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A pancreatite em gatos é uma inflamação causada pela ativação descontrolada das enzimas digestivas do pâncreas, que provoca danos aos tecidos do órgão e pode acontecer de maneira súbita.
Apesar de grave, a condição é mais comum do que a maioria dos tutores imagina.
Ainda assim, é uma doença difícil de diagnosticar — e muitos gatos acometidos apresentam sinais sutis e genéricos, como anorexia, apatia, perda de peso e vômitos espaçados.
A dor abdominal, marcante em cães e até humanos com a condição, não costuma ser evidente nos felinos, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença. (BARAL, 2016)
Ainda assim, a pancreatite pode comprometer a saúde do pet rapidamente, ainda mais quando associada a outros problemas sistêmicos, como a diabetes e a tríade felina.
Para te ajudar a entender melhor sobre essa enfermidade, criamos este guia completo com a colaboração da médica-veterinária Márcia Maria Cavaleiro (CRMV/SP – 7936).
Continue a leitura e descubra como reconhecer os sinais precoces de pancreatite em gatos e como garantir mais qualidade de vida aos felinos com a condição!
A pancreatite é classificada como uma inflamação do pâncreas felino, um pequeno órgão localizado no abdômen dos animais, entre o rim direito e o intestino.
Embora pese somente cerca de 170–225 g, o pâncreas exerce funções essenciais para o funcionamento do organismo e a manutenção da saúde dos gatos, incluindo:
Quando algo altera esse processo, as enzimas digestivas felinas são ativadas precocemente ainda dentro do pâncreas. (NÓBREGA, 2015)
E em vez de ajudarem na digestão dos alimentos, elas extravasam para o próprio órgão, causando lesões e inflamação intensa na região.
Em geral, é como se as enzimas começassem a “digerir” o pâncreas, podendo ainda ultrapassar os limites do aparelho e inflamar qualquer outro tecido que tiverem contato.

Por isso mesmo, a pancreatite está muito associada à tríade felina — síndrome em que a inflamação do pâncreas acontece de forma síncrona com inflamações do intestino e fígado.
Os primeiros sintomas da pancreatite em gatos costumam ser discretos e pouco específicos, o que dificulta o diagnóstico da doença. (FORMAN et al., 2021)
Além disso, os felinos são famosos por esconder o desconforto muito bem, e a maioria das alterações acaba sendo confundida com estresse ou um mal-estar passageiro.
Logo, é preciso estar atento mesmo aos menores sinais de que há algo de errado com o animal, como explica a doutora Márcia:
“Em geral, o animal fica mais quieto, sem apetite, e ocorrem vômitos, levando à desidratação e à perda de peso.”
Além disso, alguns gatos podem apresentar hipertemia ou hipotermia, quando a temperatura corporal fica mais baixa (hipotermia) ou mais alta (hipertermia) do que o normal.
“As mucosas podem ficar amareladas (icterícia), e o tutor pode observar isso nos olhos, na boca, na face interna da orelha e, nos casos mais graves, no corpo todo do animal”, completa a especialista.
Outros sinais clínicos menos comuns, mas associados aos quadros de pancreatite em gatos incluem:
Vale lembrar que nem todos os felinos com inflamação no pâncreas apresentam sintomas gastrointestinais — limitando-se aos sinais clássicos de anorexia (falta de apetite) e letargia, quando o pet fica mais quieto do que o normal.
Em casos mais graves, os pets também podem desenvolver complicações sistêmicas, como CID (coagulação intravascular disseminada) tromboembolismo e choque cardiovascular, podendo evoluir para óbito. (XENOULIS & STEINER, 2009)
Muitas condições que afetam a saúde digestiva felina apresentam sinais clínicos muito parecidos entre si, principalmente quando envolvem vômitos, perda de apetite e apatia.
Nos gatos, a pancreatite costuma ser ainda mais difícil de identificar porque, diferentemente dos cães, a dor abdominal nem sempre é evidente.
Além disso, é comum que mais de um distúrbio gastrointestinal felino aconteça ao mesmo tempo, podendo causar confusão no diagnóstico.
