
O Cobasi Cuida, pilar social da Cobasi, realizou uma pesquisa inédita com 57 ONGs e protetores independentes para compreender o perfil dos animais abandonados no Brasil. O estudo foi feito em novembro de 2022 e gerou insights que poderão ajudar a melhorar a realidade das ONGs e combater o abandono de animais.
De acordo com o Artigo 32 da Lei Federal nº 9605, o abandono configura maus-tratos ao animal e é enquadrado como um crime. A penalidade varia desde detenção de três meses a um ano e multa. Além disso, existem leis específicas em diversos estados e municípios brasileiros.
Continue a leitura e saiba mais.
Desde 1998, a Cobasi se dedica à causa animal. Mais de 95 mil animais foram amparados e muitos deles ganharam famílias amorosas. Com tantos anos de relacionamento próximo com a proteção animal, foi possível notar que o abandono segue sendo um problema enraizado e aparentemente a solução não está em curso.
O problema é tão grave que 100% dos entrevistados responderam que já tiveram casos de abandono ou devolução de animais. Para virar o jogo e atuar na raiz do problema, o Cobasi Cuida realizou este estudo inédito sobre o tema.
Vamos conferir?
De acordo com os respondentes, 89,3% dos animais abandonados são cães e, em sua maioria, vira-latas. 81,1% das ONGs e dos protetores entrevistados citaram que entre os mais abandonados e devolvidos estão os cães pretos. 56,6% também mencionaram os cães de coloração caramelo como as maiores vítimas.
Engana-se quem pensa que os cães de raça não são vítimas de abandono. As raças mais citadas pelas ONGs e protetores independentes são Pit Bull, Chow Chow e Poodle. Muitos respondentes ainda pontuaram a frequência no abandono de animais das raças Shih Tzu, Yorkshire, Boxer, Lhasa Apso, Pastor Alemão, Pinscher e Rotweiller.
Grandes, pequenos, peludos, de pelo curto, calmos, agitados… os perfis dos animais abandonados são variados e não é possível estabelecer um padrão. Será que o ato do abandono de animais tem mais relação com o cachorro ou com o tutor? Mais para frente entraremos nesse ponto.
Por enquanto, é possível notar algumas coincidências nas raças mais citadas. O Chow Chow, o Pit Bull, o Poodle e o Shih Tzu estão entre as raças mais populares no Brasil há anos. Sendo assim, a incidência do crime de abandono também é maior. Raças que estão na moda atualmente, como Pug, Maltês, Galgo, Buldogue Inglês e Chihuahua ainda não chamam a atenção entre os mais abandonados. Será que eles serão os próximos?
O estudo realizado pelo Cobasi Cuida, indicou que 68,4% dos cães abandonados são adultos, ou seja, possuem mais de 1 ano de idade. Os filhotes representam 21,1% dos abandonos de acordo com os respondentes.
Por fim, os cães idosos, aqueles que têm a partir de 8 ou 10 anos de acordo com o porte, representam 10,5%.
O abandono é perigoso em todas as idades. Os filhotes são mais vulneráveis, pois não possuem o protocolo de imunização com as vacinas completo ou muitas vezes sequer iniciado. Na rua, eles ficam suscetíveis a diversas doenças potencialmente mortais para os pequenos, como a cinomose e a parvovirose.
Já os idosos costumam ter o sistema imunológico mais resistente às doenças citadas acima, entretanto, exigem maior atenção e cuidado com sua fragilidade física. Filhotes e idosos não vivem muito tempo na rua, tendo a expectativa de vida reduzida.
Os cães adultos, que representam mais da metade desses animais, são mais resistentes, no entanto, também são impactados com a queda na expectativa de vida. A rua oferece riscos de doenças, maus-tratos, atropelamento e ainda causa um impacto negativo na saúde e na qualidade de vida do animal.
De acordo com Daniela Bochi, gerente de marketing da Cobasi e Cobasi Cuida. “Os riscos do abandono são inúmeros os animais. Na rua, eles são expostos a doenças, questões de socialização, além do risco de maus-tratos e os atropelamentos, que são muito comuns”, contou.
