Sabiá-barranco (Turdus leucomelas): guia completo sobre a ave brasileira

Por Redator Joe Oliveira

Com colaboração: Thiago Sá   Tempo de leitura: 8 minutos

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sabia-barrando na arvore

O sabiá-barranco (Turdus leucomelas) é uma das aves mais emblemáticas e queridas do Brasil. Seu canto doce e melodioso, tão presente nas manhãs brasileiras, tornou-se símbolo de conexão com a natureza — especialmente em áreas urbanas.

Também chamado de sabiá-pardo, sabiá cinzenta, sabiá do barranco ou papa-sebo, esse pássaro não se destaca apenas pela beleza do som que emite. 

A espécie cumpre funções essenciais no meio ambiente, como a dispersão de sementes e o controle natural de insetos, além de ocupar um lugar especial no imaginário cultural do país.

Com frequência, pode ser visto sozinho ou aos pares, saltando pelo chão em busca de alimento ou explorando árvores frutíferas com agilidade e curiosidade.

Neste guia completo, você vai descobrir tudo sobre o sabiá-barranco: desde sua classificação científica e características físicas até informações sobre alimentação, vocalização, reprodução, subespécies, ameaças e formas de preservação.

Ficha técnica do sabiá-barranco

Nome popularSabiá-barranco, sabiá-pardo, sabiá cinzenta, sabiá do barranco e papa-sebo
Nome científicoTurdus leucomelas
ReinoAnimalia
FiloCordados
ClasseAves
OrdemPasseriformes
FamíliaTurdidae (Turdídeos)
GêneroTurdus

Características do sabiá-barranco

Com tamanho médio entre 22 e 25 cm, o sabiá-barranco é uma ave de porte elegante, corpo robusto e aparência discreta. À primeira vista, pode ser confundido com outras espécies, como o sabiá-poca. No entanto, Turdus leucomelas apresenta traços que facilitam a diferenciação:

  • Topo da cabeça arredondado e sem a mácula (mancha escura) à frente dos olhos, comum em outras espécies;
  • Bico uniforme, de coloração cinza-escura e levemente curvado;
  • Pernas finas e rosadas, com olhos escuros expressivos.

Além disso, sua plumagem é predominantemente acinzentada, com tons amarronzados e oliva distribuídos pelas asas e pelo dorso. 

A cabeça tende a ser ligeiramente mais escura nas laterais, enquanto a garganta clara, com listras cinza-escuras bem marcadas, é uma das características mais típicas da espécie.

O peito e o ventre exibem um cinza mais suave, que confere equilíbrio visual ao conjunto. Durante o voo, um detalhe discreto, mas encantador, pode ser observado: a parte interna das asas revela áreas alaranjadas, visíveis apenas sob certos ângulos de luz natural.

Diferença entre sabiá-barranco macho e fêmea

O dimorfismo sexual é quase imperceptível no sabiá-barranco. Machos e fêmeas possuem praticamente a mesma coloração e padrão de plumagem, o que torna difícil diferenciá-los apenas pela aparência externa. 

Apenas observações comportamentais mais prolongadas, especialmente durante o período reprodutivo, podem sugerir alguma distinção.

Características dos filhotes e juvenis

Nos filhotes e juvenis, o padrão da plumagem é mais manchado e irregular do que nos adultos. As principais diferenças incluem:

  • Pintas marrons espalhadas pelo dorso;
  • Peito e barriga com aparência salpicada, sem a uniformidade dos adultos;
  • Garganta ainda sem o esbranquiçado bem delimitado, que surge com a maturidade.

Essas características ajudam a identificar aves jovens em campo e são comuns durante os primeiros meses de vida, antes da muda que leva à plumagem definitiva.

Subespécies do sabiá-barranco

A espécie Turdus leucomelas possui quatro subespécies reconhecidas, distribuídas por diferentes regiões da América do Sul. 

Embora compartilhem os mesmos hábitos e comportamentos, apresentam pequenas variações na plumagem e no território em que vivem. Conheça cada uma delas:

Turdus leucomelas leucomelas

Turdus leucomelas leucomelas

É a subespécie mais comum e amplamente distribuída. Está presente em boa parte do Brasil — incluindo as regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul —, além de ocorrer no Paraguai, norte da Bolívia, nordeste da Argentina e também em partes do Peru.