Afinal, gatos podem apresentar pancreatite crônica associada a doenças inflamatórias intestinais, alterações no fígado, na vesícula biliar e até diabetes, por exemplo.
“O animal pode ter pancreatite crônica e não receber o diagnóstico, porque os sintomas são os mesmos da doença inflamatória intestinal e geralmente as biópsias são realizadas apenas no intestino”, explica a Dra.Márcia Maria Cavaleiro.
Como você viu, diferenciar pancreatite de outros problemas intestinais em gatos não é uma tarefa simples, e o ideal é levar o pet até um veterinário assim que os sintomas surgirem.
Isso porque a avaliação de um profissional e a realização de exames específicos são essenciais para identificar condições que, no início, podem parecer idênticas.
Ainda assim, algumas doenças apresentam pistas que ajudam a levantar suspeitas e descartar hipóteses iniciais, como mostramos na tabela:
| Doença | O que é | Sinais comuns | Como diferenciar |
| Diabetes mellitus | Distúrbio metabólico causado pela dificuldade do organismo em regular a glicose. | Apatia, desidratação, perda de peso e vômitos em crises. | Em casa: aumento da sede e da urina são característicos da condição. No veterinário: glicemia elevada, frutosamina, exames laboratoriais. |
| Gengivite | Inflamação das gengivas. | Redução do apetite, perda de peso, apatia. | Em casa: mau hálito e dificuldade para mastigar. No veterinário: exame oral detalhado. |
| Gastrite | Inflamação da mucosa do estômago, que pode ser aguda ou crônica. | Vômitos, náuseas, inapetência e desconforto abdominal. | Em casa: geralmente causa vômitos logo após as refeições. No veterinário: exames de sangue, ultrassom e, em alguns casos, endoscopia. |
| Intoxicações | Ingestão de plantas, produtos ou substâncias tóxicas. | Vômitos, letargia, anorexia, alterações neurológicas. | Em casa: sintomas surgem de forma súbita após possível exposição. No veterinário: exames de sangue, história clínica e suporte imediato. |
| Verminoses | Infestação por parasitas intestinais. | Vômitos, perda de peso, apatia, alterações nas fezes. | Em casa: diarreia e barriga estufada (principalmente em filhotes). No veterinário: exame de fezes |
Atenção: essa tabela não substitui a avaliação de um profissional. Lembre-se que só o veterinário pode confirmar a origem dos sintomas e indicar o tratamento adequado.

De acordo com Forman et al. (2021), a pancreatite felina não possui predisposição relacionada à idade, sexo, raça, tipo de dieta ou condição corporal.
Isso significa que qualquer animal pode desenvolver o quadro, seja ele um gato jovem, idoso, macho ou fêmea.
Ainda assim, durante a avaliação clínica, alguns elementos chamam atenção especial dos veterinários, pois costumam aparecer com mais frequência em pets com a condição:
“Pesquisamos sempre se houve o uso prévio de medicamentos, que podem desencadear a pancreatite caso o animal seja sensível ou se há outras doenças ocorrendo ao mesmo tempo. Também perguntamos se houve algum trauma recente, como quedas e acidentes, e se o animal se alimentou com algum alimento diferente do que costuma comer ou rico em gordura — embora esta não seja a causa mais frequente nos gatos.” exemplifica a Dra. Márcia.
Segundo o Centro de Saúde Felina da Universidade de Cornell, mais de 95% dos casos de pancreatite em gatos não possuem uma causa específica que possa ser identificada.
Uma das hipóteses levantadas envolve a própria anatomia dos gatos, já que diferente de outras espécies, o ducto pancreático e o ducto biliar dos pets se unem antes de entrarem no duodeno.
Devido a essa conexão, as chances das inflamações ou infecções se espalharem entre o pâncreas, o fígado e o intestino aumentam. Quando a condição atinge estes três órgãos, ela passa a ser chamada de tríade felina.
Em geral, a pancreatite felina é dividida em aguda ou crônica, e essa classificação depende principalmente das alterações observadas no tecido pancreático durante a inflamação.
De acordo com Xenoulis & Steiner (2009), a distinção é feita com base na presença — ou ausência — de lesões permanentes.