E acrescenta “ Tudo isso piora quando é um animal acostumado a viver dentro de casa, protegido, e de um dia para o outro está sozinho. Por isso o Dezembro Verde é tão importante, precisamos cuidar mais dessa questão”, afirmou.
Apesar de representarem 10,7% dos abandonos, uma parcela pequena quando comparado ao número de cães, ainda assim, muitos gatos são deixados nas ruas à própria sorte. Mais uma vez, os animais sem raça definida (SRD) são maioria e, dentre eles, os gatos pretos representam os mais abandonados sendo lembrados por 66,7% dos respondentes.
Assim como acontece com os cães, os gatos de raça também sofrem com o abandono. As raças Siamês e Persas são as mais lembradas na ocasião do estudo. De acordo com 36% das ONGs e dos protetores, outras raças menos populares no Brasil também são muito abandonadas.
Este estudo evidencia que a maior parte dos casos de abandono está ligada à falta de planejamento e problemas com posse responsável. Os motivos variam bastante, mas no geral podem ser resolvidos com mudanças na rotina, serviços pet e profissionais capacitados.
89,5% dos respondentes citaram que os abandonos são motivados por mudança de residência, quando a pessoa relata que vai mudar e não poderá levar o pet junto. Na sequência, o tamanho do pet foi indicado por 59,6% dos respondentes, sendo que “ele cresceu demais” foi o termo usado para relatar a surpresa dos tutores ao adotarem um filhote que ganhou proporções maiores com a idade.
Ainda aparecem a dificuldade na adaptação do outro pet e mudanças na rotina do tutor, ambos com 52,6% de lembrança.
“A decisão de trazer um animal para dentro de casa deve considerar que ele vive cerca de 10-15 anos, em alguns casos até mais, então é um planejamento de longo prazo. Portanto, pensar nos custos, no ambiente e na rotina que poderemos proporcionar e aprender sobre comportamento do pet é essencial para termos sucesso nessa jornada”, explica Daniel Svevo, veterinário comportamentalista, adestrador e consultor da Pet Anjo.
O adestrador Daniel Svevo complementa: “O pet precisará ser educado para uma boa convivência, também precisará de atividade e socialização, que podem ser proporcionadas com passeios e brinquedos. Existem muitos serviços que podem ajudar os tutores neste processo, como adestramento, dogwalkers e creches pet”.
O abandono por mudança de residência, por exemplo, pode ser mitigado com o planejamento, já que hoje é bastante comum o aceite de animais mesmo em casos de locação. Muitas vezes a mudança é para um imóvel de tamanho reduzido, dessa forma o adestramento, a utilização de brinquedos para enriquecimento ambiental e até a contratação de um dogwalker são alternativas eficazes.
Abandono é crime e não deve ser a primeira opção. Existem muitos serviços e ferramentas que melhoram a rotina do pet e da família. Consulte o médico-veterinário do seu pet ou procure um adestrador para receber orientação e manter seu cão ou gato em segurança, saudável e feliz!
O estudo “Animais Abandonados 2022” foi realizado por meio de questionário online com 57 respondentes, dentre eles 91,2% trabalham para alguma ONG e 8,8% são protetores independentes responsáveis por cães e gatos. A pesquisa aconteceu em novembro de 2022 e foi conduzida pela equipe do Cobasi Cuida por meio de questionário online com 11 perguntas.
Quer saber mais sobre o pilar social da Cobasi? Acesse a página do Cobasi Cuida, confira notícias, encontre cães e gatos para adoção e muito mais!
| Atualizada em
Jornalista desde 2012, sou apaixonado por pets e plantas — o que me trouxe até o blog da Cobasi. Vivo cercado de verde na minha casa, que também já foi lar da Joana, uma gatinha frajola. Aqui, compartilho principalmente dicas de jardinagem, mas também de cuidados com os seus bichinhos.
Ver publicações A Cobasi e os cookies: a gente usa cookies para personalizar anúncios e melhorar a sua experiência no nosso site.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Política de Cookies.