
Coceira intensa, vermelhidão, feridas, queda de pelos e lambidas constantes. Esses são alguns dos sinais mais comuns de dermatite em cachorro, uma das doenças de pele mais frequentes na rotina veterinária.
Trata-se de uma inflamação na pele, que pode ter diferentes causas, como alergias, fungos, parasitas, bactérias ou até desequilíbrios hormonais.
Para você ter ideia, estudos realizados em hospitais veterinários de referência no Brasil — como UFMG, UFPel, UFSM e Universidade Estadual do Norte do Paraná — indicam que as doenças de pele representam entre 20% e 35% dos atendimentos clínicos de cães.
Esse cenário se repete em pesquisas internacionais, que colocam as dermatopatias entre os três principais motivos de consulta na medicina veterinária de pequenos animais (O’Neill et al., 2014; Hill et al., 2006).
Além de comprometer diretamente a saúde e o bem-estar do pet, alguns tipos de dermatite — como micoses e sarna — podem ser transmitidos para humanos. Isso torna o diagnóstico e o tratamento ainda mais essenciais, tanto para proteger o animal quanto a família.
Por isso, tutores, é hora de entender tudo sobre a dermatite canina. Neste guia completo, você vai descobrir:
Continue a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre esse problema dermatológico que afeta milhares de cães todos os anos.
A dermatite canina é um termo genérico que engloba diferentes quadros de inflamação na pele. Cada uma dessas condições tem causas, sintomas e tratamentos específicos.
A seguir, você vai entender como funciona cada tipo:
A dermatite alérgica, também chamada de dermatite atópica, é uma doença de pele crônica, inflamatória e hereditária, considerada uma das mais comuns na clínica veterinária.
Trata-se de uma condição multifatorial, caracterizada pela sensibilização do sistema imunológico a alérgenos ambientais, como ácaros, fungos, leveduras, pólen, poeira, mofo e até alguns alimentos (SILVA et al., 2021).
O problema ocorre quando o sistema imunológico do cachorro reage de forma exagerada a esses alérgenos, ativando anticorpos do tipo IgE, que provocam inflamação intensa na pele e coceira persistente.
Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), as dermatites de origem alérgica correspondem a cerca de 70% dos casos dermatológicos em cães.
Essa condição é especialmente comum em cães com predisposição genética, como:
Essa predisposição está associada tanto a alterações imunológicas, que geram respostas exacerbadas, quanto a defeitos na integridade da barreira cutânea, que dificultam a proteção da pele contra a penetração de alérgenos, microrganismos e agentes irritantes.
Por ser uma doença multifatorial e sem cura, o diagnóstico é clínico e baseado na exclusão de outras enfermidades dermatológicas, como dermatite por picada de pulga (DAPP), sarna, alergia alimentar e infecções bacterianas ou fúngicas da pele.
O sintoma mais característico da dermatite atópica canina (DAC) é, sem dúvida, o prurido, ou seja, a coceira intensa e persistente.
De acordo com Bellato et al. (2021), o prurido é considerado uma manifestação de alarme, que leva o animal a lamber, morder, coçar ou arranhar a pele, como uma tentativa de aliviar o desconforto.
Esse sintoma pode se apresentar de duas formas:
É comum, também, que a dermatite alérgica evolua com o tempo, levando ao surgimento de infecções secundárias, tanto bacterianas quanto fúngicas, o que agrava ainda mais os sinais clínicos e o desconforto do pet.
As regiões mais afetadas costumam ser as patas (entre os dedos), focinho, orelhas, axilas, virilha e barriga.
A dermatite alérgica em cachorro não tem cura, pois é uma condição crônica e hereditária, também conhecida como alergia a inalantes ambientais.
Por isso, o tratamento é contínuo, multifatorial e focado no controle dos sintomas, na redução das crises e na melhora da qualidade de vida do pet.
De modo geral, o manejo da doença envolve a combinação de diferentes estratégias, que podem variar de acordo com a gravidade do quadro e a resposta de cada animal:
A dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP) é uma doença de pele causada por uma reação de hipersensibilidade às substâncias presentes na saliva da pulga.
