Cachorro com olho vermelho? Entenda o que pode causar e como cuidar

Por Cobasi   Tempo de leitura: 24 minutos

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O olho vermelho em cachorros não é uma doença específica, mas sim um sintoma ocular que pode ter diversas origens. 

A vermelhidão ocorre quando há irritação, inflamação ou aumento da pressão ocular, afetando estruturas como a conjuntiva (membrana que reveste a parte branca do olho) ou a córnea.

Em situações leves, o quadro costuma ser temporário e pode estar relacionado a irritantes do ambiente, como poeira, produtos de limpeza, fumaça ou uma reação alérgica leve. 

Já os casos em que o olho permanece vermelho por mais de 24 horas, ou vem acompanhado de dor, secreção, inchaço ou estrabismo, podem indicar condições mais sérias, como:

Além disso, algumas raças, como o Basset Hound e o Cocker Spaniel, têm pálpebras naturalmente caídas, o que deixa os olhos mais expostos e propensos à vermelhidão frequente.

A boa notícia é que a maioria das causas de vermelhidão ocular em cães é tratável, especialmente quando diagnosticadas precocemente com o acompanhamento de um médico-veterinário.

A seguir, entenda por que o olho do seu cachorro pode ficar vermelho, quais sintomas observar e como proteger a saúde ocular do seu pet.

Quais são as causas mais comuns de vermelhidão nos olhos em cães?

O olho vermelho em cachorro pode ter diversas origens, desde irritações simples até doenças oculares graves.

A vermelhidão acontece quando há dilatação dos vasos sanguíneos da conjuntiva ou da esclera, em resposta a processos inflamatórios, infecciosos ou alérgicos.

A seguir, conheça as causas mais comuns:

1. Alergias

A alergia ocular ocorre quando o sistema imunológico dos cães reage a substâncias do ambiente, como pólen, poeira, fumaça, produtos de limpeza ou ácaros. 

Com a inflamação, os vasos da conjuntiva se tornam mais evidentes e o branco dos olhos ganha um tom avermelhado. Já nas alergias mais intensas, o cão pode apresentar coceira, inchaço nas pálpebras e secreção transparente. 

Vale destacar que as alergias oculares em cães são sazonais e tendem a piorar em períodos de baixa umidade ou alta poluição.

O tratamento depende do agente causador e pode incluir anti-histamínicos orais, colírios lubrificantes específicos para cães e pomadas antibióticas quando há infecção secundária. 

Além disso, o ambiente deve ser mantido limpo e sem perfumes fortes, pois a exposição contínua ao alérgeno mantém o ciclo de irritação.

2. Conjuntivite canina

A conjuntivite canina é uma inflamação da conjuntiva, a membrana fina e móvel que reveste a parte interna das pálpebras, a superfície da terceira pálpebra e a região branca dos olhos (esclera).

Quando essa estrutura sofre irritação, ela fica inchada e vascularizada, deixando o olho do cachorro vermelho, em resposta a alérgenos, traumas ou infecções.

Segundo o estudo de Costa (2017), a conjuntivite é uma das doenças oculares mais frequentes em cães, especialmente nas raças:

A inflamação pode ser primária, causada por vírus, bactérias ou alergias, ou secundária, quando aparece em consequência de outras doenças oculares, como a ceratoconjuntivite seca (olho seco canino).

A conjuntivite não tratada pode evoluir para infecções secundárias, úlceras de córnea e até perda parcial da visão.

O tratamento é definido conforme a causa e pode incluir colírios antibióticos ou anti-inflamatórios, e em casos mais graves, antibióticos sistêmicos.

3. Ceratoconjuntivite seca (olho seco canino)

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A ceratoconjuntivite seca (CCS), também chamada de síndrome do olho seco canino, é uma das principais causas de olho vermelho em cães adultos e idosos.

A doença é caracterizada por uma deficiência na produção ou na qualidade das lágrimas, comprometendo o filme lacrimal que protege a córnea e a conjuntiva. 

Sem essa lubrificação, os tecidos oculares ficam ressecados, inflamados e avermelhados, o que explica o sintoma visível de vermelhidão ocular persistente.

De acordo com Fartes (2006) e Turner (2010), essa é uma doença inflamatória crônica em que o próprio organismo do cão ataca as glândulas lacrimais, provocando o ressecamento da córnea e inflamação contínua. 

