
A cinomose é uma doença viral altamente contagiosa (de fácil e rápida transmissão) causada pelo Canine Distemper Virus (CDV), pertencente à família Paramyxoviridae e ao gênero Morbillivirus.
No Brasil, a cinomose é considerada endêmica. Estudos e dados epidemiológicos mostram que milhares de cães morrem todos os anos no país em decorrência da doença, especialmente entre animais não vacinados ou com protocolo vacinal incompleto.
Segundo a médica-veterinária Joyce Lima (CRMV-SP 39824), da Educação Corporativa da Cobasi:
“Trata-se de uma das doenças mais graves em cães porque pode começar com sinais discretos e, em pouco tempo, comprometer o sistema respiratório, o digestivo e, principalmente, o nervoso.
Mesmo com tratamento, a taxa de mortalidade permanece alta, além de aumentar muito o risco de sequelas permanentes nos que sobrevivem.”
A cinomose não tem cura antiviral específica. O tratamento é de suporte, com foco no controle dos sintomas e prevenção de complicações, mas nem sempre garante a recuperação.
O prognóstico depende do estágio em que a doença é diagnosticada e da resposta imunológica do animal. Por sua gravidade e pelo impacto na vida dos pets e de seus tutores, reunimos neste guia informações completas e atualizadas sobre a doença.
O conteúdo foi produzido com a colaboração da médica-veterinária Joyce Lima (CRMV-SP 39824) e do Dr. David Dalamura (CRMV-MG 20971), além de contar com base em estudos científicos recentes. Aqui, você vai encontrar:
Para facilitar a compreensão, este infográfico reúne as principais informações sobre a cinomose canina.
O conteúdo apresenta um resumo visual de todos os tópicos abordados no guia, como: formas de transmissão, sintomas e fases da doença, tratamentos utilizados e medidas de prevenção mais eficazes.
O objetivo é oferecer um panorama rápido e confiável para auxiliar a proteção dos cães contra essa enfermidade grave.
A cinomose, ou distemper canino, é uma doença infecciosa altamente contagiosa. O vírus CDV se transmite pelo contato com urina, fezes, saliva e secreções oculares ou nasais de animais infectados.
O risco é maior entre os três e seis meses de idade, quando o filhote perde a imunidade passiva herdada da mãe e ainda não completou o protocolo de vacinação, ou nos casos em que a vacina contra cinomose não foi aplicada corretamente.
As duas principais formas de contágio da cinomose em cães são:
Quando um cão saudável interage com um animal doente. Seja por cheirar, lamber, brincar ou apenas compartilhar o mesmo espaço, o cachorro pode inalar ou entrar em contato com gotículas contaminadas.
O vírus da cinomose também pode estar presente em objetos e superfícies, como comedouros, bebedouros, brinquedos, coleiras, roupas ou calçados que tiveram contato recente com secreções contaminadas.
Segundo a médica-veterinária Joyce Lima (CRMV-SP 39824):
“O cão infectado pode começar a eliminar o vírus cerca de 14 dias após o contato inicial e continuar transmitindo por até 90 dias. Portanto, mesmo após iniciar a recuperação, o cão continua representando risco para outros animais.”
Importante! Estudos indicam que cerca de 25% a 75% dos cães podem transmitir a doença mesmo sem apresentar sintomas, liberando o vírus no ambiente por longos períodos.
Assim, um cão aparentemente saudável pode se tornar uma fonte silenciosa de infecção para outros animais.
O Canine Distemper Virus (CDV) sobrevive por até 3 horas em temperatura ambiente, especialmente em superfícies e objetos contaminados por secreções ou excreções de cães infectados.
Em locais frios, úmidos e pouco iluminados, como áreas externas sem sol direto, a persistência pode ser maior, aumentando as chances de transmissão indireta.