O quadro se desenvolve quando o ectoparasita pica o animal, liberando proteínas alergênicas na pele, capazes de ativar o sistema imunológico e desencadear um processo inflamatório intenso.
Essa reação, se não tratada, pode evoluir rapidamente para queda de pelos, crostas, infecções bacterianas secundárias e lesões crônicas na pele.
Vale destacar que a DAPP é mais frequente em regiões tropicais e subtropicais, como o Brasil, onde as pulgas estão presentes durante todo o ano. Em locais de clima temperado, a doença pode ser sazonal, com aumento dos casos no verão e no outono.
Esse alto índice está diretamente relacionado a três fatores principais:
De acordo com o CRMV-RS, muitos tutores acreditam que seus pets estão livres dos parasitas simplesmente porque não enxergam as pulgas.
No entanto, apenas 5% das pulgas estão no animal. Os outros 95% permanecem no ambiente, na forma de ovos, larvas e pupas, escondidos em frestas, tapetes, sofás, camas e outros locais. Por isso, o contato é praticamente inevitável.
Cães alérgicos são extremamente sensíveis. Uma única pulga já é suficiente para gerar um quadro inflamatório severo, com coceira intensa e lesões na pele.
Não basta tratar apenas o animal. Sem controle efetivo do ambiente, o ciclo das pulgas se mantém ativo. Ovos, larvas e pupas permanecem no local, criando um desafio constante tanto para a rotina veterinária quanto para a qualidade de vida dos pets.
O principal sintoma da DAPP é a coceira intensa e persistente, especialmente na região lombar e na base da cauda.
Além disso, o cão também pode apresentar os seguintes sinais:
Esses sintomas costumam aparecer com mais frequência em cães entre 1 e 5 anos de idade. Casos em filhotes com menos de seis meses são raros.
As regiões mais afetadas incluem a região lombar (próxima à base da cauda), dorso, flancos, pescoço, axilas, virilha, parte interna das coxas e abdômen ventral.
Esses locais são os mais propensos por serem áreas onde as pulgas se concentram, facilitando o contato da saliva com a pele sensível.
O tratamento da dermatite por picada de pulgas tem como base dois pilares fundamentais e inseparáveis:
O primeiro passo é a eliminação total das pulgas. Isso envolve tanto o tratamento do animal quanto do ambiente em que ele vive.
É indispensável o uso de antiparasitários de ação rápida e longa duração, que podem ser administrados de forma oral, tópica ou injetável, sempre com prescrição veterinária.
Além disso, todos os animais da casa devem ser tratados, mesmo aqueles que não apresentam sinais clínicos, para evitar a manutenção do ciclo das pulgas.
O ambiente também exige cuidados rigorosos, sempre higienizando os acessórios do pet, aplicando produtos específicos para controle ambiental.
Atenção! A falha no controle ambiental é uma das principais causas de recorrência da DAPP.
O segundo pilar do tratamento foca na redução da inflamação, do prurido e na cicatrização das lesões causadas pela reação alérgica.
O manejo inclui o uso de imunomoduladores, que controlam a resposta alérgica e reduzem o prurido de forma eficaz.
Corticosteroides são indicados apenas em crises agudas e por curto período. Nos casos de infecções bacterianas ou fúngicas, o uso de antibióticos ou antifúngicos é indispensável.
O tratamento tópico, com shampoos dermatológicos terapêuticos, auxilia na cicatrização, remoção de crostas e controle da inflamação.
A dermatite fúngica, também conhecida como malasseziose canina, é uma doença de pele causada pela proliferação anormal da levedura Malassezia pachydermatis, um fungo que faz parte da microbiota natural da pele dos cães.
Esse crescimento descontrolado ocorre quando há algum tipo de desequilíbrio na barreira cutânea, favorecendo a multiplicação do fungo na camada mais superficial da pele — a camada córnea.
De acordo com Pendergraft, DVM, DACVD (2015), a malasseziose raramente se manifesta de forma isolada. Na maioria dos casos, ela surge secundariamente a outras condições predisponentes, como:
Além disso, climas quentes, alta umidade, má ventilação e secagem inadequada após banhos ou contato com água são fatores que contribuem diretamente para o desenvolvimento da doença.
