
A cinofobia é o medo intenso e irracional de cães, que faz com que a pessoa sinta muita ansiedade, medo e até pânico diante da presença ou mesmo a ideia de um cachorro.
Esse medo exagerado é um tipo de zoofobia — medo de animais — uma condição séria reconhecida no Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-5).
Fobias específicas como essas são bastante comuns e fazem parte dos transtornos de ansiedade, afetando cerca de 13% das mulheres e 4% dos homens no mundo (Barnhill et al., 2018).
A cinofobia geralmente surge após experiências traumáticas relacionadas aos cães, e pode prejudicar a rotina e o bem-estar de quem vive com ela.
Por ser um distúrbio psiquiátrico, o tratamento para a fobia de cachorro requer acompanhamento com profissionais de saúde mental.
Neste artigo, descubra o que é a cinofobia, seus sintomas, causas, como identificar e superar esse medo. Boa leitura!
A cinofobia (do grego kynos, cão, e phobos, medo) é um tipo de fobia caracterizada pelo medo irracional e desproporcional de cachorros, independentemente do porte, raça ou comportamento do animal.
Logo, pessoas com o transtorno podem entrar em pânico tanto diante de um Pastor Alemão grande e irritado quanto de um Maltês calmo e dócil.
Isso porque o pavor não está relacionado a um risco real, mas sim a uma resposta emocional descontrolada.
De acordo com Calvo et al. (2013), o medo de cachorros está presente em cerca de 1 a cada 3 pessoas que buscam tratamento para fobias relacionadas a animais, como o medo de aranha e cobras.
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a cinofobia compõe o grupo de fobias específicas, sendo um tipo de transtorno de ansiedade.
Não! Embora os termos medo e fobia sejam usados como sinônimos no dia a dia, eles se referem a reações emocionais diferentes e envolvem mecanismos distintos do cérebro.
Segundo Ballantyne (2018), o medo é uma resposta emocional, fisiológica e comportamental saudável que prepara o corpo para uma ameaça em potencial — como um cachorro bravo e desconhecido.
A fobia, por sua vez, vai muito além disso. De acordo com Beaver (1999), ela é uma reação de medo exagerada, persistente e desproporcional ao estímulo desencadeador.
Pessoas com cinofobia podem sentir pavor ao ver um cachorro calmo e amigável, mesmo que ele esteja distante, em um quintal fechado.
Na verdade, a simples lembrança ou antecipação do contato com o animal gera mal-estar, independentemente do pet estar presente ou não (PALESTRINI, 2009).
Por isso, é importante esclarecer que o medo de cachorro comum e a cinofobia são coisas bem diferentes.
O ponto chave para distinguir as condições é a intensidade e proporcionalidade da reação à ameaça real de perigo.
A cinofobia provoca reações físicas e emocionais intensas, bem similares aos sintomas clássicos de crise de ansiedade.
Em casos graves, o simples fato de pensar em cachorros já é capaz de provocar quadros de pânico com sinais clínicos como:
Segundo Rachman (1990), as fobias específicas, como a cinofobia, podem surgir por diferentes motivos. As causas mais comuns incluem:
De acordo com Di Nardo et al. (1988), aproximadamente 50% dos adultos com cinofobia desenvolvem a condição após traumas e experiências negativas com cachorros.
Na psicologia, isso é chamado de condicionamento pavloviano, processo em que o cérebro associa um estímulo neutro — como um cachorro — a uma sensação negativa por conta de uma situação assustadora ou dolorosa vivida anteriormente.
Logo, uma criança mordida por um cão pode passar a temer todos os cachorros, mesmo aqueles que são inofensivos e amigáveis.
Entretanto, vale lembrar que essa teoria não explica 100% dos casos de cinofobia. Afinal, nem todas as pessoas desenvolvem o medo intenso após uma experiência ruim.
Um estudo organizado por Doogan et al. (1992) mostrou que a transmissão de informação — como avisos e histórias — tem um papel importante no surgimento da cinofobia, especialmente durante a infância.
É o caso de crianças que crescem ouvindo advertências (frases como “cuidado, o cachorro vai te morder!”) ou convivem com pessoas com o transtorno e desenvolvem a condição por associação.
Além disso, o simples ato de assistir a uma cena violenta na televisão — ataques e brigas de cachorro — também pode despertar uma resposta emocional intensa.
O mesmo estudo observou que adultos com fobia de cães costumam relatar medo de outras situações diferentes, o que indica uma possível predisposição emocional.
Isso significa que fatores internos e psicológicos podem tornar as pessoas mais propensas ao desenvolvimento destes quadros, como a ansiedade generalizada.
Pessoas que sofrem de cinofobia não precisam estar perto de um cachorro para sentir medo ou ansiedade intensa.
Esses estímulos que provocam a reação exagerada, mesmo sem contato direto com o animal, são chamados de gatilhos.
No caso da cinofobia, eles geralmente incluem:
É normal você se sentir assustado ou desenvolver um certo receio de cachorros logo após um acidente ou mordida — e isso não significa que você tem cinofobia.
Quadros de fobia específica afetam a rotina das pessoas, impedindo que elas realizem tarefas simples e casuais pelo medo de encontrarem o objeto ou situação temida.
Para identificar se esse é o seu caso, analise as situações vividas e agende uma consulta com profissionais de saúde mental.
Médicos-psiquiatras identificam os quadros de cinofobia através da análise dos sintomas clínicos, histórico de saúde e possíveis eventos traumáticos relacionados.
