
O desmame do cachorro começa por volta da 3ª ou 4ª semana de vida, mas não acontece de uma vez. É um processo lento, gradual e cuidadoso, que costuma se completar entre 7 e 10 semanas, podendo se estender até os 3 meses de idade, em alguns casos.
Durante essa fase, o filhote ainda depende do leite materno para nutrição e segurança emocional, mas já pode começar a experimentar papinhas específicas para desmame.
E em etapas posteriores, pode ser oferecida ração seca amolecida com água morna, sempre com supervisão e preparo adequado.
É fundamental respeitar esse processo. O desmame mal conduzido, seja antecipado demais ou feito sem planejamento nutricional, pode trazer prejuízos sérios à saúde do animal.
Entre os principais riscos do desmame precoce estão: diarreias, desidratação, queda de imunidade, atraso no crescimento e distúrbios comportamentais.
A seguir, você entende o passo a passo desse processo, desde a fase de amamentação até a separação da mãe e a introdução completa da ração. Tudo com explicações práticas e a base técnica da médica-veterinária Lysandra Jacobsen (CRMV/SP – 44484).
O filhote costuma parar de mamar entre a 6ª e a 8ª semana de vida (42 a 56 dias), quando já se alimenta com ração e água.
No entanto, de acordo com o CRMV-SP, o período de amamentação pode se estender até os 60 dias, principalmente em cães de grande porte.
Por isso, é essencial respeitar o ritmo de cada ninhada e iniciar o desmame gradualmente, a partir dos 21 dias de vida, evitando transições bruscas que possam comprometer a saúde dos filhotes ou da mãe.
A fase do desmame coincide com o surgimento dos primeiros dentes de leite, que começam a aparecer entre os 21 e 35 dias de vida.
Com isso, a amamentação se torna desconfortável para a cadela, que reduz espontaneamente o tempo e a frequência das mamadas. Esse incômodo marca o início de dois processos simultâneos:
Mesmo após aceitarem alimentos sólidos, é comum que os filhotes ainda busquem mamar por conforto e segurança emocional. Por isso, o desmame completo envolve mais do que alimentação: exige autonomia emocional e socialização progressiva.
Além de ajudar na transição alimentar, o atrito da papinha com a gengiva estimula o crescimento saudável dos dentes.
Para iniciar o desmame, ofereça ao filhote uma papinha veterinária ou feita com ração úmida específica para essa fase.
Em seguida, inicie a transição gradual para ração seca hidratada com água morna (ração amolecida). A ideia é que os alimentos complementem o leite materno, sem substituí-lo de forma brusca.
Essa transição alimentar do filhote deve ser feita com paciência, respeitando seu ritmo e necessidades.
Segundo Bordin (2014), alguns cuidados ajudam a tornar esse processo mais seguro e saudável:
Essa etapa do desmame contribui para o amadurecimento dos sistemas digestivo e imunológico, preparando o filhote para aceitar alimentos sólidos com mais autonomia e saúde.
Com o avanço da idade, a papinha pode ser oferecida com menos água, ganhando consistência mais espessa.
Quando o filhote demonstrar segurança para mastigar, o tutor pode iniciar a transição para a ração seca hidratada com água morna (ração amolecida), até que ele aceite os grãos secos com facilidade.
Veja a seguir como organizar esse processo semana a semana:
Se necessário, use fórmulas lácteas veterinárias específicas para neonatos, que ajudam a estimular o apetite e complementar a nutrição nessa fase crítica.
O desmame não é apenas uma transição alimentar, é um processo que marca o fim de uma fase fundamental para o desenvolvimento físico, imunológico e emocional do filhote.
Uma transição precoce pode causar diarreia, vômitos, engasgos ou até desenvolver aversão à comida, associando a alimentação a um momento de desconforto.
Entenda os principais motivos para respeitar esse período:
Nas primeiras 48 horas de vida, os filhotes recebem o colostro, um fluido rico em imunoglobulinas (anticorpos), que garante a chamada imunidade passiva.
“Embora seja chamado de primeiro leite, trata-se de um conteúdo formado por imunoglobulinas. É um complexo rico em anticorpos”, explica o médico-veterinário Yves Miceli de Carvalho, presidente da CTNA do CRMV-SP.
Depois desse período, o leite continua sendo fundamental por fornecer gorduras, proteínas e minerais, como o cálcio, essenciais para o desenvolvimento do sistema imunológico e para o crescimento saudável dos filhotes.
Esse aporte imunológico inicial é insubstituível e decisivo para a sobrevivência dos neonatos (Lazzarotto, 2000). Após os primeiros dias, o leite perde a função imunizante, mas segue sendo a única fonte completa de nutrição e hidratação até o desmame.
Além de sua função imunológica, o leite materno apresenta uma concentração nutricional adaptada ao metabolismo canino, com destaque para os lipídios e proteínas, essenciais nas primeiras semanas.
