
O tumor em cachorro é uma condição que pode assustar muitos tutores, principalmente por sua associação com o câncer. No entanto, nem todos os tumores são malignos, e o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no prognóstico do animal.
Neste artigo, vamos explorar os principais sintomas, como diferenciar um tumor benigno de um maligno, quais exames são utilizados para o diagnóstico e quais são os tratamentos mais eficazes para essa condição.
Para esclarecer essas questões e explicar os avanços da oncologia veterinária, contamos com a orientação da médica-veterinária Joyce Lima (CRMV/SP – 39824). Confira!
O tumor em cães é caracterizado pelo crescimento desordenado de células que formam uma massa de tecido no organismo.
Segundo Joyce Lima: “Tumores são neoplasias que podem surgir em diversos tecidos e órgãos dos animais, cada um com características diferentes. Não há um padrão estabelecido para todos os tumores”.
Dependendo da localização e do tipo celular envolvido, essas formações podem ser benignas (crescimento lento, sem risco de metástase) ou malignas (câncer, com potencial de se espalhar pelo corpo).
Os tumores mais comuns em cães são:
Os tumores em cães podem surgir por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e hormonais. Conheça as principais causas:
O envelhecimento pode aumentar a incidência de tumores em cães. Com o tempo, as células do organismo podem sofrer mutações descontroladas, levando ao crescimento anormal de tecidos.
Algumas raças possuem maior tendência ao desenvolvimento de tumores devido à carga genética. Boxer, Golden Retriever e Labrador, por exemplo, estão entre as mais afetadas, com maior incidência de linfomas, mastocitomas e tumores ósseos.
Cães de pelagem clara ou com pouca pigmentação são mais vulneráveis aos efeitos nocivos da radiação ultravioleta. A exposição prolongada ao sol potencializa o risco de tumores cutâneos, como o carcinoma de células escamosas.
Doenças virais também podem estar relacionadas ao surgimento de tumores. O Papilomavírus, por exemplo, pode resultar na formação de verrugas benignas. Em alguns casos, pode até levar ao desenvolvimento de tumores malignos.
Os hormônios desempenham um papel essencial no crescimento celular e, quando estão desregulados, podem estimular o desenvolvimento de tumores. Isso é particularmente comum em órgãos reprodutivos, como as mamas e os testículos.
Uma dieta desbalanceada e o sobrepeso são fatores que favorecem o surgimento de tumores, principalmente os mamários em fêmeas não castradas.
O excesso de gordura corporal pode influenciar na produção hormonal, criando um ambiente favorável para o crescimento descontrolado de células.
O contato frequente com substâncias tóxicas, como agrotóxicos, poluição e fumaça de cigarro, pode aumentar o risco de mutações celulares, favorecendo o aparecimento de tumores ao longo do tempo.
Os sinais clínicos podem variar dependendo da localização e tipo do tumor. Os sintomas mais comuns incluem:
A veterinária Joyce Lima reforça que o tutor deve observar qualquer alteração no corpo ou no comportamento do animal e procurar um veterinário o quanto antes.
“Os sintomas dependem muito do órgão onde o tumor se localiza. Por exemplo, animais com neoplasia em pulmão podem ter dificuldade respiratória”.
A especialista acrescenta: “Mas, em geral, os animais podem apresentar alguns sintomas de alerta como a presença de nódulos pelo corpo, aumento de volume em uma região, fraqueza, apatia, falta de apetite e perda de peso”, relatou.
A progressão de um tumor em cachorro pode variar conforme o tipo, localização e agressividade da doença.
Em tumores benignos, o crescimento tende a ser lento e localizado, sem afetar outros órgãos ou comprometer funções vitais. No entanto, se não forem removidos, podem atingir um tamanho considerável e causar desconforto, inflamações ou dificuldades de locomoção.
