Hérnia em cachorro: sintomas, causas, riscos e tratamento

Por Cobasi   Tempo de leitura: 13 minutos

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hernia inguinal cachorro

Hérnia é uma condição em que órgãos ou tecidos saem de suas posições normais por meio de uma abertura na parede abdominal. Quando isso acontece na região da virilha, temos o que chamamos de hérnia inguinal, um dos tipos mais comuns em cães. 

A doença ocorre quando parte dos órgãos abdominais, como o intestino ou a gordura, atravessa uma falha na região da virilha, formando um caroço visível na barriga do animal.

De modo geral, a hérnia inguinal pode ser causada por esforço físico, trauma ou fatores genéticos. Sendo mais comum em raças com predisposição, como Bulldogs, Boxers e Schnauzers

Além disso, a hérnia inguinal em cachorro pode ser classificada em três tipos:

  • Redutível: quando o conteúdo pode ser empurrado de volta para o lugar.
  • Irredutível (presa): quando o tecido herniado não retorna ao local de origem.
  • Estrangulada: a forma mais grave, quando o órgão fica preso e sem circulação sanguínea, o que exige intervenção veterinária urgente.

Se não tratada, a hérnia inguinal pode causar sérios problemas. Caso o intestino ou outro órgão fique preso, ele pode perder a irrigação sanguínea, necrosar e até levar a uma peritonite, uma infecção grave e potencialmente fatal. 

Por isso, é essencial procurar um veterinário imediatamente se perceber qualquer sinal de hérnia em seu cão.

Agora, descubra como identificar os principais sinais da hérnia inguinal em cães, o que fazer para garantir o cuidado adequado e o tratamento ideal para o seu pet.

O que causa a hérnia inguinal em cachorro?

A hérnia inguinal ocorre quando há uma fraqueza no anel inguinal, permitindo que parte do intestino ou de outros órgãos atravesse a região da virilha. 

Essa condição pode ter várias causas, que incluem fatores genéticos, idade e eventos que aumentam a pressão abdominal.

  • Genética: alguns cães nascem com fraqueza na parede muscular abdominal ou com defeitos no anel inguinal, o que facilita o deslocamento dos órgãos internos. Esse tipo de hérnia pode ser hereditário e se manifesta mais frequentemente em algumas raças.
  • Idade: cães mais velhos enfrentam o enfraquecimento natural dos músculos e tecidos de sustentação, o que aumenta a chance de desenvolvimento da hérnia inguinal.
  • Fatores externos: gestações repetidas, sobrepeso, esforços intensos, tosse crônica, traumas ou até mesmo cirurgias prévias podem aumentar a pressão abdominal e contribuir para o aparecimento da hérnia inguinal.

Quais são as raças com predisposição genética à hérnia?

cocker spaniel

A hérnia inguinal é mais comum em algumas raças devido à predisposição genética. Cães que nascem com fraqueza na parede muscular abdominal ou com defeitos no anel inguinal têm maior chance de desenvolver essa condição. As raças mais predispostas incluem:

Além dessas, cães como Maltês, Cavalier King Charles Spaniel, Chihuahua e Basset Hound também têm uma maior chance de desenvolver hérnia inguinal, tanto devido à predisposição genética quanto à influência de fatores como traumas ou distúrbios hormonais.

Essas informações são confirmadas por estudos, como os de Smeak (2007) e Borges et al. (2014), que destacam a predisposição genética dessas raças e a relação com fatores externos, como distúrbios hormonais e traumas.

Sinais e sintomas da hérnia inguinal em cães

O sintoma mais evidente da hérnia inguinal é o caroço ou abaulamento na virilha ou na parte inferior da barriga. Esse nódulo pode variar de tamanho e pode ser macio ou firme ao toque. Embora nem sempre cause dor, o caroço é um sinal claro da condição. 

É importante nunca tentar empurrar o caroço para dentro. Isso pode piorar a situação, especialmente se a hérnia for do tipo estrangulada, quando o órgão fica preso e sem irrigação sanguínea.

O melhor a fazer é procurar um veterinário imediatamente para avaliação e tratamento adequado.

