Pneumonia em cães: entenda as causas, sintomas e como cuidar

Por Redator Cobasi

Com colaboração: Joyce Lima
Tempo de leitura: 27 minutos

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Pneumonia em cachorro: veterinária explica tudo sobre a doença 2

A pneumonia é uma inflamação dos pulmões e das vias respiratórias inferiores que compromete a oxigenação do organismo e pode colocar a vida do cachorro em risco.

Entre os cães, essa é uma das principais causas de doenças pulmonares (parênquima pulmonar) e, embora também possa afetar gatos, é bem mais comum na espécie canina.

A condição ocorre quando agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos ou parasitas, ou ainda substâncias aspiradas (como vômito, saliva ou alimento), chegam até os pulmões, provocando uma resposta inflamatória intensa. 

Essa reação impede que o animal respire normalmente, o que acarreta sintomas como tosse persistente, secreção nasal, febre, fraqueza e dificuldade para respirar.

De acordo com estudos recentes da University of Pennsylvania, alguns cães apresentam maior risco de desenvolver pneumonia, especialmente filhotes, idosos, animais imunossuprimidos ou expostos a locais com aglomeração, como creches e parques.

Embora o tratamento seja possível e geralmente eficaz, a doença pode evoluir rapidamente e causar complicações graves se não for diagnosticada precocemente. Por isso, o acompanhamento veterinário é essencial desde os primeiros sinais.

Para esclarecer como identificar os sintomas e entender os cuidados necessários, convidamos a médica-veterinária Joyce Lima (CRMV-SP 39824), que explica tudo sobre a pneumonia em cachorro, desde as causas até o diagnóstico, tratamento e prevenção.

Quais são os sintomas de pneumonia em cães?

Reconhecer os sintomas da pneumonia canina é essencial para um diagnóstico precoce e tratamento eficaz. Diferentemente de um simples resfriado, a pneumonia provoca uma resposta inflamatória intensa nos pulmões, podendo evoluir rapidamente se não for tratada.

Entre os principais sintomas da pneumonia canina estão:

Tosse persistente e secreção nasal

A tosse é, na maioria das vezes, o primeiro sinal percebido, que se caracteriza por ser contínua e geralmente produtiva (com secreção úmida), resultado do acúmulo de muco nas vias respiratórias.

Febre, apatia e perda de apetite

A febre é uma reação natural do organismo à infecção e costuma vir acompanhada de tremores, apatia e desânimo. Um cão que se mostra abatido e sem interesse pelas atividades de rotina pode estar enfrentando uma infecção pulmonar.

Dificuldade para respirar

A dispneia (dificuldade respiratória) é um dos sintomas mais graves da pneumonia. O tutor pode notar respiração acelerada (taquipneia), esforço visível para inspirar e expirar e movimentos abdominais acentuados.

Latido rouco e episódios de vômito

A inflamação das vias respiratórias pode alterar o som do latido, tornando-o rouco ou abafado. Episódios de vômito também podem ocorrer, seja pelo excesso de secreção escorrendo pela garganta ou pelo esforço intenso da tosse. 

Veterinária faz alerta aos primeiros sinais

“A pneumonia em cães pode evoluir rapidamente, e cada hora faz diferença no prognóstico. Ao perceber tosse persistente, febre ou dificuldade para respirar, o tutor deve procurar atendimento veterinário imediatamente.

Então, quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de recuperação total e menor o risco de complicações pulmonares.”

O que causa pneumonia em cachorro e quais são os tipos da doença?

A pneumonia em cães pode ter origem infecciosa (bactérias, vírus, fungos, parasitas) ou não infecciosa (aspiração de alimento/vômito, inalação de agentes químicos).

Em muitos casos, o cão pode desenvolver mais de um tipo de pneumonia ao mesmo tempo, principalmente quando uma infecção bacteriana aparece como complicação de outra doença respiratória.

Entre os grupos de risco da condição estão filhotes, cães idosos, raças braquicefálicas (como Pug e Bulldog) e animais com imunidade baixa, distúrbios neurológicos ou episódios de vômito frequentes.

Veja a seguir como cada tipo de pneumonia se desenvolve no organismo e quais agentes estão envolvidos.

Pneumonia por aspiração

A pneumonia por aspiração é uma inflamação pulmonar causada pela entrada de material estranho nas vias respiratórias, como alimentos, saliva, vômito ou líquidos do estômago.

