
A leishmaniose canina é uma zoonose grave que afeta animais de estimação e seus tutores.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, em 2023 foram registrados 13 mil casos da doença, principalmente na região norte do país.
Com a colaboração da Dra. Lysandra Barbieri (CRMV-SP – 44484), médica-veterinária da Cobasi, preparamos um guia sobre o tema. Confira causas, sintomas, tratamento, prevenção e os tipos de leishmaniose no Brasil.
A leishmaniose canina, também chamada de calazar, é uma infecção parasitária causada pelo protozoário Leishmania infantum.
O contágio em humanos e cachorros se dá por meio da picada do mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis). Uma vez no organismo, o parasita começa a atacar o sistema imunológico do hospedeiro.
A leishmaniose canina é um tipo de doença silenciosa, pois o parasita pode ficar incubado no hospedeiro por até 6 anos sem apresentar nenhum sintoma¹.
Por isso, é essencial que o tutor se atente aos mínimos sintomas que indicam a possibilidade da doença. Entre sinais iniciais da leishmaniose, estão:
Importante: alguns sintomas acima também estão associados a dermatites e outras doenças de pele. Consulte um médico-veterinário para o diagnóstico correto!
Conforme avanço da doença, os indícios de leishmaniose em cachorro se tornam mais evidentes. Os mais comuns são:
Ao notar qualquer tipo um ou mais sintomas, procure um médico-veterinário com urgência. Só ele poderá confirmar o diagnóstico e determinar a evolução da doença.
O diagnóstico da leishmaniose canina é feito a partir da combinação de exames clínicos e laboratoriais.
No exame clínico, o especialista irá procurar por sinais como lesões na pele e crescimento exagerado das unhas.
Além disso, vai realizar uma entrevista com o tutor para saber se o animal esteve recentemente em alguma região endêmica da doença.
Em seguida, ele poderá solicitar exames parasitológicos, testes sorológicos e moleculares. Conheça melhor cada um desses exames.
Este tipo de exame é feito para coletar amostras da medula óssea, de linfonodos ou do fígado por meio de punção com agulha ou esfregaço sanguíneo.
O objeto é detectar a presença do protozoário Leishmania spp. a partir de análise microscópica.
Os testes sorológicos são indicados quando o veterinário consegue detectar algum sintoma de leishmaniose canina.
Seu objetivo é verificar a quantidade de anticorpos do organismo do pet. Entre os tipos mais comuns exames sorológicos, temos:
O exame molecular é o famoso PCR. A partir dele, poderá detectar o DNA do parasita na amostra de sangue do cachorro. O sangue pode ser coletado na medula óssea, no baço ou em linfonodos presentes no animal.
A leishmaniose canina é uma doença que não tem cura. Porém há tratamentos que visam garantir a saúde e bem-estar do animal de estimação, além de evitar a transmissão da doença.
Vale lembrar que, entre 1963² e 2021, era permitida a prática da eutanásia em cachorros com leishmaniose para evitar a transmissão da doença.
No entanto, em 2021, a lei nº14.228³ proibiu a eutanásia de cães e gatos com zoonoses, como explicou Lysandra.
“Antigamente, era comum (e obrigatório) a eutanásia dos animais infectados. Mas hoje, existe o que chamamos de cura clínica, que atua na remissão total dos sintomas”, explicou.
Atualmente é possível tratar leishmaniose canina com medicamentos à base de miltefosina.
Por ser um produto controlado, sua venda é feita apenas com a apresentação da receita do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Essa substância diminui a presença do protozoário Leishmania infantum no organismo do animal, o que reduz os sintomas da doença e evita a transmissão para humanos.
Além do remédio, é recomendado o uso de coleiras antipulgas para repelir o ataque do mosquito-palha ao seu animal de estimação.
Para saber como prevenir a leishmania canina, é importante que o tutor entenda como acontece a transmissão da doença.
Primeiramente a leishmaniose não passa por contato direto com saliva ou mordida de um animal infectado. Isso vale para tutores e outros animais de estimação da casa.
A transmissão da doença acontece sempre por meio do mosquito-palha. Ao picar um animal hospedeiro do parasita, o inseto se contamina e passa a ser um transmissor da doença.
Em seguida, o mosquito pode picar tanto um cachorro, quanto um ser humano saudável e transformá-los também em um hospedeiro.
O Brasil é considerado um dos principais focos das leishmaniose canina, respondendo por 14% dos casos no mundo e 97% no continente americano4.
A leishmaniose é uma condição que afeta 23 dos 27 estados brasileiros. No entanto, segundo dados da Secretaria de Saúde do Paraná, o número de casos tem maior incidência nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
Por isso, se você mora ou planeja viajar para regiões onde há casos da doença, é preciso redobrar a atenção com a prevenção do pet e de toda a família.
Antes de viajar com a família, uma dica é visitar os seguintes paineis de monitoramento da leishmaniose no Brasil disponíveis no site do MAPA.
A melhor maneira de garantir a saúde e o bem-estar do pet é adotar pequenos cuidados que ajudam na prevenção da leishmaniose em cachorro. De acordo com a médica-veterinária Lysandra, as principais precauções são:
Investir em coleiras antipulgas que evitam a picada do mosquito palha é a maneira mais segura de proteger o seu animal de estimação.
O que torna um ambiente atrativo para o mosquito-palha é a presença de lixo e material orgânico acessível. Por isso, Lysandra recomenda:
“O mosquito-palha gosta de locais com acúmulo de matéria orgânica, por exemplo, restos de frutos e fezes de animais. Portanto, é muito importante manter o seu lar sempre limpo para não dar chance ao inseto”, disse.
Em canis, uma boa prática de prevenção é o uso de telas de malha fina. Elas ajudam a evitar que o mosquito-palha tenha acesso ao local e contamine os animais de estimação.
As visitas ao médico-veterinário permitem monitorar a saúde do animal de estimação e detectar qualquer doença ainda no início.
Além disso, durante as consultas é possível manter o calendário de vacinação em dia, deixando o seu animal sempre protegido.
A vacina Leish-Tec, que protege contra a leishmaniose canina, está suspensa no Brasil desde 2023, sem previsão de retorno da comercialização.
Na época, o MAPA encontrou níveis abaixo do mínimo permitido da proteína A2, o que afetava diretamente a eficácia do medicamento. Os lotes reprovados foram:
No Brasil, podemos encontrar dois tipos de leishmaniose canina, a Visceral (LV) e a Tegumentar (LT). Conheça cada uma delas:
A leishmaniose Visceral é uma zoonose crônica que pode levar o cachorro a óbito em 90% dos casos.
O contágio acontece por meio da picada da fêmea do mosquito-palha, conhecido em algumas regiões como asa-dura, tatuquiras e birigui.
É uma doença infecciosa, não contagiosa, que pode provocar úlceras na pele e mucosas.A transmissão também se dá pelo mosquito palha. No entanto, ela pode ser hospedeira de três subtipos do parasita. São eles: Leishmania amazonensis, Leishmania guyanensis e Leishmania braziliensis.
| Atualizada em
Bacharela em Letras, sou apaixonada por palavras e pelo mundo pet. Aqui, no Blog da Cobasi, transformo esse amor em informação especializada. Vídeos de bichinhos são parte da minha personalidade, bem como o Potter — um Yorkshire fofo com quem divido os finais de semana.
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Preciso fazer o tratamento do cão
Estou com um cachorro espirrando muito e sangrando o nariz pode ser Leximaniose?
Oi Maria, como vai? Recomendamos que você procure um médico-veterinário 🙂