Leishmaniose canina: veterinária explica tudo sobre a doença

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Por Joe Oliveira   Tempo de leitura: 7 minutos

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leishmaniose canina

A leishmaniose canina é uma doença infecciosa causada por protozoário e transmitida por meio da picada de insetos vetores, os flebotomíneos, popularmente chamados de “mosquito palha” ou “cangalhinha”. 

A condição, também conhecida como calazar, é uma zoonose, podendo acometer cães e seres humanos e, muitas vezes, sendo fatal. 

Ainda existem muitas dúvidas e mitos sobre a doença, e com o crescente aumento dos casos no Brasil – segundo Ministério da Saúde, em 2024, houve 5.010 novos casos –  acende-se a necessidade de conhecer tudo sobre a leishmaniose. 

Para você saber como cuidar do seu pet e da sua família, convidamos a médica-veterinária Lysandra Barbieri (CRMV-SP – 44484), analista de Educação Corporativa na Cobasi, para explicar os seguintes tópicos: 

  1. O que é e o que causa a Leishmaniose canina?
  2. Entenda quais são os tipos de leishmaniose
  3. A Leishmaniose em cachorro tem cura?
  4. Como é transmitida a Leishmaniose canina?
  5. Quais são os sintomas da leishmaniose em cães?
  6. Como é realizado o diagnóstico da leishmaniose canina?
  7. Qual é o tratamento da leishmaniose em cães?
  8. Como posso proteger meu cachorro?
  9. Situação epidemiológica da Leishmaniose no Brasil

O que é e o que causa a Leishmaniose canina?

A leishmaniose canina é uma infecção parasitária causada pelos protozoários do gênero Leishmania, transmitida para cães e humanos pelo mosquito flebotomíneo, conhecido popularmente como mosquito-palha, de nome científico Lutzomyia longipalpis.

A doença ataca o sistema imunológico, causando uma série de agravantes à saúde dos cães, como explica a veterinária Lysandra Barbieri.

“Um cachorro com leishmaniose apresenta:

  • aumento dos linfonodos de forma generalizada;
  • aumento do baço e do fígado;
  • anemia;
  • poliartrite (inflamação que acomete mais de uma articulação dos cães); 
  • blefarite (inchaço das pálpebras); 
  • polimiosite (inflamação muscular); 
  • dentre várias outras alterações internas e externas”.

Vale ressaltar que existem dois tipos de leishmaniose: cutânea e visceral. Cada uma é causada por um protozoário diferente. Mas, quando a doença acomete os cães, na maioria das vezes, estamos falando da leishmaniose visceral.

Entenda quais são os tipos de leishmaniose

Leishmaniose Visceral

É uma zoonose que pode levar a óbito até 90% dos casos. No Brasil, a principal espécie responsável pela transmissão é a Lutzomyia longipalpis. Mas, também ocorre pela picada de fêmeas do inseto mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros.

Leishmaniose Tegumentar (LT)

É uma doença infecciosa, não contagiosa, que pode provocar úlceras na pele e mucosas. A doença é causada por protozoários do gênero Leishmania.

A leishmaniose em cachorro tem cura?

A leishmaniose canina não tem cura, apenas tratamento paliativo para garantir a qualidade de vida do animal e evitar a transmissão da doença. 

A veterinária Lysandra Barbieri reforça: “Antigamente, era comum (e obrigatório) a eutanásia dos animais infectados. Mas hoje, existe o que chamamos de cura clínica, que atua na remissão total dos sintomas”, explicou. 

Uma vez diagnosticado com a doença, o cachorro passará por um monitoramento veterinário durante toda a sua vida e terá um tratamento individualizado para que o animal não apresente sintomas clínicos da leishmaniose. 

Mas, além do tratamento, a prevenção para evitar a transmissão da leishmaniose é muito importante.

Os tutores podem realizar ações de proteção individual e manejo do ambiente, como: usar repelentes e coleiras que atuam no controle dos mosquitos vetores da leishmaniose em cães, por exemplo.

Como é transmitida a leishmaniose canina?

calazar em cachorro

Sobre como se pega a Leishmaniose canina, muitas pessoas acreditam que é transmitida a partir do contato direto com o cachorro por meio de saliva e mordidas. Porém, isso é um mito. 

A leishmaniose não é contagiosa, ou seja, não se transmite diretamente de uma pessoa para outra, nem de um animal para outro, muito menos de animais para as pessoas.

Na verdade, a transmissão ocorre quando a fêmea do mosquito-palha, por meio da picada, transporta o parasita em seu organismo e deposita em um animal saudável, provocando a doença, tanto em cães como em humanos.