Quando essas substâncias, que deveriam seguir para o sistema digestivo, acabam chegando aos pulmões, o organismo reage com um processo inflamatório intenso, comprometendo a respiração e a oxigenação do sangue.

O que causa pneumonia por aspiração em cães?

Esse tipo de pneumonia se desenvolve quando há uma falha nos mecanismos naturais de proteção das vias aéreas, como o reflexo de tosse e o fechamento adequado da laringe, que normalmente impedem a passagem de substâncias para os pulmões.

Cães com doenças esofágicas, como o megaesôfago (condição em que o alimento não desce corretamente até o estômago), estão entre os mais predispostos à doença, pois o material ingerido pode retornar e ser aspirado com facilidade.

Além de doenças estruturais, a aspiração também pode acontecer em outras situações, especialmente quando há interferência mecânica ou neurológica no ato de engolir, como:

  • alimentação forçada ou uso incorreto de sondas;

  • distúrbios neurológicos que comprometem a deglutição;

  • sedação ou anestesia prolongada, que reduzem o reflexo de engolir;

  • vômitos ou refluxo frequente, que aumentam o risco de retorno do conteúdo gástrico;

  • cirurgias longas sob anestesia, nas quais o reflexo protetor fica temporariamente inativo.

Lesões químicas e infecção bacteriana secundária

Quando o cão aspira o conteúdo do estômago, o ácido gástrico irrita o tecido pulmonar, provocando inflamação e dificultando a respiração. 

Esse processo, conhecido como pneumonite química, danifica as defesas naturais dos pulmões e cria um ambiente ideal para o crescimento de bactérias.

Essas bactérias se aproveitam do tecido lesionado e dão origem a uma infecção bacteriana secundária, que agrava o quadro clínico. 

Os microrganismos mais frequentemente associados a pneumonia por aspiração são:

  • Pasteurella spp.

  • Klebsiella spp.

  • Bordetella bronchiseptica

  • Escherichia coli

  • Pseudomonas spp.

  • Staphylococcus spp.

  • Streptococcus zooepidermicus

Fatores de risco

Alguns cães têm maior propensão a desenvolver pneumonia por aspiração, especialmente aqueles que se enquadram em uma ou mais das seguintes condições:

  • sedação ou anestesia prolongada, especialmente em cirurgias longas;

  • distúrbios neurológicos ou problemas de deglutição;

  • raças braquicefálicas, como Pug, Bulldog e Boston Terrier;

  • refluxo gástrico, vômitos ou regurgitação frequente;

  • uso de sondas de alimentação ou alimentação forçada.

Sintomas da pneumonia por aspiração em cães

Os sintomas específicos da pneumonia por aspiração incluem: 

  • tosse ou engasgos logo após comer ou beber;

  • histórico recente de vômito, regurgitação, sedação ou anestesia com piora respiratória;

  • halitose com odor ácido e salivação excessiva;

  • dificuldade para engolir (disfagia) ou diagnóstico de megaesôfago.

Nos casos mais graves, o veterinário pode identificar ruídos pulmonares anormais, como crepitações (estalos) e sibilos (chiados), durante a auscultação. 

O cão também pode apresentar mucosas azuladas (cianose), sinal de baixa oxigenação no sangue.


Pneumonia bacteriana

pneumonia em cachorro

Uma das causas mais comuns de doenças respiratórias em cães é a pneumonia bacteriana, que pode se apresentar de forma aguda (quando surge repentinamente) ou crônica (com evolução mais lenta).

O quadro ocorre quando bactérias alcançam os pulmões e as vias respiratórias profundas, provocando infecção e inflamação intensa que comprometem a respiração e a oxigenação do sangue.

Como as bactérias chegam aos pulmões?

Esses microrganismos podem atingir o sistema respiratório de diferentes maneiras:

  • por inalação, quando o cão respira agentes contaminantes presentes no ar;

  • por aspiração, ao engolir e “desviar” acidentalmente saliva, alimento ou vômito para os pulmões;

  • pela corrente sanguínea, em casos mais raros, quando uma infecção em outro órgão se espalha para o pulmão (via hematogênica).

De acordo com o veterinário Hawkins (2004, 2006), cães com problemas de deglutição ou distúrbios como o megaesôfago, têm maior risco de aspirar o material e desenvolver pneumonia bacteriana.

