Febre maculosa: tudo o que se sabe sobre o surto da doença

Por Joe Oliveira   Tempo de leitura: 11 minutos

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febre maculosa

Em 2023, o Brasil registrou 49 casos de febre maculosa, com seis evoluções para óbitos, segundo atualização do Ministério da Saúde feita nesta quarta-feira (14). A região Sudeste tem o maior índice de casos, com 25, seis no Rio de Janeiro, quatro em Minas, oito no Espírito Santo e sete em São Paulo. 

A alta crescente de casos, a taxa de letalidade e a confirmação da febre maculosa como causa da morte de três pessoas em evento na cidade de Campinas, interior de São Paulo, têm chamado atenção para a doença, provocando uma série de dúvidas. Abaixo, confira em perguntas e respostas tudo o que você precisa saber sobre febre maculosa.

  1. Surto da febre maculosa em Campinas
  2. Casos da febre maculosa no Brasil
  3. O que é febre maculosa?
  4. Como é a transmissão da febre maculosa?
  5. Capivaras e a febre maculosa
  6. Todo carrapato pode transmitir a doença? 
  7. Quais são os sintomas da febre maculosa?
  8. Febre maculosa pode matar?
  9. Quanto tempo demora para os sintomas aparecerem?
  10. Suspeita de febre maculosa: o que fazer?
  11. Qual é o tratamento para febre maculosa?
  12. Qual é a prevenção da doença febre maculosa?
  13. Cães e gatos podem ter febre maculosa? 
  14. Sintomas de febre maculosa em cachorro e gato
  15. Febre maculosa: tratamento para cães e gatos
  16. Ações preventivas para evitar a infestação de carrapatos em pets

Surto da febre maculosa em Campinas

A Secretaria de Saúde de Campinas, no interior de São Paulo, registrou na última terça-feira (13) a morte de 3 pessoas por febre maculosa no município. Trata-se da dentista Mariana Giordano (36 anos), o namorado dela, Douglas Costa (42), uma jovem de 28 anos e uma adolescente de 16 anos. A festa reuniu cerca de 3,5 mil pessoas na Fazenda Santa Margarida, que contou com o show de Seu Jorge. 

Casos da febre maculosa no Brasil

Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre os anos de 2012 e 2022, 753 pessoas morreram por conta da febre maculosa no Brasil. São mais de 2.157 casos confirmados ao longo dos últimos 10 anos, com maior incidência em São Paulo, com 36% dos casos registrados.

Quando o assunto é a letalidade da febre maculosa, São Paulo também lidera as estatísticas, concentrando 62% do total (467 óbitos). Em 2022, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) paulista, foram 62 casos, dos quais 44 morreram – 74,6%. 

O que é febre maculosa?

A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável. Causada por uma bactéria do gênero Rickettsia (Rickettsia rickettsii), a sua transmissão acontece por meio da picada do carrapato (Ambyomma cajennense), mais conhecido como carrapato-estrela, desde que eles estejam infectados com a bactéria.

A Febre Maculosa é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela ou micuim, infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii.

No Brasil, existem dois tipos de carrapatos riquétsias que estão associadas a quadros clínicos da Febre Maculosa:

Rickettsia rickettsii: conhecida como Febre Maculosa Brasileira (FMB) é considerada o tipo que provoca os casos mais graves. Já houve registros no norte do estado do Paraná e em estados da região Sudeste, como São Paulo e Espírito Santo. 

Rickettsia parkeri: associada a sintomas mais leves, tem casos confirmados em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará).

Também conhecida como febre do carrapato, essa é uma doença infecciosa mais comum em pessoas que vivem em zonas rurais. Desde 2020, a doença tem a notificação compulsória – comunicação obrigatória à autoridade de saúde – seja casos de suspeita ou confirmação de doença.

Como é a transmissão da febre maculosa?

O agente etiológico da febre maculosa – causador ou responsável por uma doença – é o R. rickettsii, bactéria gram-negativa intracelular obrigatória. O modo de transmissão é por meio da picada do carrapato infectado com Rickettsia.

Geralmente, a transmissão ocorre quando o artrópode permanece aderido, por um período de 4 a 6 horas, a um hospedeiro. Vale ressaltar que não há transmissão direta da doença por contágio entre humanos. 