Raças como Basset Hound, Cocker Spaniel Americano e West Highland White Terrier estão entre as mais predispostas à dermatite fúngica, devido tanto às características anatômicas quanto à predisposição genética para doenças de pele.
Os sinais clínicos da malasseziose não são específicos, o que pode gerar confusão com outras doenças de pele. Ainda assim, há um conjunto de sintomas típicos que ajudam no diagnóstico, como:
As regiões mais afetadas pela dermatite fúngica costumam ser áreas com maior retenção de umidade e pouco arejamento.
Isso inclui os canais auriculares, onde pode evoluir para otite fúngica, além das margens labiais e pregas da boca, axilas, virilha, pescoço, especialmente na região ventral, e períneo.
O tratamento da dermatite fúngica em cachorro tem como objetivo controlar a proliferação do fungo e, principalmente, tratar a causa que favoreceu esse desequilíbrio na pele.
Nos casos mais leves, o uso de shampoos antifúngicos é essencial. O protocolo costuma ser feito de duas a três vezes por semana, por algumas semanas. Se as lesões forem localizadas, pomadas ou loções podem ser suficientes.
Em casos mais graves, é necessário usar antifúngicos orais, por semanas ou meses, com acompanhamento veterinário. E se houver infecção bacteriana associada, é preciso usar antibióticos no mesmo período.
A dermatite bacteriana, também chamada de piodermite canina, é uma infecção de pele causada pela proliferação anormal de bactérias, principalmente do gênero Staphylococcus, que faz parte do microbioma natural da pele dos cães.
De acordo com estudo publicado na Revista Pubvet (2020), o agente mais frequentemente envolvido é o Staphylococcus pseudintermedius, responsável por mais de 90% dos casos de piodermite canina.
Outros agentes, como Staphylococcus aureus e Staphylococcus schleiferi spp. coagulans, também podem estar envolvidos, sendo importantes pela capacidade de desenvolver resistência e pelo potencial zoonótico, ou seja, com risco de transmissão para humanos.
Em condições normais, essas bactérias vivem na pele sem causar nenhum problema. No entanto, quando há desequilíbrios na barreira cutânea, esses microrganismos podem se multiplicar de forma descontrolada, gerando inflamação, infecção e outros riscos.
É importante validar que a piodermite, na maioria das vezes, não é uma doença primária, mas sim uma complicação de outras condições dermatológicas, como:
O quadro pode variar de infecções superficiais, que afetam as camadas externas da pele, até formas profundas, mais graves, que comprometem tecidos mais internos, causando bastante dor, desconforto e risco de complicações sérias.
Os principais sinais da piodermite são feridas acompanhadas de inflamação, coceira, dor, odor forte e, muitas vezes, secreção purulenta.
Nas formas superficiais da doença é comum observar:
Já nas piodermites profundas, os sintomas são mais severos e incluem:
Atenção, tutores de cães de pelo curto! Raças como Bull Terrier, Doberman, Boxer, Teckel, Dogue Alemão e Pinscher apresentam maior predisposição ao desenvolvimento da piodermite.
Mas, é importante reforçar que qualquer cachorro, de qualquer raça ou idade, pode ser afetado.
O tratamento da piodermite atua no controle da infecção bacteriana (tópico e sistêmico) e na identificação e manejo da causa primária, no combate ao fator que gerou o desequilíbrio da pele.
O uso de shampoos dermatológicos é fundamental, especialmente em infecções superficiais ou como coadjuvantes profundas. Esses produtos ajudam a:
A frequência dos banhos varia conforme a gravidade, podendo ser de duas a três vezes por semana, sempre com recomendação veterinária.
Nos casos de piodermite moderada a grave — especialmente quando afeta camadas mais profundas da pele —, é essencial o uso de antibióticos por via oral ou injetável.
O tratamento costuma ter duração mínima de 21 dias, podendo se estender por 7 a 14 dias após a completa resolução dos sinais clínicos visíveis, para garantir a erradicação da infecção e prevenir recaídas.
A resistência bacteriana é um dos grandes desafios. Por isso, a escolha do antibiótico, assim como a dose, o intervalo e a duração do tratamento, deve ser feita rigorosamente pelo médico-veterinário.