Infecções secundárias e agentes mais comuns

Na rotina clínica, a pneumonia bacteriana costuma surgir como complicação de outras doenças respiratórias, especialmente aquelas de origem viral, como gripe canina, cinomose ou infecções por Mycoplasma spp..

Essas enfermidades enfraquecem as defesas naturais das vias aéreas, facilitando a invasão por bactérias oportunistas.

Os microrganismos mais frequentemente associados à pneumonia bacteriana em cães são:

  • Bordetella bronchiseptica

  • Mycoplasma spp.

  • Streptococcus spp.

  • Escherichia coli.

  • Klebsiella spp.

  • Pasteurella spp.

  • Pseudomonas spp.

  • Enterococcus spp.

  • Yersinia, Fusobacterium e Bacillus spp.

Fatores de risco para pneumonia bacteriana

Determinadas condições aumentam significativamente a probabilidade de um cão desenvolver pneumonia bacteriana, entre elas:

  • imunossupressão, seja por medicamentos ou doenças crônicas;

  • câncer ou tratamentos quimioterápicos;

  • cirurgias longas sob anestesia geral;

  • anomalias anatômicas das vias aéreas;

  • aspiração de vômito ou regurgitação;

  • inalação de fumaça ou produtos químicos irritantes;

  • distúrbios metabólicos, como diabetes e hipotireoidismo;

  • crises convulsivas, que podem levar à aspiração;

  • corpos estranhos nas vias respiratórias (como pequenos pedaços de brinquedo).

Sintomas da pneumonia bacteriana em cachorro

Clinicamente, segundo Hawkins (2006), a pneumonia bacteriana pode causar uma série de sintomas respiratórios e sistêmicos, como:

  • tosse produtiva com secreção espessa e, às vezes, com odor desagradável;

  • secreção nasal purulenta bilateral recorrente;

  • febre alta persistente e prostração acentuada;

  • piora súbita após quadro respiratório viral.

Pneumonia viral

Vírus respiratórios altamente contagiosos estão entre as principais causas de inflamação pulmonar em cães, quadro conhecido como pneumonia viral.

Esse tipo de infecção é mais comum em locais com grande concentração de cães, como creches, abrigos, hotéis e parques, onde o contágio ocorre pela inalação de gotículas respiratórias eliminadas por animais infectados.

De acordo com Alonso (2007), os principais agentes causadores da forma aguda da pneumonia viral em cães são o vírus da cinomose canina e o adenovírus tipo 2.

Esses microrganismos danificam diretamente as células que revestem as vias respiratórias, reduzindo a proteção natural do organismo e facilitando a entrada de bactérias oportunistas.

A pneumonia viral raramente ocorre de forma isolada: ela costuma evoluir para um quadro misto, no qual bactérias secundárias se instalam e agravam o comprometimento pulmonar.

Os vírus mais associados à pneumonia em cães incluem:

  • Cinomose canina (Canine Distemper Virus);

  • Adenovírus canino tipo 2;

  • Vírus da parainfluenza canina;

  • Vírus da gripe canina (Canine Influenza Virus);

  • Herpesvírus canino tipo 1.

Como a pneumonia viral afeta o organismo dos cães?

Os vírus respiratórios destroem o epitélio respiratório, camada de células que reveste os brônquios e impede a entrada de agentes infecciosos.

Com essa barreira comprometida, ocorre acúmulo de muco, inflamação dos bronquíolos e redução da troca de oxigênio nos pulmões, o que leva à hipóxia (baixo nível de oxigênio no sangue).

Em filhotes, cães idosos ou imunossuprimidos, a resposta inflamatória tende a ser mais intensa, resultando em tosse persistente, febre alta e fraqueza acentuada.

Fatores de risco da pneumonia viral

Alguns fatores aumentam consideravelmente o risco de um cão contrair pneumonia viral:

  • ambientes com aglomeração de cães, como parques, creches e abrigos;

  • vacinação ausente ou desatualizada, especialmente contra cinomose e parainfluenza;

  • contato direto com animais doentes;

  • estresse, má alimentação e baixa imunidade, que facilitam a replicação viral e agravam os sintomas.