Um dos principais transmissores por Rickettsia rickettsii é da espécie A. sculptum – popularmente conhecido como “carrapato-estrela”. Em algumas regiões do Brasil eles são conhecidos, como: carrapato de cavalo, rodoleiro ou como vermelhinho.

Esta espécie de carrapato-estrela em humanos tem como habitat natural biomas do Cerrado e Pantanal e na Mata Atlântica (nos estados da região Sudeste e Centro Oeste). A capivara e o cavalo são os seus principais hospedeiros.

Mas, sua ação não se limita apenas a esses dois animais. Com baixa especificidade por hospedeiro, esses carrapatos podem se alojar em um hospedeiro secundário, tais como:

  • bovinos;
  • caprinos;
  • suínos;
  • aves;
  • mamíferos silvestres;
  • cães;
  • gatos;
  • humanos;
  • entre outros. 

De um modo geral, à medida que evoluem nas fases da vida, os carrapatos têm a tendência de procurar hospedeiros de porte maior. Com humanos, por exemplo, o contágio está associado a atividades de lazer – como ocorreu na Fazenda Santa Margarida, em Campinas. Além de acontecer com trabalhadores em serviços de ocupação rural.

Para haver transmissão da doença, o carrapato infectado precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele das pessoas.

Pessoas com hábito de pescaria em beiras de rios e lagos ou que visitam parques ou áreas públicas, com presença de capivaras, também são suscetíveis ao contágio da doença.

Sobre a transmissão, é muito importante destacar que a doença não é disseminada de pessoa para pessoa, nem pelo contato com os animais, apenas por meio da picada do carrapato. Em outras palavras, cães, gatos, capivaras e outras espécies não podem transmitir essa infecção.

Capivaras e a febre maculosa

A capivara, o maior dos roedores não transmite a bactéria, o aumento de casos da doença associado a espécie está relacionado a outros fatores, entre eles:

  • manejo de espécies domésticas;
  • aumento da população animal;
  • cultivo de pastagens;
  • aumento da oferta de alimentos;
  • são prováveis causas do aumento; 
  • desmatamento. 

Portanto, as mudanças constantes no habitat das capivaras acabam fazendo com que os animais busquem alternativas para sua sobrevivência, ocupando espaços em parques e ambientes que são também do convívio de humanos. O que potencializa as chances de transmissão.

Todo carrapato pode transmitir a doença? 

De acordo com o Ministério da Saúde, potencialmente, qualquer espécie de carrapato pode ser reservatório do agente causador da febre maculosa. Mas, mesmo existindo tal possibilidade, nunca foi relatada a transmissão de bactérias causadoras da doença por carrapatos de cachorros no Brasil, por exemplo.

Falando dos carrapatos, eles são artrópodes da classe Arachnida – mesma família das aranhas e escorpiões – com cerca de 900 espécies, divididas em três famílias: Ixodidae, Argasidae e Nuttallielidae. No Brasil, há cerca de 70 espécies. Todos os carrapatos são capazes de transmitir agentes causadores de doenças.

Quais são os sintomas da febre maculosa?

Além da febre e dores de cabeça, é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos.

Conforme o Ministério da Saúde, em aproximadamente 2 a 14 dias após a mordida do carrapato, podem surgir os seguintes sintomas de febre maculosa:

  • febre;
  • dor de cabeça frequente e intensa;
  • náuseas;
  • vômitos;
  • diarreia;
  • dor abdominal e musculares constantes;
  • inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
  • gangrena nos dedos e orelhas.

Além desses sintomas, em casos mais graves, as complicações da doença podem levar a paralisia dos membros, que se inicia pelas pernas e vai subindo até os pulmões, causando parada respiratória. Esse tipo de doença infecciosa pode atacar e causar danos no fígado, rins e em outros órgãos do corpo humano. Algumas outras condições que podem acontecer são encefalite e septicemia.

Os órgãos de saúde ainda ressaltam que um dos sinais mais comuns da doença é o surgimento de manchas vermelhas na região dos pulsos e tornozelos. Apesar de não coçar, elas podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

Febre maculosa pode matar?

Infelizmente, sim. Por conta das complicações que gera ao organismo, a infecção causada pelo carrapato em humanos tem uma ação que afeta múltiplos órgãos em uma velocidade rápida. Se não for tratada precocemente, pode ser fatal.

Quanto tempo demora para os sintomas aparecerem?

Como mencionamos, leva em média de 2 a 14 dias desde a picada do carrapato até a manifestação dos primeiros sintomas. Após isso, o quadro clínico pode mudar consideravelmente, evoluindo para a forma grave em poucos dias.

