
A dermatite em gatos é uma inflamação cutânea que causa coceira intensa, vermelhidão e feridas na pele do gato. É um problema comum e multifatorial, geralmente desencadeado por reações alérgicas à picada de parasitas, alimentos ou substâncias irritantes.
Se não for tratada, a dermatite felina pode evoluir para infecções bacterianas e fúngicas graves. Além disso, alguns quadros — como a piodermite e a dermatite por malassezia — são transmissíveis para humanos.
Neste guia completo, convidamos a doutora Lysandra Barbieri (CRMV/SP– 44484), médica-veterinária da Educação Corporativa da Cobasi para explicar:
Boa leitura!
Dermatite felina é um termo amplo que engloba todos os tipos de inflamação cutânea. Ela pode ter origem em diferentes fatores, como alergias alimentares, picadas de pulgas e fungos na pele do gato.
Segundo o Hospital Veterinário da Universidade Cornell, entre 6% – 15% dos pacientes felinos apresentam ao menos uma doença de pele. Por isso, é uma condição muito comum em consultórios veterinários.
Segundo Lucas (2003), a principal causa de dermatite em gatos é a sensibilidade à picada de insetos, como pulgas, carrapatos, ácaros e parasitas externos.
Outros fatores que podem desencadear doenças inflamatórias da pele felina são:
Os sintomas de dermatite em gatos podem variar dependendo da causa por trás da inflamação. No entanto, alguns sinais clínicos são comuns na maioria dos quadros, como:
Gatos com dermatite também costumam apresentar um comportamento de limpeza ou lambeção excessiva na tentativa de aliviar o desconforto, causando lesões sérias pelo corpo.
Sabe aqueles caroços e feridinhas na pele do gato que você encontra ao escovar ou acariciar os felinos? Podem ser sintomas da condição!
A dermatite alérgica à picada de ectoparasitas (DAPE) é a doença dermatológica mais comum em gatos domésticos, responsável por 50% a 70% dos casos clínicos.
A condição é mais frequente em regiões de clima tropical, especialmente no verão, já que está ligada ao ciclo de vida das pulgas e carrapatos.
Quando se alimentam, as pulgas injetam saliva com substâncias semelhantes à histamina no corpo do animal. Isso pode causar uma resposta exagerada, levando à hipersensibilidade cutânea felina.
Os sinais clínicos desse tipo de dermatite podem ser leves ou intensos, dependendo do grau de sensibilidade do felino. Em geral, os principais sintomas são:
O tratamento para a DAPE é dividido em dois momentos essenciais: eliminar todas as pulgas da pele do animal e acabar com os focos de parasitas pela casa.
Segundo o Instituto Oswaldo Cruz, as pulgas presentes nos animais representam somente 5% da infestação real. Os outros 95% dos insetos ficam escondidos pela casa, em frestas, rodapés e móveis. Por isso, apenas retirar os parasitas da pele não impede novos quadros de inflamação.
Na primeira etapa do tratamento, o médico-veterinário pode indicar soluções antipulgas em spray, comprimido oral, coleira ou de uso tópico.
Para a esterilização do ambiente, especialistas recomendam o uso de inseticidas e limpeza de acessórios como cobertores, tapetes, almofadas, brinquedos e caixas de transporte.
Por conta do ciclo de vida dos ectoparasitas, o controle total da infestação e tratamento da dermatite pode levar de 2 a 3 meses.
A dermatite atópica em gatos (Síndrome da Atopia Felina), é um distúrbio dermatológico crônico causado por uma reação alérgica do corpo do animal.
De acordo com o National Institutes of Health (NIH), ela é a segunda alergia mais comum em gatos, desencadeada principalmente pelo contato com alérgenos ambientais, como pólen, ácaros, poeiras ou fungos.
Os principais sinais de dermatite atópica em gatos são:
Mas segundo a doutora Lysandra Barbieri, os felinos também podem apresentar sintomas específicos:
“Os gatos, por exemplo, podem apresentar lesões ulcerativas, perda de pelo autoinduzida, que aparece bilateralmente simétrica, e perda de pelo abdominal ventral”.
A dermatite atópica é genética e não tem cura. Por isso, o tratamento dura a vida toda e consiste, principalmente, na limitação do contato do felino aos agentes que causam a alergia.
Neste sentido, os tutores devem mudar os hábitos do dia a dia, intensificando os cuidados com a limpeza, especialmente de caminhas, colchões, carpetes e ar-condicionados.
A imunoterapia para alérgenos (ASIT) também é um tratamento de longo prazo possível, capaz de reduzir os sinais clínicos da alergia em 50% a 100%.
A dermatite alérgica alimentar é desencadeada por condições alérgicas felinas. De acordo com a veterinária Lysandra, ela tem como principal característica a alergia do pet a ingredientes como proteínas, aditivos, corantes, aromatizantes ou conservantes.