Sintomas da pneumonia viral em cachorro

Dependendo do agente envolvido e da resposta do organismo, os sinais mais comuns incluem:

  • conjuntivite;

  • secreção ocular associadas à coriza;

  • tosse seca inicial que evolui para produtiva quando há coinfecção bacteriana.

Pneumonia fúngica

A pneumonia fúngica é uma infecção pulmonar causada pela inalação de esporos de fungos presentes no solo, folhas em decomposição, madeira úmida e matéria orgânica contaminada.

Esse tipo de pneumonia é mais comum em regiões de clima quente e úmido, onde os fungos ambientais se proliferam com facilidade.

Os principais agentes envolvidos são:

  • Blastomyces dermatitidis.

  • Histoplasma capsulatum.

Como a pneumonia fúngica afeta a saúde dos cães?

Após a inalação, os fungos chegam aos alvéolos pulmonares (pequenas bolsas de ar que fazem a troca de oxigênio) e provocam uma reação inflamatória granulomatosa.

Nessa resposta, o organismo tenta “isolar” o invasor formando nódulos de inflamação nos pulmões, o que dificulta a passagem de ar e reduz a oxigenação do sangue.

Com o tempo, a infecção pode se espalhar para outros órgãos, como pele, olhos, ossos e sistema nervoso central.

Por isso, a pneumonia fúngica tende a ter evolução lenta e crônica, exigindo tratamento prolongado e acompanhamento veterinário constante.

Nos casos em que a infecção se dissemina pelo corpo, podem surgir:

  • nódulos cutâneos e trajetos de drenagem, principalmente na blastomicose;

  • inflamações oculares, como uveíte;

  • dor óssea intensa, provocada por osteomielite (infecção nos ossos);

  • lesões neurológicas e fraqueza generalizada em quadros disseminados.

Fatores de risco da pneumonia fúngica

A exposição ambiental é o principal fator de risco. Cães com hábitos de farejar, cavar ou brincar em solo úmido e com matéria orgânica em decomposição têm maior probabilidade de inalar esporos fúngicos.

O problema é mais comum em:

  • cães que vivem em áreas rurais ou com solo úmido e matéria orgânica em decomposição;

  • animais que costumam cavar ou farejar o chão com frequência;

  • cachorros com o sistema imunológico enfraquecido;

  • raças esportivas e de trabalho, como Labradores e Pastores, devido à maior exposição ambiental.

Sintomas da pneumonia fúngica em cães

Os sintomas costumam ser progressivos e podem se estender para outros órgãos quando a infecção se dissemina. Entre os sinais mais observados estão:

  • emagrecimento e queda gradual de energia;

  • respiração acelerada (taquipneia), falta de ar (dispneia) e intolerância ao exercício;

  • lesões extrapulmonares, como nódulos cutâneos, uveíte e dor óssea.

Pneumonia parasitária e protozoária

Cachorro fofo com roupa de inverno e termômetro na boca, aparentando estar doente, usando um suéter cinza. Imagem de pet com febre ou mal-estar

A pneumonia parasitária e protozoária é uma forma rara, porém potencialmente grave, de inflamação pulmonar. A doença ocorre quando parasitas ou protozoários se instalam e se reproduzem nos pulmões, provocando irritação crônica e dificultando a respiração.

Os principais agentes associados incluem:

  • Neospora caninum;

  • Toxoplasma gondii;

  • Filaroides hirthi (verme pulmonar);

  • Oslerus osleri e Capillaria aerophila;

  • Parasitas transmitidos por mosquitos, como os da dirofilariose (verme do coração).

Esses organismos são adquiridos principalmente por ingestão de fezes contaminadas, exposição a ambientes úmidos com vetores (como caracóis e lesmas) ou picadas de mosquitos infectados.

Fatores de risco da pneumonia parasitária e protozoária

Algumas condições aumentam significativamente o risco de contaminação, como:

  • exposição a ambientes contaminados, como solo com fezes ou áreas alagadas;

  • ausência de controle antiparasitário regular;

  • contato com gatos infectados por Toxoplasma gondii;

  • imunossupressão causada por doenças crônicas ou uso prolongado de medicamentos;

  • presença de vetores, como mosquitos, caracóis e lesmas em regiões rurais ou úmidas.

