
Gengiva avermelhada e inchada, mau hálito persistente e salivação excessiva são sintomas clássicos da gengivite em gatos: a segunda doença oral mais comum em felinos.
Geralmente, essa inflamação é causada pelo acúmulo de placa bacteriana nos dentes do animal. No entanto, estudos indicam que fatores genéticos, doenças pré-existentes e desequilíbrios imunológicos também podem desencadear a condição.
Se não for tratada da maneira correta, a gengivite pode evoluir para a periodontite felina, doença bucal grave que gera problemas cardíacos, renais e neurológicos em pets.
Para te ajudar a identificar, tratar e prevenir a inflamação na gengiva do gato, elaboramos este guia completo com orientação do médico-veterinário Marcelo Tacconi (CRMV – 44031). Acompanhe!
Segundo o doutor Tacconi, a gengivite felina nada mais é do que uma inflamação das gengivas do gato, que pode gerar sangramento, lesões e até perda dentária.
Em estágios iniciais, a condição é reversível e tratável com limpezas profissionais e terapia medicamentosa. Mas quando atinge níveis mais graves, pode evoluir para a periodontite — doença irreversível que compromete a saúde bucal e sistêmica do felino.
Alguns gatos apresentam gengivite recorrente. Nestes casos, a doença é chamada de complexo gengivite estomatite felina (CGEF) ou estomatite felina intratável e requer atenção redobrada.
Na maioria das vezes, a gengivite felina é provocada por uma resposta imunológica exagerada ao aumento da placa bacteriana nos dentes dos gatos.
No entanto, ela é uma doença multifatorial e pode ser desencadeada por diversos motivos, incluindo:
Gatos são mestres em esconder dores e desconfortos. Por isso, pode ser difícil notar os primeiros sinais de inflamação na gengiva.
A seguir, confira os 10 sintomas que acendem o alerta para a gengivite:
Gengivas avermelhadas e inchadas (hiperemia) são sinais clássicos de inflamação em felinos, aparecendo mesmo nos graus mais leves da condição.
A gengiva dos gatos saudáveis possui um tom rosa-claro, sem manchas vermelhas ou brancas. Além disso, apresenta textura firme, bem rente aos dentes.
A halitose costuma aparecer em todos os graus da inflamação. É caracterizada pelo odor ruim na região bucal do animal, aquele bafinho do gato.
Mas atenção: nem sempre o mau hálito é sinal de gengivite. Às vezes, a condição pode indicar falta de escovação ou doenças no fígado.
Gatos com gengivite podem apresentar salivação excessiva. Geralmente, a saliva é espessa, com resquícios de sangue e mau cheiro.
Em estágios mais graves, a gengivite gera desconforto ou sensibilidade ao toque. Por isso, o momento da alimentação costuma gerar dor na cavidade oral dos felinos.
Nesse cenário, o gato pode apresentar relutância ao se alimentar, preferir ração úmida ao invés da seca — mais fácil de ingerir — ou apresentar falta de apetite.
Como as lesões causadas pela inflamação na gengiva dificultam a alimentação do felino, alguns pets costumam comer menos, apresentando perda de peso brusca.
O desconforto e o estresse causados pela gengivite podem reduzir o consumo de líquidos do gato, gerando quadros de desidratação.
Em estágios avançados, a gengiva inflamada apresenta sangramentos frequentes. Atente-se a pingos de sangue na pelagem, potes de alimentação ou brinquedos do gato.
Gatos adoram limpeza. Por isso, fazem a auto-higienização de seus pelos, lambendo a própria pelagem.
Felinos com gengivite podem parar de se limpar devido ao incômodo na região da boca. Sem a higienização correta, muitos pets apresentam pelagem seca e seborreia, conhecida como caspa felina.
Em estágios avançados de gengivite, gatos podem apresentar úlceras, feridas, lesões e bolhas em toda a região bucal.
Se não for tratada rapidamente, a gengivite pode causar a queda de um ou vários dentes do gato. Pesquisas apontam que os riscos de perda dentária são ainda maiores nos incisivos do pet.
Aspecto da gengiva | Gato saudável | Gato com gengiva inflamada |
Cor | Rosa-claro, sem manchas | Avermelhada, com manchas esbranquiçadas |
Textura | Firme, sem feridas | Inchada, mole e com feridas |
Contorno | Uniforme, bem rente aos dentes | Irregular, com bolsas e espaços entre os dentes |
Hálito | Sem odor | Mau hálito persistente |
Sensibilidade | Não apresenta dor ou desconforto ao toque | Apresenta dor ou desconforto ao toque |
A gengivite em gatos pode ser confundida com outras doenças e condições que apresentam sintomas semelhantes, como:
A gengivite pode atingir felinos em todas as fases da vida, machos ou fêmeas. No entanto, pesquisadores apontam que alguns grupos podem ser mais suscetíveis à inflamação.
Em geral, as predisposições estão relacionadas à idade, genética, condições de saúde pré-existentes e fatores ambientais, como acesso à rua.