Quando o pâncreas apresenta apenas inflamação e necrose recentes, sem fibrose, falamos em pancreatite aguda.
Já quando há fibrose, atrofia e inflamação linfocítica persistente, considera-se o quadro crônico.
A pancreatite aguda ocorre quando o pâncreas sofre uma inflamação súbita, marcada pela ativação precoce das enzimas digestivas no próprio órgão.
A ativação inadequada leva a danos celulares imediatos, resultando em necrose, inflamação intensa e comprometimento rápido da função pancreática.
Dentro dessa categoria, existem duas apresentações principais:
Segundo a veterinária Márcia, ambas as formas são consideradas graves, costumam ser difíceis de diagnosticar e possuem um prognóstico reservado ou desfavorável.
A pancreatite crônica em gatos é caracterizada como um processo inflamatório longo, no qual o pâncreas apresenta alterações permanentes como resultado de danos repetidos.
“Alguns animais têm pancreatite, depois se recuperam e após um tempo podem voltar a apresentar pancreatite.”, explica a especialista.
Os sinais clínicos tendem a ser mais brandos e intermitentes do que na forma aguda, levando muitos tutores a acreditarem que se trata apenas de um “dia ruim”.
Em alguns casos, o pâncreas mostra sinais mistos — necrose associada à fibrose — sugerindo que episódios agudos não tratados contribuíram para a evolução do quadro.
A combinação também é frequentemente chamada de pancreatite crônica ativa ou aguda-em-crônica.
A evolução da pancreatite em gatos costuma começar de forma silenciosa, com sinais clínicos pouco específicos. Mesmo assim, internamente, o quadro pode evoluir rápido.
Alguns gatos desenvolvem insuficiência pancreática exócrina, quando o órgão já não produz enzimas suficientes para manter a absorção normal dos alimentos, levando a quadros de diarreia.
A pancreatite também costuma desencadear alterações que vão além do sistema digestivo, e este é o seu maior risco.
Afinal, a inflamação persistente pode evoluir para uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS), comprometendo órgãos como fígado, rins e pulmões.
Em casos avançados, essa reação generalizada causa falência múltipla de órgãos e representa um sério risco à vida do gato. (DIAS & CARREIRA, 2014).
Por isso, mesmo quando os sintomas parecem leves, a pancreatite exige um acompanhamento veterinário rigoroso e rápido.
Até porque a evolução dos quadros é imprevisível, e identificar complicações precocemente pode aumentar as chances de cura do animal.
Identificar a pancreatite em gatos exige uma abordagem cuidadosa e multifatorial. Afinal, não existe um único exame capaz de fechar o diagnóstico com precisão.
Por isso, o processo geralmente começa com uma boa anamnese: conversa detalhada em que o veterinário coleta todas as informações sobre o paciente.
“Para entender o que está acontecendo, precisamos avaliar todo o contexto: mudanças recentes na rotina, uso de medicamentos, alimentação e sinais clínicos associados”, reforça a veterinária Márcia.
Durante a consulta, é comum que o profissional pergunte:
A partir dessas informações, o veterinário realiza o exame físico e seleciona os exames laboratoriais e de imagem mais indicados para cada caso.
Nenhum exame isolado confirma a pancreatite com 100% de precisão, mas a interpretação conjunta dos resultados é capaz de direcionar o diagnóstico com segurança.
Abaixo, trouxemos os principais métodos utilizados no dia a dia das clínicas veterinárias:
O hemograma fornece informações importantes sobre o estado inflamatório e a hidratação do felino em observação.
O exame pode mostrar plasma com excesso de gordura (lipemico) ou aspecto amarelado (ictérico) além de alterações como anemia e aumento das células de defesa do organismo, os glóbulos brancos (leucocitose). (RIEGO, 2021)
Embora não seja específico, o bioquímico ajuda a identificar complicações graves e a ajustar o suporte clínico do paciente.
Em casos de pancreatite, ele pode indicar:
É o marcador laboratorial mais utilizado atualmente. Apresenta boa sensibilidade para a pancreatite aguda, mas pode não detectar todas as formas leves ou crônicas.
