
Na medicina veterinária, não há registros clínicos ou evidências anatômicas de hemorroidas em cachorro.
A condição, bastante comum em humanos, não se aplica à anatomia canina devido à forma como o corpo do animal é estruturado e como o sistema vascular funciona.
No entanto, algumas doenças anorretais, como o prolapso retal, podem causar sinais semelhantes, gerando dúvidas nos tutores.
Neste artigo, você vai entender por que cães não têm hemorroidas, o que pode estar causando sintomas parecidos e como agir ao perceber algo de errado na região anal do seu pet.Tudo com base em estudos científicos e orientações veterinárias.
A hemorroida (também chamada de almorreima) é uma condição comum em humanos. Ela ocorre quando as veias do reto ou do ânus se dilatam ou inflamam, provocando dor, coceira, sangramento e sensação de desconforto.
Esse quadro costuma surgir por fatores como esforço ao evacuar, obesidade, gravidez ou pela posição ereta prolongada, que aumenta a pressão sobre a região pélvica.
Nos cães, no entanto, esse tipo de alteração vascular não ocorre. Isso porque:
Portanto, os cães não desenvolvem hemorroidas. No entanto, é comum que alguns problemas anorretais — como prolapso retal, tumores, infecções ou inflamações — apresentem sintomas semelhantes como vermelhidão e inchaço na região anal.
Por causa dessa semelhança, muitos tutores confundem essas doenças com hemorroida, quando na verdade estão diante de outras condições que exigem atenção veterinária.
Entre elas, o prolapso retal é uma das mais comuns. É sobre ele que falaremos a seguir.
O prolapso retal é uma condição em que uma parte do reto do cachorro se projeta para fora do ânus, formando uma estrutura avermelhada, úmida e saliente, que pode assustar bastante o tutor.
Visualmente, ele pode lembrar uma “almofada” ou “tubo”, que geralmente apresenta uma cor vermelho vivo, o que explica a confusão comum com a hemorroida humana.
Esse problema ocorre quando há um enfraquecimento dos músculos retais e o animal faz esforço repetido para evacuar — especialmente em casos de diarreia prolongada, prisão de ventre ou presença de parasitas intestinais.
Quanto mais o pet força, maior é o risco de o tecido retal ser empurrado para fora. De acordo com o portal PetMD, existem dois tipos principais de prolapso:
Quando detectado precocemente, o prolapso retal geralmente é tratável e tem cura, podendo exigir cirurgia, especialmente se ocorrer novamente.
Se o tecido permanecer exposto por muito tempo, pode escurecer e necrosar, comprometendo a recuperação. Em casos graves, a condição pode ser fatal, por isso o atendimento veterinário rápido é essencial.
O tratamento varia conforme a gravidade: em muitos casos, a reposição manual do reto associada ao controle da causa subjacente é suficiente para uma recuperação completa.
As principais causas do prolapso retal em cães incluem:
Além disso, fatores como alimentação inadequada, falta de vermifugação e desidratação podem agravar o risco de prolapso retal.
O principal sinal do prolapso retal é a saída de parte do reto pelo ânus do cachorro, o que pode se agravar conforme ele faz força para evacuar.
Esse é o sintoma mais evidente, mas não o único. Outros sinais também podem aparecer e indicar a gravidade do quadro, como:
Se o seu cachorro está com algo saindo do ânus, mesmo que ainda pareça pequeno ou esteja visível apenas em alguns momentos, leve-o imediatamente ao veterinário.
Além do prolapso retal, há outros problemas anais que podem causar sinais semelhantes e confundir os tutores:
A única forma de diferenciar corretamente essas condições é com avaliação clínica feita por um médico-veterinário.
Portanto, não realize qualquer tentativa de diagnóstico ou tratamento em casa. O uso de pomadas inadequadas pode mascarar os sintomas ou agravar o quadro.
Embora o prolapso retal em cães possa ocorrer em qualquer fase da vida, alguns fatores aumentam significativamente o risco do problema se desenvolver, como:
Vale destacar que embora o prolapso não seja considerado uma doença genética, cães que já apresentaram o problema anteriormente têm maior risco de recidiva. Por isso, é importante informar esse histórico nas consultas veterinárias regulares.
O prolapso retal em cães é uma condição progressiva. Isso significa que, se não for tratado a tempo, pode se agravar rapidamente, resultando em complicações graves, que podem ser irreversíveis ou até fatais.
De modo geral, a doença pode:
O diagnóstico é feito com base na observação clínica e no histórico clínico do animal. Em muitos casos, a simples presença de uma massa alongada e avermelhada saindo pelo ânus já é suficiente para que o veterinário identifique o quadro.
No entanto, o veterinário precisa descartar outras possíveis doenças que apresentam sinais clínicos semelhantes.
Para diferenciar as duas condições, um dos métodos recomendados na prática clínica é a introdução de uma sonda romba lubrificada entre a parede do reto e o tecido exteriorizado:
Essa técnica, descrita no clássico de medicina veterinária de Ettinger & Feldman (2014) e reforçada por Melo (2017), é fundamental para um diagnóstico seguro e eficaz.
Além da inspeção visual e da palpação retal, o veterinário pode solicitar exames adicionais para investigar a causa do prolapso e avaliar o estado geral do pet:
Sim, o tratamento depende do tipo de prolapso (incompleto ou completo), da condição do tecido exposto, da frequência do problema e, principalmente, da causa subjacente.
Por exemplo, para casos leves, onde o tecido pode ser recolocado e suturado, medicação anti-inflamatória e dieta específica são um dos tratamentos mais comuns e eficazes.
Já em condições mais graves, pode ser necessário cirurgia para remoção da parte necrosada. Além disso, o veterinário poderá indicar um suporte intensivo com antibióticos intravenosos e analgesia potente.
A prevenção do prolapso retal depende do cuidado com a saúde intestinal do pet e da redução de fatores que causam esforço ao evacuar, como constipação, diarreia crônica e verminoses.
Embora nem todos os casos sejam evitáveis, algumas medidas simples e consistentes podem reduzir bastante o risco:
Dietas com bom teor de fibras ajudam a manter o trânsito intestinal saudável, evitando tanto fezes ressecadas quanto diarreias prolongadas.
Parasitas intestinais são uma das principais causas de esforço retal e diarreia em cães. Siga sempre o protocolo de vermifugação indicado pelo médico-veterinário.
A ingestão adequada de água evita fezes secas e duras, facilitando a evacuação. Ofereça sempre água limpa e fresca, além de considerar alimentos úmidos, quando indicado.
Se notar que o pet está com dificuldade para defecar, faz força excessiva, tenta evacuar muitas vezes ao dia ou apresenta sangue nas fezes, procure o veterinário imediatamente.
Consultas de rotina ajudam a identificar alterações intestinais, inflamações ou predisposições antes que evoluam para um quadro grave.
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Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.
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