Essa reação imunomediada leva à hiperemia conjuntival, o termo técnico para o aumento de vasos sanguíneos que deixam o olho vermelho.

Conforme a doença progride, o cão com a ceratoconjuntivite seca pode apresentar outros sinais:

  • Blefaroespasmo (piscar frequente);
  • Coceira e desconforto ocular;
  • Ressecamento e opacidade da córnea;
  • Dermatite periocular e crostas nas pálpebras;
  • Edema e neovascularização corneana;
  • Diminuição da visão ou cegueira em estágios avançados.

Segundo levantamento do Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS, que analisou 783 casos de ceratoconjuntivite seca, 53,77% dos pacientes eram fêmeas e 48,28% tinham mais de 7 anos.

A raça mais acometida foi a Shih Tzu (18,14%), seguida por cães sem raça definida (SRD), Yorkshire Terrier, Poodle, Cocker Spaniel e Lhasa Apso.

Esses dados reforçam que a CCS é mais comum em cães idosos e de pequeno porte, mas pode afetar também animais jovens com predisposição genética ou doenças autoimunes.

Atenção aos sintomas da ceratoconjuntivite seca

Sem tratamento, o olho seco evolui para úlceras profundas, infecções e perda de visão. Em casos crônicos, há fibrose e pigmentação da córnea, resultando em cegueira irreversível.

A vermelhidão constante é um sinal de alerta, não apenas um desconforto estético. O diagnóstico é feito com o teste da lágrima de Schirmer, e o tratamento inclui colírios lubrificantes, imunomoduladores e acompanhamento veterinário contínuo.

Procurar atendimento especializado assim que o sintoma aparecer é essencial para preservar a saúde ocular canina e evitar complicações permanentes.

4. Lesão ou trauma ocular

A lesão ou trauma ocular acontece quando o globo ocular ou suas estruturas de suporte (pálpebras, conjuntiva ou córnea) sofrem impactos diretos, como: batidas, arranhões, brigas, galhos de árvores e corpos estranhos.

Em todos os casos, a vermelhidão é um sinal de inflamação ocular e costuma vir acompanhada de dor, lacrimejamento e inchaço.

Nos quadros mais delicados, o tutor pode perceber o olho turvo, opaco ou com coloração azulada, indicando úlcera de córnea ou edema.

O tratamento depende da gravidade e da área atingida. Nos casos leves, o veterinário pode indicar:

  • Colírios lubrificantes e anti-inflamatórios;
  • Pomadas antibióticas para prevenir infecções;
  • Uso de colar elizabetano para evitar coceira e contato com o olho.

Já nos casos moderados ou graves, pode ser necessária cirurgia de reparo da córnea ou pálpebra, além de analgésicos e anti-inflamatórios sistêmicos.

Segundo Turner (2010), o trauma ocular não tratado pode causar úlcera profunda de córnea, infecção bacteriana e até perda de visão permanente.

5. Entrópio

O entrópio é uma alteração anatômica em que a margem da pálpebra se dobra para dentro, fazendo com que os pelos e cílios fiquem em contato direto com a córnea. Esse atrito constante irrita os tecidos oculares e provoca vermelhidão persistente.

A doença pode se manifestar de maneira primária (por causas anatômicas) ou secundária, e está entre as principais causas de ceratite ulcerativa e olho vermelho crônico em cães.

Nos casos severos, o atrito prolongado leva à formação de úlceras de córnea, conjuntivite recorrente e até perda parcial da visão.

O entrópio é mais observado em raças com excesso de pele facial ou pálpebras frouxas, como:

O único método de tratamento eficaz é a cirurgia corretiva para reposicionar a pálpebra.

6. Úlcera de córnea

A úlcera de córnea é uma lesão aberta na superfície do olho e está entre as principais causas de olho vermelho e perda de visão em cães.

A córnea é a camada transparente e sensível que protege o globo ocular e auxilia no foco da luz. Quando sofre uma lesão, há irritação intensa e dilatação dos vasos da conjuntiva, o que deixa o olho visivelmente vermelho.

Inclusive, a vermelhidão é um dos primeiros sinais clínicos da úlcera, pois reflete a inflamação ativa e a exposição das terminações nervosas da córnea.

A maioria dos casos está associada a traumas oculares, como arranhões, batidas, corpos estranhos ou contato com produtos irritantes.