Ainda assim, é um dos exames mais úteis quando interpretado em conjunto com a ultrassonografia e os sinais clínicos. (BAZELLE & WATTSON, 2020)
Embora seja um teste específico, sua sensibilidade é baixa, principalmente nos quadros de pancreatite crônica.
Além disso, o TLI pode aumentar por motivos não relacionados ao pâncreas, como doença renal ou um longo período de jejum, o que gera falsos resultados. (RIEGO, 2021)
É o principal exame de imagem utilizado na rotina, e um ultrassonografista experiente consegue identificar:
Apesar das limitações — principalmente em casos crônicos — continua sendo um método valioso para avaliar inflamações e comorbidades.
Tem baixa sensibilidade para pancreatite, mas é útil para descartar outras doenças, como obstruções, corpos estranhos e problemas hepáticos.
Ainda assim, somente uma pequena parcela dos gatos com pancreatite apresenta alterações visíveis nos raios-X.
A biópsia é considerada o padrão-ouro para diagnosticar a pancreatite em gatos. No entanto, por ser um procedimento invasivo, ele dificilmente é usado pelos veterinários.
Em geral, o método é solicitado somente quando o gato precisa passar por uma laparotomia exploratória para diagnosticar outras doenças. (MARTINS, 2016)
Além disso, em casos crônicos, as lesões podem ser discretas e localizadas, o que dificulta a interpretação dos resultados.

Segundo Martins (2016), a pancreatite não possui um protocolo de cuidado padrão, porque costuma ocorrer junto a outras doenças, exigindo um plano terapêutico personalizado.
Logo, o tratamento veterinário pancreático para gatos geralmente inclui diversas abordagens, como fluidoterapia, controle da dor e ajustes nutricionais.
Para isso, o veterinário poderá prescrever:
A fluidoterapia é a base do tratamento da pancreatite felina porque corrige a desidratação, melhora a perfusão dos tecidos e estabiliza as funções vitais do gato.
Soluções como Cloreto de Sódio 0,9% e Ringer Lactato são escolhas comuns na fase inicial, embora o Ringer deva ser usado com cautela quando há comprometimento hepático.
Além disso, eletrólitos como potássio, cálcio, sódio e cloro devem ser monitorados de perto, já que desequilíbrios são frequentes em quadros de pancreatite moderados ou graves.
Mesmo quando não é evidente, a dor abdominal deve ser presumida e tratada, já que gatos costumam mascarar o desconforto.
Segundo Zoran (2006), o sintoma pode estar presente em até 75% dos casos, sendo indispensável o uso de analgésicos.
Em geral, os opioides são a base da analgesia, e os especialistas podem indicar butorfanol, metadona, buprenorfina ou tramadol.
Pacientes com náusea ou vômitos também precisam de manejo especial, e antieméticos como maropitan, ondasetrona ou dolasetrona costumam apresentar bons resultados.
Anti-inflamatórios não esteroidais só devem ser considerados em pacientes bem hidratados, que estejam se alimentando e sem sinais de azotemia. (RIEGO, 2019).
A inapetência é extremamente comum em gatos com pancreatite aguda e representa um dos pontos mais críticos do manejo clínico da condição.
Afinal, a falta de ingestão adequada pode levar à desnutrição, comprometer a barreira gastrointestinal e enfraquecer o sistema imunológico dos felinos.
Por isso, restabelecer a alimentação o quanto antes é essencial para a recuperação dos pacientes, especialmente em quadros considerados leves ou moderados.
O uso de estimulantes de apetite, como a mirtazapina, é uma prática comum, mas deve ser sempre orientada por um médico-veterinário.
Em geral, gatos que não apresentem vômitos costumam ser alimentados por via oral, mas se isso não for possível, a nutrição assistida também pode ser indicada.
Para isso, diversos métodos são empregados, incluindo sondas nasogástricas, nasoesofágicas, esofágicas ou gástricas.
O uso de antibióticos para o tratamento da pancreatite felina é controverso e não faz parte da rotina na maioria dos casos simples. Em geral, eles só são indicados quando há:
Quando o uso é necessário, os veterinários costumam indicar antibióticos que são excretados na bile, como ampicilina, cefalosporinas ou enrofloxacina.