O diagnóstico é fechado com base nos critérios definidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR). Veja quais são a seguir!
É normal que algumas pessoas, especialmente crianças, sintam medo de cachorros em certos momentos da vida.
Na maioria dos casos, esse desconforto é passageiro e desaparece com o tempo, à medida que a pessoa convive mais com os animais e aprende a se sentir segura.
Mas quando a condição se torna muito intensa, dura mais de 6 meses e interfere nas atividades do dia a dia, é hora de procurar um psicólogo ou psiquiatra.
Esses profissionais vão avaliar o quadro com cuidado e, se necessário, indicar o tratamento ideal para cada paciente.
As fobias específicas, como a cinofobia, são classificadas dentro da psicopatologia do Transtorno de Ansiedade.
Por isso, elas devem ser tratadas com seriedade e acompanhamento médico. Expor a pessoa a cachorros de maneira forçada e sem orientação adequada não ajuda e pode até agravar a condição.
Em geral, é um tratamento longo que inclui técnicas associadas à terapia cognitivo-comportamental (TCC) e o uso de certos medicamentos.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) parte do princípio de que atribuímos significados específicos aos acontecimentos e eles influenciam nossas emoções e comportamentos.
Logo, alguém que foi mordido por um cachorro pode passar a associar qualquer contato com cães a algo perigoso, desenvolvendo distúrbios psicológicos como a cinofobia.
A TCC atua na identificação e reestruturação dessas crenças distorcidas. Ela ajuda a reduzir a ansiedade e o medo associado à fobia por meio de metodologias específicas, como a terapia de exposição.
Segundo um artigo publicado na National Library of Medicine, a terapia de exposição é a abordagem psicoterapêutica mais eficaz no tratamento de fobias específicas.
Seu principal objetivo é interromper o ciclo de ansiedade e esquiva, levando a pessoa a enfrentar o objeto ou situação temida de maneira gradual e controlada.
Durante o tratamento, paciente e terapeuta constroem juntos uma lista de situações que despertam ansiedade — como ver um cachorro ou apenas pensar nele.
O processo começa pelos itens que causam menor desconforto. À medida que os estímulos temidos são apresentados, o cérebro começa a entender que aquelas situações não representam uma ameaça real.
Esse processo de habituação reduz o medo e a ansiedade associados, melhorando os sintomas e devolvendo o controle da situação ao paciente.
As técnicas de relaxamento são ferramentas muito utilizadas no tratamento de fobias específicas, geralmente aliadas às sessões de terapia cognitivo-comportamental.
Seu objetivo é promover respostas contrárias aos efeitos da ansiedade, como a tensão muscular, o aumento da frequência cardíaca e a respiração acelerada.
Algumas das metodologias que se destacam são:
O relaxamento progressivo envolve tensionar e depois relaxar grupos musculares específicos, permitindo que a pessoa perceba, alivie e controle a tensão.
O relaxamento autógeno consiste na mentalização de sensações de calor e peso nas extremidades do corpo, como as mãos e os pés. A técnica aumenta a concentração, melhorando o fluxo de pensamentos e regulando a frequência cardíaca. (SANTOS, 2018).
Embora a psicoterapia seja a principal forma de tratamento da cinofobia, medicamentos podem ser indicados em situações específicas.
Ansiolíticos, como o lorazepam, ou betabloqueadores, como o propranolol, costumam ajudar nos casos em que a exposição a cães é inevitável.
Mas atenção: essa abordagem não cura a fobia de cachorros, apenas alivia os seus sintomas. Então nunca tome nenhum medicamento sem a prescrição e o acompanhamento profissional.
Esperamos que o texto tenha te ajudado a entender melhor a cinofobia e como lidar com o medo irracional de cachorros.
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Referências técnicas:
Dog Behavior | Canine phobia
Behaviour Research and Therapy | Origins of fear of dogs in adults and children: The role of conditioning processes and prior familiarity with dogs
Universidade de Lisboa | Virtual Reality in the Immersive Treatment of Cynophobia Based on Gamification and Biofeedback
Contemporary Behavioral Health Care | Treatment of dog phobia in young people with autism and severe intellectual disabilities: An extended case series
Association for Computing Machinery | HemisFear: A Virtual Reality Exposure Therapy Prototype Driven by Cross-Cultural Understanding of Dog Phobia
Repositório Universidade Federal de Uberlândia | Uma proposta de ferramenta para dessensibilização sistemática com apoio de realidade aumentada no tratamento de fobias
Repositório Universidade Federal da Paraíba | Efeitos do Treinamento Autógeno na atividade cerebral e sobre a ansiedade em indivíduos com altos níveis ansiogênicos
Revista Brasileira de Terapias Cognitivas| Fobia específica: passo a passo de uma intervenção bem-sucedida
National Library of Medicine | Psychological approaches in the treatment of specific phobias: a meta-analysis
UOL Universa | Desmaiei quando um cachorro se aproximou: histórias de quem tem cinofobia
Jornal do Médico | Cinofobia: o medo irracional de cães
Psicanálise Clínica | Cinofobia ou medo de cachorro: causas, sintomas e tratamento
Cleveland Clinic | Cynophobia (Fear of Dogs)
Medical News Today | What to know about cynophobia
Oxford Academic | A fear of dogs
WebMD | What Is Cynophobia?
Manual MSD | Fobias específicas
| Atualizada em
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