

A toxoplasmose ocular, popularmente conhecida como doença do gato no olho, é uma manifestação da infecção causada pelo protozoário Toxoplasma gondii.
A doença é uma das zoonoses mais comuns do mundo: estima-se que até um terço da população humana já tenha tido contato com o parasita, segundo a CRMV-SP.
O nome popular da doença se difundiu porque os gatos são os hospedeiros definitivos do protozoário. Essa associação, porém, levou ao mito de que eles seriam os principais responsáveis pela transmissão.
No entanto, é essencial esclarecer: os gatos não são os vilões da transmissão. A infecção em humanos ocorre, na maioria das vezes, pelo consumo de água ou alimentos contaminados, e não pelo simples contato com o animal.
Com informação correta e medidas simples de higiene, é possível prevenir a toxoplasmose sem afastar os felinos da convivência.
Neste artigo, você vai entender como a toxoplasmose ocular se manifesta nos gatos, de que forma ocorre a infecção, quais fatores aumentam o risco e como proteger tanto os animais quanto a família.
Na maioria dos casos, gatos infectados pelo Toxoplasma gondii não apresentam sinais clínicos. Por isso, a toxoplasmose é considerada uma doença silenciosa.
No entanto, quando o sistema imunológico está comprometido, como em filhotes, idosos ou animais com FeLV (leucemia felina) ou FIV (imunodeficiência felina), o parasita pode se multiplicar e provocar manifestações clínicas.
Os sintomas variam conforme o local afetado. Quando a infecção atinge os olhos, os sinais ficam mais evidentes e podem comprometer seriamente a visão.
Já nos casos sistêmicos, outros órgãos como pulmões, fígado e sistema nervoso central também podem ser impactados.
Quando o T. gondii se instala nos olhos, surgem inflamações graves e dolorosas, facilmente confundidas com outras doenças oculares. Os sinais mais comuns são:
A toxoplasmose não fica restrita aos olhos e pode afetar outros órgãos do gato. Os sinais variam conforme a região atingida, mas em geral indicam que a doença está avançando e exigem avaliação veterinária rápida. Entre eles estão:

Embora o foco seja nos gatos, a toxoplasmose também preocupa em saúde pública. Em humanos, o quadro clínico costuma ser leve ou assintomático, mas pode se tornar grave em grupos vulneráveis, como gestantes e imunossuprimidos. Os sintomas incluem:
A retinite toxoplásmica é a manifestação ocular mais frequente. Estudos estimam que 30% a 60% dos pacientes apresentam lesões na retina, com risco de perda progressiva da visão e, em alguns casos, cegueira.
A toxoplasmose ocular é assintomática na maioria dos gatos, mas quando os sintomas aparecem, especialmente nos olhos, exigem atenção imediata. Qualquer sinal de olho vermelho, secreção ou sensibilidade à luz deve motivar uma consulta veterinária.
| Estágio da doença ocular | Sintomas em gatos | Possíveis consequências |
| Iniciais | Olho vermelho, secreção, fotofobia, visão turva | Desconforto ocular, risco de progressão |
| Avançados | Uveíte, retinocoroidite, dor intensa, perda de visão | Cicatrizes na retina, cegueira parcial ou total |
| Sistêmicos associados | Febre, linfonodos aumentados, sinais neurológicos, abortamentos | Acometimento generalizado, agravado em felinos imunossuprimidos |
A toxoplasmose ocular é uma consequência da infecção do gato pelo protozoário Toxoplasma gondii. A doença não surge apenas pela presença do parasita, mas pela forma como ele se instala e se multiplica no organismo felino.
Os gatos se infectam principalmente ao:
No organismo do gato, o Toxoplasma gondii se multiplica como taquizoítos (fase ativa), alcançando o sistema nervoso central e os olhos.
Quando o sistema imunológico reage, parte dos parasitas entra em repouso e forma cistos teciduais, que são pequenas “bolsas” microscópicas com parasitas adormecidos alojadas em músculos e órgãos, geralmente sem sintomas.
Se houver queda na imunidade, esses cistos podem se reativar, liberando parasitas e provocando inflamações oculares como uveíte e retinocoroidite.
Por causa dessa reativação em períodos de baixa imunidade, a toxoplasmose ocular é considerada uma das doenças oculares mais graves em gatos. Após a infecção, o pet também pode eliminar milhões de oocistos nas fezes por até duas semanas.
Nesse período, ainda não são infectantes: precisam passar pela esporulação, que leva alguns dias no ambiente. Concluída essa etapa, tornam-se altamente resistentes, com capacidade de sobreviver por meses em solo úmido ou água.
Os sinais oculares da toxoplasmose são semelhantes aos de outras doenças felinas, como:
Por serem doenças com sintomas semelhantes, somente exames laboratoriais conseguem confirmar se o problema ocular é realmente causado pela toxoplasmose. É nesse ponto que o diagnóstico veterinário se torna fundamental.