Turdus leucomelas albiventer

Turdus leucomelas albiventer

Encontrada no norte da Colômbia, Venezuela, Guianas e também no norte do Brasil, essa subespécie se diferencia por ter a região do ventre mais clara, o que explica o nome “albiventer”, que significa “ventre branco” em latim.

Turdus leucomelas cautor

Tem distribuição mais restrita, sendo registrada principalmente na península de Guajira, no nordeste da Colômbia. É considerada a subespécie menos comum e de alcance geográfico mais limitado.

As informações sobre as subespécies são descritas por diferentes pesquisadores e consolidadas por listagens taxonômicas como o IOC World Bird List (2017), o Clements Checklist (2016) e a Lista do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos – CBRO (2015).

Turdus leucomelas upichiarum

Recentemente, uma quarta subespécie de sabiá-barranco foi reconhecida pela ciência. Trata-se de Turdus leucomelas upichiarum, descrita em 2019 por Stiles e Avendaño com base em aves encontradas nas florestas de areia branca do leste da Colômbia.

Essa nova subespécie passou a ser oficialmente incluída no Clements Checklist v2024, uma das principais referências taxonômicas mundiais em ornitologia.

Apesar de sua distribuição geográfica mais restrita, upichiarum compartilha os principais comportamentos e características da espécie principal.

Distribuição geográfica e habitat do sabiá-barranco

O sabiá-barranco é uma ave amplamente distribuída pela América do Sul, com presença confirmada em grande parte do território brasileiro. 

Além do Brasil, a espécie também ocorre em países como Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guianas e Argentina, conforme apontam registros do IOC World Bird List.

Onde o sabiá-barranco vive?

A espécie é encontrada em diferentes tipos de ambiente, o que demonstra sua grande capacidade de adaptação ecológica. Entre os principais habitats estão:

  • florestas tropicais e subtropicais (como a Mata Atlântica e parte da Amazônia);
  • cerrado e áreas de transição;
  • pantanal e matas ciliares;
  • ambientes urbanos e suburbanos, como praças, parques e jardins com vegetação nativa ou ornamental.

Essa versatilidade torna o sabiá-barranco uma das aves mais comuns em regiões habitadas por humanos, onde consegue se alimentar, cantar e até reproduzir com facilidade, mesmo em meio ao ruído urbano.

Alimentação

sabiá-pardo

O sabiá-barranco é uma ave onívora. Sua dieta é baseada principalmente em:

  • Frutas nativas e exóticas (goiaba, mamão, ameixa, etc.);
  • Insetos e larvas;
  • Pequenos invertebrados.

O sabiá-barranco tem um papel ecológico importante através da sua alimentação. Por consumir frutas e defecar as sementes em outros locais, ele contribui para a dispersão vegetal e regeneração florestal. 

Em muitas regiões, é considerado um dos principais dispersores de sementes da avifauna nativa.

Canto do sabiá-barranco

Seu canto é suave, melodioso e caracterizado por notas claras, longas e repetitivas. Costuma ser mais ativo nas primeiras horas da manhã e no entardecer, especialmente durante o período reprodutivo. 

Pela semelhança de timbre, muitos o confundem com a sabiá-laranjeira — ambas aves símbolo da musicalidade brasileira e inspiração para canções, como as de Tom Jobim.

Comportamento e hábitos

O sabiá-barranco é uma ave diurna, geralmente solitária ou encontrada em casais. A espécie costuma se movimentar pelo solo em busca de alimento, mas também utiliza galhos baixos para descansar.

São territorialistas e, durante o período de acasalamento, podem demonstrar comportamento agressivo contra intrusos.

Reprodução do sabiá-barranco

O ciclo reprodutivo do sabiá-barranco ocorre entre a primavera e o verão. A fêmea, já com cerca de 1 ano, constroi um ninho em formato de tigela, feito com gravetos, folhas secas e barro.

Geralmente são postos de 2 a 4 ovos, que são incubados por cerca de 13 a 15 dias. Durante esse tempo, o macho protege o ninho e ajuda na alimentação dos filhotes após o nascimento. Os filhotes deixam o ninho após 15 a 20 dias

Curiosidades sobre o sabiá-barranco 

sabiá parda

É permitido criar sabiá-barranco como pet?

