Tudo sobre cães braquicefálicos: raças, predisposições e cuidados especiais

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Por Bianca Chaves   Tempo de leitura: 8 minutos

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O Shih tzu, o Pug e o Bulldog Francês estão entre as raças de cachorro mais populares no Brasil. Mas você sabe o que mais elas têm em comum? Todas são cães braquicefálicos.

O focinho curto e o rosto achatado dão a esses animais uma aparência superfofa, mas também dificultam a respiração e podem agravar condições de saúde. Por isso, quem tem ou pretende adotar um desses pets precisa estar atento aos cuidados recomendados.

A seguir, descubra o que são cães braquicefálicos, quais as principais raças de focinho achatado, predisposições genéticas e cuidados que garantem o bem-estar desses animais!

O que é um cão braquicefálico?

Braquicefalia é um termo que descreve o tipo de formação do crânio de alguns cães. A palavra vem do grego e significa, literalmente, “cabeça curta”. 

Logo, os cães braquicefálicos são cachorros com a genética de crânio encurtado, maxilar pequeno e focinho curto e achatado.

Essa combinação — responsável pela aparência adorável — reduz o espaço das vias aéreas, dificultando a passagem de ar. 

Como consequência, eles são mais propensos a problemas respiratórios em cães, além de complicações oftalmológicas, dentárias e até gastrointestinais.

Outras características dessas raças com cabeça achatada são a cauda em formato de parafuso, as dobras de pele no rosto e os olhos saltados.

Qual a origem dos cães braquicefálicos?

Segundo estudos sobre genética canina, os traços característicos das raças braquicefálicas surgiram por meio da reprodução seletiva (inbreeding). Em outras palavras, através de cruzamentos intencionais feitos por criadores ao longo do tempo.

O objetivo era reforçar traços físicos, como o focinho curto e os olhos grandes, e comportamentais, como a docilidade. No entanto, os riscos à saúde associados a essas alterações nem sempre foram considerados.

Quais são as raças braquicefálicas?

cachorro de focinho achatado
O Boston Terrier é uma raça de cachorro braquicefálico.

De acordo com o Kennel Club UK, as principais raças de cachorro braquicefálicos são:

  • Affenpinscher;
  • Boston Terrier;
  • Buldogue Francês;
  • Buldogue Inglês;
  • Cavalier King Charles Spaniel;
  • Griffon de Bruxelas;
  • Lhasa Apso;
  • Pequinês;
  • Pug;
  • Shih tzu.

Mas atenção: cachorros braquicefálicos não são só cachorros de raças puras. Segundo especialistas, cães sem raça definida (SRD) e misturas entre raças diferentes também podem apresentar as características.

Por que os cachorros braquicefálicos são tão populares?

Pesquisas apontam que o Bulldog Francês, o Lhasa Apso, o Pug e o Shih tzu estão entre as 20 raças mais queridas do Brasil.

Além da aparência encantadora, a personalidade alegre, dócil e simpática faz com que eles sejam ótimas opções de cães de companhia pequenos.

Outro fator que contribui para a sua popularidade é a baixa necessidade de exercícios intensos, o que facilita a adaptação a apartamentos e rotinas corridas.

No entanto, quem deseja um desses cachorros precisa ficar atento aos problemas de saúde relacionados a sua genética, como a síndrome braquicefálica.

O que é a síndrome braquicefálica?

A síndrome braquicefálica (SB) ou síndrome do cachorro braquicefálico (SCB) é uma condição respiratória crônica muito comum em cães de focinho curto.

Ela acontece quando alterações genéticas físicas causam sérias dificuldades respiratórias em cães, como:

  • estreitamento das narinas (estenoses de narinas);
  • excesso de tecido no céu da boca (palato mole alongado);
  • eversão dos sacos da laringe e das tonsilas (amígdalas);
  • redução da passagem na glote (estreitamento da rima da glote).

Quais os sintomas da síndrome braquicefálica?

Estudos apontam que os principais sinais de síndrome braquicefálica incluem:

  • cães com respiração ruidosa (aquele famoso “ronquinho”);
  • ronco noturno;
  • falta de ar (dispneia);
  • intolerância ao exercício e ao calor; 
  • desmaios;
  • tosse, engasgos e espirros ao respirar;
  • regurgitação e vômitos frequentes.

É importante lembrar que nem todo cão braquicefálico desenvolve a síndrome. No entanto, às vezes os sintomas são ignorados, considerados “normais da raça” — o que não é verdade. Por isso, caso os sinais apareçam, é essencial procurar orientação veterinária.

Qual o tratamento para a síndrome braquicefálica?

Segundo os especialistas, o tratamento da síndrome braquicefálica vai depender da gravidade e estágio dos sintomas. 

Em casos leves, o controle dos sinais clínicos, com oxigenoterapia, anti-inflamatórios e cuidados para prevenir crises respiratórias são o suficiente.

