.

Com esses cuidados, um cão considerado bravo pode se tornar um ótimo companheiro, desde que receba o manejo correto e um ambiente adequado para o seu desenvolvimento. 

Dúvidas comuns sobre cachorro bravo — especialistas explicam

cachorro bravo mordendo

Hipotireoidismo pode deixar o cachorro bravo?

O hipotireoidismo é uma doença hormonal que reduz os níveis de energia do cão, deixando-o apático e desanimado.

De acordo com a veterinária Lysandra, “a doença em si não deixa o cão bravo, mas causa uma cascata de alterações no organismo que podem gerar diferentes sinais clínicos, influenciando no comportamento”.

Como agir quando o cachorro avança em você?

Lysandra orienta: “O ideal é manter a calma e evitar movimentos bruscos, pois o animal pode interpretar qualquer ação como ameaça. Não faça contato visual direto e, se possível, redirecione o foco do cão. Proteja áreas vitais como rosto e pescoço.”

A raça influencia na agressividade?

Segundo a especialista: “Os cães herdaram certos instintos de seus ancestrais lobos, como proteção territorial e caça. Algumas raças mantêm essas características mais evidentes, mas o comportamento agressivo depende muito mais do ambiente, socialização e manejo adequado”.

como criar um cachorro

Viu como a criação e os estímulos recebidos são decisivos no comportamento do seu pet? Seja um tutor responsável e ofereça ao seu cão tudo o que ele precisa para ser equilibrado e saudável.

Agora que você já sabe que a agressividade não está ligada apenas à raça, que tal aprender mais sobre comportamento canino? No Blog da Cobasi, temos conteúdos exclusivos com dicas de especialistas como Daniel Svevo. Até a próxima!

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Lysandra Barbieri

Com colaboração: Lysandra Barbieri

Médica-Veterinária | CRMV/SP - 44484

Formada em Medicina Veterinária pela UNESC - Campus Colatina, Lysandra é apaixonada pelos seus pets adotados: Pretinha, Cabrita e Tuí. Cada um deles reforça sua dedicação à Medicina Veterinária e reflete seu amor pelos animais.

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