Sem tratar as causas que favorecem a infecção — como alergias, lambedura compulsiva, sarna ou distúrbios hormonais —, a piodermite tende a se tornar recorrente.
A dermatite alimentar é uma reação de hipersensibilidade causada por determinados componentes da alimentação, especialmente proteínas.
Ao contrário do que muitos pensam, essa condição não está relacionada à qualidade da ração, mas sim a uma resposta exagerada do sistema imunológico a proteínas específicas que o organismo do cachorro reconhece como ameaças.
Trata-se de uma dermatite não sazonal, ou seja, pode ocorrer durante todo o ano, independentemente de clima, estação ou ambiente. A condição pode se manifestar isoladamente ou associada a outros quadros alérgicos, como dermatite atópica.
Qualquer ingrediente pode ser um potencial alérgeno, dependendo da sensibilidade individual do animal. Por exemplo, entre as principais proteínas que são agentes desencadeantes estão:
As regiões mais afetadas pela dermatite alimentar são as patas (principalmente entre os dedos), focinho, orelhas, axilas, abdômen e região perianal.
O tratamento é basicamente dietético e permanente. Após identificar o alimento causador da alergia, ele deve ser completamente excluído da dieta do pet.
As opções mais usadas são:
Além da mudança alimentar, podem ser necessários, no início, tratamentos para aliviar os sintomas, como:
É importante ressaltar que não existe cura, mas sim controle total dos sintomas enquanto o cão estiver seguindo a dieta adequada, livre dos alérgenos identificados.
Embora muitos casos de dermatite tenham origem genética, alérgica ou estejam ligados a outros problemas de saúde, é possível adotar alguns cuidados que ajudam na prevenção da maioria dos quadros.
A prevenção de ectoparasitas é fundamental, especialmente no caso da dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP) e de quadros parasitários, como sarna.
Rações medicamentosas específicas para dermatopatias ajudam a fortalecer a barreira cutânea, reduzir inflamações e controlar quadros como dermatite alimentar, além de auxiliarem no manejo de outras dermatites.
Locais úmidos, com atrito ou acúmulo de sujeira, são os mais suscetíveis a infecções fúngicas, bacterianas e inflamações. Portanto, sempre muita atenção na higienização em cada “dobrinha” do seu cão.
Manter a pele limpa e a barreira cutânea saudável é essencial para prevenir desequilíbrios, infecções e quadros de coceira.
Produtos de limpeza, grama tratada com pesticidas, tecidos sintéticos ou qualquer outro composto químico podem desencadear quadros de dermatite de contato.
O conteúdo te ajudou? Agora você já sabe quais são os principais tipos de dermatite em cachorro, suas causas, sintomas e como oferecer os melhores cuidados para seu pet.
Além dos tipos que detalhamos, também existem outras variações, como:
Embora sejam menos comuns ou frequentemente secundárias a outros problemas, também merecem acompanhamento veterinário e tratamento adequado.
Se tiver mais dúvidas, no Blog da Cobasi, você encontra muitos outros conteúdos sobre saúde, bem-estar e cuidados com o seu pet.
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Sou jornalista desde 2016 e vivo cercado pelos meus pets! Sou pai do Zé e do Tobby, um Shih Tzu e um Vira-lata, da Mary, uma gatinha branca, e do Louro, um papagaio (claro!). Escrevo para Cobasi ajudando outros tutores a cuidar dos seus pets.
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Minha cadela Kika foi diagnósticda com dermatite por vários veterinários que receitaram corticoide .enquanto está tomando remédio ela melhora, quando termina medicação volta toda coceira.
A belê fala está escura e fica fedendo muito
Minha cachorrinha está com dermatite
Meu cão está com a pele da barriga vermelha e a boca e a orelha de não está comendo e ele fica no quando triste o que pode ser
Olá, Leidiana! Como vai?
A irritação na pele, a falta de apetite e as mudanças comportamentais podem ser sinais de diversos problemas, por isso é importante agendar uma consulta veterinária. O profissional poderá realizar os exames adequados, identificar a causa desses sintomas e recomendar o tratamento correto para o seu cão.
Ajudou muito a entender tudo que está passando com meu cachorro