Quais são os sintomas da leishmaniose em cães?

A maioria dos cães não apresentam sinais clínicos visíveis. Isso ocorre porque a Leishmaniose pode ser uma doença silenciosa, ficando incubada de 3 até 6 anos. 

Inclusive, os casos assintomáticos são bem comuns, dificultando o diagnóstico precoce.

Porém, quando se manifesta, os principais sintomas da leishmaniose visceral canina são:

  • emagrecimento;
  • queda de pelos;
  • crescimento e deformação das unhas,
  • anemia;
  • indisposição;
  • palidez da pele ou das mucosas;
  • inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço;
  • vômitos;
  • diarreia (fezes vermelho-escuras ou pretas).

Apresentando ou não os sintomas, é sempre recomendado fazer um acompanhamento anual com um médico-veterinário de confiança. 

Quanto mais cedo o diagnóstico, maior será o efeito do tratamento.

Como é realizado o diagnóstico da leishmaniose canina?

Para o diagnóstico da leishmaniose, o veterinário vai observar alguns dos sinais clínicos, como lesões de pele e crescimento anormal das unhas, além de consultar o tutor sobre a região que o animal frequentou nos últimos meses. 

O profissional também pode solicitar exames laboratoriais, como investigação histopatológica (observação do parasita nos tecidos do corpo), citologia aspirativa (aspiração das células) e coleta de sangue de sorologia.

Qual é o tratamento da leishmaniose em cães?

Atualmente, existem soluções medicamentosas que ajudam a reduzir os sintomas da doença, com a missão de melhorar a qualidade de vida do animal. 

O tratamento contra leishmaniose canina consiste em proteger o organismo contra agentes e corpos estranhos. Se não tratada, o protozoário Leishmania infantum pode evoluir para órgãos importantes, como o fígado e a medula óssea.

Todas as etapas do tratamento devem ser acompanhadas pelo médico-veterinário, que mesmo não podendo curar a doença, tem um papel importante para o resto da vida do pet.

Como posso proteger meu cachorro?

Para evitar a doença, existem ações preventivas essenciais para proteger toda a sua família. A veterinária Lysandra Barbieri destacou alguns dos cuidados mais indicados:  

Coleiras antipulgas na prevenção da Leishmaniose 

Uma das maneiras mais simples e eficazes de prevenção da leishmaniose canina é o uso de coleiras antipulgas. Uma vez fixadas no pet, elas evitam o aparecimento e picada do mosquito-palha, principal vetor da doença. 

Atenção com a higiene da casa

“O mosquito-palha gosta de locais com acúmulo de matéria orgânica, por exemplo, restos de frutos e fezes de animais. Portanto, é muito importante manter o seu lar sempre limpo para não dar chance ao inseto”, explicou a veterinária Lysandra.

Uma outra forma de prevenção da doença era por meio da vacinação. Mas, em maio de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) notificou que a vacina contra leishmaniose está suspensa no Brasil, sem previsão de retorno.

O motivo da suspensão foi ocorreu após a Ceva Saúde Animal, fabricante da Leish-Tec, identificar “desvios” em seis lotes da vacina: 029/22, 037/22, 043/22, 044/22, 060/22, 004/23.

O Mapa informou que “desvio de conformidade do produto, pode ocasionar falta de eficácia da vacina, gerando risco à saúde animal e à saúde humana”.

Situação epidemiológica da Leishmaniose no Brasil

A leishmaniose canina está presente em todos os estados do Brasil, que respondem por, aproximadamente, 90% dos casos na América Latina. São registrados no país, em média, 3.5 mil casos por ano.

leishmaniose canina sintomas

Para monitorar a situação epidemiológica dos dois tipos principais de leishmanioses no Brasil, o Ministério da Saúde criou uma ferramenta que traz informações sobre o número de casos, óbitos e a taxa de letalidade. 

O projeto foi desenvolvido a partir da parceria entre a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente e o Núcleo de Epidemiologia e a Vigilância em Saúde da Fiocruz Brasília. 

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Por Joe Oliveira

Redator

Jornalista, é apaixonado por futebol, basquete e, claro, pets! Além de bater uma bolinha e escrever para o Blog da Cobasi, o Joe curte a vida ao lado dos seus melhores amigos: os cachorros vira-latas Zé e Tobby, a gata Marry e o papagaio Louro.

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3 Comentários

  1. Antônio Daniel disse:

    Preciso fazer o tratamento do cão

  2. Maria Glória Nery Sampaio disse:

    Estou com um cachorro espirrando muito e sangrando o nariz pode ser Leximaniose?

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