Nutriente | Quantidade média |
Proteína | 8–10% |
Lactose | 3–4% |
Gordura | 11–13% |
Cálcio | 1400–2200 mg/L |
Magnésio | 90–100 mg/L |
Ferro | 2–7 mg/L |
Zinco | 4–6 mg/L |
Cobre | 1,0–1,4 mg/L |
Energia | 1500–1800 kcal/L |
Essa composição muda ao longo da lactação: nos primeiros dias, o foco está na imunidade; nas semanas seguintes, o leite se torna mais nutritivo.
Além da nutrição, a amamentação promove vínculo, aconchego e segurança emocional. O contato com a mãe e os estímulos sensoriais associados ao ato de mamar (calor, cheiro, movimento) ativam circuitos neurológicos de bem-estar e segurança nos filhotes.
Filhotes desmamados de forma abrupta podem se tornar mais ansiosos, agressivos ou inseguros, o que dificulta a socialização e o equilíbrio comportamental ao longo da vida adulta.
A transição alimentar também exige maturidade fisiológica. Imagine um filhote de três semanas, curioso e faminto, tentando morder um grão de ração pela primeira vez.
Mas o sistema digestivo dele ainda não está pronto para essa aventura.
Ou seja, o estômago, os intestinos e até as enzimas digestivas ainda não estão totalmente preparados para processar alimentos sólidos nessa fase inicial.
Por isso, a introdução dos alimentos sólidos deve ser feita aos poucos, respeitando a maturação do sistema digestivo. Além de ajudar a adaptar o organismo canino às novas texturas e composições.
Ao respeitar o tempo natural do organismo, cada etapa da mudança alimentar acontece no ritmo certo. Assim, o filhote passa a aceitar melhor os novos sabores, aprende a mastigar com segurança e desenvolve uma relação positiva com o alimento.
A introdução da papinha é uma das etapas mais importantes do desmame e precisa ser feita com cuidado, como explica a especialista Lysandra Jacobsen:
“É importante que a papinha seja introduzida aos animais, pois a troca brusca entre o leite e a ração seca pode causar estranheza ao pet, gases, engasgos por ser um novo formato de alimento e até diarreia.”
Por isso, prepare uma papinha com textura cremosa, facilitando a aceitação e digestão nessa fase delicada.
A receita deve conter ingredientes próprios para filhotes, com equilíbrio nutricional adequado para essa fase de crescimento rápido.
Em vez de improvisar, o ideal é oferecer papinhas veterinárias específicas para desmame ou utilizar ração úmida formulada para filhotes.
Caso opte pela ração seca Super Premium, ela deve ser bem hidratada com água morna até atingir consistência segura e palatável para o filhote.
Saiba mais sobre como cuidar de filhotes de cachorro, com as dicas que preparamos nesse guia completo.
Quando um filhote perde a mãe ou é rejeitado precocemente, ele passa a depender integralmente dos cuidados humanos.
Nessas situações, o desmame precisa ser planejado com ainda mais atenção, respeitando a fisiologia imatura do neonato, suas necessidades nutricionais e o suporte ambiental adequado.
Além de garantir nutrição, o tutor deve assumir funções que seriam da cadela:
Não se trata apenas de alimentar, mas de substituir parcialmente a maternidade natural, com empatia e técnica.
O ideal seria contar com uma cadela adotiva lactante, mas essa possibilidade nem sempre existe. Nesses casos, o uso de fórmulas lácteas específicas para cães filhotes é a conduta mais segura.
Esses produtos têm composição próxima ao leite materno, com teor equilibrado de proteínas, gorduras e minerais como cálcio e fósforo, reduzindo o risco de diarreias, deficiência nutricional e sobrecarga metabólica.
A fórmula deve ser preparada fresca, servida morna (nunca quente), e oferecida com o filhote em posição fisiológica, simulando a posição natural de amamentação.
E claro, antes de oferecer “fórmulas lácteas veterinárias” ao seu cão, busque orientação profissional.
Segundo a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, a capacidade gástrica dos neonatos gira entre 10 e 20 mL por refeição, dependendo do tamanho e da raça.
As refeições devem ocorrer com frequência (a cada 2 a 3 horas), especialmente nos primeiros 10 dias de vida.
O equilíbrio entre volume e densidade energética da fórmula é fundamental:
Quando o valor energético está adequado, o próprio filhote tende a autorregular a ingestão: mama com vigor no início, reduz a sucção quando está satisfeito e, em geral, adormece logo depois. Sinais naturais de bem-estar e saciedade.
Filhotes órfãos devem ser monitorados com atenção nas primeiras semanas, especialmente em relação ao ganho de peso.
A média ideal é de 5% a 10% do peso corporal por dia, o que indica que a alimentação está adequada e que o organismo está respondendo bem à fórmula.
Para acompanhar essa evolução, recomenda-se pesar o filhote diariamente, sempre no mesmo horário e com uma balança digital de precisão.
Essa rotina simples permite identificar variações precoces e evitar complicações. Quedas abruptas de peso ou recusa alimentar persistente exigem avaliação veterinária imediata.