Sintomas da pneumonia parasitária e protozoária em cães

Os sinais costumam se desenvolver de forma lenta e discreta, mas tornam-se mais intensos à medida que os parasitas se multiplicam nos pulmões. Os sintomas mais comuns incluem:

  • respiração acelerada e dificuldade para inspirar profundamente;

  • redução do apetite e intolerância ao exercício.

Pneumonia eosinofílica (alérgica)

A pneumonia eosinofílica, também chamada de broncopneumopatia eosinofílica canina (EBP), é uma doença inflamatória e imunomediada dos pulmões.

De modo geral, a condição ocorre quando o sistema imunológico libera em excesso eosinófilos (um tipo de glóbulo branco) para o tecido pulmonar, provocando uma reação alérgica intensa nas vias respiratórias.

O acúmulo dessas células nos pulmões provoca uma reação inflamatória intensa nas vias respiratórias, semelhante a uma alergia respiratória crônica.

Causas e possíveis desencadeadores

Na maioria dos cães, não há uma única causa identificável. O quadro costuma estar relacionado a reações de hipersensibilidade a alérgenos inalados, como pólen, fungos, esporos, bolores e antígenos de insetos.

Em outros casos, a doença pode ser desencadeada por:

  • parasitas pulmonares, como Oslerus osleri ou Angiostrongylus vasorum;

  • infecções bacterianas ou fúngicas crônicas;

  • reações adversas a medicamentos;

  • dirofilariose (verme do coração), em estágios respiratórios da doença.

Fatores de risco a pneumonia eosinofílica (alérgica)

De acordo com a Manual Veterinário da MSD, a broncopneumopatia eosinofílica é mais diagnosticada em:

  • cães adultos jovens (4 a 6 anos), embora possa afetar animais de qualquer idade.

  • Algumas raças demonstram maior predisposição genética, como Husky Siberiano, Malamute do Alasca, Labrador Retriever, Pastor Alemão e Rottweiler.

  • O risco também aumenta em cães com histórico de alergias respiratórias, dirofilariose ou exposição frequente a ambientes úmidos e ricos em fungos.

Na maioria dos cães, o estado geral permanece estável, a menos que exista uma infecção bacteriana associada, que pode causar febre, prostração e agravamento dos sintomas respiratórios.

Como é feito o diagnóstico da pneumonia em cães?

O diagnóstico da pneumonia canina exige uma avaliação clínica minuciosa, combinando exame físico e testes complementares que ajudam o veterinário a identificar a causa, o tipo de infecção e a gravidade do quadro.

A veterinária Joyce Lima explica que o processo geralmente começa com a auscultação pulmonar

“Com o estetoscópio, o profissional escuta os pulmões em busca de sons anormais, como estalos, chiados ou crepitações, que indicam acúmulo de líquido e inflamação nas vias respiratórias.

Em alguns casos, os pulmões ficam silenciosos, sinal de colapso parcial ou presença excessiva de secreção, o que é um alerta para investigar mais a fundo”.

Mas, além desse procedimento, a médica-veterinária reforça que existem outros procedimentos comuns no diagnósticos da pneumonia em cachorro:

Radiografia de tórax

As radiografias torácicas (raios-X) são o principal exame de imagem para confirmar a pneumonia. Os veterinários costumam realizar três incidências diferentes para avaliar toda a área pulmonar e determinar a gravidade.

Nas imagens, o fluido e a inflamação aparecem como regiões acinzentadas e irregulares, muito diferentes do padrão claro e homogêneo de um pulmão saudável.

Essas alterações podem afetar um ou mais lobos pulmonares, e, nos casos mais severos, o acúmulo de líquido pode impedir a expansão normal dos alvéolos (as pequenas estruturas responsáveis pela troca de oxigênio).

Exames de sangue

O hemograma completo (CBC) costuma mostrar aumento dos glóbulos brancos, típico de processos infecciosos, além de indícios de inflamação ativa.

Já o perfil bioquímico do sangue ajuda a identificar sinais de sepse (infecção generalizada) em casos graves e possíveis fatores predisponentes, como distúrbios metabólicos que provocam vômitos ou refluxo.

Avaliação da oxigenação

Para saber se o cão está recebendo oxigênio suficiente, o veterinário pode utilizar:

  • Oximetria de pulso, um teste simples e não invasivo feito com uma luz infravermelha colocada na pele ou mucosa, que mede a saturação de oxigênio nos capilares.

