
O vitiligo em cães é uma condição dermatológica rara, caracterizada pela despigmentação da pele ou da pelagem. Apesar de visualmente marcante, não oferece riscos diretos à saúde do animal.
Para esclarecer as principais dúvidas sobre cachorro com vitiligo, este conteúdo foi produzido com apoio técnico da médica-veterinária Joyce Lima (CRMV/SP – 39824), da Educação Corporativa Cobasi, e de fontes científicas confiáveis.
O vitiligo em cães é uma condição em que o sistema imunológico do animal ataca os próprios melanócitos, células responsáveis por produzir a melanina — o pigmento que dá cor à pele, aos pelos e até mesmo ao focinho, lábios e patas.
Esse processo resulta em uma perda gradual da pigmentação, chamada de despigmentação canina, levando ao aparecimento de manchas esbranquiçadas ou rosadas, especialmente em regiões com mais coloração, como a face e as extremidades.
Os melanócitos, além de colorir a pele e a pelagem, também atuam como barreira natural contra os efeitos da radiação solar.
Por isso, mesmo sendo uma condição estética, a despigmentação pode exigir cuidados específicos com a pele — tema que abordaremos mais adiante.
Segundo a especialista Joyce Lima, o vitiligo não provoca dor, coceira ou incômodo direto ao animal.
“O cachorro com vitiligo continua saudável e feliz, apenas com uma aparência diferente”, explica.
Sim, o vitiligo em cães apresenta semelhança com o vitiligo humano. Em ambas as espécies, trata-se de uma doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca e destrói os melanócitos.
A principal diferença está no impacto emocional da condição. Em humanos, o vitiligo pode provocar alterações na autoestima, identidade e bem-estar emocional, principalmente por causa da percepção social e estética que envolve a pele.
Já os cães não possuem consciência da própria aparência, o que torna o vitiligo, para eles, uma condição puramente visual, sem repercussões psicológicas ou comportamentais.
O vitiligo em cães pode se manifestar de duas formas distintas, dependendo da extensão e da localização das áreas despigmentadas. Essas variações influenciam apenas o aspecto visual do animal e não representam diferenças em gravidade ou prognóstico.
De acordo com a especialista Joyce Lima, os dois principais tipos de vitiligo em cachorro são:
Nesse tipo, as alterações de cor ficam restritas a uma região específica do corpo, como focinho, ao redor dos olhos, lábios ou orelhas.
É o tipo de vitiligo mais comum em cães, especialmente nas raças de coloração escura, em que a despigmentação se torna mais evidente.
Caracteriza-se por uma despigmentação ampla e progressiva, afetando diversas partes do corpo do animal. Nesses casos, é possível observar grandes áreas com pelagem manchada no cachorro, e a coloração da pele também pode mudar de forma acentuada.
Segundo o estudo de Cruz et al. (2016), a forma focal é predominante em cães, enquanto a generalizada é menos frequente, mas pode ocorrer de forma espontânea ou evoluir com o tempo.
É importante destacar que essas classificações não alteram o comportamento do animal e não influenciam negativamente na sua saúde.
O vitiligo em cães é classificado como uma doença autoimune, ou seja, uma condição em que o próprio sistema imunológico do animal ataca as células saudáveis do organismo.
Conforme explica a médica-veterinária Joyce Lima, existem diversas causas que podem estar associadas ao desenvolvimento da despigmentação canina:
Há indícios de predisposição genética ao vitiligo em algumas raças de cães, o que pode estar ligado a mutações hereditárias na genética canina.
As raças mais citadas em estudos e relatos clínicos incluem:
Além dessa predisposição, estudos como os de Scott et al. (2001) e Otsuka et al. (2004) apontam que cães de raça pura e adultos têm maior propensão ao vitiligo, sem distinção entre machos e fêmeas.
Essas raças, em especial as de pelagem escura, também evidenciam mais rapidamente os sinais clínicos da despigmentação, como manchas brancas na pele ou pelos.
O vitiligo pode surgir por causas genéticas ou imunomediadas. No segundo caso, o sistema imunológico do cachorro pode passar a interpretar os melanócitos como corpos estranhos, dando início a um processo de destruição celular.
“Existem estudos que comprovam que feridas abertas, traumas físicos, estresse e mudanças emocionais podem estimular o aparecimento das manchas e da falha de pigmentação”, explica Joyce Lima.