A doença ocular tem alta prevalência em raças braquicefálicas (focinho curto e olhos proeminentes), como: Boston Terrier, Boxer, Bulldog, Lhasa Apso, Pequinês, Pug e Shih-Tzu.

O tratamento depende da gravidade da lesão:

  • Casos leves: colírios antibióticos, cicatrizantes, pomadas lubrificantes e colar elizabetano;
  • Casos graves: cirurgia de flap conjuntival ou enxerto corneano, que protege a região ulcerada e acelera a regeneração do tecido.

7. Glaucoma em cães

glaucoma em cães

O glaucoma é uma doença ocular grave caracterizada pelo aumento da pressão intraocular (PIO), que comprime o nervo óptico e os vasos sanguíneos do olho.

O aumento da pressão interna congestiona os vasos oculares, fazendo com que o olho fique vermelho e sensível.

Trata-se de uma das principais causas de cegueira irreversível em cães, e o olho vermelho é um sinal precoce de elevação da PIO, que deve ser investigado imediatamente pelo veterinário.

De modo geral, o glaucoma pode ter origem hereditária (primário) ou surgir como complicação de outras doenças oculares (secundário). Entre os principais fatores estão:

  • Predisposição genética, com alterações anatômicas no ângulo de drenagem do humor aquoso;
  • Uveíte, tumores intraoculares e traumas, que bloqueiam o escoamento do líquido;
  • Catarata avançada, capaz de alterar o equilíbrio da pressão ocular;
  • Infecções ou inflamações crônicas, que interferem na drenagem.

Além da vermelhidão ocular, entre os principais sinais clínicos da doença incluem: aumento do volume ocular (globo proeminente), pupila dilatada e sem resposta à luz.

Embora o glaucoma não tenha cura, o tratamento contínuo ajuda a controlar os sintomas e desacelerar a progressão da doença.

8. Uveíte 

A uveíte é uma inflamação da túnica vascular do olho, chamada úvea, composta pela íris, corpo ciliar e coroide.

Processos inflamatórios na úvea aumentam a permeabilidade vascular e provocam olho vermelho, dor e fotofobia.

Essa reação inflamatória ocorre como resposta a traumas, infecções ou doenças sistêmicas, e vem acompanhada de dor intensa, lacrimejamento e sensibilidade à luz (fotofobia).

Em casos severos, podem aparecer sangue na câmara anterior do olho (hifema), pupilas contraídas e terceira pálpebra proeminente.

A uveíte pode ter origem externa (traumática ou química) ou interna (infecciosa, metabólica ou imunomediada) e o tratamento tem como objetivo reduzir a inflamação e tratar a causa de base com colírios anti-inflamatórios e midriáticos, antibióticos ou cirurgia.

9. Tumores oculares em cães

Os tumores oculares são formações anormais que podem se desenvolver dentro ou ao redor do globo ocular, afetando estruturas como a íris, corpo ciliar, retina ou órbita.

O olho vermelho aparece porque o tumor provoca dilatação vascular e acúmulo de sangue na conjuntiva, além de alterar o fluxo do humor aquoso. Outros sinais incluem inchaço, turvação, secreção, dor e mudança na coloração da íris.

Os tumores intraoculares são mais comuns em cães adultos e idosos, podendo ser benignos (melanomas, adenomas) ou malignos (melanossarcomas, linfomas).

O crescimento progressivo dessas massas pode levar à cegueira e até glaucoma secundário. 

Para tratar, o veterinário irá avaliar o tipo e a extensão do tumor. Por exemplo, em casos benignos e localizados, pode ser feita a remoção cirúrgica.

Já nos tumores malignos ou invasivos, o mais indicado é a enucleação (remoção completa do olho) para evitar metástase e aliviar a dor.

Após a cirurgia, o veterinário pode recomendar análise histopatológica para definir o prognóstico e o acompanhamento necessário.

10. Hipertensão ocular em cães

A hipertensão pode causar o aumento anormal da pressão sanguínea nos vasos do olho, provocando ruptura de capilares e dilatação da conjuntiva, o que deixa o olho do cachorro vermelho e inchado.

O quadro de pressão alta em cães pode surgir isoladamente ou como consequência de doenças sistêmicas, especialmente em cães idosos. 

Nesse caso, o olho vermelho aparece por causa da congestão vascular e do extravasamento de sangue (hemorragia ocular ou hifema).