Outros sinais da hérnia inguinal em cachorro

Além do caroço visível na virilha ou parte inferior da barriga, a hérnia inguinal pode apresentar outros sinais, incluindo:

  • Aumento progressivo do volume na região abdominal inferior;
  • Desconforto ao toque;
  • Dificuldade para andar ou sentar;
  • Vômitos e perda de apetite;
  • Dor abdominal;
  • Febre e apatia (em casos complicados);
  • Lamúrias ou choros ao deitar;
  • Mudança de postura, tentando proteger a barriga.

Observação diária do tutor

Durante o dia a dia, o tutor pode observar alguns sinais importantes, como:

  • Note se o caroço muda de tamanho conforme o cão se movimenta;
  • Observe se o animal lambe frequentemente a região;
  • Repare se há assimetria visível na virilha ou abdômen;
  • Veja se o pet demonstra dor ou resistência ao toque;
  • Avalie se há sintomas sistêmicos: febre, fraqueza, falta de apetite.

Essas informações ajudam o veterinário a diferenciar uma hérnia simples de uma hérnia estrangulada, quando o conteúdo fica preso, interrompendo a circulação sanguínea.

Doenças como sinais semelhantes ao da hérnia inguinal 

Algumas condições podem ser confundidas com hérnias, pois também provocam caroços abdominais:

CondiçãoLocalização comumDiferença principal
Lipoma (tumor benigno de gordura)Subcutâneo, geralmente móvelCresce lentamente, não é doloroso nem muda de tamanho com esforço.
AbscessoQualquer parte do corpoDoloroso, quente e pode drenar secreção.
Nódulos mamáriosLinha mamária de fêmeasAssociados a glândulas mamárias; podem ser duros.
Prolapso vaginalRegião genital de fêmeasMassa rosada, úmida, visível no períneo, não na virilha.

Somente o exame clínico e, em alguns casos, ultrassonografia podem confirmar o diagnóstico e evitar erros.

Diagnóstico e exames indicados

O diagnóstico de hérnia em cães é realizado pelo médico-veterinário por meio de exame físico e exames complementares:

  1. Palpação da região abdominal: avalia consistência, dor e se é redutível.
  2. Ultrassonografia abdominal: determina o conteúdo herniado (intestino, gordura, bexiga).
  3. Radiografia contrastada: útil para avaliar obstruções intestinais.
  4. Exames laboratoriais: hemograma e bioquímica para avaliar infecção, anemia ou inflamação.

Esses exames ajudam a planejar o tratamento cirúrgico e evitar complicações anestésicas.

O que esperar do veterinário

Durante a consulta, o profissional irá:

  • Realizar anamnese detalhada (histórico, sintomas, tempo de evolução);
  • Avaliar se a hérnia é redutível ou presa;
  • Solicitar exames de imagem para confirmar o conteúdo herniado;
  • Indicar o tipo de cirurgia mais apropriado;
  • Avaliar necessidade de intervenção cirúrgica e fornecer orientações pré e pós-operatórias;
  • Avaliar necessidade de castração conjunta (em fêmeas, é comum realizar ambos os procedimentos para prevenir recidiva).

Quais são os tratamentos possíveis para hérnia inguinal em cães?

hernia inguinal cachorro

A cirurgia é o tratamento de escolha para a hérnia inguinal. O objetivo é recolocar os órgãos no local correto e fechar o anel inguinal com suturas resistentes. 

Nos casos congênitos, o veterinário pode reforçar a parede muscular com telas sintéticas ou suturas reforçadas. 

A cirurgia é relativamente segura e tem excelente prognóstico, especialmente quando realizada antes de ocorrerem complicações.

Avaliação pré-cirúrgica

Este passo é especialmente importante em cães idosos ou obesos. A anestesia deve ser conduzida por um profissional habilitado e acompanhada por exames pré-operatórios completos.

São cuidados essenciais para garantir que o procedimento ocorra sem riscos, especialmente em cães com condições pré-existentes que podem complicar a recuperação.