Grupos com predisposição à gengivite em gatos:
Idade | Raças | Condições de saúde pré-existentes | Hábitos e ambiente |
Gatos jovens com menos de oito anos de idade. | Raças asiáticas, como Siamês, Abissínio, Persa, Himalaia e Birmanês. | Doenças imunossupressoras, como FIV (vírus da imunodeficiência felina), FeLV (vírus da leucemia felina) e calicivirose. | Gatos com acesso à rua e comportamento agressivo/territorial podem estar mais expostos a doenças que atingem o sistema imunológico. |
Além disso, a gengivite costuma se desenvolver de maneira mais grave em gatos idosos, pelo sistema imunológico estar naturalmente mais debilitado.
Se não for tratada em seus estágios iniciais, a gengivite em gatos pode evoluir rapidamente para uma doença periodontal felina irreversível: a periodontite.
Nessa condição, o ligamento entre tecido da gengiva e ossos é destruído, ocasionando:
A gengivite felina pode se desenvolver em quatro níveis diferentes, variando conforme a gravidade da inflamação na gengiva do gato.
Tipo de inflamação | Sintomas |
I- Gengivite leve | Mau hálito, vermelhidão e inchaço suaves. |
II- Gengivite moderada | Mau hálito, vermelhidão e inchaço perceptível, com desconforto ao toque. |
III- Gengivite severa | Mau hálito, vermelhidão e inchaço evidentes, desconforto ao toque, lesões na boca, salivação excessiva e sangramento gengival ocasional. Em alguns casos, pode acontecer perda de dentes. |
IV- Gengivite muito severa | Mau hálito, vermelhidão e inchaço evidentes, desconforto ao toque, lesões na boca, salivação excessiva e sangramento gengival frequente. Geralmente, ocasiona a perda de vários dentes. |
Para evitar dores e o agravamento da inflamação, leve seu pet a uma consulta com um profissional assim que notar os primeiros sinais da condição!
Apesar dos sintomas da gengivite serem bem característicos, a confirmação da inflamação requer avaliação de um médico-veterinário.
Assim, é possível entender o grau da condição, quais os tratamentos recomendados para o pet e descartar outras doenças com sintomatologia parecida.
Para o diagnóstico final, o especialista pode solicitar:
Além disso, hemograma completo, perfil bioquímico, análise de urina e biópsia podem ser solicitados caso o veterinário desconfie de outras doenças concomitantes, como FIV/FeLV.
Segundo o especialista Marcelo Tacconi, o tratamento da gengivite em gatos vai variar conforme a causa e o nível de gravidade da inflamação:
“Se essa doença estiver sendo causada por acúmulo de tártaro, por exemplo, recomenda-se uma limpeza para remoção desses tártaros. Já nos casos mais graves, o animal pode ser submetido a tratamentos com fluidoterapia, antieméticos, antibióticos, entre outros medicamentos.”
Em geral, procedimentos comuns para tratar a gengivite em gatos incluem:
Além de tratável, a gengivite felina também pode ser prevenida! Com mudanças de hábitos de higiene, alimentação balanceada e visitas regulares ao veterinário, você pode proteger o seu gato contra essa inflamação.
Para prevenir a gengivite felina, especialistas recomendam:
A escovação diária é o primeiro passo para garantir a saúde bucal de gatos, evitando o acúmulo da placa bacteriana nos dentes dos felinos.
Você pode comprar escovas e pastas dentais específicas para a espécie em pet shops confiáveis, como a Cobasi!
Se o seu felino ainda não tem o hábito de escovar os dentes, faça a introdução gradualmente. Neste artigo ensinamos um passo a passo para a escovação correta.
Segundo o Instituto Purina, brinquedos mastigáveis dentários ajudam na raspagem mecânica do tártaro de gatos e cachorros. Invista em mordedores adequados para incentivar a mastigação do pet.
Assim como os brinquedos mordedores, a ração seca ajuda a controlar o tártaro através da raspagem dos dentes do animal. Por isso, invista no mix feeding: uma dieta equilibrada que inclui tanto a alimentação seca quanto a úmida.
Além disso, petiscos e rações com fórmulas específicas para o controle de tártaro também auxiliam na prevenção do acúmulo de placa.
Doenças e inflamações felinas, como a gengivite, podem surgir de maneira repentina e até passar despercebidas pelos tutores.
Consultas anuais para um check-up completo do gato são uma boa forma de antecipar e prevenir essas condições. Com acompanhamento profissional, fica mais fácil garantir o bem-estar do seu pet!
Esperamos que as informações te ajudem a identificar, tratar e prevenir a gengivite em gatos logo nos primeiros sinais da inflamação.
No Blog da Cobasi, você encontra conteúdo especializado sobre bem-estar, saúde e comportamento felino, sempre disponíveis para consulta! Continue explorando os artigos.
Referências técnicas:
| Atualizada em
Formado em Medicina Veterinária pela UNESP/FMVA e com MBA em Neurociência, Consumo e Marketing pela PUC-RS, Marcelo divide a vida com seus pets, Meg e Valentina, que trazem alegria ao seu dia a dia.
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