Vale ressaltar que estamos falando de uma das causas silenciosas de olho vermelho em cães, sendo comum em raças grandes e em animais com distúrbios renais ou hormonais.

O tratamento da hipertensão em cães visa controlar a pressão arterial e proteger as estruturas oculares, com a administração de anti-hipertensivos sistêmicos, sob prescrição veterinária.

Além do controle da doença de base. O veterinário também poderá recomendar colírios lubrificantes e anti-inflamatórios, para reduzir desconforto e inflamação ocular.

Sinais de alerta do olho vermelho em cães

Sinais de alerta do olho vermelho em cães

O olho vermelho em cães é um sintoma que pode variar de algo passageiro a um sinal de doença ocular importante. 

Entender os sinais de alerta ajuda o tutor a agir no momento certo e evitar complicações que podem afetar a visão do pet. A seguir, veja quando se preocupar e quais sintomas observar.

Quando o olho vermelho do cachorro é algo leve?

Nem todo olho vermelho é motivo de alarme. Às vezes, trata-se apenas de uma irritação leve causada por fatores do ambiente ou por uma alergia passageira.

Nessas situações, o cão apresenta apenas uma coloração levemente rosada na parte branca do olho, sem secreção, dor ou mudança de comportamento.

Na maioria dos casos, a coloração volta ao normal em até 24 horas, especialmente se o tutor higienizar o olho com soro fisiológico e afastar o animal do agente irritante.

Se o animal permanece ativo, brincando normalmente e sem coçar o olho, o quadro costuma ser considerado leve.

Quando o olho vermelho é sinal de doença?

Se a vermelhidão persistir por mais de um dia, ou vier junto de secreção, dor, inchaço ou sensibilidade à luz, o quadro já exige avaliação do médico-veterinário especialista em oftalmologia.

Nesses casos, há inflamação dos vasos conjuntivais (hiperemia), o que causa aparência mais intensa, com olho congestionado e até dificuldade para abrir as pálpebras.

Sintomas associados que exigem atenção

O olho vermelho raramente vem sozinho. Em muitos casos, surgem outros sinais que ajudam a diferenciar um quadro leve de uma doença ocular séria:

Sintomas associadosO que pode indicar
Secreção amarelada ou esverdeadaInfecção bacteriana (como conjuntivite ou úlcera de córnea)
Secreção espessa e seca nas pálpebrasCeratoconjuntivite seca (olho seco)
Coceira e inchaçoReação alérgica
Dor, inchaço e sensibilidade à luz (fotofobia)Uveíte ou glaucoma
Turvação e pupila dilatadaGlaucoma avançado
Sangue dentro do olho (hifema)Trauma, hipertensão ocular ou uveíte severa

Quando procurar ajuda de um veterinário?

Como as doenças oculares podem evoluir em poucas horas, o tutor deve levar o cão ao veterinário imediatamente ao notar a vermelhidão acompanhada de outros sintomas, como secreção, dor ou inchaço.

Observe também sinais complementares, como coceira, secreção em excesso ou o hábito de esfregar o rosto. Informar esses detalhes ao veterinário ajuda a acelerar o diagnóstico e definir o tratamento ideal.

Ignorar a vermelhidão ou adiar a consulta pode colocar em risco a visão e o bem-estar do seu cão. Já que algumas causas podem provocar danos irreversíveis à visão, por isso o diagnóstico rápido é essencial para preservar a saúde ocular do pet.

Tipos de olho vermelho em cães

Nem toda vermelhidão ocular tem a mesma causa. O aspecto do olho varia conforme a estrutura afetada, e isso ajuda o veterinário a identificar a origem do problema.

A seguir, conheça os principais tipos de olho vermelho em cães e o que cada um pode indicar.

Injeção episcleral

A injeção episcleral ocorre quando os vasos sanguíneos da esclera, a parte branca e mais resistente do olho, ficam dilatados e retilíneos. Apesar de a vermelhidão parecer superficial, ela geralmente indica uma alteração interna no globo ocular, como uveíte e glaucoma.

Esse tipo de olho vermelho costuma ser difuso e persistente, e pode vir acompanhado de dor, pupila dilatada e turvação.

