
É normal ver um cachorro lambendo as patas. Em situações pontuais, esse comportamento costuma estar ligado à higiene, como a remoção de sujeiras após o passeio, ou ao tédio momentâneo.
Nesses casos, a ação não representa risco e tende a desaparecer por conta própria.
No entanto, quando a lambedura se torna frequente, insistente ou concentrada sempre no mesmo local, pode ser um sinal de alerta.
Além de indicar coceira, dor ou alergias, o hábito também pode evoluir para um comportamento compulsivo em que o cão se lambe como forma de aliviar o estresse ou até para chamar a atenção do tutor.
Esse padrão não deve ser ignorado. Se não tratado, pode levar a feridas abertas, infecções secundárias, inflamações crônicas e até dermatite acral, uma condição difícil de reverter.
Por isso, entender o que está por trás da lambedura é essencial para agir na hora certa e evitar complicações. Neste guia, você vai descobrir:
A lambedura persistente das patas raramente é algo aleatório. Por trás desse comportamento, pode haver desde incômodos passageiros até condições clínicas que exigem tratamento veterinário.
Entre as causas mais comuns estão:
A dor localizada nas patas é uma das causas mais frequentes de lambedura excessiva em cães. Ela pode estar relacionada a problemas ortopédicos, lesões traumáticas ou até queimaduras nas almofadinhas (coxins).
Cães que apresentam desconforto articular, como em casos de artrite, artrose ou entorses, costumam lamber a região afetada como forma de alívio.
O ato de lamber libera endorfinas e funciona como um mecanismo natural de autocuidado, mesmo quando não há lesão visível a olho nu.
Além disso, situações como cortes, rachaduras, espinhos, ferimentos entre os dedos ou queimaduras por contato com superfícies quentes também levam o animal a lamber a região com insistência.
Um exemplo muito comum é a queimadura nas patas causada por calçadas e asfalto quentes. Em dias de muito sol, o solo pode atingir temperaturas capazes de provocar dor intensa e danos aos coxins em poucos minutos.
Sinais que podem indicar dor ou ferimento nas patas:
Nesses casos, é fundamental examinar cuidadosamente as patas do cão, inclusive entre os dedos, e procurar orientação veterinária ao primeiro sinal de anormalidade.
As alergias em cães estão entre as causas mais comuns de lambedura excessiva nas patas. Elas provocam inflamações cutâneas com coceira intensa (prurido), levando o animal a lamber, morder ou esfregar a região como forma de aliviar o incômodo.
Entre os quadros alérgicos e inflamatórios mais frequentes, estão:
A lambedura costuma se concentrar nos coxins ou entre os dedos, locais mais expostos ao contato com alérgenos ou irritantes.
Quadros de infecções de pele e infestação por parasitas também estão entre as principais causas de coceira intensa nas patas dos cães, levando à lambedura compulsiva.
Bactérias e fungos, por exemplo, podem se proliferar na pele quando há um desequilíbrio na barreira cutânea. Uma condição comum em cães com feridas, umidade constante ou predisposição a dermatites.
Já os parasitas, como pulgas, carrapatos e ácaros (como o causador da sarna), irritam a pele e provocam inflamações locais que despertam a necessidade de coçar, morder ou lamber.
De acordo com o Merck Veterinary Manual, o prurido (termo médico para coceira intensa) não é uma doença em si, mas um sintoma clínico importante que pode se manifestar de diversas formas, como:
Se a causa não for identificada e tratada a tempo, a coceira constante pode desencadear a chamada dermatite acral por lambedura.
Um quadro em que o próprio ato de lamber mantém a inflamação ativa, tornando o ciclo difícil de interromper mesmo após o fim da infecção ou da infestação inicial.
Por isso, é fundamental que qualquer alteração de pele ou comportamento repetitivo de lambedura das patas seja avaliado por um médico-veterinário, que poderá investigar e iniciar o tratamento adequado.
Embora menos óbvia, uma causa importante para o cachorro lamber muito a pata é o desequilíbrio gastrointestinal. Principalmente quando associado a processos inflamatórios ou alérgicos.
Esse quadro está ligado ao que os veterinários chamam de permeabilidade aumentada da barreira intestinal, ou “intestino permeável”.
Trata-se de uma condição em que a mucosa do intestino perde parte de sua função de filtragem, permitindo que moléculas maiores, como proteínas mal digeridas, toxinas ou alérgenos, passem para a corrente sanguínea.
Essa exposição anormal pode desencadear reações inflamatórias sistêmicas, muitas vezes visíveis na pele. E um dos sintomas mais comuns é a coceira persistente nas patas, levando o cão a lamber a área repetidamente, como forma de alívio.
Muitos fatores podem comprometer a integridade intestinal do cão, como:
Nesse contexto, a lambedura não é causada por um machucado na pata, mas sim como reflexo de um desequilíbrio interno.
A pele, especialmente nas extremidades, passa a atuar como um “espelho do intestino”, expressando sinais que têm origem no sistema digestivo.
Se a alergia alimentar realmente for diagnosticada, o veterinário pode indicar um teste de dieta de eliminação, com alimentos hipoalergênicos ou proteínas novas, como peixe.