Para os casos mais graves, intervenções cirúrgicas podem ser indicadas, incluindo:

  • Rinoplastia, para alargar as narinas do pet e melhorar a passagem do ar.
  • Palatoplastia, para reduzir o excesso de tecido no palato mole.

Todo o cachorro braquicefálico precisa de cirurgia?

Não. Muitos cães braquicefálicos vivem bem apenas com cuidados específicos e algumas adaptações no dia a dia. Mas, quando os sintomas são graves ou prejudicam a qualidade de vida, a cirurgia pode ser recomendada.

Predisposições de saúde em cães braquicefálicos

Além da síndrome respiratória, os animais braquicefálicos podem apresentar:

1. Problemas oculares 

    Um traço muito fofo dos cachorros braquicefálicos são seus olhos arregalados. Isso acontece pela formação curta do crânio, que reduz o espaço ocular e deixa os olhos do pet mais expostos.

    Além de aumentar o risco de contusões e ferimentos na área, essa característica genética agrava as chances de:

    • entrópio (pálpebras que se viram para dentro);
    • triquíase (cílios que crescem na direção errada e machucam o olho);
    • protusão da glândula da terceira pálpebra ou “olho de cereja”;
    • olhos secos;
    • ceratite pigmentar superficial (escurecimento gradual da córnea por conta de irritações repetidas);
    • úlceras (feridas na superfície do olho).

    2. Problemas de pele

      O focinho achatado cria excessos de pele e dobras na região do rosto, facilitando o acúmulo de sujeira ou umidade. Isso aumenta a ocorrência de quadros de dermatites e infecções na pele.

      3. Complicações dentárias

        Segundo a Biblioteca Nacional de Medicina, a formação encurtada da mandíbula aumenta as chances de problemas dentários, como:

        • mordida desalinhada (má oclusão);
        • dificuldade de mastigação;
        • dentes encavalados;
        • acúmulo de alimentos e inflamações na gengiva.

        Além disso, escovar os dentes desses cachorros é difícil, já que eles respiram principalmente pela boca. 

        4. Implicações gastrointestinais

          A dificuldade respiratória também pode afetar o sistema digestivo dos cães, contribuindo para quadros de refluxo, vômitos e inflamações no esôfago.

          5. Riscos com o calor

            Em geral, os cães regulam sua temperatura através de trocas com o ambiente, feitas principalmente pela boca e pela língua.

            Por conta da ventilação nasal reduzida, essas raças sensíveis ao calor têm mais dificuldade no processo de resfriamento, aumentando as chances de hipertemia.

            Neste vídeo, a especialista Luiza Cervenka ensina algumas dicas para ajudar nos dias quentes:

            Quais são os cuidados com cães braquicefálicos?

            Para garantir o bem-estar e a qualidade de vida, essas raças precisam de atenção especial, incluindo:

            • Consultas regulares ao veterinário, para identificar e prevenir doenças adjacentes com rapidez.
            • Ambientes bem ventilados, especialmente nos dias quentes.
            • Alimentação balanceada e exercícios moderados para cães, evitando obesidade e problemas gastrointestinais.
            • Água fresca sempre disponível, principalmente em altas temperaturas.
            • Higienização frequente das dobras de pele.

            4 mitos e verdades sobre cães braquicefálicos

            1. Se ele ronca, é porque está dormindo bem

              Mito. Ronco e qualidade de sono não são sinônimos! Pelo contrário: pode indicar dificuldade respiratória, um dos sinais mais comuns da síndrome braquicefálica.

              2. Cães braquicefálicos também podem ter qualidade de vida

                Verdade. Com acompanhamento, cuidado e muito amor, esses cachorros podem viver felizes e saudáveis. 

                3. Raças braquicefálicas vivem menos

                  Mito. Segundo especialistas, só braquicefálicos extremos podem ter a expectativa de vida reduzida. Muitas raças braquicefálicas vivem de 15 a 18 anos, como o Pug e o Shih Tzu.

                  4. Braquicefálicos podem viajar de avião

                    Verdade. Segundo a Associação Americana de Medicina Veterinária, os cães braquicefálicos podem viajar de avião, mas com alguns cuidados:

                    • Evitar o transporte no porão de cargas, onde as trocas de temperatura são intensas.
                    • Prever e diminuir situações de estresse que podem desencadear crises respiratórias. 
                    • Escolher horários de temperatura amena.
                    • Consultar o veterinário para entender as condições de saúde do pet.

                    Gostou de conhecer mais sobre as raças braquicefálicas? 

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                    Redator

                    Bacharela em Letras, sou apaixonada por palavras e pelo mundo pet. Aqui, no Blog da Cobasi, transformo esse amor em informação especializada. Vídeos de bichinhos são parte da minha personalidade, bem como o Potter — um Yorkshire fofo com quem divido os finais de semana.

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