Já os tumores malignos em cachorro apresentam um comportamento mais agressivo. Sem tratamento, eles podem crescer rapidamente, invadir tecidos vizinhos e se espalhar para órgãos distantes por meio da corrente sanguínea ou do sistema linfático, fenômeno conhecido como metástase.
Os tumores malignos costumam seguir um processo evolutivo dividido em estágios:
Tumor pequeno e localizado, sem sinais de metástase.
O tumor aumenta de tamanho, mas ainda não há metástase.
Células cancerígenas podem estar nos linfonodos próximos, aumentando o risco de disseminação.
O câncer se espalha para órgãos vitais, tornando o tratamento mais complexo e com menor chance de sucesso.
Os tumores em cães podem ser classificados de acordo com sua origem e estágio de progressão. Entender essas diferenças ajuda a determinar o tratamento mais adequado.
Incluem papilomas, lipomas, histiocitomas, mastocitomas, carcinomas e melanomas. Alguns são benignos, mas outros, como melanomas e mastocitomas, podem ser altamente agressivos.
Como o osteossarcoma (maligno) e osteocondroma (benigno), que afetam os ossos das patas, cabeça e costelas.
Mamário, testicular, ovárico e vaginal, sendo alguns deles preveníveis pela castração.
São tumores agressivos que podem afetar músculos, vasos sanguíneos e tecidos conectivos.
De acordo com Ribeiro et al. (2019), o linfoma em cães responde de 15 a 20% dos novos diagnósticos de câncer em cachorro, sendo o tipo mais comum. A doença afeta o sistema linfático e pode comprometer a medula óssea e órgãos vitais.
A diferença entre tumores benignos e malignos nem sempre pode ser feita apenas pela observação. No entanto, algumas características podem indicar se um tumor é mais preocupante.
Os tumores benignos tendem a crescer devagar, têm formato arredondado, são móveis ao toque e não invadem outros tecidos.
Já os tumores malignos crescem rapidamente, podem ter bordas irregulares e infiltrar tecidos próximos, podendo causar metástase (espalhamento do câncer para outros órgãos).
A única forma definitiva de confirmar se um tumor é maligno ou benigno é por meio de exames veterinários.
O diagnóstico de tumor em cães é um processo essencial para determinar a gravidade da condição e definir o melhor tratamento.
O primeiro passo é a avaliação clínica, na qual o veterinário realiza um exame físico detalhado e verifica a presença de nódulos, alterações na pele ou sinais sistêmicos da doença.
Após a avaliação clínica, o veterinário pode solicitar exames complementares para confirmar o diagnóstico e entender a extensão da doença.
Cada procedimento tem uma função específica:
Cada um desses exames é crucial para definir o plano de tratamento e determinar se o tumor é benigno ou maligno, além de verificar se houve disseminação para outras partes do corpo.
A possibilidade de cura do câncer em cães varia conforme o tipo de tumor, sua localização, estágio no momento do diagnóstico e a resposta ao tratamento.
Tumores benignos geralmente têm cura completa com remoção cirúrgica. Já os tumores malignos podem ser controlados por cirurgias, quimioterapia e radioterapia, mas a cura total depende da precocidade do diagnóstico e da agressividade da doença.
Segundo estudos, o câncer é uma das principais causas de morte em cães, sendo que tumores diagnosticados tardiamente têm menor chance de resposta ao tratamento.
No entanto, tumores detectados em estágios iniciais podem ser tratados com sucesso, garantindo anos de vida ao pet.
O tratamento do câncer em cães depende do tipo, localização e estágio do tumor, além da condição geral de saúde do animal, como explica Joyce Lima:
“O tratamento do câncer em cachorro pode ser a remoção cirúrgica do tumor – acompanhada ou não de quimioterapia – radioterapia ou conforme o protocolo escolhido pelo veterinário especializado em tratamentos oncológicos”, afirmou.
A escolha da abordagem terapêutica deve ser feita por um veterinário especializado em oncologia, garantindo que o tratamento seja eficaz e adequado para cada caso.
