O chocolate é uma das guloseimas favoritas dos humanos. Mas para os felinos, este doce popular é extremamente tóxico e perigoso, podendo causar sérios riscos à saúde do pet.
Então, se você já se perguntou se gato pode comer chocolate, saiba que a resposta é um categórico não —- e nem mesmo em pequenas quantidades.
Isso porque certas substâncias presentes no doce não são metabolizadas pelo organismo felino, desencadeando quadros de intoxicação com vômitos, arritmias e até convulsões.
A boa notícia é que os gatos geralmente não demonstram interesse por alimentos doces, o que reduz as chances de ingestão acidental (CARPENTER, 1956).
Ainda assim, episódios podem acontecer, e nesses casos, o tutor deve agir rapidamente para evitar complicações fatais.
A seguir, você vai entender o que fazer se o seu gato comer chocolate, quais sinais de alerta observar e como prevenir esse risco no dia a dia. Boa leitura!
O chocolate é perigoso para gatos porque contém substâncias que não são metabolizados pelo organismo felino, como a teobromina, a cafeína e a teofilina.
A teobromina é considerada a grande vilã da fórmula, e está presente na manteiga de cacau — principal ingrediente utilizado no doce. (STIDWORTHY et al., 1997)
Com propriedades diuréticas e estimulantes, a substância provoca intensa atividade cerebral, acelera os batimentos e aumenta o trabalho muscular cardíaco.
Os níveis de teobromina presentes nos chocolates comerciais não representam risco para os humanos, mas para os gatos a realidade é bem diferente.
Isso porque o metabolismo dos animais é muito mais lento, fazendo com que essas toxinas permaneçam no organismo por vários dias. (GORNIAK; SPINOSA, 2003)
Logo, mesmo pequenas doses podem causar impacto imediato no sistema nervoso e cardíaco dos felinos, levando o pet ao óbito em casos mais graves.
Além disso, os altos níveis de gordura presentes nos chocolates aumenta o risco de pancreatite em gatos sensíveis. (KOVALKOVIČOVÁ et al., 2009)
Todos os tipos de chocolates oferecem riscos à saúde dos gatos, mas o nível de perigo pode ser maior ou menor conforme o teor de teobromina presente em sua fórmula.
Via de regra, quanto maior for a concentração de matéria lipídica (gordura), menor será a concentração da substância.
Isso coloca os chocolates amargos e meio-amargos no topo da lista de perigo, conforme os dados da tabela a seguir:
| Tipo de chocolate | Teobromina (mg/g) | Cafeína (mg/g) |
| Chocolate branco | 0,009 | 0,030 |
| Chocolate ao leite | 2,046 | 0,212 |
| Meio-amargo | 4,586 | 0,705 |
| Amargo | 13,863 | 1,658 |
| Cacau em pó | 25,997 | 2,469 |
Vale lembrar que isso não significa que gato pode comer chocolate branco. Afinal, a concentração presente nesta variação já é suficiente para gerar intoxicação alimentar.
Como o cacau em pó também contém a substância, evite oferecer qualquer produto com sabor chocolate ao seu felino, incluindo bolos ou bolachas.
A ingestão de chocolate por felinos é considerada uma emergência médica. Por isso, se o seu gato comeu partes do doce, leve-o ao veterinário imediatamente.
Os sintomas de envenenamento por teobromina em pets costumam aparecer entre 6–12h após o acidente, mas você não deve esperar que eles se manifestem para procurar ajuda.
Isso porque, em casos mais graves, a intoxicação pode levar o animal a óbito muito rapidamente, em um intervalo de 24h após a ingestão.
Diarreia em gatos, salivação, tremores, vômitos, aumento da frequência cardíaca, febre e dificuldade para respirar são sinais de alerta que não devem ser ignorados.
Em fases mais avançadas, os felinos também podem apresentar ataques epilépticos, aumento de pressão, cianose e coma.
Nunca ofereça leite ou qualquer remédio caseiro para tentar aliviar o problema. Segundo o CRMV-SP, esses métodos não neutralizam a toxicidade e podem até agravar o quadro.
Somente um médico-veterinário poderá indicar o tratamento adequado para cada felino, considerando o porte e a condição de saúde geral do animal.
No entanto, o protocolo de cuidado geralmente inclui indução ao vômito, fluidoterapia, monitoramento cardíaco e uso de medicamentos para controlar convulsões.
Devido à longa meia-vida da teobromina, os sinais clínicos podem perdurar entre 24 e 72 horas, mesmo após o atendimento inicial.
Por isso, em muitos casos, é necessário manter o gato internado até a recuperação total para garantir estabilidade e evitar complicações graves (ANDRADE, 2011).
Para nós, humanos, os doces são extremamente atraentes, donos de um gosto especial que conquista o paladar. No entanto, para os gatos, a percepção é bem diferente.
Afinal, o gene Tas1r2, essencial para formar o receptor de sabor doce, não é funcional nos felinos — tornando-os incapazes de identificá-lo. (BACHMANOV, 2011)
Logo, embora alguns gatos possam se interessar por guloseimas humanas, não é o açúcar que os atrai, mas sim outros fatores, como cheiro, textura ou a simples curiosidade.
Além do chocolate, muitas outras comidas feitas para humanos podem causar desconforto e gerar riscos de intoxicação em felinos.
Uvas, abacate, kiwi, laranja, limão, tangerina, maracujá e derivados do leite são alguns dos alimentos adocicados que podem causar desconfortos gastrointestinais em gatos.
Descubra outros pratos que fazem mal aos felinos neste artigo completo!
Às vezes é difícil saber quais alimentos humanos são seguros para felinos, já que até produtos naturais, como leite e algumas frutas, podem ser perigosos e causar intoxicação.
Por isso, a melhor forma de garantir a saúde do seu gato é oferecer petiscos industrializados específicos para felinos!
Feitos com ingredientes apropriados, rações úmidas, biscoitos e patês possuem diversos sabores que certamente vão atrair mesmo os pets mais exigentes.
Mas é importante lembrar que até os petiscos indicados para pets devem ser dados com moderação, já que o excesso de calorias pode levar ao sobrepeso.
Se quiser outras dicas de petiscos podem ser oferecidos aos felinos com tranquilidade, confira o nosso artigo completo sobre o assunto!
Apesar de o chocolate não ser naturalmente atrativo para os gatos, acidentes podem acontecer, especialmente quando o alimento está ao alcance destes pets curiosos.
Para prevenir que isso aconteça, tutores devem manter bombons, ovos de Páscoa e barras bem longe dos felinos, em armários fechados, geladeiras ou locais altos.
Também é importante informar familiares e visitantes sobre os riscos do alimento, especialmente crianças, que podem acabar oferecendo pequenos pedaços como agrados.
Seguindo essas orientações simples, você reduz significativamente o risco de intoxicação e garante que seu gato viva com segurança, sem se expor a petiscos perigosos.
No Blog da Cobasi, você encontra tudo sobre alimentação segura para pets, incluindo recomendações de petiscos, rações balanceadas e cuidados para evitar intoxicações.
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Referências técnicas:
Revista Colloquium Agrariae | Alimentos tóxicos para cães e gatos
I CONIMVEPA | Intoxicação por chocolate e café em pequenos animais: uma revisão bibliográfica
CRMV-SP | Substância do chocolate é tóxica a cães e gatos
PUC Minas | Porque os felinos não sentem o sabor doce?
Whiskas | Frutas e legumes proibidos para gatos