Hiperemia conjuntival

É o tipo mais comum de vermelhidão ocular em cães. Essa condição acontece quando há dilatação dos vasos da conjuntiva, sendo típica de doenças extraoculares, como conjuntivite, alergias e irritações ambientais (poeira, fumaça, produtos químicos).

Hemorragia subconjuntival

Nesse caso, ocorre o rompimento de pequenos vasos abaixo da conjuntiva, o que provoca uma mancha vermelha intensa na região branca do olho. É comum após traumas, coceira excessiva, aumento da pressão arterial ou distúrbios de coagulação.

Embora assuste, geralmente não causa dor e tende a se reabsorver com o tempo, mas requer avaliação veterinária para descartar causas sistêmicas.

Neovascularização da córnea

A neovascularização corneana ocorre quando novos vasos sanguíneos se formam sobre a córnea. Essa resposta acontece quando há lesões, inflamações (ceratites) ou doenças como glaucoma e olho seco.

O processo é uma tentativa do organismo de levar mais oxigênio e defesa à área afetada, mas pode comprometer a transparência da córnea e a visão. É comum em cães com úlceras, ceratoconjuntivite seca e raças braquicefálicas (como Pug e Shih Tzu).

Hifema (sangramento intraocular)

O hifema  aparece como uma linha vermelha ou mancha escura na parte inferior do olho (em outras palavras, é o acúmulo de sangue dentro da câmara anterior do olho, entre a córnea e a íris) e é um sinal de alerta importante..

Pode ser causado por traumas, uveíte, hipertensão ou doenças sistêmicas como a doença do carrapato e a leishmaniose. Trata-se de uma emergência oftalmológica: o hifema pode causar dor intensa e levar à perda de visão se não for tratado rapidamente.

Como é diagnosticada a causa dos olhos vermelhos em cães?

Como diagnosticar cachorro com olho vermelho

O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada, que inclui o histórico completo do animal: idade, raça, hábitos, ambiente, contato com outros cães e uso de medicamentos.

Essas informações ajudam o veterinário a identificar se o olho vermelho está ligado a uma doença local (como uma infecção ocular) ou a uma condição sistêmica (como hipertensão ocular).

Durante o exame físico, o veterinário observa ambos os olhos e as estruturas ao redor (pálpebras, córnea, conjuntiva e terceira pálpebra) avaliando simetria, tamanho, cor, secreção e resposta à luz.

Esse processo é conhecido como anamnese oftálmica, e fornece pistas valiosas sobre a evolução do quadro, distinguindo casos agudos, crônicos ou recorrentes.

Exames oftalmológicos usados no diagnóstico

Após a avaliação inicial, o veterinário realiza exames específicos, não invasivos, para determinar a causa da vermelhidão ocular. Entre os principais estão:

Teste da lágrima de Schirmer
Mede a produção de lágrimas. Valores abaixo de 15 mm/min indicam possível ceratoconjuntivite seca (olho seco canino).

Coloração com fluoresceína
Revela úlceras de córnea ou arranhões na superfície ocular. O corante se adere à área lesionada, permitindo a visualização sob luz azul.

Tonometria ocular
Mede a pressão intraocular (PIO) e é essencial para detectar glaucoma (pressão alta) ou uveíte (pressão baixa).

Citologia e cultura bacteriana
Identifica infecções por bactérias, fungos ou vírus, auxiliando na escolha do colírio mais adequado.

Exames laboratoriais gerais (hemograma, bioquímica, urinálise)
Avaliam doenças sistêmicas que causam inflamação ocular secundária.

Ultrassom ocular e tomografia
Indicados em casos complexos, quando há suspeita de tumores intraoculares, descolamento de retina ou alterações anatômicas.

Esses testes são indolores e permitem detectar o problema antes que ocorram danos permanentes à visão.

A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce é decisivo para prevenir complicações como úlceras profundas, glaucoma ou descolamento de retina.

Além disso, muitas doenças oculares caninas compartilham sintomas semelhantes. Por isso, somente um exame oftalmológico completo pode determinar a causa exata da vermelhidão.

Quais os riscos e complicações do olho vermelho em cães?

O olho vermelho em cães é um sinal clínico comum, mas nunca inofensivo, principalmente quando não é tratado rapidamente, o que pode gerar danos irreversíveis à visão.

Essas alterações comprometem estruturas delicadas como a córnea, íris, retina e nervo óptico, e afetam diretamente o conforto e a qualidade de vida do animal.