Não, o leite de vaca contém lactose em excesso e nutrientes inadequados para cães, podendo causar diarreia, gases, vômitos, dores abdominais e desidratação.
Além disso, o perfil nutricional do leite de vaca não supre as necessidades específicas dos cães, podendo comprometer o crescimento e até desencadear pancreatite em casos de ingestão de gordura elevada.
Por isso, o leite de vaca deve ser evitado, mesmo diluído.
É importante reforçar: desmamar não é o mesmo que separar. Mesmo após deixarem de mamar, os filhotes ainda precisam da companhia da mãe e dos irmãos para finalizar a fase crítica de socialização canina, que ocorre pelo menos até os 60 dias de vida.
Esse período extra é essencial para garantir o desenvolvimento emocional, comportamental e social do animal.
Separar o filhote precocemente, antes das 7 semanas, aumenta o risco de problemas sérios a longo prazo, como:
Estudos apontam que filhotes separados antes das 8 semanas têm maior probabilidade de apresentar distúrbios comportamentais, comparados àqueles que permaneceram com a ninhada por mais tempo.
A convivência com a mãe e os irmãos é fundamental para aprender limites, desenvolver a autoconfiança e imitar comportamentos positivos, observando, por exemplo, como a mãe reage a novas pessoas e ambientes.
Esse aprendizado precoce forma a base para o comportamento equilibrado na vida adulta.
Nem todos os filhotes aceitam a papinha logo de início. A textura nova, o cheiro e até a forma de oferecer podem causar estranhamento.
Como explica a veterinária Lysandra Jacobsen (CRMV/SP 44484):
“É normal que o filhote recuse a papinha nas primeiras tentativas. Por isso, observe o interesse dele pelo alimento e não force a aceitação imediata.
Em alguns casos, é indicado intercalar com leite próprio para a espécie, mantendo o aporte nutricional até que ele se adapte à nova consistência.”
Essa abordagem ajuda em um processo seguro de adaptação do paladar, sem gerar aversão ao novo alimento.
Dica prática: use o dedo ou uma colher pequena para aproximar a papinha da boca do filhote e estimular o contato. Persistência e paciência fazem parte do processo.
Sim, aos 45 dias, muitos filhotes já estão prontos para consumir ração seca, desde que seja formulada especialmente para a faixa etária do pet.
O ideal é começar hidratando os grãos com água morna, facilitando a mastigação e evitando engasgos. Com o tempo, vá reduzindo gradualmente a quantidade de água, até que o filhote aceite a ração seca pura com facilidade.
Com o fim do desmame, o filhote entra em uma nova etapa da vida. Nessa fase, o pet já não depende mais do leite materno e precisa se adaptar a uma dieta sólida e completa, baseada exclusivamente em alimentos processados e formulados para o crescimento.
Esse período é extremamente sensível, pois envolve um ritmo de desenvolvimento acelerado, tanto físico quanto neurológico. Por isso, a escolha da alimentação correta faz toda a diferença.
Segundo Bordin (2014), o tempo de crescimento varia conforme o porte da raça:
Porte do cão | Duração média do crescimento |
Raças pequenas | Até 6 meses |
Raças médias | De 7 a 12 meses |
Raças grandes/gigantes | Até 18-24 meses |
Por exemplo, um Dogue Alemão pode atingir cerca de 80 kg aos 12 meses, enquanto um Poodle Miniatura estabiliza seu peso em aproximadamente 3 kg aos 6 meses.
Ou seja, o ganho de peso pode ser até 35 vezes maior do que ao nascer, um crescimento que exige planejamento nutricional cuidadoso.
Abaixo, você confere uma tabela com as necessidades energéticas médias por faixa etária e porte. No entanto, para garantir um plano alimentar individualizado e seguro, o acompanhamento veterinário é sempre recomendado.
Idade | Raça pequena/média (kcal/dia) | Raça grande/gigante (kcal/dia) |
6–11 semanas | ~404 kcal | ~1288 kcal |
3–4 meses | ~1214 kcal | ~1874 kcal |
5–7 meses | ~921 kcal | ~1620 kcal |
8–12 meses | ~702 kcal | ~1432 kcal |
12–24 semanas | – | ~1260 kcal |
A partir dos 2 meses de idade, o filhote já pode comer ração seca específica para filhotes, formulada conforme o porte do animal. A composição deve atender às exigências de uma fase de crescimento intenso:
Além disso, é fundamental manter uma rotina alimentar regular, com 3 a 4 refeições por dia, sempre com água limpa e fresca à disposição.
Consulte sempre o médico-veterinário para validar o plano alimentar mais adequado ao porte, idade e necessidades do seu filhote.
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Referências técnicas
| Atualizada em
Formada em Medicina Veterinária pela UNESC - Campus Colatina, Lysandra é apaixonada pelos seus pets adotados: Pretinha, Cabrita e Tuí. Cada um deles reforça sua dedicação à Medicina Veterinária e reflete seu amor pelos animais.
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