De acordo com o Cornell Feline Health Center, o diagnóstico da toxoplasmose em gatos combina três pontos: o histórico clínico, os sinais apresentados e os exames laboratoriais.
Isso significa que o veterinário avalia não apenas os sintomas, mas também recorre a testes específicos para confirmar a doença.
Entre os exames mais utilizados estão:
Exame de sangue que mede os anticorpos do gato contra o Toxoplasma gondii:
Analisa a presença de oocistos do parasita. Porém, não é considerado totalmente confiável, pois os oocistos são eliminados por curto período e podem se parecer com os de outros parasitas.
Consiste na análise de tecidos ao microscópio, indicada em casos mais complexos. Permite identificar lesões características e a presença direta do protozoário.
A toxoplasmose ocular não tem cura definitiva, pois o protozoário Toxoplasma gondii pode permanecer dormente no organismo do gato ao longo da vida.
O tratamento atua no controle da infecção ativa e no alívio dos sintomas, mas não elimina completamente o parasita. Quando diagnosticada precocemente e tratada, a doença pode ser controlada com sucesso, evitando a progressão das lesões oculares.
Muitos gatos voltam a ter qualidade de vida e preservam a visão, mas há risco de recorrência, principalmente em animais imunossuprimidos.
A toxoplasmose ocular em gatos não têm um tratamento curativo. Os medicamentos disponíveis não eliminam o protozoário em sua forma dormente (cistos), mas agem sobre a fase ativa do parasita (taquizoítos).
O objetivo é controlar a multiplicação do protozoário, reduzir a inflamação e preservar a visão do animal. De modo geral, as estratégias de tratamento incluem:
Usados para impedir que o protozoário continue se multiplicando. São a base do tratamento e costumam ser combinados entre si para aumentar a eficácia.
Incluído para proteger o organismo contra os efeitos colaterais dos antiparasitários e manter a produção normal de células sanguíneas.
Ajudam a reduzir a inflamação nos olhos, aliviar a dor e prevenir danos permanentes nas estruturas oculares.
Dependendo da gravidade, o veterinário pode indicar analgésicos, fluidoterapia (soro), antibióticos de suporte e até internação, especialmente quando outros órgãos como fígado ou pulmões estão comprometidos.
A duração desses tratamentos costumam durar algumas semanas, mas podem variar de acordo com a gravidade do quadro e a resposta do animal. Em alguns casos, novos ciclos podem ser necessários devido ao retorno da doença.
Quando a doença é identificada precocemente, a resposta ao tratamento tende a ser positiva. Nesses casos, a inflamação ocular pode ser controlada e a visão preservada.
Já quando existem lesões oculares instaladas, como cicatrizes na retina ou danos no nervo óptico, essas sequelas são irreversíveis. O tratamento ainda pode impedir a progressão da doença, mas não recupera a visão perdida.
Nos quadros de comprometimento sistêmico, em que fígado, pulmões ou sistema nervoso central são atingidos, a evolução costuma ser mais grave e o prognóstico, mais reservado.
A prevenção da toxoplasmose ocular envolve duas frentes principais: reduzir a exposição do gato ao parasita e adotar medidas de higiene para evitar a transmissão a humanos.
O Ministério da Saúde e o CRMV-SP destacam que medidas simples já são eficazes na proteção de animais e pessoas:
| Para os gatos | Para os tutores |
| Oferecer apenas ração, enlatados ou alimentos bem cozidos (nunca carne crua). | Cozinhar bem carnes suína, ovina e de caça (mínimo de 67 °C). |
| Remover as fezes da caixa de areia diariamente para evitar a esporulação dos oocistos. | Evitar carne crua, mal cozida e leite não pasteurizado. |
| Usar luvas ao limpar a caixa de areia e lavar as mãos em seguida. | Lavar frutas e vegetais antes do consumo. |
| Evitar que o gato tenha acesso a criações de animais de produção e depósitos de ração. | Evitar consumo de água não tratada ou não filtrada. |
| Manter consultas regulares, vacinação em dia e atenção a filhotes ou gatos imunossuprimidos (FeLV e FIV). | Usar luvas na jardinagem e cobrir tanques de areia infantil. |
Embora qualquer pessoa possa contrair toxoplasmose, alguns grupos precisam redobrar os cuidados devido ao maior risco de complicações:
O CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) reforça que não é necessário evitar a convivência com gatos. Medidas simples de higiene, como as descritas acima, são suficientes para prevenir a infecção.