Mesmo que a vermelhidão pareça leve, o risco está na evolução silenciosa de doenças oculares que progridem em poucas horas, especialmente em raças predispostas e cães idosos.

Com base em todas as doenças mencionadas, os principais riscos são: 

  • dor intensa;
  • risco de úlcera de córnea;
  • perfuração da córnea, cicatriz permanente ou perda do globo ocular;
  • Inflamação recorrente;
  • cegueira parcial ou irreversível;
  • acúmulo de sangue na câmara anterior;
  • descolamento de retina;
  • inchaço, deformidade e risco de metástase;
  • opacidade ocular e perda progressiva da visão.

Grupos de risco do olho vermelho em cães

Algumas raças têm predisposição anatômica ou genética para desenvolver doenças oculares associadas à vermelhidão. Essa suscetibilidade está ligada à conformação do crânio, tipo de pálpebra e características do filme lacrimal.

CategoriaRaças com maior riscoPrincipais causas associadas
Braquicefálicos (focinho curto e olhos salientes)Pug, Shih Tzu, Pequinês, Lhasa Apso, Boston Terrier, Bulldog Inglês e Francês.Úlcera de córnea, ceratoconjuntivite seca e trauma ocular.
Com excesso de pele facial ou pálpebras frouxasShar Pei, Chow Chow, Cocker Spaniel, Basset Hound, Bloodhound, São Bernardo.Entrópio, conjuntivite crônica e irritações recorrentes.
Predispostas a glaucoma hereditárioAkita, Cocker Spaniel, Labrador Retriever, Golden Retriever, Husky Siberiano, Samoieda, Basset Hound.Glaucoma primário e degeneração do nervo óptico.
Propensas à ceratoconjuntivite seca Shih Tzu, Cocker Spaniel Americano, Yorkshire Terrier, Schnauzer Miniatura, West Highland White Terrier.Falha imunomediada na produção lacrimal.

Se o seu cão pertence a uma dessas raças, redobre a atenção e consulte um veterinário a qualquer sinal de vermelhidão, mesmo que discreta.

Qual o tratamento indicado para cachorro com olho vermelho?

Tratamento para cão com olho vermelho

Em geral, o veterinário define a abordagem com base na causa subjacente, após o exame clínico e oftalmológico, que identifica se o é infeccioso, inflamatório, anatômico ou sistêmico.

Isso pode incluir a prescrição de medicamentos:

  • Colírios antibióticos ou anti-inflamatórios, quando há infecção ou inflamação leve;
  • Pomadas lubrificantes para aliviar o ressecamento e proteger a córnea;
  • Colírios imunomoduladores em casos de ceratoconjuntivite seca;
  • Analgésicos e anti-inflamatórios sistêmicos, para controle da dor e edema;
  • Cirurgia corretiva, indicada em casos de entrópio, úlcera de córnea profunda, glaucoma ou tumores oculares.

Cuidados imediatos até a consulta veterinária

Enquanto aguarda o atendimento, é possível adotar alguns cuidados simples que ajudam a aliviar o desconforto e evitar agravamentos:

  • Evite deixar o cão coçar ou esfregar o olho: use o colar elizabetano, se necessário.
  • Limpe delicadamente a área com gaze ou algodão umedecido em soro fisiológico, sem friccionar.
  • Faça compressas frias com uma toalha limpa e macia por alguns minutos, para reduzir o inchaço e a inflamação.
  • Mantenha o ambiente limpo e arejado, longe de poeira, fumaça, perfumes ou produtos de limpeza.
  • Evite exposição solar direta e ventos fortes, que podem irritar ainda mais os olhos.
  • Não utilize colírios humanos. Se o cão já faz uso de colírios lubrificantes específicos ou lágrimas artificiais prescritas, aplique conforme orientação.

Esses cuidados não substituem o tratamento médico, mas ajudam a controlar os sintomas até a avaliação profissional.

Como prevenir o olho vermelho em cães?

É possível prevenir o olho vermelho e outras irritações oculares com uma rotina simples de higiene e atenção aos detalhes do dia a dia do seu pet.

1. Higiene ocular diária

A limpeza regular dos olhos é a principal forma de prevenir irritações e inflamações. Use gaze ou algodão umedecido com soro fisiológico, limpando suavemente as secreções que se acumulam no canto dos olhos.