Entre os principais tratamentos para tumor em cães estão:
A remoção cirúrgica do tumor é uma das opções mais comuns e eficazes, principalmente quando o câncer é detectado em estágios iniciais e está localizado.
Em tumores benignos, a cirurgia pode ser curativa, enquanto em tumores malignos, muitas vezes é necessária a remoção de tecidos ao redor para reduzir o risco de recorrência.
A quimioterapia é indicada para tumores malignos e neoplasias que se espalham pelo organismo, como linfomas. O tratamento consiste na administração de medicamentos que impedem o crescimento das células cancerígenas.
Diferentemente dos humanos, os cães tendem a tolerar melhor a quimioterapia porque recebem doses ajustadas para minimizar efeitos colaterais.
Além disso, alguns medicamentos utilizados apresentam menor toxicidade, reduzindo sintomas como enjoos e fadiga.
A radioterapia utiliza radiação para destruir células cancerígenas ou reduzir o tamanho do tumor antes de uma cirurgia.
Esse tratamento é indicado para tumores inoperáveis ou em locais sensíveis, como no cérebro. Estudos mostram que a radioterapia pode aumentar significativamente a sobrevida em casos de tumores de pele e sarcomas.
A eletroquimioterapia combina a aplicação de medicamentos quimioterápicos com pequenos pulsos elétricos que facilitam a entrada do remédio nas células tumorais.
Esse método melhora a eficácia do tratamento e é especialmente útil para tumores superficiais ou em locais de difícil acesso.
A imunoterapia busca estimular o próprio sistema imunológico do animal para combater as células cancerígenas. Esse tipo de tratamento ainda está em desenvolvimento, mas estudos indicam que pode ser promissor em certos tipos de câncer, como o melanoma.
Nos casos em que a cura não é possível, o tratamento paliativo tem como objetivo proporcionar conforto ao animal, aliviando dores e melhorando sua qualidade de vida. Isso inclui o uso de analgésicos, anti-inflamatórios e suporte nutricional.
Cada tratamento deve ser avaliado individualmente pelo veterinário, levando em consideração os riscos, benefícios e o bem-estar do animal.
Embora nem todos os tipos de câncer em cães possam ser prevenidos, algumas medidas ajudam a reduzir os riscos e manter a saúde do animal:
A castração de fêmeas antes do primeiro cio reduz significativamente o risco de tumores mamários, enquanto em machos ajuda a prevenir tumores testiculares e prostáticos.
Uma dieta balanceada, com rações ricas em antioxidantes naturais, como vitaminas C e E, além de ácidos graxos ômega-3, pode ajudar a combater os radicais livres e reduzir o risco de mutações celulares que levam ao câncer.
Cães de pele clara ou com pouca pigmentação são mais propensos ao câncer de pele. O uso de protetor solar veterinário e evitar exposição direta ao sol nos horários mais quentes pode reduzir os riscos.
Check-ups periódicos permitem o diagnóstico precoce de tumores, aumentando as chances de um tratamento bem-sucedido. Exames de sangue, ultrassonografias e radiografias podem ser úteis na detecção de tumores internos antes que causem sintomas graves.
O contato com agrotóxicos, fumaça de cigarro, poluentes e produtos químicos pode aumentar o risco de câncer em cães. Ambientes limpos e livres de agentes cancerígenos ajudam na prevenção.
A prática de atividades físicas ajuda a fortalecer o sistema imunológico do animal, além de reduzir o risco de obesidade, que está associada a maior incidência de tumores.
O câncer em cães é uma condição séria, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, muitos animais conseguem viver bem por muitos anos.
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Formada pela USP, Joyce possui especializações em Medicina Veterinária Preventiva e um MBA em Liderança de Alta Performance. Apaixonada por sua gata, Mia, ela reflete todo o carinho e dedicação que tem por ela em sua prática profissional.
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