Cuidados pós-operatórios

Após a cirurgia, é fundamental seguir as orientações do veterinário para garantir uma recuperação tranquila e sem complicações. Os cuidados incluem:

  • Restrição de atividades por 15 a 30 dias: é importante evitar que o cão se movimente excessivamente para garantir que a ferida cicatrize adequadamente.
  • Uso de colar elizabetano: impede que o cão lamba ou fique mordendo a ferida, evitando infecções.
  • Controle rigoroso da ferida cirúrgica: A ferida deve ser mantida limpa e monitorada para sinais de infecção.
  • Uso de antibióticos e analgésicos prescritos: para prevenir infecções e controlar a dor.
  • Alimentação leve nas primeiras 48 horas: para garantir que o sistema digestivo se recupere bem após a anestesia e a cirurgia.
  • Retorno ao veterinário para remoção de pontos e revisão: O veterinário fará uma avaliação para garantir que a recuperação esteja ocorrendo como esperado.

Casos leves e redutíveis

Em machos jovens com hérnias pequenas e sem dor, pode ocorrer um fechamento natural com o desenvolvimento muscular. 

No entanto, mesmo nesses casos, a cirurgia é necessária para fechar a cavidade aberta. Isso é fundamental para evitar que os órgãos se desloquem novamente e causem complicações graves, como a estrangulação.

Embora o fechamento natural seja possível, a cirurgia garante que a cavidade inguinal seja adequadamente selada, prevenindo a recorrência do problema. 

O acompanhamento veterinário regular é essencial para monitorar a situação e garantir que a hérnia não se agrave com o tempo.

É possível curar hérnia sem cirurgia?

Na maioria dos casos, não. Hérnias verdadeiras envolvem falha estrutural da parede muscular, que não se regenera sozinha. Apenas pequenas hérnias redutíveis em filhotes machos podem se resolver espontaneamente.

Tentar “curar” com pomadas, massagens ou faixas compressivas não funciona e pode agravar o quadro. O tratamento definitivo é sempre cirúrgico, com exceção dos casos avaliados pelo veterinário como autocorretivos.

O que acontece se não tratar a hérnia inguinal no cachorro?

Ignorar ou adiar o tratamento da hérnia inguinal pode resultar em complicações graves. Inicialmente, uma hérnia pequena e redutível pode parecer estável, mas sem tratamento, ela tende a crescer e enfraquecer os tecidos ao redor. 

Com o tempo, isso pode levar a sérios problemas, como:

  • Estrangulamento do intestino ou de outros órgãos, o que interrompe o fluxo sanguíneo e pode causar necrose.
  • Dor intensa e inflamação, tornando o animal desconfortável e em sofrimento.
  • Infecção generalizada (peritonite), que ocorre quando o conteúdo intestinal vaza para a cavidade abdominal.
  • Necrose intestinal, com risco de falência do órgão afetado.

Complicações mais graves podem incluir

  • Obstrução intestinal: o intestino pode ser bloqueado devido ao crescimento ou prisão da hérnia.
  • Risco gestacional: fêmeas prenhas com hérnia podem sofrer deslocamento do útero.
  • Choque séptico: quando há rompimento de alças intestinais presas, pode ocorrer uma infecção generalizada, levando a um choque.

De acordo com o Journal of Veterinary Surgery (2019), a taxa de mortalidade em casos de hérnia inguinal não tratada pode ultrapassar 30%, destacando a importância de intervenção cirúrgica imediata em casos graves.

Prevenção: como evitar hérnias em cães

Veterinária examinando cachorro deitado na mesa, procedimento veterinário em andamento, animal de raça média com expressão tranquila, ambiente clínico.

Embora nem todas possam ser evitadas, algumas medidas reduzem bastante o perigo:

  • Controle de peso: previne sobrecarga muscular.
  • Evite esforços excessivos: nada de saltos altos ou corridas em filhotes.
  • Castração de fêmeas: reduz a chance de hérnias relacionadas à gestação.
  • Evite traumas: mantenha o cão em ambiente seguro, sem acesso a ruas movimentadas.
  • Acompanhamento veterinário regular: check-ups identificam alterações musculares ou nodulares precoces.
  • Alimentação equilibrada: fortalece músculos e tecidos.

