
Se o seu cachorro está mais quieto, parece triste, perdeu o apetite ou já não demonstra interesse pelas atividades de sempre, é bom ficar atento. Assim como os humanos, os cães também podem sofrer de depressão.
Como apontado por Coren (2016), publicado na Psychology Today, os cães são capazes de vivenciar tristeza profunda e até estados depressivos, especialmente após perdas afetivas ou mudanças drásticas na rotina.
Os sinais mais comuns incluem apatia, isolamento, alterações no sono e no apetite, irritabilidade e perda de interesse por atividades que faziam parte da rotina.
O mais importante é saber que esses comportamentos não devem ser ignorados. Observar os sintomas e buscar ajuda profissional o quanto antes faz toda a diferença.
Neste guia, você vai entender mais sobre os principais sintomas da depressão canina, suas possíveis causas e o que fazer para cuidar da saúde mental do seu amigo.
Este conteúdo foi desenvolvido com base em estudos científicos e na colaboração da médica-veterinária Joyce Lima (CRMV-SP 39824). Confira!
De acordo com estudos sobre transtornos mentais em animais, os sinais depressivos podem ser classificados em quatro grupos: cognitivos, afetivos, comportamentais e físicos (Association, 2014; Brandão & Graeff, 2014).
Essas manifestações estão relacionadas ao funcionamento mental. Um cachorro com depressão tende a demonstrar menor engajamento com o ambiente, dificuldade para responder a estímulos e perda de interesse em aprender ou interagir.
Entre os sinais cognitivos mais comuns estão:
Essas alterações costumam ser sutis e, muitas vezes, confundidas com cansaço, distração ou envelhecimento. No entanto, refletem uma desconexão do pet com o que acontece ao seu redor.
As emoções dos cães são perceptíveis na postura corporal, no olhar e nas reações diante de situações do dia a dia. Quando o equilíbrio emocional está comprometido, o pet pode apresentar:
Esses comportamentos indicam que o animal está emocionalmente fragilizado — e precisam ser observados com atenção, principalmente se surgirem de forma persistente.
Este é, geralmente, o grupo de alterações mais fácil de perceber no cotidiano. A depressão interfere diretamente na disposição do animal para interagir, brincar e manter sua rotina.
Portanto, é comum que o pet apresente:
Essas atitudes revelam desconforto emocional e podem surgir após mudanças na rotina ou situações de solidão prolongada.
Quando a depressão persiste, o corpo do pet também começa a responder. Assim como nos humanos, a saúde emocional impacta diretamente o funcionamento do organismo.
Entre as manifestações físicas mais comuns estão:
Essas mudanças costumam se intensificar aos poucos, especialmente quando o pet está emocionalmente desassistido. Ou seja, sem atenção, estímulos ou vínculo afetivo com o tutor.
Compreender essas alterações é essencial para que o tutor consiga identificar a depressão com mais clareza e buscar ajuda profissional no momento certo.
Quanto mais precoce for a intervenção, maiores são as chances de recuperação e bem-estar para o animal.
A depressão em cães pode ser confundida com momentos de tristeza passageira, mas existem diferenças importantes entre uma alteração emocional pontual e um quadro depressivo persistente.
Um cachorro triste pode demonstrar sinais de desânimo ou isolamento após uma mudança repentina, como a ausência momentânea do tutor, um susto ou a perda de algo com valor afetivo.
Esses comportamentos geralmente são temporários e desaparecem sozinhos, sem necessidade de intervenção clínica.
Apresenta um conjunto de sintomas persistentes, que duram semanas ou meses, como apatia, perda de apetite, alterações no sono, isolamento e comportamentos repetitivos.
Nesse caso, o quadro compromete o bem-estar físico e emocional do pet, exigindo atenção veterinária e tratamento adequado.
A depressão canina é um distúrbio multifatorial que pode surgir a partir de experiências emocionais negativas, ambientes desfavoráveis ou até mesmo condições clínicas subjacentes.
A seguir, conheça os gatilhos mais comuns associados à depressão canina:
A ausência repentina de alguém com quem o cão tinha um vínculo forte — seja um tutor, outro pet ou uma figura constante na rotina — pode provocar um profundo sentimento de abandono emocional.
Essa ruptura costuma gerar tristeza, insegurança e desmotivação no animal.
Cães são animais que valorizam previsibilidade. Mudanças no dia a dia, como trocas nos horários de alimentação e passeio, podem gerar confusão e estresse.
Eventos maiores, como mudança de casa, chegada de um bebê ou de outro animal de estimação, também causam desorientação emocional e aumentam o risco de comportamentos depressivos.
Estudos mostram que a exposição prolongada ao estresse, ao isolamento social ou à falta de estímulo pode gerar alterações comportamentais e fisiológicas severas, comprometendo o bem-estar geral do animal (Murray et al., 2009; Sapolsky, 2007, 2016).
Alguns casos de depressão em cães têm origem em problemas de saúde que causam dor crônica, desconforto ou alterações hormonais. Exemplos incluem:
Essas condições não só afetam o corpo do animal, como interferem diretamente no humor, na energia e na disposição, contribuindo para quadros depressivos.
Segundo a veterinária Joyce Lima: “normalmente cães deprimidos são cães que estão com dor, cansados e que não têm fôlego para brincar”.