Segundo a Royal Canin, os principais alimentos que desencadeiam a condição são:
Entretanto, Roudebush, Guilford e Jackson (2010) apontam a possibilidade de cães e gatos desenvolverem alergia alimentar após exposição prolongada a uma marca, tipo ou forma de alimento.
A dermatite alimentar causa sinais muito parecidos aos da dermatite atópica na pele dos gatos, como:
Além disso, os pets podem apresentar sintomas gastrointestinais, como:
Se a dermatite felina teve como origem alergia a alimentos, é bem provável que seja necessário trocar a ração do animal. Normalmente, será indicada uma ração terapêutica e nutrição hipoalergênica para gatos, como a médica-veterinária Lysandra ressalta:
“Animais com alergia alimentar e que se alimentam com rações terapêuticas não deve comer nenhum outro tipo de alimento (nem petiscos próprios para o pet) para não atrapalhar no tratamento”, orientou.
A piodermite felina é uma infecção bacteriana oportunista desencadeada quando a barreira cutânea do gato é comprometida. Por isso, está muito associada aos quadros de dermatite não-tratadas, como uma condição secundária
Essa doença na pele do gato é causada pelo crescimento anormal de bactérias que vivem naturalmente nos felinos, como Staphylococcus spp.
A piodermite se manifesta principalmente em áreas quentes e úmidas da pele (ao redor da boca, genitais e dedos dos pés), onde as condições são ideais para a proliferação das bactérias.
Os principais sintomas da infecção são:
O tratamento principal da piodermite é o cuidado do fator desencadeante da infecção, como dermatites alérgicas. Além disso, o médico-veterinário pode indicar o uso de antibióticos por pelo menos 3 semanas.
As bactérias Staphylococcus spp. desenvolvem resistência aos antibióticos com facilidade. Por isso, é muito importante seguir o protocolo prescrito à risca para evitar quadros recorrentes da doença.
Tosas higiênicas frequentes também ajudam a diminuir os riscos de infecção, por reduzirem o acúmulo de detritos e sujidades que favorecem a proliferação das bactérias.
A dermatite por malassezia é uma inflamação fúngica causada pelo crescimento excessivo da levedura Malassezia pachydermatis, naturalmente presente nos gatos.
Assim como a piodermite, é um quadro secundário que acontece quando o microbioma cutâneo é alterado por outros distúrbios, como alergias e desequilíbrios hormonais.
Segundo Larsson & Lucas (2020), este tipo de dermatite é comum no Brasil, ocorrendo em cerca de 10% dos gatos.
A malassezia afeta principalmente as áreas de dobras na pele, mais quentes e úmidas, como orelhas, boca, axila, virilha, pescoço e genitais do animal.
Os principais sintomas da condição são:
O tratamento da malassezia pode ser feito de maneira tópica ou oral, dependendo da gravidade da inflamação. Geralmente, dura de 3 a 4 semanas.
Segundo a Zoetis, o tratamento tópico felino inclui o uso de shampoo dermatológico para gatos, sprays, loções, pomadas ou cremes com princípios antifúngicos, como:
A terapia oral usa os mesmos ativos, mas é indicada para quadros de inflamação generalizada ou quando o pet não responde ao tratamento tópico.
A alergia de contato em gatos é causada pela exposição da pele a substâncias agressivas que causam irritação, como produtos de limpeza, aerossóis, produtos químicos, plantas tóxicas, sabonetes, plásticos e lã.
Os principais sinais da inflamação são:
Geralmente, os sintomas da dermatite de contato aumentam conforme o tempo e a exposição à substância irritante.
O tratamento normal inclui o afastamento da condição desencadeante, uso de shampoos medicinais e anti-inflamatórios esteroides para controle de prurido em felinos.
Como as causas da dermatite são diversas, os fatores de predisposição e grupos de risco da doença variam de acordo com o tipo da inflamação. Veja na tabela:
Tipo de dermatite | Predisposição e grupos de risco |
Dermatite por picada de ectoparasitas (DAPE) | Gatos com acesso à rua, que não possuem proteção contra ectoparasitas |
Dermatite atópica | Gatos domésticos de pelo curto, principalmente da raça Devon Rex e Abissínio. |
Piodermite | Gatos com distúrbios endócrinos, como hipotiroidismo, e doenças que causam disfunção imunológica felina, como FIV e FeLV. |
Dermatite por malassezia | Felinos das raças Devon Rex e Sphynx ou portadores de doenças metabólicas, endócrinas e infecções como FIV e FeLV. |
Apenas um médico-veterinário pode diagnosticar a dermatite em gatos com precisão. E muitas vezes, até os profissionais sentem dificuldade em descobrir a causa primária da inflamação.
Afinal, os sinais clínicos dos diferentes tipos de dermatite são muito parecidos, o que faz com que o diagnóstico seja feito basicamente através da exclusão de outras doenças dermatológicas.
Para auxiliar o processo, o profissional pode solicitar alguns exames e testes, como:
Depende. A maior parte das dermatites felinas não são zoonoses. É o caso da dermatite por picada de pulga, a dermatite atópica, a dermatite por contato e a alergia a alimentos.