Mitos e verdades sobre hérnia em cachorro

Muita desinformação atrasa o diagnóstico. Abaixo, o que é fato e o que é mito e o que é verdade quando o assunto é hérnia em cachorro.

  1. “Toda bolinha na barriga é hérnia.”
    Mito.
    Pode ser lipoma, abscesso, nódulo mamário ou aumento de linfonodo. Só o veterinário confirma com exame físico e, se necessário, ultrassom.

  2. “Dá para curar hérnia com massagem.”
    Mito perigoso.
    Pressionar pode lesionar alça intestinal e piorar o quadro. Tratamento definitivo é cirúrgico (salvas raras exceções em filhotes machos com hérnia umbilical pequena).

  3. “Faixa ou cinta resolve.”
    Mito.
    Pode mascarar, não corrige o defeito muscular e ainda eleva o risco de estrangulamento.

  4. “Cirurgia é sempre arriscada demais.”
    Meia-verdade.
    Toda cirurgia tem risco, mas hérnia sem correção pode ser muito mais arriscada (necrose/peritonite). Com avaliação pré-anestésica e técnica adequada, o prognóstico é excelente.

  5. “Hérnia inguinal é contagiosa.”
    Verdade:
    não é contagiosa. Não passa para outros pets nem para humanos.

  6. “A castração reduz recidiva em fêmeas.”
    Verdade.
    Em muitas fêmeas, a castração junto da herniorrafia diminui a influência hormonal sobre o anel inguinal e reduz a chance de retorno.

  7. “Hérnia sempre mata.”
    Mito.
    Mas ignorar pode sim levar a desfechos graves. Cirurgia no tempo certo salva vidas.

  8. “Dá para esperar ‘ver se cresce’.”
    Mito.
    Esperar é arriscado. Crescimento rápido, dor, vômito ou febre pedem veterinário imediato.

  9. “Uma vez operado, nunca mais volta.”
    Meia-verdade. A taxa de recidiva é baixa com técnica correta e bom pós-op — mas existe, especialmente se persistirem fatores de risco (obesidade, esforço, defeito congênito amplo).

Perguntas frequentes (FAQ)

1- Hérnia inguinal pode inflamar ou aumentar com o tempo?

Sim. O caroço pode crescer à medida que mais tecido herniado atravessa o anel inguinal, especialmente se houver esforço físico, tosse ou aumento de peso. Inflamações e dor surgem quando há compressão dos órgãos.

2- Como saber se a hérnia inguinal é uma emergência?

Se o caroço fica duro, quente, dolorido, muda de cor ou não retorna à posição ao toque, pode haver estrangulamento do órgão. Vômitos, apatia e falta de apetite são sinais de alerta e exigem atendimento imediato.

3- Hérnia inguinal é sempre visível?

Não. Em alguns casos, a hérnia é interna e não forma um caroço aparente. O veterinário só detecta por palpação ou ultrassonografia abdominal.

4- Meu cachorro só tem um pequeno abaulamento na virilha. Precisa operar?

Na maioria dos casos, sim, pois mesmo hérnias pequenas podem prender o intestino. A avaliação veterinária define urgência e risco individual.

5- Fêmeas têm mais hérnia inguinal que machos?

Sim. Alterações hormonais e gestações aumentam a incidência de fêmeas adultas.

6- Hérnia inguinal pode voltar depois da cirurgia?

Pode, mas é raro quando o procedimento é feito corretamente e o tutor segue o pós-operatório à risca.

7- Hérnia pode aparecer de um lado só?

Sim. No entanto, alguns cães desenvolvem hérnia bilateral, mesmo que em períodos diferentes da vida.

A hérnia inguinal em cachorro é uma condição que requer atenção e tratamento veterinário imediato. Quanto mais cedo o tutor identifica o problema e busca ajuda, maiores são as chances de correção completa e sem sequelas.

Ignorar o caroço ou tentar “resolver em casa” pode transformar um quadro simples em uma emergência cirúrgica grave.

Veterinário interagindo com cachorro no consultório veterinário. Foto de um profissional de saúde animal brincando com um cão de grande porte, evidenciando cuidado e atenção ao bem-estar do pet.

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