De acordo com Brito et al. (2016), o vírus da cinomose pode permanecer ativo por semanas em temperaturas entre -4 °C e 0 °C e por meses quando congelado. Já sob temperaturas de 50 °C a 60 °C, ocorre a inativação em aproximadamente 30 minutos.
A transmissão da cinomose canina pode acontecer de diversas maneiras. Como explica a Joyce Lima, a contaminação acontece da seguinte maneira:
A cinomose é uma doença viral em cães que pode provocar sinais clínicos variados conforme a gravidade da infecção, a cepa viral, a idade e a resposta imunológica do animal.
Alguns sintomas iniciais são inespecíficos e costumam ser confundidos com outras doenças. A evolução pode atingir diferentes sistemas do organismo, provocando manifestações mais severas.
De acordo com a médica-veterinária Joyce Lima, os sinais mais comuns nos estágios iniciais são:
“Conforme evolui, o cão pode apresentar secreções amareladas no nariz e olhos, andar desgovernado, tremores musculares, convulsões, paralisias e falta de coordenação”, completou.
A doença pode seguir quatro estágios de evolução, atingindo diferentes sistemas do organismo e apresentando sinais clínicos diversos.
Os primeiros sinais da cinomose geralmente aparecem nos olhos. O vírus provoca inflamações e secreções que podem ser confundidas com conjuntivites comuns, mas evoluem rapidamente.
Esses sinais iniciais muitas vezes passam despercebidos ou são tratados como problemas isolados, atrasando o diagnóstico.
Logo após a inalação, o vírus se instala nas vias respiratórias superiores, multiplicando-se em células de defesa locais e alcançando rapidamente tecidos do sistema imunológico, como amígdalas e linfonodos próximos aos pulmões.
Nessa fase, a resposta imune e a cepa viral determinam se a infecção será controlada ou se o vírus seguirá para outros sistemas, como o digestório e o nervoso.
Por isso, sinais iniciais aparentemente leves podem evoluir de forma rápida e grave.
Os sintomas respiratórios resultam de inflamações e acúmulo de secreções, podendo ser confundidos com outras doenças, como a gripe canina.
Embora menos comum, a infecção pode atingir a pele e estruturas anexas, geralmente acompanhada de outros sinais sistêmicos. O comprometimento cutâneo pode provocar:
Essas alterações causam desconforto significativo e podem favorecer infecções secundárias na pele. Apesar de não ser a manifestação mais grave, a presença desses sinais geralmente indica um estágio avançado da doença e deve motivar avaliação veterinária imediata.
Quando o vírus avança para o sistema digestório, atinge o revestimento do estômago e dos intestinos, causando inflamação e dificultando a absorção de nutrientes.
Essa etapa costuma gerar grande perda de líquidos e eletrólitos, aumentando o risco de desidratação grave, especialmente em filhotes e cães debilitados.
Devido à queda na imunidade e ao comprometimento da mucosa intestinal, podem ocorrer infecções secundárias, como gastroenterite bacteriana, que agravam a diarreia e o estado geral do animal.
Sintomas comuns da fase gastrointestinal
O quadro pode evoluir de forma rápida e comprometer o bem-estar do animal, sendo essencial o atendimento veterinário imediato para suporte e prevenção de complicações.
Quando alcança o sistema nervoso central (SNC), a cinomose pode comprometer o cérebro e a medula espinhal, mesmo antes de surgirem sinais neurológicos aparentes.
Isso acontece quando o organismo não consegue eliminar o vírus, permitindo que avance e provoque inflamações graves no tecido nervoso, conhecidas como encefalite ou encefalomielite.
O tipo de lesão varia conforme a idade e a evolução do quadro:
A fase neurológica é considerada a mais grave da cinomose, a mortalidade nesta etapa varia entre 30% e 80%. Mesmo nos casos em que o animal sobrevive, as sequelas neurológicas são comuns e, muitas vezes, permanentes.
Por isso, qualquer sinal neurológico, como convulsões, perda de movimentos ou mudança brusca de comportamento, exige atendimento veterinário imediato.