Não, o parasita não se transmite pelo contato com o pelo, arranhões ou lambidas. O risco real está nos oocistos eliminados nas fezes, que se tornam infecciosos após alguns dias no ambiente.
A toxoplasmose é considerada endêmica no mundo todo, o que significa que está presente de forma constante em diferentes regiões.
Nos gatos, a prevalência varia bastante. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 10% e 15% dos felinos carregam o parasita responsável pela infecção.
Essa variação depende de fatores como idade, ambiente e estilo de vida. Animais com acesso à rua ou que têm hábito de caçar roedores e aves correm mais risco de se infectar, já que o protozoário pode estar presente em presas contaminadas ou no solo (Dubey et al., 2012).
Sim, os gatos que consomem carne crua ou vísceras mal passadas têm risco significativamente maior de infecção. Mesmo gatos criados apenas em apartamento podem estar expostos se recebem esse tipo de alimentação (Lopes et al., 2008).
De acordo com a FAO/OMS, o T. gondii está entre os dez principais agentes transmitidos por alimentos no mundo. Essa relevância global reforça a importância da higiene no manejo dos gatos e da segurança alimentar para tutores e sociedade.
Quando um gato apresenta sinais como olhos vermelhos, secreção, dor ou sensibilidade à luz, o veterinário provavelmente iniciará a consulta com um exame clínico detalhado, avaliando o estado geral do animal e o histórico de saúde.
Se houver suspeita de toxoplasmose ocular, o profissional pode solicitar exames específicos. Então, o tutor deve estar preparado para uma avaliação completa, já que muitas vezes, os sintomas oculares podem estar ligados a outras doenças.
Diante da preocupação com a saúde ocular do gato, é normal que o tutor chegue à clínica com muitas dúvidas. Para aproveitar melhor a consulta, algumas perguntas podem ajudar:
Preparar perguntas ajuda a compreender o quadro com clareza, participar do plano de tratamento e garantir os melhores cuidados ao gato.
Embora os gatos eliminem oocistos, a infecção em humanos acontece, na maioria das vezes, por outras vias:
Isso mostra que o contato direto com o gato não é a principal via de transmissão. O risco real está no ambiente contaminado e nos alimentos de origem animal mal preparados.

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