

A creatinina alta em cães é um dos principais sinais de alerta para problemas renais com o pet, desde uma desidratação até casos mais graves de insuficiência renal. O parâmetro é amplamente utilizado na prática veterinária porque reflete diretamente a capacidade de filtração dos rins.
Quando a creatinina ultrapassa o valor de referência, há risco de acúmulo de toxinas no organismo e de complicações sérias. Esse marcador bioquímico, junto com a dosagem de ureia, é considerado um dos indicadores mais confiáveis da função dos rins.
Pesquisas em hospitais veterinários, como a da Universidade Federal de Uberlândia (2019), apontam que os valores normais desses marcadores variam entre:
Alterações nesses níveis devem ser levadas a sério, já que a combinação de creatinina e ureia altas costuma indicar lesão renal, reforçando a importância dos exames periódicos.
Seu cachorro recebeu o diagnóstico de creatinina alta e você não sabe o que isso significa? Neste guia, contamos com a colaboração da médica-veterinária Lysandra Barbieri (CRMV/SP – 44484), para te ajudar a entender os seguintes tópicos:
A creatinina é uma substância produzida naturalmente pelos músculos, filtrada pelos rins e eliminada pelo xixi. Como sua produção é constante, a dosagem no sangue funciona como um “termômetro” da função renal.
De forma simples, a creatinina é um resíduo da creatina, substância que armazena energia no músculo. Quando a creatina é consumida, ela gera creatinina, que vai para o sangue e deve ser filtrada pelos rins.
Quando a sua concentração está alta, pode ser que os rins não estejam conseguindo eliminá-la corretamente, o que é um sinal de alerta para problemas renais em cães.
Na medicina veterinária, o exame de creatinina é um dos mais comuns para avaliar a função dos rins.
Estudos organizados por Watson et al. (1981), indicam que os níveis deste marcador não se elevam logo no início dos transtornos renais, mas apenas quando já ocorreu perda significativa da função dos rins.
Apesar de ser considerada um parâmetro tardio, a medição continua indispensável na prática clínica.
Isso ocorre porque a creatinina é eliminada quase exclusivamente pelos rins, tornando-se um marcador indireto da taxa da taxa de filtração glomerular (TFG), a forma mais precisa de avaliar a capacidade de os rins filtrarem o sangue.
Os valores normais de creatinina em cães ficam entre 0,5 e 1,5 mg/dL no sangue. Resultados acima desse intervalo já merecem atenção do veterinário, como detalhamos na tabela abaixo:
| Situação | Níveis (mg/dL) | Interpretação |
| Normal | 0,5–1,5 | Função renal preservada |
| Alerta precoce | ≥ 1,4 | Pode indicar início de doença renal crônica se houver outros sinais clínicos |
| Alteração leve | 1,6–2,0 | Necessário investigar: pode ser início de comprometimento |
| Moderada | 2,1–5,0 | Insuficiência renal moderada a grave |
| Grave | > 5,0 | Quadro crítico, risco de vida, exige atendimento imediato |
Vale ressaltar que o contexto clínico, o histórico do animal e a variação entre exames são fundamentais para a interpretação correta.
Por exemplo, em casos de lesão renal aguda (LRA), até mesmo um aumento de 0,3 mg/dL em 48 horas pode ser considerado diagnóstico, mesmo quando o valor final ainda está dentro da faixa de normalidade.
Além disso, existem outros fatores podem influenciar a leitura:

A creatinina alta em cães está ligada a alterações na função renal e os sintomas aparecem quando os rins perdem a capacidade de filtrar corretamente as toxinas do organismo.
Essa alteração pode ocorrer em dois cenários:
Como os rins exercem funções essenciais para o equilíbrio do organismo, a disfunção renal compromete todo o metabolismo do animal. As manifestações clínicas mais observadas incluem:
Nos estágios iniciais da doença renal, os sinais podem ser discretos:
Com a progressão da insuficiência renal, os sintomas se tornam mais evidentes:
Um estudo conduzido no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS analisou 16 cães adultos diagnosticados com transtornos renais.
Os animais tinham entre 1 e 12 anos, de diferentes raças e portes, e passaram por exames de sangue, urina e avaliações clínicas completas.
Os resultados mostraram que os sintomas mais frequentes foram:
Segundo os pesquisadores, as causas variaram entre problemas:
Esses dados reforçam que os sintomas da creatinina alta em cães podem ir muito além da alteração em exames laboratoriais, afetando todo o organismo. Por isso, o diagnóstico deve sempre considerar o conjunto de sinais clínicos e laboratoriais.
Em alguns casos, a alteração da creatinina alta em cães pode ser transitória, mas em outros está ligada a doenças graves que comprometem a vida do animal.

