
Um cachorro babando pode ser algo totalmente normal em várias situações do dia a dia. Porém, quando a salivação é excessiva ou vem acompanhada de outros sintomas, pode ser sinal de que a saúde do pet está em risco.
A seguir, a médica-veterinária Joyce Lima (CRMV-SP 39824), da Educação Corporativa da Cobasi, explica as causas mais comuns, os sinais de alerta e quando procurar ajuda especializada.
A médica-veterinária Joyce Lima explica: “A baba é um comportamento natural nos cães e, na maioria dos casos, está relacionada a situações fisiológicas, que não indicam nenhum problema de saúde.
Inclusive, a saliva exerce funções essenciais para o organismo, como lubrificar a boca, facilitar a deglutição dos alimentos, ajudar a remover bactérias, regular o pH estomacal e auxiliar no resfriamento do corpo”.
Essas funções explicam por que é comum observar cachorro salivando muito em situações do dia a dia, como:
Nesses casos, a salivação faz parte da fisiologia canina. Ou seja, ajuda o organismo a funcionar corretamente e não deve ser motivo de preocupação quando ocorre em situações previsíveis, como ao sentir cheiro de comida, brincar ou se refrescar no calor.
O alerta só começa quando a baba aparece em contextos inesperados ou de forma exagerada, o que será explicado a seguir.
Em alguns casos, a salivação vai além do esperado. Segundo um guia elaborado pela Waggle, referência em bem-estar animal, a produção de saliva pode ser intensificada por fatores cotidianos e também por condições clínicas:
Esse conjunto de fatores mostra que a baba pode variar de intensidade de acordo com o ambiente, a rotina e a saúde do animal.
Enquanto enjoo ou problemas dentários costumam ser solucionados com acompanhamento clínico simples, intoxicações e infecções exigem atendimento imediato.
O segredo está em saber diferenciar a sialorreia canina circunstancial daquela que indica um problema de saúde.
“Algumas raças têm predisposição natural à hipersalivação devido à anatomia dos lábios. Cães com lábios inferiores mais soltos e caídos acumulam mais saliva, que pode escorrer ou até espirrar quando eles se chacoalham”, explica Joyce Lima.
Entre as principais raças que babam muito estão:
A salivação deixa de ser apenas fisiológica quando aparece de forma repentina, em excesso ou junto de outros sintomas. Em situações assim, o tutor deve considerar a sialorreia em cães como um possível sinal de problema de saúde.
Entre os sinais de alerta mais comuns estão:
Além da salivação excessiva, fique atento se o cão apresentar:
Identificar esses sintomas ajuda precocemente a diferenciar a baba fisiológica daquela que indica condição clínica séria. Se notar um ou mais desses sinais, a recomendação é procurar atendimento veterinário imediato.
Quando a salivação vem acompanhada de outros sinais clínicos, a sialorreia canina pode indicar diferentes problemas de saúde, como:
Doenças como gastrite, pancreatite, esofagite, úlceras gástricas ou obstruções por corpo estranho podem causar náusea e levar o cão a salivar em excesso. Normalmente, vêm acompanhadas de vômito, diarreia, perda de apetite ou dor abdominal.
A doença periodontal (tártaro, gengivite, estomatite) está entre as causas mais comuns de baba gosmenta e mau hálito. Além disso, lesões, infecções, tumores na boca ou objetos presos entre os dentes também podem provocar hipersalivação.
O contato com plantas tóxicas, alimentos proibidos, produtos químicos de limpeza, medicamentos ou secreções de sapos pode causar cachorro babando de repente, muitas vezes com espuma na boca, tremores, vômito e diarreia. Trata-se de uma urgência veterinária.
Doenças que afetam o sistema nervoso, como epilepsia, convulsões, traumas ou alterações nos nervos ligados às glândulas salivares, podem gerar hipersalivação. Nesses casos, o cão também pode apresentar tremores, pupilas desiguais, dificuldade para engolir ou perda de equilíbrio.
Infecções graves, como raiva, cinomose e tétano, têm a baba excessiva entre os sintomas. Normalmente, estão associadas a apatia, febre, dificuldade de andar e alterações no comportamento. São quadros sérios que exigem intervenção veterinária imediata.
Ferimentos na boca, choques elétricos ao morder fios ou queimaduras químicas podem irritar a mucosa oral e causar salivação intensa, geralmente acompanhada de sangramento, dor e tentativas de levar as patas à boca.
Alguns fármacos usados no tratamento de doenças podem provocar salivação excessiva como reação adversa. Nesses casos, a avaliação veterinária é fundamental para ajustar a dose ou trocar o medicamento.