Em alguns casos, vitamina K e polivitamínicos são indicados como terapia complementar, especialmente quando há lipidose hepática associada. (RIEGO, 2019; MASFIELD, 2017).
A intervenção cirúrgica em quadros de pancreatite felina é bem rara, reservada apenas para situações muito específicas.
Em geral, ela é recomendada quando há obstrução completa do ducto biliar, presença de abscessos pancreáticos, pseudocistos ou áreas de tecido pancreático necrosado.
Sim! Felizmente, a pancreatite em gatos tem cura e muitos felinos conseguem se recuperar totalmente quando o diagnóstico e o tratamento são realizados a tempo.
Mas atenção: essa doença não costuma desaparecer sozinha e depende diretamente do suporte clínico adequado para recuperação total.
Depende. Como as causas por trás da pancreatite felina são variadas, nem sempre é possível evitar o surgimento da doença.
Ainda assim, algumas medidas ajudam a reduzir os riscos a longo prazo, e a alimentação adequada exerce um papel fundamental nessa equação!
Rações de alta qualidade e com teor de gordura controlado diminuem a sobrecarga do pâncreas e ajudam a manter o sistema imunológico dos gatos forte.
Além disso, o manejo alimentar previne a obesidade e o excesso de gordura abdominal, que podem aumentar os riscos de inflamação na região.
Por isso, sempre que possível, defina um plano alimentar personalizado para o seu pet com ajuda de um profissional e siga as indicações à risca!
Se o seu gato recebeu o diagnóstico de pancreatite, é provável que alguns cuidados rotineiros precisem de pequenos ajustes no dia a dia.
As mudanças ajudam a evitar recidivas, a controlar sintomas incômodos e a manter a saúde do pet estável ao longo do tempo.
Segundo a doutora Márcia Cavaleiro, três pontos principais são importantes nesse sentido:
O ideal é oferecer uma dieta leve, equilibrada e com baixo índice de gordura, evitando qualquer alimento gorduroso que possa sobrecarregar a função do pâncreas.
Em muitos casos, o veterinário também pode recomendar rações medicamentosas específicas para o suporte digestivo.
Consultas regulares são fundamentais para acompanhar a evolução do quadro e prevenir doenças concomitantes, que podem agravar a pancreatite.
Exames de sangue, ultrassonografia e avaliações clínicas ajudam a identificar alterações precocemente e ajustar o tratamento conforme necessário.
Jamais automedique o seu felino, mesmo com medicamentos veterinários ou considerados “inofensivos” para a espécie.
Gatos com pancreatite são mais sensíveis a determinados fármacos, e o uso inadequado pode desencadear novas crises.
Por isso, qualquer medicação, suplemento ou ajuste no tratamento deve ser feito somente com orientação veterinária.

A pancreatite em gatos é uma doença complexa que ainda gera algumas associações e mitos perigosos. Abaixo, a doutora Márcia esclarece os principais!
Mito. Embora o nome seja o mesmo, a apresentação clínica é bem diferente. Em cães, o quadro tende a ser mais agudo, doloroso e com maior risco de complicações.
Já nos gatos, os sinais são muito mais sutis e inespecíficos, o que torna o diagnóstico um desafio e permite que a doença assuma um caráter crônico ou até silencioso.
Mito. A gordura raramente é o gatilho inicial da pancreatite felina. E mesmo que a hipertrigliceridemia contribua para o quadro, a causa primária costuma ser desconhecida.
Na verdade, fatores como inflamação sistêmica, traumas e intoxicação a medicamentos aparecem com mais frequência como possíveis desencadeadores.
Verdade. Os gatos nem sempre manifestam a pancreatite de forma clara. Muitos apresentam sinais discretos, como apatia, perda de apetite, desidratação ou prostração.
Por isso, sintomas considerados “clássicos”, como vômitos persistentes ou dor abdominal intensa, podem simplesmente não estar presentes.
Mito. Esses exames não são específicos para pancreatite em gatos, já que as enzimas podem ser produzidas em outros órgãos e alteradas em diversas situações.