A cinomose pode se apresentar em diferentes formas, influenciadas pela virulência da cepa, condições ambientais e resposta imunológica do animal.
Evolução rápida, frequentemente com febre alta, apatia, sinais respiratórios e gastrointestinais.
Em casos mais graves, o cachorro pode apresentar rigidez no pescoço, vocalizações incomuns, posição anormal da cabeça e alterações de consciência que evoluem até o coma.
Na fase aguda, o vírus pode ser eliminado pelo organismo em até duas semanas. Porém, quando afeta somente o sistema nervoso central, o animal pode não transmitir mais a doença, mas ainda apresentar sinais graves (NELSON e COUTO, 2001).
Caracterizada por febre repentina, podendo ocorrer morte súbita. Muitas vezes, o cão apresenta dois picos de febre:
Sintomas como falta de apetite, anorexia, conjuntivite e depressão são comuns nesse estágio.
Sinais neurológicos persistentes, como convulsões e mioclonias, podem durar meses ou deixar sequelas permanentes.
É importante saber que não existe um sintoma “exclusivo” da cinomose. Os sinais podem aparecer sozinhos, ao mesmo tempo, ou em sequência, o que impossibilita confirmar a doença apenas observando o comportamento do animal.
As manifestações da cinomose podem ocorrer em diferentes fases, mas elas não seguem necessariamente uma ordem fixa.
É comum que duas ou mais fases se sobreponham ou apareçam de forma isolada, variando conforme a resposta imunológica do animal e a agressividade da cepa viral.
Assim, a observação atenta dos sinais e o diagnóstico veterinário precoce são fundamentais para aumentar as chances de recuperação do animal.
A médica-veterinária Joyce Lima responde: “Sabe-se que a taxa de mortalidade de cães com cinomose é muito alta, poucos realmente sobrevivem com o tratamento, mas a cura é possível. Porém, estatisticamente falando, é uma porcentagem baixíssima.”
O prognóstico é especialmente delicado em filhotes com menos de três meses, que geralmente apresentam quadros mais graves e uma alta taxa de mortalidade.
Isso ocorre porque o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento e a resposta ao tratamento é mais limitada. Mesmo nos casos de recuperação, sequelas neurológicas ou motoras são frequentes, afetando a qualidade de vida do animal a longo prazo.
Quando a cinomose atinge o sistema nervoso central (SNC), a recuperação completa é rara. Mesmo recebendo cuidados, muitos cães mantêm alterações permanentes que impactam a qualidade de vida.
As sequelas mais comuns incluem:
A intensidade das sequelas varia de caso para caso. Em todos os cenários, o cão precisa de acompanhamento veterinário contínuo para minimizar sintomas e melhorar sua reabilitação.
Atualmente, não existe um medicamento específico capaz de eliminar o vírus da cinomose. Isso ocorre porque o vírus sofre constantes mutações, o que dificulta o desenvolvimento de um antiviral único e eficaz.
O tratamento feito é o sintomático, que busca controlar os sinais clínicos e evitar complicações, sem agir diretamente sobre o vírus. A veterinária Joyce Lima explica:
“Por exemplo, no caso da febre, utiliza-se antipiréticos. No caso dos sintomas gastrointestinais, oferece-se hidratação, alimentação adequada e antieméticos. Se o pet apresentar quadros de convulsões, utiliza-se anticonvulsivante. E, assim por diante, sempre com medicamentos específicos para cães.”
Vale destacar que o protocolo varia conforme o estágio da doença e os sistemas afetados, mas geralmente inclui:
1. Controle dos sintomas
2. Prevenção e tratamento de infecções secundárias
Devido à queda na imunidade, o cão pode desenvolver doenças oportunistas. Nesses casos, antibióticos de amplo espectro podem ser indicados para combater ou prevenir pneumonia, gastroenterite e infecções de pele.