Os sintomas do vitiligo em cachorros são visuais e surgem de forma gradual. O principal sinal clínico é a mudança na pigmentação natural da pele e da pelagem.
A evolução pode variar entre cães, mas costuma seguir um padrão dividido em duas fases principais:
Na fase inicial, os tutores costumam notar manchas pequenas e claras surgindo em áreas pontuais do corpo do animal. Essas alterações são mais visíveis em regiões com coloração mais escura, como:
As manchas na pele do cachorro podem ter aspecto esbranquiçado ou rosado. Quando a alteração atinge os pelos, ocorre o fenômeno chamado leucotriquia, caracterizado pela perda de pigmento apenas na pelagem, sem afetar diretamente a pele.
Com a progressão da doença, as áreas despigmentadas podem se expandir, resultando em:
Em casos documentados na mídia, como o do cachorro diagnosticado com vitiligo que ficou branco (Terra, 2024), a transformação foi quase completa — reforçando o caráter estético da condição.
Inclusive, vale ressaltar, que em cães com pelagem escura, como os rottweilers e dobermans, os sintomas tendem a ser percebidos mais facilmente, o que pode acelerar o diagnóstico clínico.
Embora o vitiligo em cães seja uma condição estética e indolor, exige atenção especial à saúde dermatológica canina, principalmente em áreas despigmentadas.Segundo a médica-veterinária Joyce Lima:
”O animal não sofre desconforto físico com o vitiligo. No entanto, a ausência de melanócitos pode deixar a pele do cão mais vulnerável a queimaduras, irritações ou infecções secundárias”.
Entre os cuidados recomendados para cachorro com vitiligo estão:
Não. O vitiligo em cães não tem cura. Por se tratar de uma condição crônica e autoimune não há como reverter permanentemente a destruição dos melanócitos causada pela resposta imunológica do próprio organismo do animal.
Em alguns casos raros, pode haver repigmentação parcial de algumas áreas — ou seja, regiões onde a cor foi perdida podem voltar a escurecer espontaneamente, enquanto novas áreas despigmentadas também podem surgir com o tempo.
Não há um tratamento específico ou curativo para o vitiligo em cães. O manejo clínico é focado no acompanhamento dermatológico, fortalecimento da imunidade e prevenção de complicações secundárias, como inflamações ou queimaduras solares.
Entre as medidas mais indicadas, estão:
Caso surjam sinais diferentes, como feridas, coceira ou inflamações, é essencial procurar um dermatologista veterinário, pois esses sintomas podem indicar outras doenças de pele em cães.
Embora ainda não existam muitos estudos sobre tratamentos veterinários para o vitiligo, a medicina humana já testou diferentes abordagens terapêuticas.
Alguns exemplos são o uso de corticoides, imunomoduladores e até puva terapia (associação de substâncias psoralênicas com exposição à radiação UVA), segundo Steiner (2004).
No entanto, essas técnicas não são aplicadas rotineiramente em cães e ainda carecem de estudos específicos na espécie.
Atualmente, não há formas comprovadas de prevenir o vitiligo em cães. Como a condição está ligada a fatores genéticos e imunológicos, e muitas vezes surge de forma espontânea, não é possível evitar seu aparecimento com ações específicas.
No entanto, existem boas práticas que podem contribuir para a saúde da pele e do sistema imunológico do cachorro, ajudando a minimizar possíveis gatilhos da despigmentação:
“Mesmo sem cura ou prevenção garantida, o cachorro com vitiligo pode ter uma vida normal, desde que receba os cuidados adequados”, reforça a especialista Joyce Lima.
O conteúdo te ajudou? Agora você já sabe mais sobre os principais sinais, causas e cuidados com o vitiligo em cães, fica mais fácil lidar com essa condição de forma tranquila e segura.
| Atualizada em
Formada pela USP, Joyce possui especializações em Medicina Veterinária Preventiva e um MBA em Liderança de Alta Performance. Apaixonada por sua gata, Mia, ela reflete todo o carinho e dedicação que tem por ela em sua prática profissional.
Ver publicações A Cobasi e os cookies: a gente usa cookies para personalizar anúncios e melhorar a sua experiência no nosso site.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Política de Cookies.