A doença renal crônica (DRC) pode ter origem familiar ou congênita, ou seja, transmitida geneticamente em algumas raças. Pesquisas apontam que cães como Beagle, Doberman, Lhasa Apso e Samoieda, apresentam maior risco de desenvolver a condição (Meak, 2003).
Além disso, outras raças caninas apresentam predisposição à DRC ao longo da vida:
A Sociedade Internacional de Interesse Renal (IRIS) criou um sistema de classificação usado em todo o mundo para avaliar a doença renal crônica (DRC) em cães.
Essa divisão da doença em fases considera os resultados de exames de sangue (como creatinina e SDMA, molécula excretada pelos rins que funciona como um biomarcador renal específico), urinálise e exames de imagem.
Os estágios da doença renal em cães vão de 1 a 4, sendo que quanto maior o estágio, maior a perda da função renal:
| Estágio | Creatinina (mg/dL) | SDMA (µg/dL) | O que significa |
| 1 | < 1,4 | < 18 | Rins ainda funcionam bem. As alterações só aparecem em exames de imagem ou urina diluída. Sem sintomas visíveis |
| 2 | 1,4–2,8 | 18–35 | Doença renal leve. O cão pode não ter sintomas ou apresentar perda de apetite e emagrecimento discreto. |
| 3 | 2,9–5,0 | 36–54 | Na doença renal moderada, é quando começam a aparecer sintomas mais claros como sede excessiva, vômitos, diarreia e cansaço. |
| 4 | > 5,0 | > 54 | Doença renal grave: sinais intensos, como perda de apetite, fraqueza, perda de peso acentuada. Exige cuidados intensivos. |
Essa classificação mostra quão avançada está a doença renal, permitindo ao veterinário definir o tratamento e orientar o tutor sobre os cuidados necessários em cada fase.
O diagnóstico da creatinina alta em cães é feito por exames laboratoriais de sangue e urina, que mostram se os rins estão conseguindo filtrar corretamente as toxinas do organismo.
Esse conjunto de exames permite ao veterinário identificar alterações precocemente e avaliar a gravidade do problema.
Na prática clínica, os exames mais utilizados no diagnóstico estão:
“Apenas o médico veterinário, mediante consulta, exames e histórico do animal, é capaz de diagnosticar se o seu pet está com problemas renais ou não. Lembrando que a creatinina alta é apenas um dos parâmetros para este tipo de doença”, afirma Lysandra Barbieri.
Um desafio importante é que os sinais clínicos e a elevação da creatinina só aparecem quando os rins já perderam entre 50% e 75% da sua capacidade funcional (Baynes & Dominiczak, 2007; Costa et al., 2003).
Por isso, exames periódicos são fundamentais para diagnóstico precoce.

A creatinina alta em cães não é uma doença, mas sim um sinal de que algo está errado no organismo, principalmente nos rins.
Portanto, não existe um “remédio para baixar a creatinina”. O tratamento busca atrasar a progressão da doença no rins dos cães, reduzir os sintomas e manter o equilíbrio metabólico (MEAK, 2003).
Por exemplo, a doença renal crônica (DRC) é irreversível, mas pode ser controlada com acompanhamento contínuo. Já a lesão renal aguda (LRA) pode ter recuperação parcial ou até total se tratada rapidamente.
Cada caso é único, e a terapia deve ser adaptada ao estágio da doença e às necessidades do paciente. Entre as principais abordagens estão:
Segundo o IRIS Pocket Guide, conteúdo organizado pela Sociedade Internacional de Interesse Renal, o tratamento da doença renal crônica em cães é orientado de acordo com os estágios. As recomendações gerais para cada fase são:
| Estágio | Foco do tratamento |
| 1 | Monitorar exames, corrigir desidratação, evitar medicamentos tóxicos para os rins. |
| 2 | Monitorar exames, corrigir desidratação, evitar medicamentos tóxicos para os rins. |
| 3 | Dieta renal rigorosa, fluidoterapia, controle do fósforo, uso de medicamentos de suporte (antieméticos, anti-hipertensivos). |
| 4 | Cuidados de suporte intensivo: fluidoterapia frequente, múltiplos medicamentos, suplementos e, em alguns casos, diálise. |
A prevenção da creatinina alta passa por cuidados simples no dia a dia dos cães:
Sim, valores acima de 1,5 mg/dL já indicam alteração renal e, quando passam de 3, o quadro costuma ser considerado grave, exigindo acompanhamento veterinário imediato.
Não existem remédios caseiros ou específicos para isso. A redução só é possível com tratamento veterinário, que pode incluir fluidoterapia, dieta renal e medicamentos de suporte.
De forma simples: a ureia indica a capacidade de filtração dos rins, enquanto a creatinina reflete a perda ou comprometimento da função renal.
A ureia também atua como outro marcador importante da função renal. Quando creatinina e ureia aparecem altas ao mesmo tempo nos exames, aumenta a suspeita de lesão ou insuficiência renal.
Não, a creatina é um suplemento alimentar desenvolvido para humanos e pode sobrecarregar os rins dos cães. É importante não confundir:

O conteúdo te ajudou? A creatinina alta em cachorro é sempre um sinal de alerta que deve ser investigado com exames e acompanhamento veterinário. O diagnóstico precoce faz toda a diferença para preservar a função renal e garantir qualidade de vida ao pet.
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Formada em Medicina Veterinária pela UNESC - Campus Colatina, Lysandra é apaixonada pelos seus pets adotados: Pretinha, Cabrita e Tuí. Cada um deles reforça sua dedicação à Medicina Veterinária e reflete seu amor pelos animais.
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