O objetivo é observar a melhora clínica e identificar a substância que está desencadeando a reação.
Também poderá ser indicado rações de alta qualidade, probióticos e, se necessário, medicamentos que ajudem a restaurar a barreira intestinal.
Cães também sofrem com desequilíbrios emocionais. Mudanças na rotina, solidão, ambiente pouco estimulante ou até a ausência do tutor por longos períodos podem gerar ansiedade.
Para aliviar essa tensão, muitos cães desenvolvem comportamentos compulsivos, como a lambedura frequente.
Isso acontece porque, ao lamber, o cão encontra um alívio momentâneo, o que faz com que ele repita o gesto sempre que se sentir entediado, inseguro ou solitário.
Um ponto importante: em alguns casos, o cachorro percebe que ao lamber a pata, ele recebe atenção, mesmo que seja uma bronca.
Dessa forma, o cão acha que essa atitude gera resposta do tutor, e o comportamento tende a continuar.
Aqui estão alguns sinais de que a lambedura pode ter origem comportamental:
Para prevenir ou reverter esse quadro, oferecer uma rotina mais rica e estimulante é uma ótima alternativa.
Oferecer brinquedos interativos, atividades estimulantes e tempo de qualidade com o tutor, como passeios, podem ajudar a evitar estresse e ansiedade em cães.
Em casos mais intensos, pode ser necessário buscar a ajuda de um veterinário comportamentalista ou adestrador positivo para reeducar esse padrão.
Quando o cachorro lambe as patas com frequência, nem sempre é fácil entender o que está por trás do comportamento.
À primeira vista, feridas, reações alérgicas e padrões compulsivos podem parecer semelhantes, mas os sinais clínicos costumam ser diferentes.
A tabela abaixo compara essas três causas comuns e ajuda a identificar as diferenças com base na aparência da pele, localização, resposta ao toque e padrão de comportamento.
Característica | Ferida | Alergia | Compulsão |
Localização | Localizada, geralmente após trauma ou lesão | Mais difusa, geralmente nas patas, focinho e barriga | Fixa em um ponto (mesmo sem alteração visível) |
Aparência da pele | Aberta, com crostas ou sangramento | Vermelha, com descamação ou coceira | Pele inicialmente normal, pode ferir com o tempo |
Presença de secreção | Comum (sangue ou pus) | Eventualmente, mas não sempre | Rara no início; pode ocorrer se houver lesão secundária |
Sazonalidade | Não relacionada à estação | Pode piorar em certas épocas | Independente da estação |
Reação ao toque | Dor intensa ou sensibilidade | Sensível, mas sem dor aguda | Normal ou indiferente ao toque |
Comportamento associado | Evita apoiar a pata ou se isola | Lambe com frequência, coça ou esfrega | Lambe mesmo sem estímulo físico, em momentos de estresse ou tédio |
Resposta a estímulos (ex: brincadeiras) | Evita interação, pode demonstrar dor | Pode interromper a lambedura com distração | Lambedura persiste mesmo com distrações |
Essa comparação não substitui o diagnóstico veterinário, mas pode orientar quando e por que procurar ajuda profissional.
Nem toda lambedura é um sinal de alerta, mas é importante observar mudanças no padrão de comportamento do seu pet.
Então, tutor, fique atento se o seu cachorro:
Se esses sinais persistirem por mais de 24 ou 48 horas, é sinal de que algo está errado. Nesses casos, procure um veterinário.
Quanto antes o problema for identificado, mais fácil será o tratamento, evitando dor, agravamento da lesão e infecções.
Também destacamos que você deve buscar atendimento veterinário se:
O veterinário irá investigar a causa, que pode ser alérgica, infecciosa, comportamental ou até intestinal, e propor o tratamento adequado com base no diagnóstico individual do cão.
O tratamento depende da causa subjacente e pode envolver uma combinação de abordagens, como:
Importante: não tente medicar o pet por conta própria. O uso incorreto de medicamentos pode mascarar sintomas, agravar a condição ou causar efeitos colaterais sérios.
A combinação entre cuidados físicos, comportamentais e nutricionais é a melhor forma de manter a saúde das patas e evitar quadros recorrentes.
Então, a prevenção da lambedura excessiva das patas exige atenção redobrada com os fatores mais comuns que afetam essa região específica.
Separamos algumas medidas que ajudam a manter as patas do seu cão saudáveis:
Tutores, embora pareça algo inofensivo à primeira vista, ver um cachorro lambendo as patas com frequência pode indicar um problema sério de saúde ou comportamento.
A chave está em observar os sinais, buscar ajuda profissional ao menor sinal de persistência e adotar uma rotina preventiva no dia a dia.
Se tiver mais dúvidas, no Blog da Cobasi, você encontra conteúdos exclusivos, confiáveis e sempre atualizados sobre saúde, bem-estar, alimentação e comportamento animal. Até a próxima!
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Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.
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Meu Shitzu lambe muito as patas. O que fazer? Que tipo de pomada ou outro medicamento posso dar?
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