Evite lenços umedecidos com álcool, perfumes ou produtos humanos, que podem irritar a mucosa ocular.

Dica: cães de pelos longos, como Shih Tzu e Lhasa Apso, devem ter os fios ao redor dos olhos aparados para evitar atrito e acúmulo de sujeira.

2. Proteja o cão de irritantes ambientais

Evite a exposição do pet a ambientes com poeira, fumaça, poluição, sprays de limpeza e perfumes. Mantenha o ambiente bem ventilado e evite fumar ou utilizar produtos químicos próximos ao animal.

Dica: Durante passeios, evite locais com vegetação alta, areia solta ou vento forte, que podem levar corpos estranhos aos olhos.

3. Rotina de check-ups oftalmológicos

Assim como em humanos, os exames oftalmológicos preventivos são fundamentais para detectar doenças em estágios iniciais.

Cães de raças predispostas, idosos ou com histórico de problemas oculares devem passar por avaliações periódicas com um veterinário oftalmologista.

4. Cuidado com o uso de produtos

Nunca aplique colírios humanos ou medicamentos sem prescrição veterinária. Mesmo produtos aparentemente inofensivos podem alterar o pH ocular e agravar o quadro.

Prefira sempre colírios lubrificantes e soluções específicas para cães, indicados por um profissional.

Você já olhou nos olhos do seu cachorro hoje?

Essa simples observação pode fazer toda a diferença na saúde ocular dele.

Quanto mais cedo o tutor agir, menores as chances de complicações, e maior a chance de preservar a visão do seu melhor amigo.

Perguntas frequentes sobre cachorro com olho vermelho

Perguntas frequentes sobre cão com olho vermelho

Posso pingar colírio humano no meu cachorro?

Não. Os colírios para humanos não são formulados para tratar doenças oculares em pets. Existem medicamentos para cães que são específicos para o tratamento de conjuntivite, inflamações, entre outras doenças. 

Sempre consulte um veterinário antes de administrar qualquer medicamento ou tratamento.

No pet shop online da Cobasi você encontra colírios para cachorro, com função lubrificadora e com propriedades antibióticas. Aproveite nossas promoções e compre agora mesmo. 

O olho vermelho do cachorro pode indicar outras doenças?

Sim, existem outras doenças sistêmicas, como leishmaniose, cinomose e erliquiose (doença do carrapato), que causam inflamações oculares secundárias. Por isso, o olho vermelho persistente deve sempre ser investigado com exames clínicos e laboratoriais.

Como fica o olho do cachorro com leishmaniose?

Entre os sinais oculares mais frequentes da leishmaniose estão a blefarite (inflamação das pálpebras), o olho seco, a conjuntivite, a ceratite e, em casos mais avançados, o descolamento de retina.

O olho do cão costuma ficar vermelho, inchado, com secreção e crostas nas pálpebras, além de queda de pelos ao redor dos olhos.

Esses sinais indicam uma inflamação ocular provocada pelo protozoário Leishmania infantum e exigem atendimento veterinário imediato para evitar complicações.

Posso usar soro fisiológico no olho do meu cachorro?

O soro fisiológico é seguro para higienizar os olhos, desde que não haja feridas ou secreção intensa. Use gaze estéril, limpe do canto interno para o externo e evite aplicar sob pressão. Mas, antes de utilizar, consulte um veterinário para indicar todas as etapas do cuidado.

A toxoplasmose pode deixar o olho do cachorro vermelho?

A toxoplasmose ocular causa inflamação nas estruturas internas do olho, deixando-o vermelho, dolorido e com visão turva. 

Em casos mais graves, a infecção provoca lesões na retina, chamadas de cicatrizes retinianas, que prejudicam a visão e podem levar à perda visual permanente se não houver tratamento rápido.

Devo dar Optivet ou Soft Care ao meu cão para olhos vermelhos?

Embora sejam medicamentos seguros e indicados para o tratamento dos olhos, consulte seu veterinário antes de administrar qualquer remédio. É crucial determinar a origem da irritação antes de iniciar o tratamento.

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1 Comentário

  1. Hozana da Silva disse:

    Boa tarde, gostei muito dos comentários referente aos animais,me preocupo com minha cachorrinha,as vezes ela fica com os olhos vermelhos,procurei aqui no Google o que poderia ser,vou procurar um médico pra ela fazer alguns exames de rotina.obriga pelas informações

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