Não. A criação do sabiá-barranco como animal de estimação é proibida pela Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998).

Capturar, criar ou comercializar aves silvestres sem autorização do IBAMA configura crime ambiental e pode resultar em multa e processo legal. Além disso, essa é uma espécie nativa que deve viver livre na natureza, cumprindo seu papel ecológico.

Por que o sabiá-barranco é tão comum nas cidades?

Ao contrário de muitas espécies silvestres, o sabiá-barranco consegue aproveitar os recursos presentes nas cidades: frutas de árvores ornamentais, áreas com solo exposto para forragear e locais elevados para construir seus ninhos.

Além disso, sua tolerância ao contato humano e a ambientes modificados o torna uma das aves mais observadas em centros urbanos brasileiros — especialmente em épocas de frutificação ou início da estação reprodutiva, quando seu canto se torna mais frequente.

Qual a expectativa de vida do sabiá-barranco?

Em ambientes naturais, o sabiá-barranco pode viver em média de 8 a 10 anos, dependendo das condições do habitat, da oferta de alimento e da ausência de predadores.

O sabiá-barranco corre risco de extinção?

O sabiá-barranco não está classificado como uma espécie ameaçada de extinção pelas principais listas internacionais, como a da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). No entanto, a ave sofre ameaças constantes, como:

  • Destruição de habitat (especialmente áreas de mata nativa);
  • Urbanização acelerada sem planejamento ambiental;
  • Predadores naturais: gaviões, serpentes, gambás e gatos domésticos;
  • Tráfico ilegal de aves silvestres.

Por isso, embora não esteja sob risco crítico, sua preservação depende de ações contínuas de proteção ambiental e de educação da população.

Gostou de aprender mais sobre o sabiá-barranco?

sabia barranco

No Blog da Cobasi, você encontra muitos outros conteúdos completos sobre o universo das aves — desde espécies como periquito-australiano e calopsita até cuidados essenciais, alimentação, comportamento e preservação.

Continue navegando e descubra como oferecer uma vida mais saudável, feliz e respeitosa para os pássaros que fazem parte da nossa fauna e da sua vida. Até a próxima!


Referências:

  • Sick, H. Ornitologia brasileira. Nova Fronteira, 1997.
  • IOC World Bird List 2017
  • Aves Brasil CBRO, 2015
  • Clements, J. F. et al. The Clements Checklist of Birds of the World, 2016.
  • Ambiente Brasil: http://www.ambientebrasil.com.br
  • WikiAves: https://www.wikiaves.com.br
  • SESC Pantanal: http://www.avespantanal.com.br
  • Santiago, R. G. Guia Interativo de Aves Urbanas (Unicamp, 2007)
  • Sazima & D’Angelo. Revista Brasileira de Ornitologia, 2011.
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Thiago Sá

Com colaboração: Thiago Sá

Biólogo

Biólogo, com especialização em Educação e Marketing de Conteúdo. Cresceu cercado de cães, criou hamsters, colecionava insetos e ajudava seu avô com os bichos da fazenda sempre que podia. Atua no mercado pet desde 2010, nas áreas de Treinamento, Marketing, Conteúdo e SEO. Desde 2018 está à frente do canal da Cobasi no Youtube.

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6 Comentários

  1. JACINTO FERREIRA DO AMARAL disse:

    AQUI NA REGIÃO ENCONTRAM MUITOS SABIA

  2. Francisco Teófilo disse:

    Gostaria de obter informações sobre a sabiá laranjeira

  3. Jair disse:

    Muito boa a matéria, não sabia desse tipo de sabia

  4. Aluizio Serafim disse:

    Tenho uma plantação da moringa oliveira no meu quintal elas florescem quase o ano todo ,os sabiá gosta tanto que fizeram ninho na varanda da casa já vuaram 3 filhotes e agora já tem outro que naceram está semana.

    • Cobasi disse:

      Olá, Aluizio! Que maravilha ter moringas no seu quintal atraindo os sabiás. É incrível como a natureza encontra caminhos para criar harmonia e beleza. A presença dos pássaros e os ninhos na sua varanda mostram o ambiente acolhedor que você oferece. Aproveite esses momentos especiais de observação da vida selvagem bem no conforto do seu lar. Obrigado por compartilhar essa experiência tão bonita!?

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