Para um resultado mais confiável, o teste recomendado é a lipase pancreática específica felina, geralmente associado a ultrassom abdominal e avaliação clínica.
Verdade. Hoje, já se sabe que o jejum prolongado pode ser prejudicial, especialmente para gatos, que têm maior risco de desenvolver lipidose hepática caso fiquem sem comer.
O ideal é restabelecer o suporte nutricional quanto antes — e, quando o gato não aceita alimento, sondas são alternativas seguras e eficazes.
Mito. A pancreatite felina frequentemente aparece junto de outras enfermidades, como a doença inflamatória intestinal e a colangiohepatite.
Quando essas três afecções ocorrem juntas, inclusive, a condição passa a ser chamada de tríade felina. (VIDAL et al., 2019)
Além disso, também há associação relevante com doença renal crônica, e alguns pesquisadores incluem a lipidose hepática como uma quarta doença da tríade felina.
Não. A pancreatite não é uma doença contagiosa e não pode ser transmitida para outros gatos, cães ou humanos.
Afinal, a doença não é causada por um agente infeccioso, mas por um processo inflamatório interno, geralmente relacionado a fatores metabólicos ou sistêmicos.
Sim, a pancreatite pode deixar sequelas, especialmente quando o diagnóstico é tardio ou quando o gato apresenta a condição em caráter crônico.
Isso porque a inflamação persistente pode levar à perda progressiva do tecido pancreático, resultando em duas condições importantes:
Depende do caso. Quando os gatos se recuperam totalmente da pancreatite, é possível retornar gradualmente à dieta habitual.
Porém, quando há outras doenças associadas, o veterinário pode recomendar uma alimentação específica por tempo indeterminado, geralmente com teor de gordura controlado e boa digestibilidade.
Não existe um tempo de vida pré-determinado. O prognóstico varia conforme a gravidade do quadro, a presença de doenças concomitantes e a resposta ao tratamento.
Quadros leves, com sinais discretos, geralmente têm prognóstico favorável e muitos felinos vivem por longos anos ao lado de seus tutores após uma crise.
Já os casos graves ou necrosantes podem ter uma evolução negativa e maior risco de mortalidade, levando o animal a óbito em poucas semanas.
Em resumo: cada caso é único, e o acompanhamento contínuo com o veterinário faz toda a diferença na qualidade e expectativa de vida do gato.
A pancreatite felina exige atenção e um acompanhamento atento, mas com o manejo correto, muitos gatos conseguem se recuperar e voltar à rotina com total qualidade de vida.
Se o seu felino acabou de receber esse diagnóstico, lembre-se: você não precisa passar por esse processo sozinho!
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Revista Científica Unilago | Pancreatite felina – revisão de literatura
Centro Universitário Brasileiro | Pancreatite em felinos: aspectos clínicos e terapêuticos
Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Pancreatite felina – relato de caso
Purina Brasil | Cuidados alimentares para prevenir a pancreatite em gatos
PUC Minas | Tríade felina – relato de caso
MSD Vet Manual | Pancreatite em cães e gatos
Centro de Saúde Felina de Cornell | Pancreatite felina
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Dra. Márcia, formada pela Universidade de São Paulo e com residência em clínica e cirurgia, é apaixonada pelo que faz. Ela atende na unidade parceira da Pet Anjo, dentro da Cobasi Raposo Tavares Decathlon, em SP.
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Meu gato foi diagnosticado com pancreatiti qual melhor sache para dar a ele….está difícil de comer…pf
Ângela, sentimos muito pelo diagnóstico de pancreatite em seu gato. O melhor sache para alimentação vai depender das preferências e da aceitação do seu gato, mas opções ideais podem ser recomendadas pelo veterinário. Tente oferecer pequenas porções ao longo do dia para estimular o apetite. Sempre consulte o veterinário para orientações personalizadas.
E qual ração seca indicada para um gato que tem pancreatite crônica?
Néa, as características individuais do seu pet precisam ser consideradas, portanto, a ração coadjuvante para o tratamento necessita ser recomendada por um médico-veterinário. Assim que o profissional recomendar o alimento, acesse nosso site e aproveite as ofertas.
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