Doença da arranhadura do gato: o perigo de arranhões e mordidas em humanos

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Por Redator Joe Oliveira

Com colaboração: Joyce Lima   Tempo de leitura: 5 minutos

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doença da arranhadura do gato

A doença da arranhadura do gato (DAG) é causada pela bactéria Bartonella henselae e provoca inflamação na pele e nos gânglios linfáticos próximos ao local da contaminação.

Trata-se de uma zoonose, ou seja, uma doença que pode ser transmitida aos humanos principalmente por arranhões, mordidas ou contato com a saliva do animal.

Em crianças pequenas ou pessoas com o sistema imunológico comprometido, a doença pode evoluir para quadros mais graves, que exigem acompanhamento médico especializado.

Neste artigo, com o apoio da médica-veterinária Joyce Lima (CRMV/SP – 39824), você vai entender tudo sobre a doença da arranhadura do gato, nos seguintes tópicos:

Como os gatos contraem a bactéria Bartonella henselae?

Os gatos jovens, especialmente os com menos de 1 ano de idade, são mais propensos a contrair a bactéria Bartonella henselae.

A transmissão ocorre principalmente por meio da picada de pulgas contaminadas, além do contato direto com outros gatos infectados, através de mordidas e arranhões.

Após a infecção, o gato pode portar a bactéria sem apresentar sinais clínicos, aparentando estar saudável, mas ainda assim transmitir a bactéria aos humanos.

O agente infeccioso se espalha facilmente entre os gatos, especialmente quando convivem próximos uns dos outros — esse processo é chamado de “transmissão horizontal”.

Nos filhotes e gatos jovens, a bactéria está presente na corrente sanguínea — uma condição chamada bacteremia, ou seja, a presença da bactéria na corrente sanguínea, o que facilita a transmissão.

Já os gatos adultos, mesmo que tenham tido contato com a bactéria, geralmente não a carregam mais no sangue, mas possuem anticorpos que indicam exposição prévia.

Como os humanos pegam a doença da arranhadura do gato?

Nos humanos, a infecção geralmente ocorre por arranhões ou mordidas que rompem a pele e permitem a entrada da bactéria presente no sangue ou saliva do felino.

Dados epidemiológicos mostram que a maioria dos casos humanos está relacionada ao contato com gatos jovens:

  • o risco de adquirir a doença é 15 vezes maior para quem tem gatos com menos de 12 meses.
  • pessoas arranhadas por gatos jovens têm risco 28 vezes maior.
  • quem convive com filhotes infestados por pulgas tem risco 29 vezes maior, comparado a quem não convive com gatos.

Além disso, gatos não domiciliados (que vivem livres) têm maior prevalência de anticorpos para Bartonella henselae, evidenciando maior exposição e circulação da bactéria.

Quais os sintomas da doença da arranhadura do gato?

“A maioria dos gatos convive com a Bartonella henselae sem apresentar sintomas. Nos humanos, porém, a infecção pode causar lesões cutâneas, febre e gânglios inchados”, explica a médica-veterinária Joyce Lima (CRMV/SP – 39824).

Nas pessoas,  os sintomas geralmente surgem entre 3 e 10 dias após o arranhão, mordida ou contato com um gato infectado. Os sinais mais comuns são:

  • lesão na pele no local da arranhadura (geralmente uma pápula vermelha com crosta);
  • dor e rigidez na área afetada;
  • inchaço dos gânglios linfáticos próximos à lesão (ínguas);
  • febre leve a moderada;
  • mal-estar geral, dor de cabeça e cansaço.

A doença da arranhadura do gato é grave?

Na maioria dos casos, a doença da arranhadura do gato é leve e autolimitada, ou seja, melhora sozinha com o tempo e cuidados básicos.

No entanto, grupos mais vulneráveis — como crianças pequenas, idosos e pessoas com imunidade baixa — podem desenvolver complicações mais sérias, como:

  • febre alta prolongada
  • conjuntivite com inchaço nos olhos (Síndrome de Parinaud)
  • alterações neurológicas, como inflamação cerebral (encefalite)
  • infecção nas válvulas do coração (endocardite)

Em pessoas imunossuprimidas, a bactéria também pode causar infecções mais agressivas, como angiomatose bacilar ou peliose hepática, que exigem tratamento médico imediato.

Por isso, ao perceber sintomas persistentes ou incomuns após um arranhão de gato, o ideal é procurar avaliação médica para evitar riscos à saúde.

Como é feito o diagnóstico da doença da arranhadura do gato?

O diagnóstico da DAG é geralmente clínico, baseado em:

  • histórico recente de contato com gatos (especialmente filhotes);
  • lesões de pele no local da arranhadura ou mordida;
  • gânglios linfáticos inchados e doloridos próximos à área afetada.

Já para identificação da bactéria Bartonella henselae, os exames laboratoriais mais utilizados são:

  • sorologia (pesquisa de anticorpos);
  • cultura de tecidos ou sangue;
  • exames moleculares, como PCR, para detectar o DNA da bactéria;
  • biópsia com coloração especial (Warthin-Starry), nos casos mais complexos.

Esses testes ajudam a confirmar o diagnóstico e a descartar outras causas de linfadenopatia, como tuberculose, toxoplasmose e linfomas.

A doença da arranhadura do gato tem tratamento?

Na maioria dos casos, a doença apresenta evolução leve e melhora espontaneamente, sem necessidade de intervenções complexas. No entanto, o tratamento médico pode ser necessário em situações mais intensas ou com risco de complicações.

Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), o uso de antibióticos é geralmente reservado para casos com maior volume dos linfonodos, sintomas intensos ou risco de disseminação da infecção. 

Medicamentos como analgésicos e anti-inflamatórios também podem ser recomendados para aliviar a dor.

Em situações mais graves, como inflamações oculares ou infecção disseminada, os profissionais de saúde podem adotar esquemas terapêuticos mais específicos, sempre conforme avaliação clínica.

Importante: o Blog da Cobasi não oferece orientação médica para humanos. Caso apresente sintomas após um arranhão ou mordida de gato, procure atendimento médico imediatamente.

Como prevenir a doença da arranhadura do gato?

De acordo com a CRMV-SP, não existem medidas preventivas específicas contra a doença da arranhadura do gato

Isso ocorre porque é difícil saber se um gato é portador da bactéria Bartonella henselae, já que ele pode não apresentar sintomas.

Apesar disso, algumas atitudes de higiene e manejo podem reduzir o risco de transmissão da bactéria para humanos:

  • controle regular de pulgas no gato (com antiparasitários, coleiras ou medicamentos);
  • evitar brincadeiras que incentivem mordidas e arranhões;
  • manter as unhas do animal aparadas — um arranhador pode ajudar nesse cuidado;
  • lavar bem as mãos após o contato com o pet;
  • orientar crianças a não pegarem os gatos de forma brusca ou agressiva.

Essas orientações não garantem a prevenção, mas ajudam a tornar a convivência com felinos mais segura.

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Joyce Lima

Com colaboração: Joyce Lima

Médica Veterinária | CRMV/SP - 39824

Formada pela USP, Joyce possui especializações em Medicina Veterinária Preventiva e um MBA em Liderança de Alta Performance. Apaixonada por sua gata, Mia, ela reflete todo o carinho e dedicação que tem por ela em sua prática profissional.

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