Esse tipo de febre não tem sintomas muito específicos, sendo semelhantes os sinais da dengue e leptospirose, por exemplo, acaba passando despercebido por muitas pessoas, ainda mais se o carrapato não foi visto na região.

Suspeita de febre maculosa, o que fazer?

Fique atento aos sintomas da doença do carrapato e não hesite em procurar uma unidade de saúde.

No caso do surgimento dos sintomas, a pessoa deve procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima e informar ao médico os sinais, como também relatar se frequentou área onde pode ter sido picada. O profissional irá realizar avaliações dos sintomas e solicitar uma série de exames para confirmar o diagnóstico. 

Nesse cenário, o Ministério da Saúde vem realizando a divulgação de diretrizes técnicas aos profissionais de saúde, com recomendações de conduta de manejo clínico dos pacientes suspeitos. Ou seja, olhar com maior atenção a situação atual e os sintomas que, novamente, não são específicos para a doença.

Qual é o tratamento para febre maculosa?

A partir da suspeita clínica e diagnóstico confirmado, o tratamento precisa ser realizado prontamente para evitar os agravantes da doença. Geralmente, para os humanos, os profissionais de saúde indicam o tratamento com antibiótico específico. Em alguns casos, pode ser necessária a internação.

Qual é a prevenção da doença febre maculosa?

Para a prevenção da febre maculosa, algumas ações devem podem ser adotadas para evitar a doença, principalmente em locais onde haverá exposição a carrapatos:

  • evitar andar em locais com grama ou vegetação alta;
  • use repelentes de insetos;
  • verificar rotineiramente se você e seus animais de estimação estão com carrapatos;
  • caso encontre um carrapato aderido ao corpo, remova-o com uma pinça; 
  • nunca aperte ou esmague o carrapato, mas puxe com cuidado e firmeza; 
  • após a remoção do carrapato, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água;
  • quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença. 

Além disso, há algumas dicas que também podem ajudar como ações preventivas contra a doença do carrapato em humanos. Por exemplo, utilizar roupas claras em áreas arborizadas e gramadas, isso irá ajudar a identificar o carrapato, uma vez que ele é escuro. Calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar também são boas sugestões. 

Cães e gatos podem ter febre maculosa?

Apesar de não ser comum, febre maculosa em cães e gatos pode acontecer,  principalmente se frequentarem áreas endêmicas. Além disso, os carrapatos em si, podem causar diversos problemas de saúde aos pets, como: babesiose, erliquiose, doença de Lyme, entre outros. 

Sintomas de febre maculosa em cachorro e gato

Um animal picado por um carrapato infectado pode apresentar sinais como:

  • febre;
  • falta de energia;
  • perda de apetite;
  • manchas vermelhas pelo corpo;
  • entre outros.

Doença do Carrapato tratamento para cães e gatos

Você sabe como tirar carrapato de cachorro e gato? Se esse for o caso, algumas alternativas de produtos para livrar seu animal de estimação são:

6 ações preventivas para evitar a infestação de carrapatos em pets 

Controlar a ação dos parasitas é uma tarefa difícil e você vai precisar realizar sempre para proteger a saúde do seu animal de estimação. Algumas dicas essenciais para inibir febre do carrapato em cachorro e gato são:

  1. Inspecionar o animal frequentemente;
  2. Dentro ou no quintal em casa, realizar uma higienização contínua;
  3. Utilizar carrapaticidas e produtos antiparasita; 
  4. Levar o pet frequentemente em um médico veterinário;
  5. Retirar os carrapatos encontrados;
  6. Limpar a casinha, pote e outros acessórios do seu pet.

Informação é fundamental para qualquer assunto, principalmente um tão importante como esse que trata da saúde de milhões de vidas. Aqui, na Cobasi, estamos com sinal de alerta ligado para ir atualizando e notificando vocês sobre tudo relacionado a febre mucosa, como outros assuntos relacionados ao mundo animal. Até a próxima!

Por Joe Oliveira

Redator

Jornalista, é apaixonado por futebol, basquete e, claro, pets! Além de bater uma bolinha e escrever para o Blog da Cobasi, o Joe curte a vida ao lado dos seus melhores amigos: os cachorros vira-latas Zé e Tobby, a gata Marry e o papagaio Louro.

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