No entanto, um estudo da Nature mostrou que a Malassezia spp. pode ser transmitida do felino para o humano através do contato direto ou indireto com a pele. Em indivíduos saudáveis, a levedura não causa nenhuma doença clínica.
O Staphylococcus, principal causador da piodermite, também pode ser transmitido para humanos, especialmente pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Por isso, leve o seu gato a um veterinário assim que identificar os primeiros sintomas de dermatite felina!
Além de prevenir que o quadro se agrave e cause sofrimento para o pet, a ação protege você e sua família contra a transmissão.
Nem todas as dermatites podem ser prevenidas. Afinal, certos quadros são genéticos e inerentes ao animal.
No entanto, cuidados com higiene e bem-estar felino ajudam a diminuir a ocorrência de algumas inflamações. Confira 4 dicas:
Escovação e tosas frequentes evitam o acúmulo de pelos soltos que servem como esconderijos para ácaros, bactérias, pulgas e outros parasitas.
Na maioria das vezes, o banho com água não é indicado para gatos, pois pode remover o óleo natural da pele dos felinos, causando irritação e ressecamento.
No entanto, a higienização com banho a seco, sprays e lenços umedecidos próprios para gatos ajudam a manter o pet sempre limpo e cheiroso.
Manter a casa e acessórios dos felinos higienizados ajuda a evitar a presença de pulgas, carrapatos e outros parasitas.
Além disso, a doutora Lysandra recomenda o uso frequente de antipulgas e carrapatos na prevenção e tratamento de dermatites alérgicas.
Hoje em dia, diversas opções eficientes estão disponíveis no mercado, como coleiras, pipetas, comprimidos e spray, que mantêm felinos protegidos contra pulgas por até 8 meses!
Uma alimentação de alta qualidade é essencial para prevenir alergia alimentar. Ração premium e super premium oferecem nutrientes equilibrados e evitam quadros alérgicos na espécie.
O acompanhamento veterinário frequente permite que problemas dermatológicos crônicos gatos sejam identificados mais rápido. Isso evita crises e garante o bem-estar e a saúde do seu gato.
Os quadros de dermatite são comuns, mas causam grande desconforto para os felinos. Esperamos que as dicas tenham ajudado a identificar, tratar e prevenir essas inflamações.
Nas lojas Cobasi, você encontra tudo o que precisa para manter a saúde dermatológica do seu pet em dia: shampoos específicos para pele, rações hipoalergênicas e remédios com entrega rápida e qualidade garantida.
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Referências técnicas:
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) | Caderno Técnico 71 – Dermatopatias de cães e gatos
Medvep Publicações Científicas | Dermatite de hipersensibilidade não associada a pulgas e alimentos no paciente felino
National Institutes of Health (NIH) – PubMed Central | Malassezia pachydermatis: um comensal oportunista da pele de cães e gatos
Centro Universitário Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) | Dermatite atópica em gatos – Medicina Veterinária (2022)
Royal Canin – Portal Vet | Alergia alimentar em gatos: quais os sinais e as etapas do diagnóstico?
Purina | Dermatite em gatos
Equilíbrio Pet Food | Dermatite em gato: quais as mais comuns?
MSD Saúde Animal – Vet Manual | Dermatite e problemas dermatológicos em gatos
PetMD | Alergias de pele em gatos: tipos, sintomas e como os veterinários tratam
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) | Aspectos clínicos da dermatite alérgica em gatos
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) | Avaliação da frequência de dermatopatias em felinos domésticos atendidos em hospital veterinário
Cornell University – Feline Health Center | Doenças de pele em gatos
Royal Canin – Vet Focus | Doenças de pele em filhotes de gato
MSD Saúde Animal – Vet Manual | Piodermite em gatos
Zoetis Brasil | Dermatite por Malassezia
National Institutes of Health (NIH) – Alergia Alimentar em Gatos: Diagnóstico por Eliminação
PetMD (Chewy, Inc.) | Infecções bacterianas da pele (piodermite) em gatos
Medvep Publicações Científicas | Malassezia e Malasseziose em cães e gatos
| Atualizada em
Formada em Medicina Veterinária pela UNESC - Campus Colatina, Lysandra é apaixonada pelos seus pets adotados: Pretinha, Cabrita e Tuí. Cada um deles reforça sua dedicação à Medicina Veterinária e reflete seu amor pelos animais.
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Olá, a minha gata está perdendo muito pelos nas áreas do bumbum, e nas costas e pernas, ela ficar lambendo constantemente essas partes que estão com falha, não estou com condições de levar ela agora no veterinário, poderia me ajudar, por favor, não sei o que fazer.
Marianna, a perda de pelos e a lambedura excessiva podem indicar diversos problemas de saúde em gatos. Embora compreendamos suas questões financeiras, é altamente recomendado buscar a ajuda de um veterinário para um diagnóstico adequado e um plano de tratamento. Confira no link abaixo onde encontrar um hospital veterinário público perto de você.
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