Em cenários mais comuns, como quando o cachorro está com calor, ansiedade momentânea ou pertence a uma raça predisposta, medidas simples como oferecer água fresca, manter o ambiente ventilado e observar o comportamento já podem ajudar.
Mas se a salivação vier acompanhada de outros sintomas, a conduta deve ser diferente: sinais como vômito, diarreia, tremores, dificuldade para engolir ou apatia exigem que o pet seja levado imediatamente ao veterinário.
Alguns sinais que merecem atenção são: mau hálito persistente, coçar insistentemente a boca, sangramento, inchaço ou recusa alimentar. Nessas condições, a baba deixa de ser fisiológica e pode indicar uma doença que precisa de diagnóstico.
A especialista Joyce Lima reforça: “Se você notar alguma alteração de salivação do seu cachorro — seja de forma excessiva ou além do normal — é hora de ligar o sinal de alerta e procurar um veterinário”.
De modo geral, a salivação excessiva requer atendimento de emergência quando o cão apresenta:
Nessas situações, ligue para uma clínica veterinária de emergência antes de sair de casa para garantir atendimento rápido e adequado.
No consultório, o tratamento vai depender da causa diagnosticada pelo veterinário. Entre as condutas mais comuns estão:
Somente o veterinário pode definir o tratamento adequado. Por isso, não adie a consulta diante da salivação anormal.
Se você é tutor de um cão babão, saiba que existem cuidados específicos para esse grupo de raças. Medidas simples de prevenção ajudam a evitar desconfortos e manter a saúde do pet em dia:
Esses cuidados não eliminam totalmente a baba em cães predispostos, mas ajudam a reduzir incômodos e preservar o bem-estar do pet.
Se houver mudança no padrão da salivação ou surgirem sintomas associados, o tutor deve procurar avaliação veterinária imediatamente.
Se você é tutor de cachorro que babam muito, é fundamental manter uma rotina de higiene nessa região. A limpeza frequente do queixo, pescoço e cantos da boca ajuda a prevenir dermatites por umidade, mau cheiro e inflamações.
O uso de bandanas é uma medida prática para cães muito babões. Além de reter o excesso de saliva, esses acessórios protegem a pele do animal contra a umidade constante, reduzem o risco de irritações e mantêm o pet mais confortável.
Sim, os cães podem babar ao ver ou sentir o cheiro de algo apetitoso, como se o organismo estivesse se preparando para a refeição.
A veterinária Joyce Lima explica: “A salivação ocorre como um resultado do estímulo do Sistema Nervoso Autônomo, o qual pode acontecer como um reflexo quando o animal sente o cheiro ou vê algo que o agrada”.
A salivação noturna pode acontecer por fome, calor ou ansiedade. Porém, se for recorrente e vier acompanhada de tremores, respiração alterada ou apatia, pode indicar doença. Nesse caso, procure avaliação veterinária.
A baba transparente está geralmente ligada à hipersalivação fisiológica, quando o cão produz muita saliva diluída para resfriar o corpo ou diante de náusea leve.
Mas, se o líquido for persistente, em grande volume ou vier junto de vômito, falta de apetite ou apatia, pode indicar intoxicação ou doença gastrointestinal.
Sim, a espuma na baba está associada a quadros de enjoo, intoxicação ou distúrbios neurológicos. É sempre um sinal de alerta e exige consulta veterinária imediata.
Esse quadro geralmente indica desconforto ou dor. Pode estar relacionado a problemas dentários, inflamações na boca ou doenças gastrointestinais. O veterinário deve investigar para definir a causa.
A baba normal aparece em situações previsíveis, como excitação, calor ou expectativa por comida, e passa rápido.
A baba preocupante é persistente, abundante e associada a outros sintomas, como dificuldade para engolir, mau hálito ou alterações de comportamento.
Sim, muitos casos de intoxicação começam com baba abundante. Plantas tóxicas, produtos de limpeza e alimentos como chocolate e xilitol estão entre os principais vilões. Diante da suspeita, procure imediatamente atendimento veterinário.
Agora que você já sabe quando a baba do cachorro é apenas um comportamento natural e quando pode ser sinal de alerta, fica mais fácil cuidar da saúde e do bem-estar do seu pet.
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Formada pela USP, Joyce possui especializações em Medicina Veterinária Preventiva e um MBA em Liderança de Alta Performance. Apaixonada por sua gata, Mia, ela reflete todo o carinho e dedicação que tem por ela em sua prática profissional.
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