3. Suporte nutricional e hidratação
4. Reabilitação
Para cães que ficam com sequelas neurológicas ou motoras, terapias como fisioterapia veterinária e acupuntura podem ajudar a melhorar a coordenação, reduzir tremores e proporcionar mais conforto.
A forma mais eficaz de prevenir a cinomose é por meio da vacinação, que deve começar ainda nos primeiros meses de vida do cão, seguindo corretamente o protocolo indicado pelo médico-veterinário.
Logo após o nascimento, o filhote recebe anticorpos da mãe pelo colostro (primeiro leite). Esses anticorpos oferecem proteção temporária, mas diminuem com o tempo. Por isso, a vacinação precisa começar entre 6 e 8 semanas de idade, com reforços a cada 21 dias até as 14 a 16 semanas.
A vacina múltipla (V8 ou V10) é a responsável por prevenir a cinomose e outras doenças graves. Em casos específicos, o veterinário pode indicar outras opções, como a vacina recombinante, especialmente para filhotes órfãos ou com risco de reação.
Confira abaixo o calendário vacinal indicado para cães:
Qualquer erro no processo vacinal , como atrasar doses, aplicar no animal doente ou usar vacinas de baixa qualidade, pode deixar o pet vulnerável à cinomose, mesmo que ele já tenha iniciado o protocolo.
Para garantir que a proteção seja realmente eficaz, siga estas orientações:
A vacinação é a principal estratégia contra essa doença viral em cães, mas não é a única. Pequenos cuidados diários também ajudam a reduzir bastante o risco de exposição ao vírus:
Sim. O vírus pode se alojar no sistema nervoso central e permanecer inativo por semanas ou meses, especialmente em cães que tiveram casos subclínicos.
Quando reativado, pode causar sintomas neurológicos tardios, como mioclonias, convulsões e alterações comportamentais.
Sim, o vírus pode ser transportado de forma indireta em roupas, sapatos ou objetos que tiveram contato com ambientes contaminados. Ou seja, a vacinação é essencial para todos os cães, inclusive para cachorros sem acesso à rua.
Embora seja incomum, fatores como predisposição genética, uso de imunossupressores, infecções concomitantes ou resposta imunológica insuficiente podem reduzir a eficácia da vacina.
Somente com exames específicos, como PCR e sorologia. A parvovirose, por exemplo, costuma causar diarreia intensa com sangue e vômitos, enquanto a cinomose apresenta sinais respiratórios e neurológicos, além de sintomas gastrointestinais.
Sim, entre as alterações dermatológicas estão a hiperqueratose no focinho e coxins plantares, dermatites e ressecamento de pele. Essas lesões geralmente ocorrem em fases mais avançadas da doença.
Apesar de frágil no ambiente, o vírus sobrevive por algumas horas e até dias em superfícies frias e secas. A desinfecção é essencial para evitar a transmissão.
O tempo varia. A fase aguda dura de 10 a 14 dias, mas o vírus pode permanecer no organismo por semanas ou até meses, especialmente no sistema nervoso, causando sequelas ou reativação dos sintomas.
Depende do grau de comprometimento neurológico. Em casos leves, a fisioterapia e a reabilitação podem ajudar na recuperação parcial ou total. Em quadros graves, a paralisia pode ser permanente.
Sim, o vírus pode afetar o nervo óptico e estruturas oculares, levando à cegueira total ou parcial. Essa sequela pode surgir durante a infecção ativa ou como efeito tardio, mesmo após o tratamento dos outros sintomas.
Quer saber mais sobre a cinomose canina? Dê o play e assista o vídeo que preparamos exclusivamente sobre o assunto na TV Cobasi.
O conteúdo te ajudou? Aqui no Blog da Cobasi, você encontra informações confiáveis e atualizadas para cuidar da saúde e do bem-estar do seu pet. Confira também outros artigos, siga nossas dicas e mantenha seu cachorro protegido contra doenças como a cinomose. Até a próxima!
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