Cães não demonstram tristeza como os humanos, mas seus comportamentos mudam de forma perceptível quando algo está errado.
Reconhecer os fatores de risco e manter uma rotina equilibrada, rica em estímulos e afeto, é a melhor forma de prevenir o surgimento da depressão.
Sim, a depressão em cachorro tem cura e pode ser revertida na grande maioria dos casos. Especialmente quando os sinais são identificados precocemente e o pet recebe o cuidado adequado.
A depressão canina exige uma abordagem multifatorial e personalizada. O tratamento deve considerar o contexto emocional do pet, sua rotina, ambiente e possíveis causas clínicas.
“O tratamento para quadros depressivos consiste em mudanças na rotina e no ambiente do animal, podendo ser ou não combinado ao tratamento medicamentoso, dependendo da causa”, explica Joyce Lima.
Abaixo, explicamos as principais estratégias recomendadas para ajudar um cão com depressão.
Proporcionar um ambiente mais interessante é fundamental para estimular o bem-estar emocional do pet.
De acordo com a Psychology Today (Coren, 2016), terapias comportamentais, aumento da atividade física e socialização com outros cães têm mostrado bons resultados na melhora de quadros depressivos.
Entre as ações recomendadas incluem:
Esses estímulos ajudam a reduzir o tédio, a ansiedade e devolvem ao cão o interesse pelo ambiente ao redor.
O acompanhamento com adestradores positivos ou especialistas em comportamento canino pode auxiliar na recuperação emocional do cão.
Esses profissionais identificam padrões de comportamento prejudiciais e propõem mudanças estruturais na rotina, com reforços positivos e previsibilidade.
Uma rotina equilibrada, com horários definidos para alimentação, sono, passeios e interação, reconstroi a sensação de segurança emocional.
Nos casos mais graves ou resistentes à terapia comportamental, o médico-veterinário pode recomendar o uso de remédios específicos para depressão em cães, como:
A automedicação é extremamente perigosa e contraindicada. Jamais ofereça remédios humanos, isso pode agravar o quadro ou causar intoxicações. Consulte um veterinário!
Muitos cães deprimidos melhoram significativamente quando recebem mais atenção, carinho e presença ativa do tutor.
Entre as ações que fazem a diferença incluem:
Estudo da National Institutes of Health (NIH, 2019) mostrou que cães com vínculos afetivos consistentes apresentam menores índices de distúrbios comportamentais e emocionais.
A melhor forma de lidar com a depressão canina é atuar de forma preventiva, criando um ambiente equilibrado, seguro e emocionalmente saudável para o pet.
Cães são naturalmente empáticos e sensíveis ao estado emocional dos humanos. Quando o tutor demonstra melancolia, estresse ou ansiedade constantes, o animal pode interpretar o ambiente como inseguro — o que favorece o surgimento de sintomas depressivos.
Ou seja, cuidar de si também é cuidar do seu pet. Mudanças positivas no comportamento e na energia emocional do tutor podem ter um efeito direto e benéfico sobre o humor e o bem-estar do animal.
Neste contexto, boas práticas para prevenir a depressão em cães estão:
1. Mantenha uma rotina estável, com a alimentação, passeios e momentos de descanso devem seguir um ritmo tranquilo e confiável.
2. Evite deixar o cão longos períodos de solidão. Passar muitas horas sozinho pode gerar ansiedade e apatia. Sempre que possível, deixe brinquedos interativos, enriquecimento ambiental e, se necessário, conte com cuidadores ou passeadores.
3. Proporcione estímulos físicos e mentais. Além de se exercitar, o seu amigo precisa de estímulo mental diário. Brincadeiras, comandos positivos, exploração olfativa e atividades novas ajudam a manter o cérebro ativo e previnem o tédio.
4. Faça check-ups veterinários regulares. Exames periódicos ajudam a detectar precocemente doenças que podem causar dor ou desconforto — fatores que também contribuem para a depressão em cães.
5. Observe mudanças no comportamento. Apatia, agressividade repentina, alterações no apetite ou sono podem ser sinais de que algo não vai bem. Quanto antes a intervenção, maiores as chances de reversão.
A depressão canina é uma condição real e merece atenção, cuidado e respeito. O bem-estar emocional do pet depende diretamente do olhar atento do tutor, de uma rotina saudável e de interações positivas.
Embora a depressão e o desamparo aprendido apresentem comportamentos parecidos nos cães — como apatia, falta de reação e desânimo — os dois quadros têm origens, significados e tratamentos diferentes.
Enquanto a depressão é um estado emocional mais amplo, que pode ter várias causas (inclusive físicas), o desamparo aprendido é um comportamento condicionado, que surge após o animal vivenciar experiências negativas repetidas das quais ele não pôde escapar.
Compreender essa diferença é essencial para um diagnóstico mais preciso e para definir a melhor forma de ajudar o pet.
O conteúdo te ajudou? Se quiser entender mais sobre o bem-estar emocional dos pets? Leia também nosso artigo sobre Ansiedade por separação em cães. Até a próxima!
Referências técnicas
Formada pela USP, Joyce possui especializações em Medicina Veterinária Preventiva e um MBA em Liderança de Alta Performance. Apaixonada por sua gata, Mia, ela reflete todo o carinho e dedicação que tem por ela em sua prática profissional.
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