  • Análise de gases sanguíneos (gasometria), que requer a coleta de sangue arterial e permite avaliar os níveis de oxigênio, dióxido de carbono e pH (parâmetros essenciais para determinar o grau de comprometimento respiratório).

Esses exames também são usados no acompanhamento do tratamento, para verificar se o animal está reagindo bem à terapia.

Cultura e citologia

Em alguns casos, o médico-veterinário pode realizar lavagem transtraqueal ou broncoalveolar, ou ainda uma broncoscopia, para coletar amostras diretamente das vias respiratórias.

Esses procedimentos permitem observar, ao microscópio, células inflamatórias e microrganismos presentes nas secreções pulmonares.

Com base na cultura bacteriana e no antibiograma, é possível identificar o agente causador e escolher o antibiótico mais eficaz para o tratamento.

Exames complementares e específicos

Quando há suspeita de causas menos comuns, como pneumonia fúngica, parasitária ou tumores, o veterinário pode indicar exames mais avançados, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética.

Testes moleculares, como PCR e sorologia, também podem ser usados para detectar agentes infecciosos específicos, enquanto a hemocultura (cultura do sangue) é reservada para casos de infecção generalizada.

O que observar no cachorro antes da consulta?

Registrar as mudanças no comportamento e nos sintomas do pet ajuda no diagnóstico. Antes da consulta, o tutor pode anotar informações simples que fazem diferença:

  • Quando a tosse começou e se é seca ou com secreção;

  • Se há dificuldade para respirar, chiados ou respiração acelerada;

  • Presença de febre, apatia, falta de apetite ou perda de peso;

  • Se o cão vomitou ou engasgou recentemente (suspeita de aspiração);

  • Se esteve em ambientes com outros cães (creche, hotel, parque);

  • Se tem histórico de doenças respiratórias ou vacinação desatualizada.

Essas informações ajudam o veterinário a identificar a origem do problema e a agir com mais precisão.

Perguntas que o tutor pode fazer ao veterinário

Veterinária examinando cachorro deitado na mesa, procedimento veterinário em andamento, animal de raça média com expressão tranquila, ambiente clínico.

Fazer perguntas durante a consulta ajuda o tutor a entender o estado clínico do pet e a seguir o tratamento corretamente. Aqui, vão algumas sugestões de questões importantes: 

  • Qual é o tipo de pneumonia (bacteriana, viral, aspirativa, etc.)?

  • O caso exige internação ou pode ser tratado em casa?

  • Quais medicamentos serão necessários e por quanto tempo?

  • Há risco de complicações ou recaídas?

  • Que sinais devo observar em casa que indicam piora?

  • Quando devo retornar para reavaliação?

Dica: levar o histórico de vacinação, uso de medicamentos e eventuais exames anteriores ajuda o veterinário a traçar o melhor plano de tratamento.

Quanto mais detalhadas forem as observações do tutor, mais rápido e preciso será o diagnóstico do veterinário.

A pneumonia em cachorro é grave?

A pneumonia é uma condição séria e potencialmente fatal se não tratada a tempo, mas com atendimento veterinário rápido e adequado, a maioria dos cães se recupera completamente.

Estudos clínicos indicam que 77% dos cães diagnosticados com pneumonia têm alta hospitalar após o tratamento correto, principalmente quando o quadro é identificado precocemente e não há doenças associadas.

No entanto, o risco de complicações é maior em filhotes, animais idosos e cães com o sistema imunológico enfraquecido, como os que enfrentam doenças crônicas, quimioterapia ou desnutrição.

Nesses casos, a inflamação pulmonar pode evoluir rapidamente, exigindo internação e suporte intensivo com oxigenoterapia e fluidoterapia.

Qual é o tratamento da pneumonia em cães?

De acordo com a médica-veterinária Joyce Lima: “ O tratamento varia de acordo com o quadro do animal, os sinais que apresenta e o agente causador da pneumonia. Normalmente utilizam-se medicamentos, como: antibióticos, anti-inflamatórios, expectorantes e antitérmicos”.

Em casos leves, os cachorros costumam responder bem a medicação oral, repouso e cuidados domiciliares. Enquanto quadros moderados ou graves exigem internação e suporte intensivo, especialmente quando há dificuldade respiratória.

Além disso, o manejo também pode ser feito com base em:

Medicamentos 

O protocolo terapêutico é definido após exames clínicos e laboratoriais, mas costuma incluir:

São indicados quando há infecção bacteriana primária ou secundária. Os mais usados são doxiciclina, amoxicilina com ácido clavulânico e fluoroquinolonas. 

Ajudam a controlar a febre e reduzir a inflamação pulmonar.

  • Broncodilatadores

Melhoram a passagem de ar, aliviando a dificuldade respiratória.

  • Expectorantes e nebulização

Auxiliam na fluidificação e eliminação do muco, facilitando a respiração.

Usados principalmente em casos de pneumonia por aspiração, para reduzir vômitos e refluxos.

São prescritos quando a pneumonia é causada por fungos ou parasitas, com tratamento mais longo e monitorado.

Terapias de suporte e internação

Nos casos mais severos, o tratamento requer internação em unidade veterinária, com suporte respiratório e monitoramento 24 horas. Entre os principais procedimentos estão:

  • Oxigenoterapia: aplicada quando o cão tem baixa oxigenação. Pode ser feita por máscara, cânula nasal ou em gaiola de oxigênio, ambiente controlado que reduz o estresse e mantém a saturação estável.

  • Fluidoterapia intravenosa: corrige a desidratação e melhora a função respiratória, essencial para eliminar secreções.

  • Nebulização e coupage: a nebulização cria uma névoa fina que umidifica as vias aéreas e pode conter soro fisiológico ou medicamentos. Em seguida, o veterinário realiza a coupage, técnica de leves tapinhas no tórax que ajuda a soltar o muco e limpar os pulmões.

  • Ventilação mecânica: reservada para situações críticas, quando o cão não responde à oxigenoterapia convencional. O animal é sedado e conectado a um ventilador para manter a respiração artificial até a melhora.

Como cuidar do seu cachorro em casa durante a recuperação da pneumonia?

 
Filhote de cachorro da raça pug deitado tranquilamente em um sofá cinza, com expressão relaxada e cercado por fundo de parede branca de tijolos.

Após a alta, o cão precisa de:

  • repouso absoluto e de um ambiente tranquilo, limpo e bem ventilado. Manter a hidratação constante e oferecer alimentos úmidos ou pastosos auxilia na recuperação e reduz o esforço ao engolir.

  • O tutor deve seguir rigorosamente os horários e doses dos medicamentos, sem interromper o tratamento antes do prazo indicado.

  • A recuperação exige acompanhamento veterinário: radiografias e exames de sangue costumam ser solicitados a cada uma ou duas semanas, até a confirmação da melhora completa.

Segundo Joyce Lima: “O acompanhamento após a alta é essencial para evitar recaídas. O veterinário pode manter o monitoramento por duas semanas após o desaparecimento dos sintomas clínicos, garantindo que não haja acúmulo de secreções ou inflamação residual.”

Como prevenir a pneumonia em cães e evitar recaídas?

A prevenção da pneumonia canina envolve uma combinação de cuidados com a saúde, ambiente e imunização. 

Embora nem todos os casos possam ser evitados, é possível reduzir significativamente o risco com hábitos simples e acompanhamento veterinário regular.

Cães que já tiveram pneumonia têm maior risco de reincidência, o que torna essencial o monitoramento periódico para preservar a saúde respiratória e garantir uma recuperação completa.

A médica-veterinária Joyce Lima detalha os principais cuidados preventivos que todo tutor deve adotar para proteger o pet:

Vacinação em dia

Manter o calendário vacinal atualizado é o primeiro passo para proteger o cão contra vírus respiratórios que podem evoluir para pneumonia, como cinomose, adenovírus e parainfluenza.

A veterinária Joyce Lima reforça que a vacinação anual “diminui muito a probabilidade de o animal desenvolver diversas doenças respiratórias”, reduzindo também o risco de complicações.

A imunização deve seguir as orientações do veterinário, especialmente em filhotes, cães idosos e imunossuprimidos.

Vale lembrar que a vacina não previne todas as formas de pneumonia, mas diminui as chances de infecções graves e recaídas.

Evite exposição a agentes irritantes

Fumaça de cigarro, produtos de limpeza com odor forte e poluição podem irritar o trato respiratório e comprometer as defesas naturais dos pulmões.

Mantenha o cão em ambientes bem ventilados, longe de gases tóxicos ou fumaça, e evite o uso de aerossóis e incensos próximos ao animal.

Controle de parasitas e higiene do ambiente

A pneumonia fúngica e parasitária está diretamente ligada à exposição a ambientes contaminados e à falta de controle antiparasitário.

Realize vermifugação periódica, conforme peso e idade do cão, e evite que ele tenha contato com fezes, solo úmido ou matéria orgânica em decomposição.

Joyce Lima orienta também “evitar locais com aglomeração canina e áreas úmidas ou expostas à chuva”, já que esses ambientes favorecem a disseminação de agentes infecciosos.

Mantenha o local de descanso, comedouros e brinquedos sempre limpos. São cuidados importantes que reduzem o acúmulo de fungos e bactérias no ambiente.

Cuidados com raças predispostas e cães com doenças pré-existentes

Raças braquicefálicas, como Pug, Bulldog e Shih Tzu, têm maior tendência a desenvolver problemas respiratórios devido à anatomia das vias aéreas.

Esses cães devem ser observados com atenção em dias muito quentes, durante exercícios ou quando apresentarem sinais de cansaço ou tosse.

Cães com megaesôfago, refluxo, doenças neurológicas ou imunossupressão também precisam de acompanhamento regular e alimentação adaptada, para evitar episódios de aspiração.

Acompanhamento veterinário e check-ups

Mesmo após a recuperação, é fundamental realizar consultas periódicas e, se indicado, radiografias de controle para monitorar a função pulmonar.

A pneumonia pode deixar sequelas discretas, como pequenas áreas de fibrose pulmonar, que precisam ser acompanhadas para evitar novos episódios.

Dicas extra da veterinária

Joyce Lima orienta também “evitar locais com aglomeração canina e áreas úmidas ou expostas à chuva”, já que esses ambientes favorecem a disseminação de agentes infecciosos.

Perguntas frequentes sobre pneumonia em cães

Quanto tempo demora para curar pneumonia em cachorro?

O tempo de recuperação varia conforme o tipo e a gravidade da pneumonia. Casos leves costumam melhorar em 10 a 15 dias, enquanto infecções mais severas ou fúngicas podem exigir tratamento por 1 a 2 meses.

Mesmo após a melhora clínica, o veterinário pode manter o acompanhamento com radiografias de controle, garantindo que não haja inflamação residual nos pulmões.

A pneumonia também pode acometer os gatos?

Apesar de ser mais comum em cães, os gatos também podem desenvolver pneumonia, especialmente quando há infecções respiratórias virais (como herpesvírus e calicivírus felinos) ou aspiração de líquidos.

Quais são os sinais de que a pneumonia está melhorando?

Os primeiros sinais de melhora incluem:

  • redução da tosse e da secreção nasal;

  • respiração mais tranquila e regular;

  • retorno do apetite e da energia;

  • queda da febre e melhora da disposição.

Porém, mesmo que o cachorro pareça bem, nunca suspenda o tratamento sem orientação veterinária, pois a pneumonia pode retornar de forma mais resistente.

A pneumonia é contagiosa para outros animais ou para humanos?

Depende da causa. Pneumonias virais e algumas bacterianas podem ser transmissíveis entre cães, principalmente em locais com aglomeração. Já pneumonia por aspiração, fúngica ou parasitária não é contagiosa.

Para humanos, o risco é muito baixo, pois geralmente a pneumonia é causada por bactérias ou vírus específicos da espécie canina.

Contudo, existem situações muito raras em que pode haver risco para pessoas com sistema imunológico comprometido, como idosos, crianças pequenas ou pacientes em tratamento imunossupressor.

Homem interagindo com um cachorro brown na sala de estar, momento de afeto entre humano e animal de estimação

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Acompanhe nossos artigos e mantenha-se sempre bem informado sobre como prevenir doenças e garantir uma vida mais longa e saudável para o seu cão. Até a próxima! 

Joyce Lima

Com colaboração: Joyce Lima

Médica-Veterinária

Formada pela USP, Joyce possui especializações em Medicina Veterinária Preventiva e um MBA em Liderança de Alta Performance. Apaixonada por sua gata, Mia, ela reflete todo o carinho e dedicação que tem por ela em sua prática profissional.

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1 Comentário

  1. Raquel disse:

    O artigo sobre pneumonia foi bem esclaredor

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